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0 ANTIGO TESTAMENTO INTERPRETADO
D ados In tern acio n ais de C atalog ação na P ublicação (C IP ) (C âm ara B rasileira do Livro, SP, Brasil) Champlin, Russell Norman, 1933O Antigo Testamento interpretado : versículo por versículo : Deuteronômio, Josué, Juizes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, volu me 2 / por Russell Norman Champlin. — 2. ed. — São Paulo : Hagnos, 2001 .
Bibliografia. 1. Bíblia. A.T. - Crítica e interpretação I. Título. 01-2004
CDD-221.6
índices para catálogo sistem ático: 1.
Antigo Testamento : Interpretação e crítica
221.6
ISBN 85-88234-16-5
Coordenação de produção Mauro WanderleyTerrengui Coordenadora editorial Marilene G.Terrengui Revisão Andrea Filatro Ângela Maria Stanchi Sinézio Editoração, fotolito, impressão e acabamento Associação Religiosa Imprensa da Fé
1a Edição: Abril 2000 - 5000 exemplares 1a Edição Editora Hagnos: Julho 2001 - 3000 exemplares
Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela:
EDITORA HAGNOS Rua Belarmino Cardoso de Andrade, 108 Cidade Dutra - São Paulo, SP CEP 04809-270
O ANTIGO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSÍCULO POR VERSÍCULO por
Russell Norman Champlin, Ph. D.
Volume2
DEUTERONÔMIO JOSUÉ
JUIZES RUTE I SAMUEL II SAMUEL IREIS
D igitalização e E d ição
Prebítero e Escriba Digital 2a E d iç ã o -2001 Direitos Reservados
UAGNOS E ditora Hagnos Rua Belarm ino C ardoso de Andrade, 108 C idade D utra - São Paulo - SP - CEP 04809-270
DEUTERONÔMIO
INTRODUÇÃO Deuteronômio é o último livro do Pentateuco, completando as sim os cinco primeiros livros da Bíblia tradicionalm ente atribuídos a Moisés. Seu nome foi obtido da Septuaginta, através de uma tradu ção inacurada de Deu. 17.18, o qual corretamente traduzido daria “ Esta é a cópia (ou repetição) da lei”. “Deuteronômio” é a forma portuguesa da palavra grega “segunda lei”. É evidente que o livro não é uma segunda lei distinta da lei dada no Sinai, todavia o título não é totalmente inapropriado, pois o livro inclui, entre outros as suntos, uma repetição ou reformulação de grande parte das leis. O nome hebraico do livro é 'Elleh haddevarim, “ Estas são as pala vras”, ou simplesmente Devarim, “Palavras” . A tradição judaica intitula o livro de Deuteronômio de Mishneh Torah, que significa repetição ou “cópia da lei” (Deu. 17.18). Esboço I. Composição II. Propósito III. Conteúdo IV. Seção Legal V. A Importância do Livro VI. Bibliografia I. Composição 1. Autoria. Há mais polêmica em relação à autoria e à data Deuteronômio do que em relação a qualquer outro livro do Pentateuco. A maior variedade de opinião encontra-se especialmente entre os que se opõem à autoria mosaica. a. Ponto de Vista Conservativo. Os que apóiam o ponto de vista conservativo da autoria mosaica de Deuteronômio baseiam-se em declarações bíblicas e na tradição judaico-cristã que estava em pleno acordo com relação à autoria deste livro até antes do advento do criticismo. Os argumentos mais fortes em favor da autoria mosaica do livro são as reivindicações do próprio livro, a saber: Deu. 31.8-13 e 31.24,26. Deu. 31.9 diz: “Esta lei escreveu-a Moisés e a deu aos sacerdotes...”, e 31.24 diz: “Tendo Moisés acabado de escrever inte gralmente as palavras desta lei num livro...”. Os escritores do NT atribuiam a autoria do Pentateuco a Moisés, e Mat. 19.8 indica a p osiçã o de C risto e sp e c ifica m e n te em re laçã o ao livro de Deuteronômio. Para os que acreditam na plena inspiração das Escri turas, estes versículos são evidências enfáticas da autoria mosaica de Deuteronômio. Os fatos de que o uso da primeira pessoa predo mina e de que Moisés é mencionado por mais de 40 vezes no livro tam bém são apresentados como provas de que ele escreveu Deuteronômio. O relato da morte de Moisés não apresenta problema, pois explica-se que os capítulos 31-34 foram adicionados depois de sua morte. Alguns afirmam que Moisés escreveu os capitulos que constituem a legislação (12-20), e os capítulos 1-12 e 27-30, embora de sua autoria, foram adicionados posteriormente. Quanto aos capítulos 31-34, sugerem-se Eleazar e Josué como possíveis autores. Ambos foram amigos de Moisés e portanto pesso as apropriadas para fazer seu panegírico. Josué se tornou o suces sor de Moisés, e alguns supõem que o que atualmente é o apêndice de Deuteronômio tenha sido uma vez o início do livro de Josué. É particularmente interessante observar que as expressões “Moisés, servo do Senhor” e “Moisés, homem de Deus” não aparecem nos capítulos precedentes nem nos outros livros do Pentateuco. Por ou tro lado, a expressão “Moisés, servo do Senhor” ocorre várias vezes no livro de Josué, fato que fortalece a probabilidade de que Josué fora o responsável pela composição do apêndice. b. Ponto de Vista Crítico. Os críticos consideram improvável que Moisés tenha escrito Deuteronômio e mantêm que o livro foi compos to por um profeta anônimo que escreveu segundo as noções de Moisés. A despeito de não apoiarem a teoria da autoria mosaica do livro, os críticos declaram que Deuteronômio pode ser qualificado
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como um livro mosaico, pois toda a lei judia se originou na tradição básica dos tempos em que Moisés era o líder do povo. Segundo a teoria docum entária de W ellhausen, o Código Deuteronômico, ou D, é o documento básico deste livro. O documen to D (Deu. 12-26) foi publicado em 621 A.C. quando Hilkiah o encon trou no templo durante o reinado de Josias (II Reis 22). Acreditava-se que o documento D havia sido composto no tempo de sua “descober ta” (por Hilkiah) com o fraudulento propósito de promover reformas religiosas. Atualmente esta teoria tem sido abandonada por falta de evidências. Deuteronômio sumariza, de diversas maneiras, as doutrinas dos grandes profetas do século VIII A.C., que também pregaram a abso luta soberania de Deus, Seu relacionamento especial com Israel e a conseqüente condenação da idolatria. De fato, Deuteronômio repre senta Moisés dando uma nova interpretação da lei (para a vida em Canaã) no momento em que Israel fazia a transição de um estilo de vida nômade para um perm anente. Dessa maneira, o Código Deuteronômico demonstra a adaptação da velha lei às condições de vida posteriores. A forma exata do documento encontrado no tempo do rei Josias tem sido objeto de muita polêmica. É evidente que o atual livro de Deuteronômio é resultado da compilação de porções independentes. O mistério da questão consiste em descobrir quando essas porções foram compiladas. Considerando que a leitura da Lei atemorizou Josias (II Reis 22.11-13), o documento^ continha pelo menos algumas maldi deções como as do capítulo 28. É também importante observar que o documento encontrado compeliu Josias a renovar o pacto entre Jeová e a nação de Israel. Isso indicaria que o documento tinha a forma familiar de um tratado e não era muito diferente do atual livro de Deuteronômio, que reflete claramente a estrutura dos antigos trata dos ou pactos. Alguns críticos acreditam que Deuteronômio é uma súmula da doutrina preservada da Samaria depois de sua queda em 721 A.C. Mesmo os que defendem Jerusalém como o local de origem do livro, mantêm que sua composição se deu no século VIII A.C. E. Robertson, defendendo uma posição mais conservativa, sugere que o livro tenha sido compilado (a partir de material mosaico) por Samuel. Em resu mo, a origem e a data de Deuteronômio constituem um dos mais controversiais problemas para os críticos bíblicos. Nada de concreto tem sido concluído a esse respeito até o presente momento. 2. Estrutura. A estrutura básica de Deuteronômio reflete clara mente a forma dos antigos tratados ou pactos. O livro (delineado quase exclusivamente na forma de discursos) apresenta primeira mente uma introdução exortatória com alusões históricas, a seguir as leis e finalmente as bênçãos e maldições condicionadas à obediência das estipulações. O livro de Deuteronômio é dotado de vigoroso estilo oratória, mesmo em se tratando da apresentação das leis. Apesar de bastante peculiar, este estilo reflete alguma influência da literatura profética. Tendências retóricas e preocupações com o culto e com a religião interior lembram as pregações dos sacerdotes e levitas. II. Propósito O livro compreende uma série de discursos proferidos por Moisés. O primeiro desses, considerado uma adição secundária ao livro, rela ta a viagem de Horebe à Terra Prometida e enfatiza a conquista da Transjordânia. O segundo é o mais importante do livro — contém primeiramente uma exortação de como o indivíduo deve entregar-se de todo o coração ao Deus do Pacto, e em seguida apresenta as leis desse Pacto. O terceiro discurso consiste em um apelo por fidelida de. O livro termina com um apêndice histórico contendo a narrativa dos últimos atos e palavras de Moisés. (Ver a seção a seguir para maiores detalhes). O propósito de Deuteronômio é persuadir o povo à entrega total ao Deus de Israel, o que significa amá-lo de todo o coração, de toda a alma e de toda a força (Deu. 6.5). Dessa maneira, o livro enfatiza a
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completa união com Jeová, através da qual o povo deve adorar somente a Ele, e de modo apropriado. III. Conteúdo A. Primeiro Discurso de Moisés (1.1—4.43) 1. Sumário da história de Israel no deserto (2.1—3.29) a. Introdução (1.1-18) b. O fracasso em Cades (1.19-46) c. As perambulações e os conflitos no deserto (2.1—3.29) 2. Moisés exorta o povo à obediência (4.1-43) B. Segundo Discurso de Moisés (4.44—26.19) 1. Repetição da lei com advertências e exortações (4.44— 11.32) a. Introdução (4.44-49) b. Repetição dos Dez Mandamentos (5.1-33) c. O fim da lei é a obediência (6.1-25) d. Ordenada a destruição dos cananeus e seus ídolos (7.1-26) e. Advertências e exortações (8.1— 11.32) 2. A legislação que Moisés apresentou ao povo (12.1—26.19) a. Condições de bênção na terra (12.1-32) b. Castigo dos falsos profetas e idólatras (13.1-18) c. Animais limpos e imundos (14.1-29) d. O ano da remissão (15.1-23) e. As três festas: Páscoa, Pentecoste e Tabernáculos (16.1-17) f. Os oficiais e seus deveres (16.18-22) g. Castigos da idolatria, obediência à autoridade, eleição e deveres de um rei (17.1-20) h. Os sacerdotes, as práticas proibidas e a promessa de um profeta (18.1-22) i. As cidades de refúgio (19.1-21) j. As leis da guerra (20.1-20) k. Regulamentos gerais (21.1— 26.19) 3. Sumário de profecias sobre a história de Israel e a segunda vinda de Cristo (27.1—28.68) a. As pedras da lei no monte Ebal (27.1-10) b. A cerimônia litúrgica (27.11-26) c. As bênçãos proferidas no monte Gerizim (28.1-14) d. Maldições que serão lançadas na terra (28.15-68) C. Terceiro Discurso de Moisés: o Pacto Palestino (29.1—30.20) 1. Introdução (29.1-29) 2. Declaração do pacto (30.1-10) 3. Advertência final (30.11-20) D. Apêndice Histórico (31.1—34.12) 1. Últimas palavras de Moisés e nomeação de Josué (31.1-30) a. Últimos conselhos de Moisés aos sacerdotes, aos levitas e a Josué (31.1-13) b. C om issão d iv in a a M o isé s e Josu é: A viso s ace rca da apostasia (31.14-23) c. Moisés instrui os levitas (31.24-30) 2. Último canto e exortação de Moisés (32.1-47) 3. Moisés vê a Terra Prometida (32.48-52) 4. Moisés abençoa as tribos (33.1-29) 5. Morte e sepultamento de Moisés (34.1-12) IV. Seção Legal Os capítulos de 5-11, introduzindo a seção legal, apresentam os Dez Mandamentos, tratando de modo especial o primeiro mandamen to. Os capítulos seguintes expõem as leis que podem ser consideradas nas categorias cerimonial, civil e criminal. Seguindo estas categorias, estão as leis mistas concernentes à família e propriedade. As leis cerimoniais referem-se a lugar de adoração (12.1-28); idolatria (12.29— 13.18; 16.21— 17.7); alimentos puros e impuros (14.121); dízim os (1 4.22-29); rem issã o (1 5.1 -1 8); san tificaçã o do primogênito (15.19-23); e festas sagradas (16.1-17). As leis civis tratam de nomeação dos juizes (16.18-20; 17.8-13); eleição de um rei (17.14-20); regulamentações referentes aos direitos
e rendimentos dos sacerdotes e levitas (18.1-8); e regras concernentes aos profetas (18.9-22). As leis criminais referem-se ao homicida, às cidades de refúgio (19.1-14); ao falso testemunho (19.15-21); à conduta na guerra (20.120); à expiação por uma morte cujo autor é desconhecido (21.1-9); e aos crimes puníveis por enforcamento (21.22,23). As leis mistas abrangem uma variedade de assuntos, tais como casamento com uma mulher cativa (21.10-14); direito de primogenitura (21.15-17); filhos desobedientes (21.18-21); benevolência para com os animais (22.1-4, 6-8); proibições de várias misturas (22.4,9-11); cordas torcidas nas vestimentas (22.12); punição de impureza (22.1329); expulsão da congregação (23.1-9); rito de purificação no acam pamento militar (23.10-15); escravos fugidos (23.16,17); prostituição, usura e votos (23.18-24); ato de recasar depois do divórcio (24.1-4); isenção do recém-casado de servir na guerra (24.5); penhor (24.6, 10-13,17,18); ladrão (24.7); lepra (24.8,9); salários (24.14,15); pais e filhos (24.16); tratamento de estranhos, órfãos e viúvas (24.17-22); castigo excessivo (25.1-3); o boi de arado (25.4); levirato (25.5-10); estupro (25.11,12); pesos e medidas (25.13-16); e destruição de Amaleque (25.17-19). Os capítulos 26 e 27 apresentam uma aplica ção didática dessas leis. Outra classificação das leis contidas nos capítulos 12-26 pode ser feita com base no significado de três palavras-chaves, a saber, juízos, estatutos e mandamentos. O juízo é definido como uma regra ou lei estipulada por uma autoridade ou estabelecida por costumes antigos, pela qual o juiz deve guiar-se na solução de certos casos Guizos de Êxo. 21). O estatuto é definido como uma regra perma nente de conduta que difere do juízo no sentido de que não requer um juiz físico no quadro, mas somente a consciência do indivíduo perante Deus. A distinção entre juízo e estatuto está delineada em I Reis 6.12, onde Salomão é encorajado a andar nos estatutos de Deus e a “executar” os Seus juízos. Exemplos típicos de estatutos são as leis referentes às instituições religiosas, festas (Deu. 16.117), oferendas ou leis de justiça, purificação etc. Em relação à pala vra “mandamento”, seu significado comum é convenientemente limi tado aqui para os propósitos da presente classificação: significa não uma ordem de obrigação permanente, mas uma que pode ser cum prida de uma vez por todas. (Exemplos: a destruição dos santuários pagãos, a nomeação dos juizes e o estabelecimento das cidades e refúgio). V. A Importância do Livro Os escritos posteriores da história de Israel do Antigo e do Novo Testamento testificam a grande influência que o livro de Deuteronômio exerceu em seus autores. Nos livros de Josué, Juizes, I e II Samuel e I e II Reis encontram-se numerosas referências reveladoras de que Deuteronômio era conhecido e observado na época. Entre as muitas referências que ilustram a observância das leis de Deuteronômio, encontra-se Jos. 8.27, que relata o fato de que, quando Ai foi captu rada, “tão-somente os israelitas saquearam para si o gado e os despojos da cidade” (Deu. 20.14). Outro detalhe que indica a obser vância da lei de Deuteronômio é o fato de que o corpo do rei da cidade de Ai foi retirado da árvore em que havia sido enforcado antes do cair da noite (cf. Jos. 8.29; 10.26 e 27 com Deu. 21.23). Os profetas do século VIII A.C. também refletem familiaridade com o livro. As seguintes passagens são alguns exemplos da influ ência de Deuterônomio nos escritos de Oséias e Amós: Oséias 4.4 5.10 8.13 e 9.3 11.3
Deuteronômio Amós 17.12 3.2 19.14 2.7-8 28.68 1.31 e 32.10 7.6 e 9.12 24.12-15 e 23.17 No NT há igualmente algumas citações e várias referências ao livro de Deuteronômio. Em Heb. 10.28 as palavras de Deu. 17.6 são
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citadas como “a lei de Moisés”. Paulo citou Deu. 27.26 e 21.23 em Gál. 3.10,13, adicionando a introdução “está escrito”. Semelhantemente, Paulo citou partes do Decálogo em Rom. 7.7; 13.9; Efé. 6.2. Jesus também citou Deuteronômio em várias ocasiões, a saber: Mat. 4.1-11; 22.38; Luc. 4.1-13; Mar. 7.9-12; 10.5 e 10.17-19. VI. Bibliografia AM E IB ID MAN UNZ Ao Leitor Na introdução ao livro anterior, Números, abordo questões como autoria, fontes informativas, composição, conteúdo e propósitos, a seção legal e a importância do livro. Para maior proveito, o leitor deve dedicar algum tempo a esses tópicos, que lhe conferirão com preensão sobre a natureza geral do livro. É o que agora recomendo também, no caso deste quinto livro do Pentateuco, o Deuteronômio.
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autêntica, e não previsões históricas, pelo que datam o livro como se tivesse sido escrito após a construção do templo de Jerusalém. Os estudiosos conservadores, por sua vez, vêem nessa circunstância antecipação e profecia. Alguns identificam Deuteronômio com o “Li vro da Lei”, cujo achado impulsionou Josias às suas reformas religio sas, em 621 A.C. (II Reis 22 e 23). Os críticos supõem que o livro repouse sobre tradições antigas, mas que sua data seja de compila ção relativamente recente. Se assim de fato sucedeu, então, funda m e ntalm ente, D e u te ro nô m io seria um a re d e sco b e rta e uma reinterpretação dos ensinos de Moisés, à luz de acontecimentos his tóricos posteriores e de uma nova compreensão desses ensinos. Os conservadores vêem nisso tudo um avanço, embora procurem pre servar a data da escrita do livro nos dias de Moisés, considerando esse profeta seu autor.
Citações de Deuteronômio no Novo Testamento Mateus:
Título Deuteronômio. Este título é explicado no primeiro parágrafo da Introdução ao livro. Fontes Informativas Além dos materiais apresentados na introdução ao livro, ver tam bém, no Dicionário, o artigo intitulado J,E,D,P.(S.), Este livro tem sido atribuído pelos críticos à fonte informativa D, com algumas porções atribuídas a outras fontes, desconhecidas, além de a alguns comen tários editoriais. Essa cópia da lei é uma repetição de muitas coisas encontradas nos demais livros do Pentateuco (ver sobre este título no Dicionário). A cópia é uma “repetição”, mas com características próprias. Ver as notas em Deu. 17.18 quanto à origem do título em português, deriva do da Septuaginta. Representa uma renovação, bem como uma con firmação do Pacto Mosaico. Ver no Dicionário o artigo chamado Pac tos. Algumas das coisas que foram assim copiadas na verdade foram modificadas com alguma elaboração e interpretação, de tal modo que o livro serve de suplemento à legislação mosaica. Localização No final do livro de Números, Israel aparece acampado nas planí cies de Moabe, prestes a invadir a Terra Prometida. Deuteronômio, pois, é uma espécie de discurso de despedida de Moisés, Ele narra de novo os poderosos feitos de Yahweh e adverte solenemente con tra a desobediência e a distorção dos preceitos do Senhor. A terra de Canaã haveria de apresentar muitas e novas tentações, e somente um povo fortemente alicerçado sobre a legislação mosaica poderia enfrentar com sucesso essas tentações. Moisés requereu lealdade ao pacto como a única salvaguarda da nação, em sua integridade e destino. Discursos
4.4 (Deu. 8.3); 4.7 (Deu. 6.16); 4.10 (Deu. 6.13); 5.31 (Deu. 24.1); 5.48 (Deu. 18.13); 18:16 (Deu. 19.15); 19.7 (Deu. 24.1); 22.24 (Deu. 25.5); 22.37 (Deu. 6.5); 24.24 (Deu. 13.1) M arcos: 10.4 (Deu. 24.1); 12.19 (Deu. 25.5); 12.29 ss. (Deu. 6.4 ss); 12.32 (Deu. 4.35; 6.4); 12.33 (Deu. 6.5); 13.22 (Deu. 13.1); 13.27 (Deu. 30.4) Lucas: 4.4 (Deu. 8.3); 4.8 (Deu. 6.13); 4.12 (Deu. 6.16); 10.27 (Deu 6.5); 18.20 (Deu. 5.16, 20); 20.28 (Deu. 25.5) Atos: 3.22 (Deu. 18.15 ss.); 5.30 (Deu. 21.22 ss.); 7.5 (Deu. 2.5); 7.14 ss. (Deu. 10.22); 7.37 (Deu. 18.15,18); 7.45 (D eu. 32.49); 10.34 (Deu. 10.17); 10.39 (Deu. 21.22 ss.); 13.18 (Deu. 1.31); 13.19 (Deu. 7.1); 20.32 (Deu. 33.3 ss.); 26.18 (Deu. 33.3 ss.) Atos: 3.22 (Deu. 18.15 ss.); 5.30 (Deu. 21.22 ss.); 7.5 (Deu. 2.5); 7.14 ss. (Deu. 10.22); 7.37 (D eu. 18.15,18); 7.45 (D eu. 32.49); 10.34 (Deu. 10.17); 10.39 (Deu. 21.22 ss.); 13.18 (Deu. 1.31); 13.19 (Deu. 7.1); 20.32 (Deu. 33.3 ss.); 26.18 (Deu. 33.3 ss.) Romanos: 7.7 (Deu. 5.18,21); 10.6-9 (Deu. 30.12 ss.); 10.19 (Deu. 32.21); 11.8 (Deu. 9.4); 11.11 (Deu. 32.21); 12.19 (D eu. 32.35); 13.9 (Deu. 5.17 ss., 21); 15.10 (Deu. 32.43) I Coríntios:
O livro consiste em três discursos de Moisés: Deu. 1.6—4.40; 5.13 (Deu. 22.24); 9.9 (Deu. 25.4); 10.20 (Deu. 32.17); 10.22 caps. 5-28; caps. 29 e 30. Os capítulos 31—34 prosseguem a narra (Deu. 32.21) tiva que fora interrompida no final do livro de Números. II Coríntios: Ensinos Distintos 13.1 (Deu. 19.15) A adoração a Yahweh haveria de ser centralizada em um único lugar, e, paralelamente, os santuários pagãos seriam totalmente destruídos (cap. 12). Jerusalém seria o centro da adoração a Yahweh. Os críticos modernos supõem que essa parte do livro seja história
Gáiatas: 3.10 (Deu. 27.26); 3.13 (Deu. 21.23)
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Efésios: 1.16 (Deu. 33.3 ss.); 6.2 ss. (Deu. 5.16) Filipenses:
Apocalipse: 6.10 (Deu. 32.43); 9.14 (Deu. 1.7); 9.20 (Deu. 32.17); 15.3 (Deu. 32.4); 15.4 (Deu. 32.4); 16.5 (Deu. 32.4); 16.12 (Deu. 1.7); 17.14 (Deu. 10.17); 18.20 (Deu. 32.43); 19.2 (Deu. 32.43); 19.16 (Deu. 10.17); 22.18 ss. (Deu. 4.2)
2.15 (Deu. 32.5) II Tessalonicenses: 2.13 (Deu. 33.12) I Timóteo: 5.18 (Deu. 25.4); 5.19 (Deu. 19.15) Tito: 2.14 (Deu. 14.2) Hebreus: 1.6 (Deu. 32.43); 10.28 (Deu. 17.6); 10.30 (Deu. 32.35 ss.); 12.15 (Deu. 29.18); 12.18 ss. (Deu. 4.11); 12.19 (Deu. 4.12); 12.21 (Deu. 9.19); 12.29 (Deu. 4.24); 13.5 (Deu. 31.6,8) Tiago: 2.11 (Deu. 5.17 ss.); 5.4 (Deu. 24.15,17); 5.7 (Deu. 11.14)
“O Deuteronômio consiste nos conselhos de despedida de Moisés, entregues ao povo de Israel em face de sua iminente entrada na terra que lhes fora prometida em pacto. Contém um sumário das perambulações de Israel pelo deserto, importante porque desdobra os juízos morais de Deus sobre aqueles eventos, repete o Decálogo a uma geração que havia crescido no deserto, fornece orientações quanto à conduta de Israel na Terra Prometida e contém o Pacto Palestino (Deu. 30.1-9). O livro transpira a severidade da lei mosaica. Palavras-chaves: 'Não (algum verbo ou alocução verbal)1 (ver Deu. 11.26-28)”. “Importa observar que, se a Terra Prometida foi dada incondi cionalmente a Abraão e aos seus descendentes, como parte do Pacto Abraâmico (Gên. 13.15 e 15.7), foi debaixo do Pacto Palesti no, que era condicional (ver Deu. 28.1—30.20), que o povo de Israel entrou na terra de Canaã, sob as ordens de Josué. Tendo violado as condições desse último pacto, a nação de Israel foi primeiramente derrotada (I Reis 12), para em seguida ser mandada ao primeiro exilio (II Reis 17.1-18; 24.1; 25.11). Mas aquele mesmo pacto promete, incondicionalmente, restauração nacional a Israel, o que ainda está por se cumprir (Gên. 15.18)” (Scofield fíeference Bible, Introdução).
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Di-Zaabe. Há um detalhado artigo sobre este lugar no Dicionário. A lguns o identificam com Mina al Dhabab ou com M e-Zaabe (Gên. 36.39). “A rota inteira entre Parã, à esquerda, e aquelas cinco localidades, à direita, fizeram parte da prim eira m archa de Israel, desde o Sinai até Cades-Barnéia. Levou-os até o deserto de Zim, e encontra-os, nestes versículos (Deu. 1.1,2), naquele lugar” (Ellicott, in loc.).
C apítulo Um Primeiro Discurso de Moisés (1.1—4.43)
1.2 Sumário da História de Israel no Deserto (1.1— 3.29) Horebe. V er a respeito no Dicionário. Introdução (1.1-18) Seir. Ver a respeito no Dicionário. “ Revisão Histórica. Moisés passou em revista eventos desde a partida do Sinai (Horebe), para mostrar que o Senhor havia guiado de forma maravilhosa o Seu povo, pelo deserto. Os vss. 1-5 servem de introdução ao primeiro discurso de Moisés" (Oxford Annotated Bible, comentando sobre Deu. 1.1). Ver as notas introdutórias anteriormente, que falam sobre os três discursos de Moisés, contidos no livro. Isso posto, Deuteronôm io é uma espécie de discurso final de Moisés, entre gue ao povo de Israel na tentativa de garantir a lealdade e o cum prim ento do Pacto M osaico por parte deles.
Cades-Barnéia. V er a respeito, no Dicionário. As referências a essa localida de servem os dois propósitos: 1. Situam a revelação divina dentro da história, mediante localizações geográficas. 2. M ostram que foram necessários apenas onze dias para fazer a viagem, m as que a incredulidade manifestada por Israel, na fronteira, fez Israel voltar ao deserto e ali internar-se pelo espaço de quarenta anos. E assim, quando Moisés proferiu este discurso, quarenta anos mais tarde, ele os levou de volta àquela oportunidade que eles haviam desperdiçado. E isso foi uma dem onstração da graça de Deus.
1.1 São estas as palavras que Moisés falou. Moisés era o porta-voz de Deus diante dos israelitas. A expressão “disse Deus", ou algum paralelo, é de ocorrên cia freqüente no Pentateuco. V er as notas a respeito em Lev. 1.1 e 4.1. Tam bém serve para introduzir novas seções de m aterial, além de fazer-nos lem brar da doutrina da inspiração divina da Bíblia. Ver no Dicionário o artigo cham ado R eve lação (inspiração). As palavras de M oisés não representavam um docum ento legal sem vida, m as tinham p o r intuito oferecer direção para uma vida espiritual vital. Suas palavras visavam instruir um povo tendente ao desvio, especialmente ao terem de enfrentar muitas novas tentações na terra de Canaã. Inclinado a desviar-me, Senhor, eu m e sinto, Inclinado a deixar o Deus a quem amo. Eis m eu coração, tom a-o e sela-o, Sela-o para a Tua corte, lá no alto. (Robert Robinson) Dalém do Jordão. Ou seja, a Transjordânia, o lado oriental daquele rio, onde Israel estava acam pado e de onde estava prestes a desfechar a invasão. Ver no Dicionário o artigo intitulado Transjordânia. Essa frase liga o Deuteronôm io ao livro de Números, que term inara narrando com o o povo de Israel estava naquela banda do rio, pronto para lançar o ataque. Ver Núm. 33.48; 36.13. A m aioria dos lugares m encionados neste versículo já tinha sido mencionada no livro de Números, e o leitor encontrará com entários ali ou no Dicionário. Jordão. Ver a respeito no Dicionário. Arabá. Ver a respeito no Dicionário. Sufe. Essa palavra ocorre som ente neste versículo em toda a Bíblia, dentro da frase “M ar de Sufe” (isto é, “M ar de canas”). Esse M ar é de localização incerta, sabendo-se apenas que foi ali que M oisés expôs a lei de Deus diante do povo de Israel. A associação desse M ar com Parã, Hazerote, Arabá, o vale do Jordão e o Mar Morto, que se prolonga para o sul /ia direção do Golfo de Ácaba, sugere que a sua identificação com o Golfo de Ácaba deve estar certa. Essa tem sido a interpretação de algum as versões, com o é o caso da King Jam es Version, em inglês. Muitos intérpretes m odernos diziam que deveria ser identificado com o Golfo de Ácaba, um dos braços do M ar Vermelho. Parâ. Ver sobre El-Parã, em Gên. 14.6. Tôfel. No hebraico, “pilão", “almofariz". Este nome só é mencionado nas palavras de abertura do livro de Deuteronômio (1.1), entre outros quatro nomes de cidades, como o local onde Moisés dirigiu um grande discurso aos ouvidos do povo de Israel. Essa localidade tem sido identificada com a moderna Tafile, uma aldeia a cerca de vinte e quatro quilômetros a sudeste do Mar Morto, em um fértil vale por onde passa a estrada de Queraque a Petra. Nada mais se sabe, porém, sobre esta localidade. Labã. Este lugar tem sido identificado com o a m esm a Libna, de Núm. 33.20. Há um detalhado verbete a respeito do local no Dicionário. Hazerote. Ver as notas sobre este lugar em Núm. 11.35.
Eu, oportunidade, chego uma vez diante de cada porta! Se estás dormindo, acordai Se estás com endo, de p é ! Vou-me embora. É a hora do destino. John Jam es Ingalls Em apenas onze dias, os israelitas estiveram à beira de possuir sua Terra Prometida, sua herança, mas o coração deles trem eu quando viram os gigantes da terra (Núm. 13.33), e assim fracassaram . A tarefa pareceu-lhes por demais perigosa e difícil. E isso lhes custou m uito tem po (quarenta anos) e muito sofri mento. Pela graça de Deus, todavia, foram levados de volta à oportunidade perdi da, visto que a vontade de Deus estava envolvida em tudo aquilo. Horebe era um dos picos do Sinai, onde a lei foi dada, ou então o nome geral da serra da qual o Sinai fazia parte. Para quem partisse dali, a fronteira da Terra Prometida não ficava distante. Moisés, sím bolo da lei, não podia fazê-los penetrar na Terra Prometida. Mas Josué, tipo de Jesus, foi capaz de fazê-lo, pois essa foi a sua missão, tal com o a m issão de Jesus é a de conduzir-nos à Pátria Celeste. A lei acena com a prom essa da vida, embora ela m esm a não possa dar vida. Onze dias indica o tem po de jornada, e não o tem po real que Israel precisou para percorrer a distância entre os dois lugares, visto que sabem os que eles estiveram acam pados em Quibrote-Taavá por um mês inteiro, e em Hazerote por sete dias. 1.3 Este versículo estabelece um patético contraste com o versículo anterior. Se eram necessários apenas onze dias de jornada para que alguém chegasse à fronteira da Terra Prometida, Israel teve de retroceder para o deserto, onde ficou vagueando por quase quarenta anos. Essa oportunidade estava sendo agora renovada, no décim o primeiro mês (shebet, correspondente aos nossos janeirofevereiro). Foi então que M oisés deu início ao seu primeiro discurso, no qual, por assim dizer, repetiu a lei. V er as notas de introdução antes de Deu. 1.1, bem com o a Introdução ao livro, quanto a detalhes completos. O Deuteronôm io contém três discursos de Moisés, nos quais ele deu suas instruções finais a um povo com uma constante tendência ao desvio. Ver especialm ente a segunda seção da Intro dução, intitulada Conteúdo e Propósito. “Foi feita uma advertência implícita: Não vos m ostreis lentos em confiar em vosso Deus novam ente. Infelizm ente, Israel nunca deu ouvidos atentos a esse aviso. Conforme Estêvão frisou séculos m ais tarde (ver A tos 7.39,51), os israelitas sem pre se m ostraram lentos em crer em Deus” (Jack S. Deere, in loc.). Mas, afinal, essa é a história de toda a humanidade, com a exceção de apenas alguns poucos. O ano quadragésimo, em certo sentido, foi um ano triste para Israel, No primeiro mês daquele ano, Miriã morreu (Núm. 20); no primeiro dia do quinto mês, Arão morreu (Núm. 33.38). E perto do fim daquele m esm o ano, Moisés morreu (Deu. 34). 1.4 Aqui o autor com pleta as suas notas históricas e geográficas, no tocante ao pano de fundo do livro, e os discursos que Moisés estava prestes a proferir, referindo-se à com pleta derrota dos dois reis que tinham feito oposição aos filhos de Israel, segundo se lê em N úm eros 21.21-35, rep e tin d o a crôn ica de Deuteronôm io 2.26-3.11. Todos os nomes aqui referidos são com entados em Números ou no Dicionário. Antes do décim o primeiro m ês do ano, não somente Seom e Ogue, mas tam bém os cinco príncipes midianitas, que eram duques de
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Seom e habitavam na região (Jos. 13.21), foram mortos. Essas vitórias infundiram coragem nos israelitas, que assim se anim aram a prosseguir. “Ter uma tarefa imediata a fazer, saber o que fazer, em um dado momento, é ganhar metade da batalha” (Henry H. Shires, in loc.). É conform e díz o Livro de Oração Comum, dos anglicanos: “... percebe e sabe quais coisas eles devem fazer, e tam bém que eles têm a graça e o poder para cum prir sua tarefa com fidelidade” . 1.5 Além do Jordão. Está claramente em foco a Transjordãnia (ver a respeito no Dicionário). O autor estava do lado oposto do rio, mas olhava para o lado ociden tal, que passaria a ser conquistado. As tribos de Qade e Rúben, além da meia tribo de Manassés, já tinham recebido seus territórios, no lado oriental do Jordão (ver Núm. 32). E então com eçaram a ajudar as outras tribos a conquistar o lado ocidental do rio, que era a condição que M oisés requerera deles, para que pudes sem ficar com a Transjordãnia. Foi no lado oriental que Moisés deu inicio ao seu prim eiro discurso. O livro de Deuteronômio é, essencialmente, a repetição da lei que servia para instruir o povo de Israel quanto a todos os seus deveres e privilégios, encorajando-os a cum prir o seu destino.
1.6 Nosso Deus nos falou. Deus tinha dado ordem para os israelitas partirem do Sinai. Eles tinham estado ali um ano m enos dez dias, considerando-se que tinham chegado no primeiro dia do terceiro mês, depois de terem partido do Egito, e só deixaram o local no vigésim o dia do segundo mês, no segundo ano (ver Exo. 19.1; Núm. 10.11). Foi durante esse periodo de perm anência no Sinai que o tabernáculo foi construido, arm ado e o seu culto foi estabelecido, dando aos filhos de Israel a base de sua fé religiosa durante muitos séculos que se seguiriam. Tipologia. O povo de Israel ficou m uito tem po debaixo da lei. Mas chegou o tem po de passar adiante, para a graça do sistem a cristão. “ É bom para as pessoas que elas não perm aneçam por m uito tem po debaixo da lei e de seus terrores, mas sejam dirigidas ao M onte S ião; ver H ebreus 12.18-24” (John Gill, in loc.). Nosso Deus. Essa expressão é reiterada por cinqüenta vezes no Antigo Testamento, conforme escreveu uma de minhas fontes, Jack S. Deere. No hebraico tem os a expressão Yahweh-Elohim, o Eterno-poderoso. Ver no Dicionário o artigo intitulado Deus, N om es Bíblicos de, onde esses e outros nomes divinos são discutidos. O poder divino dera aos israelitas a lei; m as tam bém ordenara que eles conquistassem a Terra Prom etida. A verdade sem pre é revelada de modo pro gressivo. A descoberta da verdade é uma aventura, e não um depósito conferi do de uma vez para sem pre. Uma característica literária do D euteronôm io, que os críticos atribuem a uma fonte inform ativa que cham am de D, é o uso dos pronom es possessivos nosso, teu e vosso para indicar Deus. Isso serve para enfatizar a proxim idade da relação que um hom em pode ter com o seu Deus. Deus não é uma figura distante. Ele está profundam ente interessado na vida dos homens. V er na E nciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, os artigos cham ados D eísm o e Teísmo. O teísm o ensina que Deus criou e habita em Sua criação (inerência), punindo e recom pensando. O deísm o, por sua vez, ensina que houve algum a força criativa, pessoal ou im pessoal, m as que abandonou em seguida a sua criação (transcendência), deixando-a aos cuidados de leis natu rais. A revelação bíblica, entretanto, m ostra que é o teísm o que está com a razão.
um pico dos m ontes do Líbano, embora alguns estudiosos a situem um tanto mais ao sul. Meu artigo descreve am bas as regiões. Arabá. Ver o artigo detalhado a respeito no Dicionário. Neguebe. Ver o artigo detalhado a respeito no Dicionário. Eufrates. V er no Dicionário os artigos cham ados Eufrates e Líbano. Muitos dos povos naqueles territórios rem otos algum as vezes eram sujeita dos ao pagamento de tributos, embora nunca tivessem sido realm ente conquista dos. “A fronteira sul deles estendia-se até a região m ontanhosa dos amorreus; a sua fronteira ocidental era form ada pelo M ar M editerrâneo; a sua fronteira norte era o Líbano; e a fronteira oriental deles chegava às m argens ocidentais do rio Eufrates, até onde Salomão reinou. Ver I Reis 4.21” (Adam Clark, in loc.).
1.8 Moisés lem brou aos filhos de Israel de seus deveres e privilégios. De acordo com o Pacto Abraâmico, a Terra Prometida fazia parte da herança dada por Deus. Essa prom essa fora transm itida aos outros patriarcas — Isaque e Jacó — e agora estava sendo conferida aos israelitas de várias gerações posteriores. Logo, era privilégio e dever deles tom ar conta do território prometido. Eles tinham direito a ele, e, pela graça de Deus, tinham o po d er de assim fazer. Ver Gên. 15.18, quanto ao Pacto Abraâm ico. Ver também Gên. 12.1-7; 13.14-17 e 15.18, quanto às anti gas promessas feitas por Yahweh a Abraão. O Pacto Abraâm ico recebe grande ênfase e é repetido, nem sempre de m aneira completa, por dezesseis vezes. Há referências que m ostram isso, nas notas sobre Gên. 15.18. “A prom essa divina feita a Abraão, repetida a Isaque e Jacó, juntam ente com os estágios sucessivos de seu cumprimento, é um tem a básico do hexateuco" (G. Ernest W right, in loc.). Quanto ao Novo Testam ento, ver Atos 7.5 e Heb. 11.16. Naturalmente, o cum pri mento m aior do Pacto Abraâm ico, em um sentido espiritual, foi efetuado por Cristo, o Filho de Abraão, que universalizou seus conceitos, reunindo todos os povos debaixo de suas provisões. Ver Gál. 3.16-20. Os três patriarcas — Abraão, Isaque e Jacó — são m encionados juntos por sete vezes em Deuteronôm io (ver 1.8; 6.10; 9.5,27; 29.13; 30.20; 34.4). A ênfase sobre a Terra Prometida é constante no Deuteronôm io. A menção à Terra Prome tida repete-se por quase duzentas vezes neste livro. 1.9 Eu vos disse. A m aior parte do Deuteronôm io consiste em uma revisão de coisas já narradas nos livros de Êxodo, Levítico e Números; mas agora esse material é repetido sob a form a de três discursos de despedida de Moisés ao povo de Israel, pouco antes de terem invadido o território e fixado residência ali. Este versículo retoma os dois temas anteriores, a saber: 1. O conselho de Jetro (Êxo. 18) para que M oisés pudesse desincum bir-se m elhor de seus deveres, visto que estava sobrecarregado de trabalho. 2. M aior alivio ainda que lhe fora dado, pela nomeação dos setenta anciãos. Esses hom ens receberam dons, tais como a profecia, para auxiliarem a Moisés em sua tarefa. Não som os inform ados, contu do, sobre até que ponto foram seguidos os conselhos de Jetro. Mas os setenta anciãos (Núm. 11,16) tom aram -se parte importante na política governam ental de Israel. Sem dúvida, esses anciãos podiam nom ear subordinados, ju ize s etc. a fim de im plem entar sua autoridade por 1odo o Israel. Isso tirou dos ombros de Moisés grande sobrecarga. Cf. a nom eação dos setenta, por parte de Jesus, a fim de ajudá-Lo no cum prim ento de Sua missão (Luc. 10). V er Núm. 11.14, um versículo virtualm ente idêntico a este. Os vss. 9-18 são um relato com posto que combina materiais que já tínham os visto em Núm. 11.14-17 e Êxo. 18.13-27.
1.7 1.10,11
Israel se tinha m udado para as planícies de Moabe. Os m oabitas tinham perdido grande parte de seu território para os amorreus. Ver os artigos sobre ambos esses povos no Dicionário. Este versículo fornece-nos_um a descrição geral dos lim ites do território a ser conquistado. Cf. Deu. 11.24 e Êxo. 23.31. Uma das principais provisões do Pacto Abraâm ico era a Terra Prometida. Ver as notas sobre esse pacto, onde dou as dimensões da Terra Prometida, em Gên. 15.18. O capítulo 34 de Números mostra, em detalhes, as fronteiras ideais da Terra Prome tida, cujo território teve boa parte nunca conquistada. O livro de Gênesis inicia a fronteira sul-oriental no Nilo (Gên. 15.18), m as o livro de Números inicia essa fronteira no ribeiro do Egito, a boa distância mais para oriente, com o quem segue na direção oeste. V er as notas em Núm. 34.5. Neste texto, a fronteira norte não é claramente definida. Região m ontanhosa dos amorreus. A lgum as versões dizem aqui “Monte Hor” , mas isso envolve um equívoco, pois é claro que não se trata do Monte referido em Núm. 34.7,8. O M onte Hor ficava na fronteira com Edom. Ver no Dicionário o artigo Hor, Monte. A região m ontanhosa aqui referida deve ter sido
Vosso Deus vos tem m ultiplicado. Eis aí outra provisão do Pacto Abraâm ico (Gên. 15.5; 22.17; 26.4; Êxo. 32.13). Isso requeria grande número de auxiliares. C ontrolar o povo de Israel tornara-se tarefa im possível para Moisés sozinho. Quanto às estatísticas do primeiro e do segundo censo, que ilustram essa multipli cação, ver Núm. 1.2. Israel tinha agora mais de seiscentos mil homens de vinte anos de idade ou mais, capazes de entrar em guerra, o que indica que a popula ção total não podia ser m enor do que três m ilhões de pessoas. Como as estrelas dos céus. Uma expressão de uso freqüente para aludir à multiplicação extraordinária do povo de Israel. Outra expressão usada para indicar essa multiplicação é “como a areia do M ar” . Ver Gên. 22.17; 32.12. O Senhor vosso Deus. No hebraico, Yahweh-Elohim, que usualm ente apa rece com algum pronome pessoal possessivo, com o “nosso” ou “vosso” , por mais de trezentas vezes no Deuteronôm io, sendo assim uma característica literária do autor deste livro, que os críticos atribuem à fonte D. Ver no Dicionário o artigo
DEUTERONÔMIO cham ado J.E.D.P.(S.), quanto à teoria das fontes m últiplas do Pentateuco. “Se nhor nosso Deus” aparece cerca de cinqüenta vezes, e “Senhor vosso Deus”, por cerca de duzentas e cinqüenta vezes. Deus é assim personalizado. Ele não é uma figura distante. Quanto a notas com pletas sobre essa conclusão, ver os com entários no vs. 6 deste capítulo. M oisés fez uma declaração enfática sob a form a de uma bênção, pedindo que Yahweh aumentasse mais e mais o número dos filhos de Israel, o que seria um sinal de orientação e bênção divina. Ver sobre a intercessão de Moisés, bem com o sobre o poder dessa intercessão, em Núm. 16.45. Ver no Dicionário os verbetes cham ados Oração e Intercessão.
1.12 Como suportaria eu sozinho...? Ao considerar a grande multiplicação do povo de Israel, Moisés sentiu-se incapaz de carregar sozinho as cargas de lide rança e administração. Era m ister a nom eação de outros que o ajudassem. Este versículo repete a mensagem dos vss. 9 e 10; e os versículos que se seguem mostram com o o dilema foi equacionado. Cf. Êxo. 18.13-27. Os homens escolhi dos ajudariam a estabelecer e prom over a justiça na terra de Canaã, e não som ente a m anter as coisas em boa ordem. Israel seria um povo santo e distinto, diferente dos antigos habitantes da região. Os escolhidos seriam instrumentos que levariam o povo de Israel a lembrar, aprender e pôr em prática a legislação mosaica. Eles efetuariam a missão de Moisés, tal com o a Igreja leva avante a missão de Jesus. 1.13 Tomai-vos hom ens sábios. O vs. 15 nos mostra o m odus operandi da questão. Não lhes com petia m eramente governar, mas também governar bem, julgar corretam ente e prom over a espiritualidade, mediante a guarda de todas as provisões da lei dada por Deus. Eles seriam ju ize s e mestres, no sentido civil e no sentido religioso. A conquista não visava apenas a possessão de um território, mas também que este fosse habitado por um povo diferente, que representasse um avanço espiritual. Não podiam ser apenas homens dotados de autoridade; também tinham de ser homens honestos e Íntegros, além de dotados de sabedo ria espiritual. Cf. Êxo. 18.21. Era m ister que fossem homens tementes a Deus, que não aceitassem suborno ao julgarem os casos. Cf. considerações similares na nomeação dos primeiros líderes cristãos (Atos 6.3). Os vss. 13-15 deste capí tulo são bastante parecidos com os do capítulo 18 de Êxodo, que sem dúvida devem ter-lhes sen/ido de fonte, ou, ao m enos, de uma das fontes. 1.14 É bom. O povo concordou plenam ente com Moisés, em seus atos e inten ções, reconhecendo que tudo contribuía para o bem deles. Moisés não era um líder egocêntrico, mas buscava a prosperidade de todos. Ele se tinha dedicado ao seu povo, em uma atitude muito rara entre os políticos! 1.15 E os fiz cabeças sobre vós. Os hom ens esco lh id o s eram líderes sábios e justos. O “ rei-filósofo" postulado por P latão não som ente deveria ser o hom em m ais poderoso e experiente no governo, m as tam bém o m ais sábio e bom. D everia te r sido tre in a d o e cond icio n a d o para que essa fosse a grande tarefa de sua vida. Esse é o e spírito refletido neste texto. E stam os aco stu m a dos a equiparar dinheiro com poder, pois é isso que geralm ente sucede neste m undo. M as a Bíblia equipara bondade com poder, um a rara com binação entre os hom ens. A Ordem: 1. Yahweh. O com andante-em -chefe, fonte originária de todo poder e sabedoria. 2. M oisés (mais tarde, Josué e Eleazar, filho de Arão) era o mediador, o próximo na ordem de comando. 3. Os sacerdotes. Esses eram lideres espirituais dotados de discernimento espi ritual e de revelação, por m eio do Urim e do Tumim. Ver a respeito no Dicioná rio. 4. Os príncipes. Eles eram doze ao todo, cada qual sobre uma tribo de Israel. Eram os anciãos principais, hom ens de grande distinção e experiência. 5. Os quiiiarcas. Ou capitães de mil, subordinados aos príncipes e responsáveis diante deles, bem com o seus executivos principais. 6. Os centuriões. Eram os capitães de cem, responsáveis diante dos quiiiarcas, e seus principais executivos. 7. Os tribunos. Eram os capitães de cinqüenta, e responsáveis diante dos centuriões, e seus principais executivos. 8. Os decuriões. Eram os capitães de dez, responsáveis diante dos tribunos, e seus principais executivos. 9. Os oficiais. Eram pessoas usadas para cum prir tarefas, labores ou missões específicas.
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“Todos esses derivavam a sua autoridade da parte de Deus, mas estavam sujeitos e prestavam conta uns aos outros. V er as notas sobre isso no segundo capítulo de Números” (Adam Clark, in ioc.). Cf. Êxo. 18.21-25, virtualm ente idêntico a este trecho. 1.16,17 Estes versículos refletem Núm. 18.21,22, em bora sob form a com pacta. T e mos aqui uma expressão proverbial sobre a justiça nos julgam entos. Um juiz não podia tem er o rosto de ninguém . Em outras palavras, cabia-lhe ser im parci al. Não podia tem er o que outros lhe fizessem se executasse a justiça contra os poderosos. Não podia considerar o poder do dinheiro. D evia exercer sua autori dade sem levar em conta o poder daqueles sobre os quais exercia autoridade. A lguns povos antigos levavam as pessoas diante dos ju ize s com a cabeça coberta por um capuz, para que elas não pudessem ser reconhecidas. Em Israel, os acusados eram apresentados de rosto à m ostra, m as para os ju ize s isso nada significaria. Se algum ju iz achasse um caso difícil dem ais para ser julgado, então recorria a Moisés. Se o caso parecesse difícil dem ais para Moisés, este consultaria a Yahw eh, recebendo ilum inação direta da parte Dele. O P entateuco registra quatro vezes durante as quais M oisés não se sentiu capaz de tom ar uma decisão sem prim eiro consultar a Yahweh. V er as notas a respei to em Núm. 27.5. Assim , o próprio grande M oisés, às vezes, precisava receber uma ilum inação direta, quando os problem as parecessem difíceis dem ais para ele. Q uanto m ais nós precisam os dessa ilum inação!. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! V er no D icionário o verbete cham ado Vontade de Deus, com o Descobri-la. A lgum as vezes, a ilum inação é im prescindível. V er no D icionário o artigo intitulado Ilum inação. O estran geiro. É provável que esteja aqui em pauta o estrangeiro re si dente, que se to rn a ra um hebreu quanto à fé religiosa. M as as leis da ju stiça eram a p licáveis a qua lq u e r pessoa que estivesse de passagem pela Terra Prom etida. Deus, Fonte de Todo Juízo Justo. O ju lg a m e n to pertence a Deus, e essa razão teológica é frisa d a aqui para re fo rça r a ordem de que se fizesse justiça estrita e honesta. A questão de não se te r re speito hum ano aparece dentro do contexto divino. O rosto de D eus é que p recisam os tem er, e Seu rosto requer de nós que usem os de justiça, sem im portar se estão e n vo lvid o s grandes ou pequenos, ricos ou pobres, poderosos ou im potentes. As ca rrancas e a m e a ças dos hom ens não fazem um hom em trem er, quando ele tem e a Deus, com o é m ister. Pois Deus, afinal, é quem resolve to d as as questões e julga até m esm o os ju ize s. Os ju iz e s operam com o representantes de Deus e devem executar a vontade Dele. Deus não faz a cepção de pessoas. (V er II Sam . 14.14; Rom. 2.11.) 1.18 Naquele tem po. Ou seja, depois que o povo de Israel partiu de Horebe, quando cam inhava do Sinai até Cades-Barnéia. As instruções dadas nos discur sos de Moisés (a essência m esm o do livro de Deuteronôm io) reiteravam preceitos dados anteriorm ente (nos livros de Êxodo, Levítíco e Números), conform e sugere este versículo. Ao mesmo tempo, tam bém podem ser uma referência à revelação da lei dada no Sinai - o Decálogo -, visto que essa legislação continha, em espírito, todas as ordens m enores. Ver no Dicionário os verbetes cham ados Decálogo e Dez Mandamentos. Julgam entos im parciais eram esperados da parte de homens espirituais, e os juizes tinham de ser homens espirituais. Cf. Pro. 18.5; 24.23. O Fracasso em Cades (1.19-46) Esta seção dá continuação ao primeiro discurso de Moisés. Ele falou sobre o fracasso de Israel, por causa da falta de fé, em Cades-Barnéia. Foi esse um grande incidente na história de Israel, que dali por diante serviu de exemplo negativo, ou seja, de com o não se devia agir. Essa falha de Israel custou-lhe quarenta anos de tempo precioso, tendo tam bém resultado no assustador castigo de que nenhum homem, da geração original que partiu do Egito, teve permissão de entrar na Terra Prometida, com as exceções únicas de Calebe e Josué, os dois espias que trouxeram um relatório positivo e corajoso, e exortaram os israelitas para que invadissem im ediatam ente a terra de Canaã. Os capítulos 13 e 14 de Números, bem como Núm. 21.1-3, nos dão os principais incidentes pesquisados nesta seção, pelo que o livro de Deuteronômio, em consonância com o seu título, repete material que já havia sido ventilado em Êxodo, Levítico e Números. O interesse central desta seção não é dar um relato com pleto da história envolvida, m as destacar as razões m orais e espirituais da quela falha, a saber, o medo e a dúvida, a falta de coragem e a falta de fé. “O mais sutil perigo que a nação eleita teve de enfrentar não foi algum inimigo exterior, mas a própria dúvida quanto à graciosa orientação divina e a Sua inten
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ção de cum prir as Suas prom essas' (G. Ernest W right, in lo c ). Não podemos m anter-nos neutros na inquirição espiritual. Decisões precisam ser tomadas. Deus livrou Israel do Egito com um propósito em mira, e não apenas para m elhorar o padrão de vida deles. Cades-Barnéia assinalou o prim eiro teste real de Israel no cam inho para o seu elevado destino. Nesse primeiro teste, Israel falhou m isera velmente. Mas a graça de Deus forneceu aos israelitas uma segunda oportunida de. Outro teste foi o da lealdade ao Senhor, uma vez que eles estivessem instala dos na Terra Prometida. Esse teste tam bém reprovou os filhos de Israel. Mas o retorno, term inado o exílío babilónico, por um fragm ento da nação, foi uma reno vação de oportunidade para os israelitas. Deus espera que aprendam os com base nos nossos erros, sabendo assim m udar de curso. M oisés destacou lições m orais e espirituais para Israel, com base naquele prim eiro grave erro, para m udar a conduta deles. 1.19 Partimos de Horebe. Ver a respeito no Dicionário. É provável que Horebe fosse uma cadeia m ontanhosa da qual fazia parte o Sinai. Ver no Dicionário o artigo intitulado Sinai. Israel partiu do lugar da outorga da lei e seguiu caminho através do deserto, tendo chegado à região m ontanhosa dos amorreus. Está em pauta o deserto de Parã. V er sobre El-Parã, em Gên. 14.6. Eles atravessaram esse deserto e chegaram à região montanhosa, ou seja, às colinas do deserto onde os amorreus se tinham apossado do território. O trajeto entre Sinai e CadesBarnéia era de cerca de cento e sessenta quilôm etros. Era um deserto estéril, em sua m aior parte. Ver Êxodo (o Evento) quanto a ilustrações sobre a rota seguida. Ver tam bém o artigo Amorreus, no Dicionário. Chegamos a Cades-Barnéia. V er sobre essa localidade no Dicionário. Israel ficou cerca de um mês em Quibrote-Taavá, onde os filhos de Israel desejaram com er carne, e então estiveram por sete dias em Hazerote, lugares esses que não são m encionados neste sumário. Em seguida, chegaram a Cades-Barnéia. Em Hazerote, Miriã foi ferida com uma enferm idade cutânea (sa ra ’al), por causa de sua rebeldia. Ver Núm. 11.34 ss. e o cap. 12.
1.20 Am orreus. Eles form avam uma das sete nações que habitavam na região e tinham de ser expulsas. Talvez o nom e indique todos os habitantes da terra, conform e se vê em Gên. 15.16; 20.19; Jos. 3.10 e Am ós 2.9. A taça da iniqüidade daqueles povos agora estava cheia (ver Gên. 15.16), e eles mereciam ser expul sos. Essa fora uma prom essa feita por Deus a Abraão. Mas a posse da terra não poderia ocorrer enquanto o cronógrafo de Deus não levasse a história à condição apropriada para o evento. Agora o tempo havia chegado. O s espias foram envia dos. Uma visão foi efetuada; e Israel acabou ficando com aquele território. A lista de nações a serem expulsas aparece em Êxo. 33.2. A referência específica deste versículo não é a parte sul da terra de Canaã. Era por ali que Israel deveria ter entrado no território, mas dali nada resultou. Em primeiro lugar, houve uma recusa de permissão; e, em segundo lugar, um esforço infrutífero fracassou m iseravel mente (ver Núm. 14.39 ss.). Os críticos supõem que essa tenha sido a razão real pela qual Israel teve de voltar ao deserto: fracasso em uma tentativa inicial de invasão. Mas a razão espiritual é que os filhos de Israel tinham perdido sua oportunidade por motivo de incredulidade.
1.21 Uma das características literárias do autor do Pentateuco é a repetição. A s sim, uma vez mais, há elem entos reiterados que já tínham os visto por várias outras vezes. A ordem de Yahweh era invadir e tom ar conta da terra que havia sido dada por decreto divino aos pais da nação, m ediante o Pacto Abraâmico. Ver o vs. 8, que contém toda a essência deste versículo, onde tam bém aparecem referências a outras passagens sobre o m esm o assunto. Quando a ordem foi dada originalmente, houve uma falha na fé e na coragem , o que foi reforçado pelo relatório negativo de dez espias, que assim se m ostraram infiéis (vss. 22 ss.). Os g ig a n te s da te rra d e ix a ra m -n o s a ss u sta d o s (N úm . 13.33), e não houve encorajam ento que pudesse espantar seus temores. E assim o povo de Israel acabou retrocedendo para o deserto, onde ficou vagueando por quase quarenta anos. Deus de teus pais. A saber, Yahweh, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, que estava por trás da invasão. Ver sobre isso no vs. 8 deste capitulo. “Senhor nosso Deus” é uma expressão que aparece em D euteronôm io por cinqüenta vezes. Ver sobre isso nas notas do vs. 6 deste capítulo.
1.22 Mandem os hom ens adiante de nós. O envio dos espias, na verdade, não visava decidir se eles deveriam ou não entrar na terra. A invasão já tinha sido
ordenada por Deus. O alvo era planejar a invasão e encorajá-la. O relato é narrado com abundância de detalhes no capítulo 13 de Números. O propósito era descobrir “a m elhor m aneira de entrar, o cam inho mais fácil e acessível, onde os passos fossem mais abertos e m enos perigosos... qual seria a m aneira mais apropriada de atacar as cidades e subjugá-las” (John Gill, in loc.). O trecho de Números 13.1 m ostra-nos que a ordem de Yahweh era que eles obedecessem e fossem encorajados a entrar em ação. O vs. 33 deste capítulo m ostra que Deus prometeu que iria à frente deles. Seus passos tinham sido ordenados pelo Senhor (Sal. 37.23). 1.23 Isto m e pareceu bem . O ve rsículo a n terio r aponta para a in icia tiva de e n tra r na terra de C anaã, e este ve rsícu lo afirm a que essa idéia foi “a gradá v e l” a Yahw eh. M as é Deus quem põe no coração dos hom ens o desejo de obedecer. A ssim , Ele nos guia, e nós seguim os. A lg u m a s vezes, chegam os a pensar que estam os cu m prindo nossa p ró p ria vontade, m as a vontade do S enhor está por trás dos atos dos hom ens e sp iritu a is. O s isra e lita s julgavam que estavam sendo sábios, prudentes e expeditos; m as q u a isq u e r qualidades p o sitiva s que neles havia tinham sido inspiradas p or Deus. O resultado d e s ses pensam entos foi a escolha dos doze espias, não m eram ente para ver quão boa era a Terra Prom etida, m as para p la n e ja r m aneiras de invadi-la. Nunca se debateu se deveria ser feita ou não a invasão, m as som ente com o e quando. A ssim , os vss. 22 e 23 deste c a p ítu lo m ostram -nos que Israel agiu, no com eço, com fé e entusiasm o, m as logo esses elem entos cederam lugar ao desespero e à inércia. 1.24 Vale de Escol. Ver as notas em Núm. 13.23 ss., quanto à essência deste versículo. Esse vale foi assim cham ado por causa do cacho de uvas que os espias trouxeram dali, com o sinal da abundância e da frutificação da Terra Pro metida. Esse vale ficava localizado perto de Hebrom (ver Núm. 13.22,23). Até hoje aquela região é famosa por suas uvas. Ver o artigo cham ado Escol no Dicionário. 1.25 Os espias colheram im pressões e frutos da terra. Os frutos representavam certa variedade: uvas, figos, romãs etc. (ver Núm. 13.23). Todas as evidências dem onstravam que a terra era “boa” , uma frase usada por dez vezes no Deuteronôm io: 1.25,35; 3.25; 4.21,22; 6.18; 8.7,10; 9.6 e 11.17. O Targum de Jonathan limita o bom relatório e a dem onstração das boas qualidades da terra a Calebe e Josué; mas Jarchi afirm a corretam ente que todos os espias deram um relatório favorável quanto à terra propriam ente dita, embora dez deles não tives sem concordado em que seria aconselhável atacar os habitantes da terra. Da terra fluía leite e mel (ver Núm. 13.27). 1.26 Vós não quisestes subir. Os israelitas falharam por motivo de falta de fé e de coragem. Disso resultou que eles retrocederam da fronteira com a Terra Pro metida e se rebelaram. Recusaram -se a avançar. Os dois espias fiéis tinham dito: “Subamos im ediatam ente e possuam os a terra”. Mas os demais espias, temendo o tam anho das cidades fortificadas, bem com o os ferozes gigantes que nelas habitavam, disseram: “Não, pois os cananeus são mais fortes do que nós”. A história toda é relatada em Núm. 13.31 ss.. Assim , aquela geração dos filhos de Israel falhou à beira da m aior oportunidade que lhes havia sido dada. Para aquela geração, a oportunidade nunca mais foi renovada, embora fosse repetida em favor da geração seguinte. 1.27 M urmurastes, Um dos tem as constantes do Pentateuco é o das "m urm ura ções” dos filhos de Israel. Ver as notas sobre isso em Núm. 14.18 até Núm. 21.5, onde listo onze dessas m urmurações ao todo. Este versículo incorpora elem entos de Núm. 14.1,2. Conforme eles calcularam , Yahweh os “odiava” , tendo-os liberta do do Egito som ente para deixá-los cair prisioneiros dos amorreus (aqui m encio nados com o representantes de todos os habitantes da terra de Canaã). Este versículo m ostra-nos até que ponto o medo e a incredulidade puderam distorcer os pensamentos deles. Eles atribuíram o grande m ilagre do livram ento da servi dão egípcia a um propósito sinistro, a saber, a destruição deles mais tarde, como se Yahweh fosse algum tirano irracional que se deleitasse com os sofrim entos deles. Mas o que eles consideraram ser atos de ódio, na realidade eram atos de amor, conform e vem os em D euteronôm io 4.37. Este versículo mostra-se mais drástico ao exprimir a atitude de incredulidade dos filhos de Israel, do que o faz seu paralelo, Números 14.3.
75 9
DEUTERONÔMIO 1.28
1.32
Nossos irmãos fizeram. Os dez espias incrédulos apresentaram toda sorte de razões para seu temor, mas não conseguiam prever a vitória que estava tão próxima. Os habitantes cananeus da terra eram gigantescos (ver Núm. 13.31-33); as suas cidades eram fortificadas, com m uralhas que chegavam aos céus; os temidos filhos de Anaque, gigantes notórios por sua crueldade e grande força física estavam ali (ver Núm. 13.33), pelo que os israelitas viam a si mesm os como se fossem m eros gafanhotos em com paração a eles. A incredulidade sempre apresenta as suas razões que enevoam a fé e nos furtam a vitória. Pergunta-nos um antigo hino: “Como esperar grande galardão se agora evitamos a luta?” . Sem conflito não pode haver vitória. Ter fé, por muitas vezes, consiste em ignorar as razões que nos convidam a não nos arriscarm os. A fé é a vitória que vence o mundo (ver I João 5.4). “Por sua covardia, o povo rebelou-se e m urmurou contra o Senhor (Êxo. 15.24; 16.2; 17.3). Isso ilustra com o o pecado deliberado e desafiador corrompe a nossa visão de Deus... Israel havia raciocinado de m aneira sim ilar no deserto (Êxo. 16.3; 17.3). A descrição deles sobre os cananeus (mais fortes e mais altos do que nós) revela que eles pensavam que a tarefa era impossível tanto para eles m esm os quanto para Deus” (Jack S. Deere, in loc.). Essa atitude negativa fez o coração dos israelitas “desesperar” (ver Jos. 14.8). Cf. Núm. 13.28, que é o paralelo essencial do versículo à nossa frente.
Mas nem por isso crestes. A incredulidade deles era irracional, pois não cedia diante de nenhum acúmulo de evidência. A incredulidade deles era do tipo invencível, que não se dissolvia diante de nenhum a dem onstração de amor. “Eles não confiaram no Senhor seu Deus, o que agravava a sua incredulidade; e isso foi a causa de não terem podido entrar na boa terra (Heb. 3.19)' (John Gill, in loc.). “Mas as pessoas de nossos dias precisam ser advertidas. A vacilação perver sa, aqui exibida, não é apanágio dos israelitas. Tiago precisou avisar seus leitores crentes, os quais, após a crucificação e a ressurreição do Senhor Jesus, não tinham jam ais tido motivos para duvidar do am or e do poder de Deus — pelo que não deveriam aproxim ar-se de seu Deus com um espírito hesitante (Tiago 1.5-8)" (Jack S. Deere, in loc.).
1.29 Não vos espanteis, nem os tem ais. Essa parte do discurso de Moisés não ficou registrada no paralelo do capítulo 14 de Números. Ali, consternados, Moisés e Arão caíram de bruços. Uma derrota total tinha arruinado o dia. Mas vem os aqui Moisés tentando reverter a situação, por meio de palavras encorajadoras, que não tiveram efeito algum, pois os filhos de Israel pareciam um bando de homens mortos, trem endo de medo, sem nenhum a reação favorável diante de palavras encorajadoras.
1.33 De noite... e de dia. Os israelitas nunca estiveram sem orientação no deser to. Yahweh ia sempre à frente deles, usando a coluna de logo e nuvem (ver no Dicionário o artigo com esse título). V er Êxo. 13.21,22 quanto ao relato. O texto no livro de Êxodo diz: “... para os guiar pelo cam inho” . “ De outra sorte (sem esses m eios de orientação), não teriam podido encon trar seu caminho nas noites escuras, quando algum as vezes cam inhavam , em um deserto sem trilhas, sem veredas marcadas, sem cam inho e sem estrada” (John Gill, in loc.). O fogo fazia a noite tornar-se com o dia, e a nuvem protegia-os do sol no Deserto durante a canícula das horas do dia. Coisa algum a faltava, exceto a fé deles. Cf. Núm. 10.33, que diz respeito ao transporte da arca da aliança (ver sobre isso no Dicionário). Por isso Jesus ensinou, no tocante à nossa peregrina ção na terra: “Pois vou preparar-vos lugar” (João 14.2). Jesus foi o nosso precur sor, que entrou à nossa frente no Santo dos Santos, levando-nos assim até a presença de Deus (Heb. 6.20). V er Núm. 9.15-23, quanto à coluna orientadora, descrita com maiores detalhes. Ele me conduz, ó bendito pensam ento! Palavras carregadas de consolo celeste! Tudo quanto faço, tudo quanto sou, A mão de Deus é que m e conduz.
1.30 Vosso Deus, que vai adiante de vós. É provável que tenham os aqui uma alusão ao fato de que Israel era conduzido, durante a noite, por uma coluna de fogo, e durante o dia, por uma coluna de nuvem. Ver no Dicionário o verbete intitulado Coluna de Fogo e de Nuvem. Ver Êxo. 13.21,22. Eram maneiras concre tas, óbvias e eficazes de liderar. Esse método nunca falhou. Yahweh não haveria de decepcionar agora a Israel, na fronteira da terra de Canaã.
1.34,35
Ele pelejará por vós. As palavras encorajadoras de M oisés incluíam com o a providência de Deus (ver a esse respeito no Dicionário) sem pre havia tido cuidado com eles; eles sem pre tinham conseguido obter a vitória em batalha. C onform e diz um hino, “ Por todo o cam inho receberam forças” . Yahweh tinha vencido ao Faraó da m aneira m ais espetacular, tal com o fora capaz de derrotar inimigos sim ilares em Canaã. É com o diz outro hino: “Já fizem os isso, e pode m os fazê-lo outra vez” . Aos olhos do povo de Israel, contudo, os filhos de Anaque pareciam mais form idáveis do que o Faraó, o que era um absurdo. Naquela época, o Egito era a m aior potência militar, dotado da civilização mais avançada; mas Yahw eh havia derrotado os egípcios. O Targum de O nkelos declara que a Palavra de Deus com bateria pelos israelitas. Ele tinha dito uma palavra, e m undos haviam sido enviados ao espaço. Essa m esm a palavra resol veria o pequeno problem a dos filhos de Israel, na fronteira da terra de Canaã. Yahweh poderia proferir uma palavra e solucionar todos os problem as deles. Ele poderia proferir, e assim o faria. O S enhor só estava pedindo um ato de iniciativa da parte dos filhos de Israel. Eles só precisavam cruzar a fronteira e m archar, pois a Palavra de Deus estaria com eles. Oh, Senhor, concede-nos tal graça!
O Senhor... indignou-se. Deus foi provocado à ira pela incredulidade e m urmuração dos filhos de Israel, que eles acum ularam apesar da bondade e da orientação divina que lhes tinham sido conferidas. E Deus jurou que aquela gera ção de modo algum entraria no Seu descanso (Sal. 95.11; Heb. 3.11). Eles se tinham desviado em seus corações, conform e lem os no texto da epístola aos Hebreus. Ver Núm. 14.22,28, quanto a versículos paralelos. A Terra Prometida havia sido dada aos antepassados dos israelitas no P acto Abraâmico. Pertencia àqueles rebeldes por serem eles descendentes dos patriarcas, mas eles não quiseram tom ar posse da bênção. Afastaram -se do am or de Deus som ente para terem de enfrentar a Sua ira. “O pecado im pediu Israel de entrar na terra de Canaã, tornando-os uns rebelados. Não foi a violação da lei, mas a violação da confiança que os derrotou” (G. Ernest W right, in loc.). A “geração potencialmente bendita e vitoriosa” tornou-se a “geração m á” e rebelde. Eles perderam aquela oportunidade, porquanto a incredulidade os tornara surdos para as razões de Deus. Se “a ocasião faz o ladrão”, conform e diz um provérbio antigo, a ocasião foi furtada de Israel por causa do seu pecado, que foi o ladrão que os atacou, nas fronteiras da Terra Prometida. Esse ladrão furtou-lhes as possessões que lhes pertenciam por direito.
No Egito. Isso lem brava os israelitas da série de m ilagres que Deus tinha realizado, mediante as pragas que tinham resultado no livram ento de Israel. Ver Êxo. 7.14 e o gráfico que ilustra as dez pragas, os propósitos delas, o seu m odus operandie os seus resultados.
1.36
1.31 No deserto. Os milagres de Deus tinham continuado. As colunas de nuvem e de fogo guiaram os israelitas no deserto; houve m ilagres de preservação da vida em uma terra seca e estéril; houve tam bém m ilagres de suprim ento de alimentos e de água potável. Yahweh carregou os filhos de Israel ao longo do caminho, como um filho querido, pois o am or de Deus m anifestava-se em favor deles o tempo todo (Deu. 4.37). Ver Êxo. 4.22,23, quanto a Israel com o filho de Deus. Nesse versículo alicerçou-se a mais elaborada declaração de Estêvão, em Atos 13.18: “ ... e suportou-lhes os m aus costum es por cerca de quarenta anos no deserto”.
(Joseph H. Gilmore, in loc)
Calebe. Ele era um homem de fé, trouxe um relatório positivo e exortou os israelitas a iniciar im ediatam ente a invasão da terra de Canaã. Ver Núm. 14.30, quanto ao trecho paralelo, bem com o as notas ali, que tam bém se aplicam aqui. Ver o artigo detalhado sobre ele, no Dicionário. “Calebe aparece aqui com o a única exceção entre o povo. Josué, com o substituto de Moisés, a exceção entre os líderes reconhecidos, é nomeado em separado” (Ellicott, in loc.). Ver o vs. 38, quanto a Josué. Calebe, a exceção, entrou na Terra Prometida e foi galardoado com a sua herança por sua porção na terra (Jos. 14.13-15; 15.13,14). Ele “perse verou” em seguir ao Senhor, conform e lem os em Números 14.24. Hebrom foi a possessão de Calebe, uma das m elhores porções da Terra Prometida, conform e lemos no livro de Josué. A fé não consiste apenas em assentir diante de alguma doutrina. Antes, consiste na confiança no Senhor, e o seu resultado é obedecera Ele. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o verbete intitulado Fé. Calebe mostrou ser um homem de fé, no meio de um povo incrédulo.
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DEUTERONÔMIO
1.37
O covarde considera-se cauteloso. (Publilius Syrus)
Contra mim se indignou o Senhor. O pecado de Moisés consistiu em ferir a rocha, em uma explosão de ira, quando lhe foi dito que somente falasse com ela. Mas isso não é dito aqui, mas somente que Yahweh ficara indignado com ele, por culpa do povo de Israel. Eles provocaram Moisés à ira, levando-o a cometer esse erro. Mas há um bom número de interpretações sobre qual teria sido, exatamente, o pecado de Moisés. Há notas sobre a questão em Números 20.12. Cf. Deu. 32.50 5 2 .0 versículo que ora consideramos adiciona outra interpretação, uma razão bem mais profunda que teria impedido Moisés de entrar na Terra Prometida. Em outras palavras, ele foi sujeitado à ira divina por causa de Israel, por ter levado sobre ele os pecados deles, como seu representante, tão íntima era a sua associação com a nação de Israel. “Foi-lhe negado o seu sonho como uma carga vicária que foi posta sobre ele, não devido a algum pecado pessoal dele, mas por causa do pecado de seu povo (cf. Deu. 3.26; 4.21)” (G. Ernest Wright, in loc.).
Um hom em sábio faz m ais oportunidades que aquelas que encontra. (Francis Bacon) Bato uma vez em cada portão! Se você estiver dormindo, desperte! Se você estiver com endo, levante-sel Vou-me embora. É a hora do destino. (John Jam es Ingalls)
Tipologia. A idéia aqui tentada, de que M oisés levou vicariamente sobre si os pecados de Israel, não foi devidam ente exposta. Mas contém o germe do conceito central do Servo Sofredor, de Isaías 53, e da m issão expiatória de Cristo. Ver João 1.29 e as notas sobre esse versículo no Novo Testam ento Interpretado. A lei não pode conduzir-nos à Terra Prometida (a salvação); Moisés foi o próprio agen te por meio de quem a lei veio e foi instituída, pelo que não pôde entrar na Terra Prometida. Josué, figura sim bólica de Jesus, foi quem completou essa tarefa.
Jarchi inform a-nos que o deserto ficava ao lado do M ar Vermelho, ao sul do Monte Seir, e dividido entre o M ar Verm elho e aquele Monte, pelo que seguiram paralelam ente ao Mar. O trecho de Hebreus 3.16-19 contém uma aplicação neotestamentária deste texto. Os cadáveres da geração anterior ficaram espalhados pelo deserto, em um triste lembrete das conseqüências da nãorcrença no poder de Deus, e da recusa de obedecer às ordens do Senhor.
Lição Moral. “O pecado inevitavelm ente atrai a punição. Essa punição é aqui retratada como a reação de um Deus indignado. Contudo, o pronunciam ento divino, longe de ser petulante e caprichoso, repousa sobre todas aquelas leis universais que foram estabelecidas desde que Deus criou o universo” (Henry H. Shires, in loc.). Um Deus irado é uma figura m etafórica baseada no antropopatism o e no antropomorfismo. V er sobre am bos os títulos no Dicionário.
1.41
1.38 Josué. Ele foi a provisão de Deus para term inar a tarefa da conquista da Terra Prometida, do m esm o m odo que Cristo tomou nossa fé religiosa, fazendo-a passar da lei para a fé e a graça, propiciando assim o nosso acesso a Deus. Ver no Dicionário o verbete intitulado Acesso. Cristo, pois, foi o Novo Legislador, propiciando a aplicação da lei do am or no evangelho. Cf. Êxo. 24.13; 33.11. Josué não foi alguma m edida dependente para a missão de Moisés. Não foi um pensa m ento posterior. Mas foi uma extensão da m issão mosaica, trazendo uma dim en são que o próprio Moisés não foi capaz de cum prir; e assim tornou-se um tipo de Cristo. O artigo sobre ele, no Dicionário, explica com detalhes como ele foi tal tipo. Ver a seção IX, Tipologia, no artigo sobre Josué (Livro), que aborda detalhes sobre a questão dos tipos sim bólicos.
Então respondestes. M as fizeram -no tarde demais. Reconheceram seu pe cado e quiseram efetuar a invasão. Mas, com o já dissem os, era tarde demais. A glória do Senhor já se tinha afastado deles. O poder se fora. Ver a história a respeito e as notas em Núm. 14.40 ss.. O Senhor nosso Deus. Essa expressão reflete uma característica literária do autor de Deuteronômio, que para os críticos tem origem na fonte inform ativa D. Ver no Dicionário o artigo J.E .D .P.(S.), quanto à teoria da fonte m últipla do Pentateuco. Essa expressão é usada por cinqüenta vezes no livro de Deuteronômio. Senhor Deus (no hebraico, Yahweh-Elohim), acom panhado de pronomes posses sivos, como “nosso” ou “vosso” etc., é expressão usada por mais de trezentas vezes no Deuteronôm io. V er as notas a respeito em Lev. 1.1 e 4.1. Icabode (essa palavra hebraica significa “a glória do Senhor partiu”) foi termo escrito na testa dos hom çns daquela geração. Mas nem m esm o assim quiseram ouvir. Rebelaram-se novam ente, em sua “arrogância” e “tem eridade” , tentando cum prir uma tarefa impossível, acerca da qual tinham sido proibidos (vs. 43). “Foi apenas uma mudança da covardia para a presunção, e não da increduli dade para a fé” (Ellicott, in loc.). 1.42
1.39 E vossos m eninos. A antiga geração de israelitas demonstrara pena por suas crianças, quando olharam para os gigantes da terra de Canaã, uma das razões que os levaram a evitar a invasão. Ver Núm. 14.3, que tem notas que se aplicam aqui. Mas os próprios m eninos que os homens da geração anterior quise ram poupar, para que não se tornassem uma “presa", seriam os que agora se m ostrariam vitoriosos e possuiriam a Terra Prometida. Aqueles meninos “não tinham conhecimento do bem e do m al” e não participaram da má decisão tomada na fronteira da Terra Prometida, pelo que o pecado de seus pais não podia servirlhes de empecilho agora. Tudo havia acontecido trinta e oito anos antes; e agora Moisés relem brava atitudes da geração mais antiga, explicando por qual razão tinham voltado a internar-se no deserto. “Os israelitas parece que apenas usaram suas crianças com o uma desculpa para não tentarem entrar na Terra Prometida. Este versículo é im portante porque revela mais que a racionalização própria da incredulidade, pois Deus parece reconhecer uma cham ada id a d e da responsabilidade’ nas crianças" (Jack S. Deere, in loc.). Todavia, isso é ver dem ais no texto, que não pode conter tão im portante conceito. Provi um artigo detalhado sobre o assunto no Dicionário, intitulado Infantes, Morte e Salvação dos, que o leitor deveria consultar. 1.40 Virai-vos, e parti para o deserto. Isso fala sobre uma oportunidade perdida. Ver Núm. 14.25 ss. quanto ao assunto. O trecho de Núm. 14.28 mostra que o julgamento a que eles foram submetidos foi justo. O vs. 29 daquele capitulo mostra que todos os israelitas de vinte anos ou mais morreriam no deserto. O vs. 31 mostra que os próprios que a geração mais velha pensou que se tomariam presas dos cananeus, seriam os que agora entrariam na posse da Terra Prometida, o que forma um paralelo com o versículo anterior deste texto. A passagem de Núm. 14.33 indica que os quarenta anos de perambulação pelo deserto fizeram parte da maldição.
Não subais nem pelejeis. A ordem tinha sido clara. Agora a oportunidade se tinha afastado. Não era mais possível nenhuma invasão. O poder de Deus se havia afastado. A insistência só poderia resultar em desastre. Ver Núm. 14.41,42, quanto ao paralelo, cujas notas expositivas também se aplicam aqui. Parte do cumprimento da vontade de Deus consiste em a cumprirmos quando ela tiver de ser feita. Algu mas vezes, a graça divina renova a oportunidade algum tempo mais tarde; porém de outras vezes nunca mais há nova oportunidade. Ver no Dicionário o artigo intitulado Vontade de Deus, como Descobri-la. As circunstâncias que ora considera mos ensinam-nos que, para realizarmos uma grande tarefa, precisamos da direção e do poder dados por Deus. A obediência garante essas coisas para nós; mas a desobediência as remove, e então o cumprimento da tarefa torna-se impossível. 1.43 Assim vos falei, e não escutastes. Pareceu bom que agora o povo de Israel estivesse pronto a obedecer. Mas a oportunidade fora perdida. E, assim, aquilo que parecia uma atitude de obediência, na verdade era pura presunção. Tentariam realizar, contando só com seu próprio poder, uma tarefa que requeria a ajuda divina. A incredulidade deles agora tornara-se rebeldia, outra faceta do caráter pecaminoso deles. Ver Núm. 14.45, quanto a detalhes sobre a situação que é deixada de fora deste sumário. O trecho de Deu. 14.44 supre a última frase deste versículo. Tentar fazer aquilo que já deveriam ter feito tornou-se agora uma forma de rebeldia. Yahweh jam ais abençoaria essa atitude. O homem pecaminoso é muito inconstante. Ver sobre isso em Tiago 1.6. As ondas do Mar jogam o homem inconstante para um lado e para outro, pois lhe falta um propósito firme. E ele realiza bem pouco. 1.44 Ver Núm. 14.45, que é o paralelo, e onde as notas expositivas são dadas. O term o amorreus (ver a respeito no Dicionário) algum as vezes foi usado para
OPORTUNIDADE Porém vós virai-vos, e parti para o deserto, pelo caminho do Mar vermelho. Deuteronômio 1.40
O covarde chama a si mesmo de cuidadoso. Publilius Syrus
Há uma maré nos negócios dos homens que, levada durante a inundação, leva para a fortuna. William Shakespeare
Aquele que aproveita o momento certo é o homem certo. Goethe
Bato sem ser convidado uma vez em cada porta! Se adormecidos, acordem! Se ceando, levantem! Eu me viro. É a hora do destino. John James Ingalls
Deus é o Deus da segunda chance. Um dos maiores temas de Deuteronômio é que a bondade de Deus foi demonstrada vez após vez, apesar das falhas e rebeliões do povo. Quatro coisas jamais retornam: A palavra falada A flecha atirada O tempo passado A oportunidade desperdiçada.
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indicar todos os habitantes da terra de Canaã. Havia sete pequenas nações vassalas naquele território. V er sobre essa mesma informação em Êxo. 3.2, como também em Deu. 7.1. C om o fa ze m as a b e lh a s . E sse s in s e to s , q u a n d o fica m ira do s, atacam em m assa e in flig e m m u ito s fe rim e n to s. Cf. Êxo. 2 3 .2 8 -3 0 (que usa as “ve s p a s ” co m o os in s e to s a ta c a n te s ). V e r ta m b é m D eu. 7 .2 0 e Jos. 2 4 .1 2 . As abelhas falam sobre núm eros irresistíveis, ataque feroz e inúm eros ferim entos. A v e rs ã o s iría c a d iz a q u i “ a b e lh a s que fo ra m e s p a n ta d a s com fu m a ç a ” . É sabido que a fum aça deixa as a b e lh a s a g ita d a s e iradas. V ário s autores a n ti gos am pliam a “ m etáfora da a b e lh a ” , co n fo rm e fize ra m A ris tó te le s (H /sf. A n i m al, 1.9, c. 40 ); O v íd io (d e R em ed. A m o r. 1 .1 .4 .8 5 ); P lín io (H ist. N at. 1.11 ca p s. 16 e 18). A s h u m ild e s a b e lh a s n ã o sã o a ss im tâ o h u m ild e s q u a nd o a tacam em g rupo um a pessoa. A ssim fa ria m os am o rre us, que p re d o m in a ri am sobre Israel, p e rse g u in d o -o s e d e stru ind o -o s, se chegassem a la n çar seu a taque tem erário. O relato presente deixa de fora a ausência da arca da aliança, mencionada em Núm. 14.44. Yahweh ia à frente do povo de Israel em batalha, mas somente se a arca da aliança fosse, e nunca de outra maneira. A arca representava a presença de Yahweh entre o Seu povo. 1.45 Chorastes. Os poucos que não foram mortos, voltaram chorando para o acampa mento de Israel. A rebeldia deles (vs.43) resultou no desastre que Moisés tinha predito. O trecho paralelo, no capítulo 14 de Números, deixa de fora esse comentário. A tristeza seguiu-se ao desastre, porquanto a ordem de Yahweh não fora atendida. Assim, Israel tinha ouvidos surdos, não dando atenção às instruções que lhe eram dadas, e fracassa va continuamente, por isso mesmo. Aquela geração não pôde entrar na Terra Prometi da. P erante o Senhor. É provável que esteja em pauta o tabernáculo, onde se m anifestava a presença do Senhor. Yahweh não ouviu as lam entações deles, nem os consolou. É im possível pensar que, na ocasião, pediram a ajuda divina para fazerem outra tentativa, embora alguns estudiosos assim entendam o texto. Talvez tenham rogado que o Senhor não os enviasse de novo ao deserto, mas, se foi isso que eles pediram e Yahweh recusou-se a atender, então a surdez divina equiparou-se à surdez do povo de Israel. A justiça foi assim servida. As carcaças dos rebeldes haveriam de ficar no deserto, e som ente Calebe e Josué teriam perm is são de entrar na Terra Prometida. V er Núm. 14.32. 1.46 Em Cades. Cades-Barnéia (ver a respeito no Dicionário). Os israelitas ficaram ali por muitos dias, Jarchi calculou que ali permaneceram por dezenove anos. Maimônides fala em dezoito anos (M orch Nevochin, par. 3, cap. 50). Mas o texto talvez indique somente que eles ficaram ali por um bom número de dias, para então se internarem de novo no deserto, de onde retomarim bem mais tarde. “Com essas palavras, é registrada a passagem de toda uma geração, dentro do tem po (cf. Deu. 2.7,14)” (G. Ernest W right, in loc.). A lguns intérpretes dividem os trin ta e oito an o s de p e ra m b u la ç õ e s em d ois p e río d os de de ze n o ve anos dezenove anos em C a d es-B arn éia ; e de ze n o ve anos em p e ra m bulações pelo deserto.
em D e u te ro n ô m io . A lu d e à in s p ira ç ã o d iv in a da B íb lia ; e n a q u e le s o u tro s três livros serve tam bém para in tro d u zir novos m ate ria is. V e r as n o tas a re s peito em Lev. 1.1 e 4.1. As p a la vra s servem aqui de consolo, visto que foram d irig id a s a M oisé s, que c o n tin u a v a a lid e ra r a q u e la g e ra çã o re b e ld e . E les tin h a m s o frid o tre m e n d a d e rro ta na fro n te ira da T e rra P ro m e tid a (c a p ítu lo p rim e iro ), m as a g ra ça d ivin a co n tin u a v a a tu a n d o ; e os p ro p ó sito s de Deus em Israel co n tinuariam sendo cum pridos, em bora com um a d iam ento de q u a se quarenta anos. A montanha de Seir. Ver a respeito no Dicionário. "... na direção do Golfo de Ácaba, na direção sul” (Ellicott, in loc.). Ver a Introdução a este capítulo, anteriormente. Embora rebeldes e derrotados, Israel continuou m archando, e Yahweh, por Sua graça, conduziu-os pelo cam inho. Haveria uma nova batalha, do que sobre viria a vitória; mas isso só aconteceria trinta e oito anos m ais tarde, e por meio dos filhos daquela geração rebelada. 2.2,3 V ira i-v o s para o norte. T e rm in a d o o prazo do ca stig o d evido à in c re d u lidade na b o rda da te rra de C anaã, onde os is ra e lita s fic a ra m g ra vita n d o em to rn o da m on ta n h a de S eir (H o re b e ), fin a lm e n te Israe l recebeu o rd e n s para fa ze r a se g u n d a te n ta tiva . “ Essa o rdem , ao que tu d o in d ica , p a re ce te r sido e xp e d id a q u a nd o e sta va m a ca m in h o de C a d e s -B a rn é ia p e la se g u n d a vez, no início do q u a drag é sim o ano (N úm . 20.1)" (E llico tt, in lo c.). A ordem agitou to d o o a ca m p a m e n to de Israe l. Era c h e g a d o o m o m e n to de a va n ça r. A lg u m as vezes, D eus d e ixa-se p re n d er a algum a cid en te g e o g rá fico , p orque não te m o s m ais “cam po de a tivid a d e nesta re g iã o ” , co n fo rm e escreveu P aulo em Rom . 15,23. A vo n ta d e de D eus a lg u m a s ve z e s re a liza -s e a tra vé s de m o v i m en to s. O fra c a s s o de Isra e l não in d ic o u um fra c a s s o fin a l. A ssim sen d o , Deus fez com que eles se m ovessem na direçã o de um a nova o p o rtu nid a de . Foi d a q uele a ca m p am e n to que M oisé s e n viou m e n s a g e iro s ao rei de Edom , p e d in d o -lh e p e rm is s ã o p a ra p a s s a r p e lo se u te rritó rio . A ra zã o p a ra esse m ovim e n to p ara o norte, ao que tu d o in d ica , e ra pa ra que is ra e l não tive sse de fo rç a r c a m in h o , lu ta n d o c o n tra os a m o rre u s . A ssim , fo i m is te r que os isra e lita s tive ssem um e iso du s (entrada), ao a tra ve ssa re m o rio Jordão, para e n tra re m na te rra de C a n a ã , ta l co m o tin h a m tid o um ê xo d o (s a íd a ) m iraculoso do Egito. para o norte, vin d o s da fro n te ira sul de E dom , na d ireçã o da te rra de Canaã, que ficava m ais para o norte. D epois de te r partido de E ziom -G eber foi que IsraèT ch e g a ra a C ades, de onde e n viara m m en sa ge iro s ao rei de Edom (John Gill, in lo c). 2.4,5
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Os filh o s d e E saú. A q u e le te rritó rio de S e ir h a via sid o dado a Esaú e seus d e scen d e n te s, com o p o ssessã o , onde o seu povo já e stive ra p or longo te m p o . Cf. G ên. 36 .8,9 . M as, e m b o ra os id u m e u s e stive ss e m re ce o s o s dos is ra e lita s , isso não sig n ific a que não p ro cu ra ria m d e fe n d e r-s e . A o rd e m de Yahw eh era que os israelitas evitassem qua lq u e r tip o de com bate. A quele te r ritório não pertencia à herança de Israel, visto que já tin h a sido dado a Esaú e seus d e sc e n d e n te s, co n fo rm e ve m o s na re fe rê n c ia no livro de G ê n e sis. E Y ah w e h não m udou S ua m an e ira de p e n sa r. V e r no D ic io n á rio o ve rb e te intitulado Esaú. Havia bem poucas chuvas naquela área (apenas cerca de doze ce n tím etros por ano). Um grande núm ero de p e ssoa s que a tra ve ssa sse a re gião p roduziria fa lta de água, e m uitos, sem dúvida, estariam d ispostos a lutar por causa da falta de água. Que Edom haveria de te m e r Israel tinha sido p rofe tizado no cântico de M oisés (ver Êxo. 15.16). Cf. este texto com Núm. 20.14-21. C o n fo rm e as co is a s a c a b a ra m su c e d e n d o , Edom re cu s o u -se a d e ix a r os israelitas passar (Núm. 20.21). Os israelitas eram estrangeiros e sem inôm ades. Os is m a e lita s eram p rín cip e s com cid a d e s e fo rtific a ç õ e s ; os id u m e u s eram duques e reis. C ontudo, apesar de sua aparente desvantagem , Israel era te m i do, em bora isso não lhes tive sse g a ra n tid o um a passagem livre pelo te rritó rio de Edom . Futuram ente, Edom a cabaria sendo dom inado por Israel (Zac. 14.4; Núm . 24.18; O ba. 19), m as ain d a não h a via ch e g a d o o te m p o p ara isso. V er Jos. 24.4, “ O fato de os isra e lita s te re m -se vo lta do para o norte in d ica va que a eles estava sendo dada um a segunda o p o rtu nid a de . A p a lavra do S en h o r (em o u tra o ca siã o ) veio a Jonas pela se g u n d a ve z (Jon a s 3.1 ). A pó s a ne g açã o de Pedro, Jesus lhe disse: ‘P astoreia as m inhas ove lha s’ (João 21.16). E à m ulher apanhada em adultério, Jesus lhe disse: ‘Vai, e não peques m ais’ (João 8.11). E assim tam bém , Deus disse a Israel: ‘V irai-vos para o n o rte .”’ (Jack S. Deere, in loc.).
Caminho do Mar Vermelho. Ver sobre isso no Dicionário. Com o o S en hor me havia dito. Uma expressão de uso freqüente no Pentateuco, principalm ente nos livros de Êxodo, Levítico e Números, mas m enos
Deus é o Deus de uma Segunda Oportunidade. Até m esm o com os perdidos é assim que Deus age, embora seja melhor falarm os de uma única grande oportu nidade, em vez de pensarmos que esta vida terrena é uma oportunidade, e que a vida
C apítulo Dois As Perambulações e os Conflitos no Deserto (2.1—3.29) Achamos aqui a descrição da jornada através da Transjordânia (ver a respeito no Dicionário). A parte ocidental perdera-se por quase quarenta anos, e o povo de Israel estava no lado oriental do rio Jordão, acampado diante de Cades-Barnéia. Em breve retrocederiam para o deserto. Eles viajaram pela rota que levava ao Golfo de Ácaba. A rota referida em Núm. 33.43, ao que tudo indica, seguia para o norte, atravessando entre Edom e Moabe. De outro modo, seria difícil explicar a presença de Punon (m o derna Feinân), durante a jornada. Mas o Deuteronômio parece seguir a indicação de Números 21.4. A primeira é atribuída à fonte informativa P (S) pelos críticos, ao passo que a segunda é atribuída a £ Não há como reconciliar ds modo satisfatório os resulta dos, pelo que permanecemos ignorantes quanto à rota exata seguida por Israel.
DEUTERONÔMIO pós-túmulo é outra. A missão remidora de Cristo envolve o próprio hades (ver I Ped. 3.18-4.6). Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo chamado Des cida de Cristo ao Hades, quanto a descrições com pletas sobre essa Sua missão salvatícia. 2.6
Com prareis deles. Os filhos de Israel, enquanto estivessem passando pelas terras de Edom , deveriam pagar por tudo. Não deveriam esperar hospitalidade gratuita. A água era escassa, conform e foi observado na exposição sobre os vss. 4 e 5 deste capítulo. A própria água precisava ser comprada. Era difícil obter alim en tos no deserto. E Israel tam bém tinha de pagar pela com ida consum ida ali. Israel havia perambulado por um deserto vazio por quarenta anos; mas nada lhes havia faltado, embora tivessem passado por várias crises no tocante a água e alimentos. Yahw eh estava com eles, pelo que o suprim ento de água e com ida lhes estava garantido. “ Um dos grandes tem as de D euteronôm io é o de que a bondade de Deus, dem onstrada por muitas e muitas vezes, jam ais falharia; e essa bondade, exibida no interesse divino pelo bem -estar físico e espiritual deles, significa apenas que Deus am a os hom ens” [Jo h n G U I, in loc.). V er no D icio n á rio o artigo cham ado Providência de Deus. A providência de Deus nos conduz em meio à prosperidade, e assim acabamos chegando à vitória. Há uma maré nas atividades dos homens Que, levando com o um dilúvio, Leva-os à fortuna. (Shakespeare) 2.7 Cousa nenhum a te faltou. Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra. (II Coríntios 9.8) O homem espiritual reconhece todas essas coisas. “Os cuidados protetores do S enhor e o Seu suprim ento, naquele vasto d e serto, pelo espaço de quarenta anos (vs. 7), tam bém m otivou-os para que obe decessem Suas instruções im ediatas” (Jack S. Deere, in loc.).
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pode violar essa vontade, mesmo que seja mais favorecido do que outros. Israel não podia perturbar a vontade divina no tocante aos territórios das nações. Adem ais, a medida dos pecados dos idumeus e dos moabitas ainda não estava cheia, como era o caso dos amorreus e de outros habitantes daquela região em geral (ver Gên. 15.16). Mas uma vez cheia essa medida, então caberia a Davi conquistar aquelas terras (ver II Sam. 8.2). Por igual modo, uma vez cheia a taça da iniqüidade de Israel, coube à Assíria e à Babilônia fazer a justiça, e o povo de Israel foi removido de seu território. Ver no Dicionário o verbete intitulado Cativeiros. Esses eventos, porém, ainda esta vam por trás do horizonte, e nada tinham que ver com as circunstâncias dos dias de Moisés. Ló era sobrinho de Abraão, e aos seus descendentes foram dadas as terras ocupadas pelos moabitas (ver Gên. 19.37). 0 homem Moabe tinha sido filho da filha mais velha de Ló, o progenitor dos moabitas (Gên. 19.30-37). Ele viveu em tom o de 2055 A. C. Ar. No hebraico, provavelm ente, "cidade” . Há um artigo detalhado sobre esse lugar no Dicionário. Ar era a principal cidade de Moabe (Núm. 21.28; Deu. 2.18,29), perto do rio Arnom (Núm. 21.13-15); ficava localizada a oeste do M ar M orto. T a l vez a m oderna el-Misna ocupe o local da cidade antiga. 2.10 Até m esm o m uitos e ru d ito s co n serva d o re s concordam que os vss. 10-12 são uma inserção de algum editor posterior, em bora os críticos suponham que o P entateuco in te iro não te n ha sido e scrito nos d ias de M oisés, nem p o r ele, com o com posição literária baseada em m uitas fo n tes inform ativas. O s vss. 10 12 e 20-23 são anotações antigas acerca dos aborígenes da região. Eles eram cham ados “em ins", “ re fa in s” ou “e n a qu in s” , ou seja, “ g ig a n te s” (vss. 11 e 20). Os p rim e iro s foram co m p a ra d os aos “ e n a q u in s ” (ver Deu. 1.28; N úm . 13.22; Jos. 11 .21 -23 e 15.14). H a via g ig a n te s q u e re sid ia m em to rn o da re g iã o de H ebrom . “A na q u e ” era um a n tigo e a u tên tico nom e triba l, co n firm a d o nos te x tos de execração do Egito, que datam da prim eira parte do segundo m ilênio A. C. As tradições sobre g ig a n te s são co m u n s na lite ra tu ra antiga, e sem dúvida algum as dessas tradições são precisas, em bora essas antigas histórias sem pre envolvam algum e lem ento m ítico. “0 prim e iro ve rsícu lo in d ica que a inserção o correu d epois da co n q u is ta in icia l da T e rra P ro m e tida . N o tas e d ito ria is que fig u ra m no P en ta te u co não p re ju d ica m em nada a d o u trin a da in s p ira ç ã o da Bíblia... A inspiração refere-se ao produto final, e não à m aneira da e scrita... 0 Espírito Santo supervisionou a obra dos editores, conform e fez com as pesqui sas h is tó ric a s e fe tua d a s p or Lucas (ver Luc. 1 .1 -4 )” (Jack S. D eere, in loc.). Este au tor expressou assim a sua fé acerca de um dos aspectos p o ssíve is da in sp ira ção da B íblia. V er no D icio n á rio o a rtig o ch am ado R evelação. O s c ríti cos sim ple sm e n te pensam que o a u to r ou c o m p ila d o r re ve lo u o fa to sobre o qual escreveu, após a te rra de C anaã haver sido co n q u ista da , e não nos dias de M oisés e pelo próprio M oisés.
2.8 Emins. Ver sobre esse povo nas notas acerca de Gên. 14.5. P assam os, p ois. É cu rio so que, nesta re ca p itula çã o do relato detalhado do capítulo 20 de N úm eros, sobre Edom e sua recusa de p e rm itir a passagem de Israel p o r suas terras, co isa algum a seja dita quanto a isso. Os crítico s su põem que duas fo n te s in fo rm a tiv a s se p a ra d a s te n ha m e stado e n vo lv id a s , o que explicaria a om issão neste sum ário. S eja com o for, a rota a p a rtir de Seir, d epois que os ed o m itas não p e rm itira m a passagem dos isra e lita s, passou a apontar para o sul, na direção de E ziom -G eber. Essa localidade ficava situada no alto do G olfo de Á caba. E late fic a va a poucos q u ilô m e tro s m ais a sudeste de Eziom -G eber. T e n d o to m a d o e ss a ro ta , na d ire ç ã o n o rte , e te n d o d a d o a v o lta em to rn o do te rritó rio de Edom , e le s c h e g a ra m ao país de M oabe. V er no D ic i o n á rio o a rtig o ch a m a do Ê xo d o (o E vento), q u a n to aos p o ss ív e is p o n to s de p a ra d a das va g u e a çõ e s de Isra e l, e a su a m a rch a fin a l na d ire ç ã o da te rra de C a n a ã . V e r ta m b é m a li a rtig o s in titu la d o s S eir, A ra b á , E la te e E zio m Geber. A lg u n s in té rp re te s insistem em que E late e E zio m -G eb e r não eram duas c id a d e s d is tin ta s, m as a p e n a s d o is n o m e s p a ra um m esm o lu g a r. S em im p o rta r com o te n ha sido, o lu g a r era um p orto de M ar do G olfo de Á caba. Seu nom e m a is a n tig o e ra E z io m -G e b e r. T em sid o id e n tific a d a com o T e ll e l K heleifeh, que os a rq u e ólo g os têm e xa m in a d o d etidam ente. O caminho do deserto de Moabe. Ver a esse respeito no D icionário."... o de serto que ficava defronte de Moabe, na direção do nascer do sol, para leste (Núm. 21.11)” (John Gill, in loc). 2.9 Não molestes a Moabe. Os moabitas, a exemplo dos edomitas, tinham recebi do suas terras por decreto divino. Israel não podia conquistar militarm ente aquelas regiões. A vontade de Deus é universal, envolvendo todos os povos. Nenhum povo
Enaquins. Ver no Dicionário o artigo Anaque (Anaquins). Cf. Núm. 13.22,23. 2.11 Também eles foram considerados. 0 autor sacro identificou as raças de gigan tes, associando umas às outras, embora não saibamos dizer se originalmente eram descendentes de um mesmo progenitor comum. Refains. Ver no Dicionário o verbete chamado Refains, onde há informações com pletas a respeito. A palavra é de origem incerta, embora pareça significar “gigantes". Ao que parece, entre outras raças de estatura imensa, eram raças aborígenes da área da Transjordânia, na Palestina. Ver também Deu. 3.11. Esses povos estavam racialmente ligados a Anaque (ver Deu. 2.21). Eram numerosos (Gên. 14.5; 15.20; Deu. 2.20; 3.11,13; Jos. 12.4; 13.12; 17.15; I Crô. 2 a 4). 0 trecho de Núm. 13.33 mostra-nos que, devido ao temor diante de tais gigantes, os filhos de Israel tiveram de retroceder para o deserto, tendo perdido a coragem de entrar em luta. 2.12 Os horeus. V er no D icio n á rio o artigo detalhado sobre esse povo. Eles já habitavam na terra antes dos m oabitas, em bora não se saiba desde quando. Os idum eus haviam tom ado suas terras e os tinham destruído, conform e Israel tam bém acabou fazendo aos habitantes da Palestina. 0 autor (ou editor) agora revela que ele estava escrevendo após a conquista da Terra Prometida. Ver com entários sobre esse aparente anacronism o nas notas sobre o versículo 10 deste capítulo. A lguns eruditos conservadores adm item que houve aqui um a “a dição” , em bora não aceitem a idéia de que o próprio au tor escreveu após a conquista. O utros falam em uma “profecia” sobre o evento; m as esse argum ento deixa a desejar. Os vss. 10-12 deste capítulo não esclarecem “quanto te m p o ” depois isso sucedeu,
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pelo que não podem os determ inar nenhum a data com base nessa anotação edito rial. Ver sobre a questão da data nos artigos sobre o Pentateuco, bem com o sobre cada um dos cinco livros separados dessa coleção. V er também , no Dicionário, o artigo cham ado J.E.D.P.(S.).
Lev. 17.2. A palavra de Yahweh im peliu o povo, conferindo-lhes a segunda opor tunidade de apossar-se da Terra Prometida.
Uma Lição Moral. Os m oabitas foram capazes de derrotar os gigantes. Mas o povo de Israel, mesmo com a prom essa especial de ajuda por parte de Yahweh, desanim ou e acabou tendo de retroceder para o deserto.
Passarás por Ar. A travessia ocorreu no rio Arnom , que corria ao lado da cidade de Ar (vs. 9). Eles tiveram de cam inhar ao longo da fronteira, visto que não lhes foi perm itido entrar em território de Moabe. E a m ensagem veio naquele mesmo dia em que deveriam obedecer.
2.18
2.13 2.19 Ribeiro de Zerede. Ver a respeito no Dicionário. Ver acerca do vale de Zerede, em Núm. 21.12. Algum as traduções dizem aqui “vale de Zerede” . Parece que o original hebraico é capaz de perm itir ambas as traduções. Talvez houvesse tanto um ribeiro quanto um vale. Se realmente se tratava de um ribeiro, não se pode identificá-lo. Vários riachos despejam suas águas no iado oriental do Mar Morto, ao sul do Arnom . O Zerede, mui provavelm ente, era um desses. Ou então, conform e dizem alguns, era um tributário do rio Arnom. O ribeiro ou vale de Zerede era uma linha fronteiriça entre M oabe e Edom. O restante dos detalhes é apresentado naquele artigo do Dicionário. O autor poupou-nos de uma descrição detalhada de todo o percurso seguido por Israel, em suas aventuras pelo deserto, e sim plesm ente nos contou que, entre Cades-Barnéia e Zerede, passaram -se cerca de quarenta anos (vs. 14).
O ribeiro de Zerede (vs. 13) era a fronteira entre Moabe e Edom. Os filhos de Israel não podiam atacar nem a esses dois povos nem aos filhos de Amom. Aquelas terras pertenciam aos descendentes de Ló, e isso por decreto divino. Seom, o rei dos amorreus, havia conquistado parte do território dos moabitas; e essa parte foi tomada pelos filhos de Israel, passando a ser território da tribo de Gade. As tribos de Gade, Rúben e a meia tribo de M anassés tom aram a terra da Transjordãnia (ver a respeito no Dicionário). Ver Núm eros 32, quanto ao relato. Ver Gên. 19.36-38 quanto aos filhos de Amom, os quais, à sem elhança dos moabitas, eram descendentes de Ló. Ver também II Crô. 20.1 e Sof. 2.8. Ver no Dicionário o artigo cham ado Amorreus. 2.20
2.14 O tem po que cam inham os. O longo período de trinta e oito anos em que o povo de Israel ficou perambulando pelo deserto deu a Yahweh oportunidade de fazer perecer toda aquela antiga geração. Todos m orreram ali, exceto Calebe e Josué. Ver Núm. 14.21,23,29,30, quanto ao juram ento feito por Yahweh de que eles pereceriam, bem com o a declaração que, de fato, pereceram. Esse tem po é calculado desde o envio dos espias de Cades-Barnéia (Núm. 32.8) até quando os filhos de Israel chegaram ao vale ou ribeiro de Zerede. Aqueles que tinham de vinte anos para baixo foram isentados da m aldição e puderam entrar na Terra Prometida. Ver Núm. 32.11. Mas houve também dois homens que foram exceções, por causa de sua fidelidade e relatório positivo, como também por haverem exortado os israelitas a invadir a terra, a saber, Calebe e Josué. Ver Núm. 14.21,23,30. 2.15 Também foi contra eles a mão do Senhor. Uma das características do autor do Pentateuco é a repetição, um fenômeno que também aparece neste versículo. Essa repetição fortalece o conteúdo do versículo anterior. De fato, de modo certo e absoluto, aqueles rebeldes, a geração antiga, pereceram no deserto, por causa de sua falta de fé na fronteira. Eles caíram; foram consumidos; pereceram no deserto. Diante de ti puseste as nossas iniqüidades, e sob a lu z do teu rosto os nossos pecados ocultos. Pois todos os nossos dias se passam na tua ira, acabam -se os nossos anos com o um breve pensamento.
“Os versículos 20-23 form am outra inserção editorial (cf. os vss. 10-12). A destruição dos refains, também cham ados zanzum ins, por parte dos amonitas, e dos horeus, por parte dos descendentes de Esaú, são acontecim entos atribuídos, em última análise, a Deus. Pois, conform e escreveu Paulo muito depois, foi Ele quem estabeleceu os tempos e os limites de todos os povos da terra (Atos 17.26)” (Jack S. Deere, in loc.). Refains. Ver os com entários sobre o vs. 11 deste capítulo a respeito deles. Zanzumins, Há um artigo detalhado sobre eles, com esse título, no D icioná rio. No hebraico, o nome significa “poderosos” ou “vigorosos” . Esse era o nome que os amorreus davam aos “refains” . A palavra aparece som ente aqui, em Deu. 2.20. O que se sabe sobre eles aparece naquele artigo. Os refains tam bém foram m encionados em textos econômicos ugaríticos de Ras Shamra. Ver sobre os zuzins (Gên. 14.5), que talvez se refiram ao m esm o povo. M as vários eruditos oferecem fortes razões para não aceitarm os essa identificação. Ver no Dicionário o artigo chamado Zuzins.
2.21 Povo grande, num eroso, e alto. Os refains eram uma das raças de gigan tes, mas os amorreus conseguiram destruir a raça e conquistar a terra deles. Ver o vs. 12, onde é dita a m esm a coisa sobre os filhos de Esaú. Israel desanim ou diante dos gigantes, mas os filhos de Esaú e os amorreus prevaleceram. Yahweh poderia ter dado ao povo de Israel a vitória; mas faltou fé aos israelitas. Yahweh recebeu o crédito pela destruição daqueles gigantes, conform e afirm ei no vs. 20, mediante uma citação. V er as notas ali.
(Salmo 90.8,9)
2.22 Nada menos de vinte e quatro mil israelitas tombaram nas planícies de Moabe. Catorze mil e setecentos mais caíram no incidente que envolveu Coré. Pragas, enfer midades e morte por idade avançada, tudo cooperou para eliminar todos os homens daquela geração, com a exceção única de Calebe e Josué. Ver Núm. 16.49 e 25.9. 2.16 Pela morte. A palavra-chave acerca daquela geração rebelde era essa — morte. Todos eles foram consum idos. Até m esm o os que ainda estavam aptos para irem à guerra faleceram , mediante enferm idades consum idoras, juízos divi nos de um tipo ou de outro, ou por morte natural, devido à idade avançada. Israel não pôde entrar na Terra Prometida enquanto não houve uma purificação com ple ta entre o povo de Israel. Um a vez que isso sucedeu, então foi baixada ordem, da parte de Yahweh, de Israel cessar suas perambulações, o que deu à geração mais jovem de israelitas a oportunidade que a geração m ais antiga não recebeu. 2.17 O S enhor me talou. Tem os aqui um a expressão de uso constante no Pentateuco, em pregada para dar novos materiais, mas que também nos faz lem brar da inspiração divina da Bíblia. Ver as notas a respeito, em Lev. 1.1 e 4.1. Essa m ensagem foi dada a Moisés, m ediador entre Yahweh e o povo de Israel, a fim de transm iti-la ao povo. V er as oito fórm ulas de com unicação, anotadas em
Este versículo alude diretam ente ao vs. 12 deste capítulo, com parando os dois casos, e pergunta-nos (sem dizer isso diretam ente): “Por que Israel não obteve sucesso quando povos m enores tiveram êxito?” . E então ouvimos o eco de textos passados, e a resposta é “rebeldia e incredulidade” . “Se os filhos de Ló, Ismael e Esaú, que eram apenas gentios, embora descendentes de Abraão, foram capazes de desapossar aquelas raças de hom ens gigantescos, quanto m ais os filhos de Israel teriam podido desapossar os cananeus, sob a orientação pessoal de Yahweh” (Ellicott, in loc.). 2.23 Caftor. Ver Gên. 10.14. M uitos estudiosos pensam que Caftor é a mesma ilha de Creta. Outras identificações, contudo, têm sido sugeridas. E isso represen ta um quebra-cabeça. Os aveus. Ver sobre eles no Dicionário. A capital original deles era Ava (no hebraico, “ruína”) (ver II Reis 17.24). Ver no Dicionário sobre Ava e Iva. Era uma cidade assíria. Mas este versículo refere-se à conquista da planície costeira por parte dos cham ados “povos do M ar” , que provavelm ente haviam -se originado em Creta e tinham -se instalado nas costas da Palestina, algum tem po antes de 1200 A. C. Ver Gên. 10.2-5. Povos tinham -se m udado de seus locais originais de habitação e entrado em conflito, por causa dessa troca de territórios. Os aveus do
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texto presente parecem ter sido um povo diferente daqueles do mesmo nome, na Assíria; e provavelm ente eram habitantes originais das cidades costeiras, Os aveus viviam tão para oeste quanto Gaza e foram destruídos por outro povo, a saber, os caftorins, provavelm ente um antigo nome dado aos filisteus. Eles tinham vindo de Caftor, outro nome de Creta. Dessa maneira, o autor sagra do ilustrou com o uma raça foi capaz de destruir outra, e conquistar suas terras. Por que Israel fracassou? Adem ais, visto que isso estava acontecendo na história com regularidade, Israel foi encorajado por Moisés a “imitar” esse exemplo e dar prosseguimento à invasão.
Até que eu passe o Jordão. Israel deixaria Seom e sua gente em paz, em sua região da Transjordânia (ver a respeito no Dicionário), e passaria diretamente para o lado ocidental do rio Jordão. Seom não era objeto planejado de ataque, mas é evidente que ele não se deixou convencer quanto a isso, por parte dos mensageiros; ou então apenas queria uma boa luta, conform e faz a m aioria dos homens arrogantes.
2.24
2.30
Ribeiro de Arnom. Ver a esse respeito no Dicionário. A vitória de Israel sobre Seom, o amorreu, rei de Hesbom, é contada em Núm. 21.21 ss.. Os detalhes não são repetidos aqui. Israel enviou m ensageiros pedindo para passar pela terra dele. Mas ele não deu permissão e ainda forçou batalha, e Israel obteve vitória total. Isso serviu de encorajamento para os filhos de Israel entrarem na Terra Prometida. Hesbom era a capital daquela área, conforme se vê no Dicionário. O território a partir do Arnom para o norte, até o ribeiro do Jaboque, tinha sido tomado à força por Seom, dos moabitas. E assim, Israel, por sua vez, tomou dele aquele território.
O Senhor teu Deus endurecera o seu espírito. Seom endureceu seu cora ção, e Deus endureceu o coração de Seom . Desse modo, a vontade divina e a humana cooperaram . Mas com o isso sucede, sem que a vontade humana seja destruída, não sabem os explicar. No livro de Êxodo lemos que o Faraó endureceu seu coração, e que Deus endureceu o coração do Faraó. Ver Êxo. 4.21; 7.3,13,14; 8.15,32; 9.12; I Sam. 6.6. O endurecim ento aqui referido, naturalm ente, nada tem que ver com a salvação. Mas no nono capitulo de Romanos a questão tom a esse rumo. Isso nos envolve nas questões da predestinação e da reprovação. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia os artigos intitulados Predestinação e Livre-arbítrio e tam bém Reprovação. Ver tam bém Determ inism o e Livre-arbítrio. Am bas as doutrinas figuram na Bíblia e as teologias unilaterais enfatizam um ou outro dos lados da questão, mas negando os seus opostos. Os homens pensam que precisam explicar e reconciliar tudo, mas há coisas que são irreconciliáveis entre si. Se pudéssem os explicar tudo, teríam os uma humanoiogia, e não uma teologia. Ver também , na Enciclopédia, o artigo intitulado Soberania de Deus. E o artigo Mistério da Vontade de Deus, no Dicionário, ensina que o am or de Deus é que escreverá o capítulo final da história humana, e a predestinação está por trás da missão salvatícia do Logos. Portanto, destacam os m ais ainda a doutrina da predestinação! Não precisam os temê-la. O coração de Seom foi endurecido para que Israel tivesse de com bater e vencer, e assim obter forças e confiança quanto às muitas batalhas que ainda teria de enfrentar. Aquela pequena vitória lhes infundiu a coragem de que precisa vam para atirar-se à batalha maior. Cf. este versículo presente com Núm. 21.23. Aquele texto deixa de fora a teologia deste versículo, e nada diz sobre o ato de Yahweh.
2.25 Hoje com eçarei a meter o terror e o medo. Essas eram as condições psicológicas de que o povo de Israel precisava para fazer outras conquistas. Todos os povos da região ouviriam falar no avanço dos israelitas e ficariam aterrorizados, caindo em angústia. Israel, por sua vez, obteria a confiança e a segurança mental que não tinha exibido por ocasião da primeira tentativa de invasão, quase quatro décadas atrás. A derrota sofrida na fronteira seria substitu ída por uma vitória geral. Cf. este versículo com Êxo. 15.15,16. Os habitantes de Canaã haveriam de trem er e angustiar-se, diante do avanço de Israel. Povos que estão debaixo de todo o céu. A m enção é às sete nações que deveriam ser expulsas da Terra Prometida. Quanto à identidade desses povos, ver as notas em Êxo. 33.2 e Deu. 7.1. Ver Êxo. 15.15; 23.27; Núm. 22.3; Jos. 2.9,11,24; 5.1 e 9.24, quanto a versículos paralelos a este.
Ar. Ver a respeito no Dicionário. Ar e Seir falam sobre a área inteira de Edom e Moabe.
2.26 2.31 Então m andei m ensageiros. Este envio de m ensageiros a Seom é narrado em Núm. 21.21, pelo que os detalhes não são repetidos aqui. Deserto de Quedemote. No hebraico, esse nome significa “regiões orientais” . No Antigo Testamento, figura como um deserto e como uma cidade. Ficava em uma região do deserto leste do território de Rúben, perto do rio Arnom, referido somente neste versículo. A cidade foi entregue aos levitas, perto de Jaza e Mefaste, citada em Jos. 13.18; 21.37; I Crô. 6.79. Foi dali que Moisés enviou m ensageiros a Seom, rei de Hesbom, em um tom pacífico, para solicitar passagem através de seu país. Quando da conquista da Terra Prometida, a cidade foi entregue à tribo de Rúben, cabendo aos levitas meraritas. Tem sido identificada com a moderna Qasr ez Za'feran, cerca de treze quilômetros a nordeste de Dibom. Com palavras de paz. Israel tinha m uita guerra pela frente. Algumas bata lhas que fossem evitadas seriam o ideal. M as Seom, em seu tem or e arrogância, forçou a questão para outro rumo.
Tenho começado a dar-te Seom. Uma pequena possessão na Transjordânia seria o prelúdio de uma possessão maior, na parte oeste do rio Jordão. Am bas as coisas seriam atos de Yahweh. Muitos povos antigos, em bora essencialmente selvagens, eram inspirados pela idéia de que seus deuses e forças espirituais os conduziam, dando-lhes suas terras, perm itindo-lhes conquistar terras alheias etc. Os escritos de Homero, que nos falam sobre as antigas guerras dos gregos, estão repletos de referências religiosas, sacrifícios, oblações etc. Isso não significa que a história de Israel não fosse dirigida por Deus, nem que outros povos fossem dirigidos por Ele. Mas as m atanças nos im pressionam muito; e atribuí-las ao supremo poder de Deus parece ficar muito abaixo da com preensão cristã. Seja como for, Deus acha-se definitivam ente na história. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo cham ado Filosofia da História. Os hebreus apresenta vam claramente uma filosofia da história, no Antigo Testam ento. E há muitas outras filosofias da história. 2.32
2.27,28 Estes dois versículos são paralelos a Núm. 21.22. Adicionam que Israel estava disposto a pagar por alimentos, e não som ente pela água. Israel poderia ter enriquecido Seom um pouco. Eles não furtariam nada dos vinhedos nem das plantações, nem atacariam pessoa ou coisa alguma. Deixa-me passar a pé. Ver Núm. 20.19 quanto a essa expressão. Israel não atravessaria o território de Seom com o se fosse um exército invasor, com cavalos e equipamento militar à mostra, mas som ente com o um cortejo de pessoas, a pé. Assim, esta seção de Deu. 2.26-37 descreve o com eço das conquistas milita res de Israel, algo que deveria ter ocorrido há cerca de quarenta anos. Deus é o Deus da segunda oportunidade. Quanto a isso, ver Deu. 2.4,5. 2.29 Como fizeram com igo os filhos de Esaú. Quanto a essas palavras, Jarchi observou que não estava em pauta a questão de passar pela terra deles, pois nenhum deles permitiu isso, mas tão som ente com prar com ida e bebida; pois embora os idumeus, no começo, pareçam não ter atendido ao pedido, mais tarde acederam" (John Gill, in loc.).
Ver Números 21.23, um trecho diretam ente paralelo a este versículo. As notas dadas ali aplicam-se tam bém aqui. 2.33,34 Estes dois versículos são diretam ente paralelos de Números 21.24,25, exceto pelo fato de que aqueles versículos dão indicações geográficas que este versículo não fornece. Ademais, estes versículos adicionam a agonizadora inform ação da matança de mulheres e crianças, uma clara política hum ana de terra arrasada. O propósito era eliminar uma raça — genocídio. Só assim poderia haver paz à terra, sem temor de retaliação. Essa atitude era com um nas guerras antigas. Esses atos faziam parte de uma guerra santa. Cf. Deuteronôm io 20.10-18, onde as descri ções são muito parecidas. As mulheres eram incorporadas na sociedade, e as crianças eram criadas com o se fossem hebréias, embora não fossem descenden tes de Abraão. O Banimento. Às vezes, era proibido destruir absolutam ente tudo. E o que sobrasse era dedicado com o sacrifício a Yahweh. Assim, aquela gente tornou-se o sacrifício oferecido ao Senhor, com o se fosse um holocausto. “Uma guerra, de acordo com esse ponto de vista religioso, torna-se, se possível, ainda m ais feroz
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do que as guerras comuns. O zelo m órbido que leva a destruir um inimigo recebe a sanção divina” (Henry H. Shires, in loc.). Os am orreus eram uma das sete nações destinadas à destruição.
3.3 Este versículo é paralelo de Núm. 21.35. Não houve sobreviventes (Núme ros); não ficou nenhum sobrevivente (Deuteronôm io).
2.35 3.4 Tom am os por presa o gado. Os anim ais foram poupados e passaram a fazer parte das propriedades dos hebreus. Esse gado serviria para alimento e para os sacrifícios. Visto que eram irracionais e não estavam envolvidos na idola tria pagã ou nas práticas religiosas, eram aceitáveis para tal uso. Não eram moralmente corruptos, como o eram os seres humanos. O despojo. Estão em foco m eros objetos, com o dinheiro, metais preciosos, jóias, utensílios domésticos, instrum entos agrícolas etc. 2.36 A pequena vitória não foi assim tão pequena; um certo número de cidades foi capturado e ocupado. Cf. Núm. 21.25. Aroer. No hebraico, “desnuda” . Esse foi o nome de várias cidades do Antigo Testam ento. Ver a respeito no Dicionário. A A roer deste versículo é a primeira da lista. Ficava às m argens do ribeiro de Arnom, pelo que se situava na fronteira sul do território dado às tribos de Rúben e Gade (Jos. 12.2; 13.9). É mencionada na vigésima sexta linha da cham ada Pedra M oabita (ver a respeito no Dicionário).
Este versículo ajunta inform ações ao relato do capítulo 21 de Números. To das as sessenta cidades de Ogue foram capturadas, o que mostra que a conquis ta foi de vulto, uma grande realização. A área, de acordo com os padrões m oder nos, não era grande, mas o fato de que ali havia sessenta cidades mostra que era densamente povoada. Argobe. No hebraico, “pedregosa”. Ver o artigo sobre esse lugar no Dicioná rio. O termo aponta ou para Basã, em geral, ou para um lugar dentro dessa área. Ficava localizada a leste do lago de Genezaré (Galiléia), e foi dada com o posses são à meia tribo de M anassés (Deu. 3.4,13,14; I Reis 4.13; II Reis 15.25). Ficava em um platô elevado, uma espécie de ilha de terra, com cerca de 54 km x 32 km de extensão. No evangelho de Lucas, é cham ada de Traconites (ver Luc. 3.1). Ver detalhes com pletos no artigo acim a referido. 3.5 Todas estas cidades eram fortificadas. As sessenta cidades (vs. 4) eram todas dotadas de m uralhas e fortificações. E tam bém havia outras cidades, sem m uralhas protetoras. Israel conseguiu dom inar ambos os tipos de cidades.
Gileade. Ver a respeito no Dicionário. Por toda aquela região, nenhuma cidade escapou da destruição. Agora a região já fazia parte do território de Israel na Transjordânia. Essa parte do país pertencia às tribos de Rúben, Gade e à meia tribo de M anassés (ver Núm. 32). Gileade pertencia a Ogue, o rei de Basã. Ver Núm. 21.33 ss., quanto à sua derrota definitiva, e a possessão de suas terras pelos filhos de Israel. Yahweh-Elohim recebeu o crédito pela vitória dos israelitas. E os povos con quistados foram oferecidos a Ele à guisa de holocausto.
Ver Núm. 13.28 e Deu. 1.28, quanto às cidades da terra de Canaã. V er no Dicionário o artigo cham ado Cidade.
2.37
3.6,7
Som ente à terra... nem a lugar algum que nos proibira o Senhor nosso Deus. Estas tinham sido as restrições. Israel destruiu o que foi oferecido a Yahweh em sacrifício, mas não mais. O território dos filhos de Arnom foi poupado. Ver no Dicionário o verbete cham ado Arnom. Esse território estendia-se até o ribeiro do Jaboque (ver a respeito no Dicionário), e não foi invadido, tal com o sucedeu à região m ontanhosa em redor. Houve assim lugares “proibidos” para os israelitas, em suas conquistas. O Jaboque form ava a fronteira ocidental dos amonitas (ver Deu. 3.16). Israel não penetrou no interior do país onde estavam as montanhas, nem as suas cidades foram atacadas. “ Mas embora os m oabitas e os am onitas tivessem sido assim poupados, eles pagaram o bem com o mal, porquanto lutaram contra os israelitas e expulsaram a alguns deles de suas possessões (ver Juí. 11.4,5; II Crô. 20.1), e com eteram algumas crueldades chocantes. Ver Am ós 1.13. Por isso, o Senhor baixou um estatuto proibindo a entrada de qualquer indivíduo dessas duas nações na con gregação de Israel, até sua décim a geração. V er Deu. 23.3-6” (Adam Clarke, in loc.).
Destruím o-las totalm ente. Os súditos de Ogue, com suas cidades, seu país e sua população, sofreram a m esm a absoluta destruição que havia atingido o rei Seom. Mas os israelitas pouparam anim ais e objetos inanimados, em ambos os casos. Estes dois versículos são uma duplicata virtual do trecho de Deu. 2.33-35. Tal com o sucedeu a Seom, eles foram oferecidos à guisa de sacrifício (no hebraico, herem) a Deus. Ver nesses versículos notas que também se aplicam aqui. A guerra santa requeria aniquilam ento absoluto e sem misericórdia. As cidades foram preservadas intactas, para serem usadas pelos israelitas; mas os seus habitantes pereceram da face da terra. Assim sendo, as tribos de Rúben, Gade e a meia tribo de M anassés (ver Núm. 32), entraram em uma riqueza relativa im edi ata, por terem ficado com tudo quanto Seom e Ogue tinham conseguido acum ular através dos anos.
C apítu lo Três A seção geral, iniciada em Deuteronôm io 2.1, prossegue aqui. Ver as notas naquele ponto. Deu. 2.26-3.11 é trecho que descreve o primeiro êxito na conquis ta da Terra Prometida, pelo que tem os um a breve descrição das primeiras vitórias de Israel, a com eçar pela Transjordânia (ver a respeito no Dicionário). Os reinos de Seom e de Ogue caíram diante de Israel (ver Núm. 21.21-35). Este terceiro capítulo do livro continua relatando as conquistas, incluindo a vitória sobre Ogue (ver Núm. 21.33 ss.). Ogue dom inava o território desde Basã e a parte norte de Gileade.
Conquistar devemos, quando nossa causa é justa; Este é o nosso lem a: “Confiam os em D eus”. Francis Scott Key
3.8 Que estavam dalém do Jordão. Ou seja, na parte oriental do país. O texto foi escrito, no hebraico, dessa perspectiva, ou seja, o autor estava na Transjordânia (ver a respeito no Dicionário). Essas terras ficaram com Rúben, Gade e a meia tribo de Manassés, m as Números 32 afirm a que nem por isso aquelas duas tribos e meia foram dispensadas de participar da invasão do lado ocidental da Terra Prometida. Eles deixaram esposas, filhos e cerca de metade de suas forças m ilitares para guardarem as cidades que tinham acabado de ocupar; e então os dem ais juntaram -se a seus irmãos, a fim de com baterem na conquista da parte ocidental do rio Jordão. O rio Arnom dividia as terras dos m oabitas das terras dos filhos de Amom (ver Núm. 21.13), e Hermom era uma m ontanha de Gileade, que term inava onde com eçava o Líbano, e form ava a fronteira norte do país. Hermom. V er no Dicionário o artigo detalhado que há ali sobre este lugar. 3.9
3.1 Este versículo tem paralelo em Núm. 21.33, onde dou as notas expositivas. Os lugares m encionados ali são aqui repetidos. As notas m ostram onde as refe rências podem ser encontradas, onde tam bém dem os comentários. 3.2 Este versículo é paralelo de Núm. 21.34, onde há notas expositivas.
Sidônios. V er no Dicionário o verbete cham ado Sidom. Os sidônios cham a vam Hermom de “ Siriom” . Essa palavra hebraica significa “recoberta (de neve)“ . Os fenícios de Sidom tinham dado esse nome ao Monte Hermom. No paralelo poético do Salmo 29.6, Siriom aparece em associação com o Líbano. Idêntica associação ocorre no material proveniente de Ugarite: “O Líbano e as suas árvo res, o Siriom, o mais precioso de seus cedros” (Baal e Anate, 6.20,21). A ocorrên cia desse termo, com o um paralelo da cadeia do Líbano, sugere que esse nome denom inava toda a cadeia do Antilíbano. Ver tam bém sobre Siom, no Dicionário.
DEUTERONÔMIO Senir. Há dúvidas sobre o significado desse nome, embora pareça querer dizer “pico” . Outros preferem “Monte elevado” . A palavra hebraica aparece por quatro vezes: aqui e em I Crô. 5.23, Can. 4.8 e Eze. 27.5. No acádico, a palavra aparece com a form a de sanirw, e no árabe, sanirun. Esse era o nome que os amorreus davam ao Monte Hermom, segundo se vê aqui em Deu. 3.9. Houve época em que esse apelativo era em pregado para indicar porções mais extensas do Antilíbano, conform e talvez se veja em Eze. 27.5. Não obstante, o uso do hebraico também distingue entre o Monte Herm om e o Monte Senir (Can. 4.8), e também entre aquele e os montes de Baal-Herm om (I Crô. 5.23). Muitos estudio sos têm-se inclinado a pensar que picos individuais dos três cumes do Monte Hermom foram assim cham ados, em tem pos posteriores. 3.10 Este versiculo descreve quão com pleta foi a conquista, que incluiu todas as cidades mencionadas, a saber, sessenta, conform e somos inform ados no quarto versículo deste capítulo. As cidades de Gileade e de Basã foram varridas de modo absoluto, chegando até Salcá. Salcá. No Dicionário há um artigo detalhado sobre esta localidade. Ela defi nia o extremo oriental de Basã (aqui e em Jos. 12.5 e 13.11). Ao que parece, ficou com a meia tribo de Manassés, na divisão do território. O nome, no hebraico, significa “an d ar1ou “andando” . Edrei. V er a respeito no Dicionário. No hebraico, significa “forte” ou le rra semeada”. Ao que parece, a m oderna aldeia de D er’a, no sul da Síria, assinala o local antigo. Ver detalhes naquele artigo. 3.11 Ogue, o rei de Basã. O gigante tinha uma cam a gigantesca, com cerca de quatro metros de com prim ento e dois m etros de largura. Eu mesmo tenho uma cama grande, denom inada king-size, que pode ser comprada com umente nos Estados Unidos da América. Um homem alto sabe como é difícil dormir em camas feitas para pessoas relativam ente baixas. Meu tio era homem muito alto, e fez a sua própria cama, para que não tivesse de dorm ir na transversal. Minha cama tem mais de dois metros de com prim ento; mas a cam a de Ogue tinha esse tanto de largura, e o dobro disso quanto ao com prim ento. A gigantesca cam a de Ogue era feita de ferro, por razões óbvias. Uma cam a de m adeira não agüentaria o peso do gigante. A gigantesca cam a tornou-se peça de museu, guardada em Rabá, um lugar pertencente aos filhos de Amom . A lguns eruditos pensam que o que está em foco aqui era um sarcófago (caixão de defunto); mas os sarcófagos eram feitos de pedra. Naturalmente, alguém poderia fazer um sarcófago de ferro. Algumas ve zes, camas, ou outras peças de mobiliário, tornam -se peças de museu. Eu m es mo vi a cam a de Joseph Smith, em um museu, em Salt Lake City, estado am eri cano de Utah. Ele era considerado um profeta pelos m órmons. Ver acerca dele na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Na sua maioria, contudo, as camas são apenas móveis benditos, onde descansam os à noite, para podermos voltar descansados ao trabalho, no dia seguinte. Poucas coisas são tão excelentes como uma boa cama! Os gigantes foram sendo aniquilados aos poucos por vários povos, como os filhos de Esaú (2.12) e os filhos de Amom (2.19,20), Então veio Israel e acabou com os que ainda restavam dentre eles. Por isso ficou escrito que Ogue era o último dos gigantes. Uma vez morto, sua cama foi levada para admiração de Rabá. Diodorus Siculus conta a curiosa história de que Alexandre, o Grande, orde nou que se fizessem cam as com quase três metros de comprimento, a fim de que os gregos fossem tem idos com o gigantes (B ibliothec, 1.17, par. 563). O poder de Alexandre, porém, era tão grande que ele dificilm ente precisaria lançar mão de um truque psicológico como esse. M aim ônides observou que a cam a de um homem usualmente tem uma terça parte a mais que o com prim ento de uma pessoa. Se aplicarm os isso a Ogue, então ele devia ter cerca de três metros de altura! (M oreh Nevochim, par. 2, c. 47). Rabá. Há um artigo detalhado sobre esta cidade, no Dicionário, a qual tem sido muito iluminada pela arqueologia. Esse nome significa “grande”, “populosa” . Amã, capital atual da Jordânia, assinala o local antigo. Essa parece ser a única cidade amonita que foi m encionada na Bíblia. Fica cerca de trinta e cinco quilôm e tros a leste do rio Jordão. 3.12,13 Estes versículos sum ariam os lugares m encionados antes, pertencentes à Transjordânia (ver a esse respeito no Dicionário), que os israelitas tomaram dos moabitas e dos amorreus, seus habitantes primitivos, para então darem às tribos de Rúben, Gade e à meia tribo de Manassés. Ver o capítulo 32 de Números sobre como eles pediram o território e este lhes foi concedido, sob a condição de
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ajudarem na invasão do “outro lado” do rio Jordão, a parte ocidental. V er também o capitulo 13 do livro de Josué, quanto a outros detalhes sobre a distribuição da terra. “As tribos de Rúben e Gade receberam os territórios pertencentes ao reino de Seom, entre os ribeiros do Arnom e do Jaboque. A meia tribo de M anassés, da qual o clã de Maquir era o principal, recebeu o território de Ogue, ao norte do Jaboque. O vale deste ribeiro, depois de correr na direção leste, volta-se para o sul, fazendo uma grande curva. Essa seção norte-sul form ava a fronteira dos amonitas (vs. 16)” (G. Ernest Wright, in loc.). Moisés distribuiu as terras conquistadas, mas sem pre sob a orientação de Yahweh. A porção ocidental seria dividida por sortes, primeiro por tribos, e então entre as fam ílias dessas tribos. Ver sobre isso em Núm. 26.55,56; 33.54 e 34.13. Rúben recebeu aquelas terras que antes tinham pertencido aos moabitas (de Amom a Hesbom). Gade recebeu a metade sul de Gileade, de Hesbom ao ribeiro do Jaboque. Com a meia tribo de Manassés, ficou a parte norte de Gileade, bem como Basã, que ficava precisamente a leste do lago ou M ar da Galiléia. Ver Jos. 11.2. 3.14 Ja ir. No Dicionário há um artigo detalhado sobre esse nome. Ele era cabeça de um clã da tribo de Manassés. O termo hebraico significa "iluminador” ou “Yahweh ilumina” . Quatro pessoas são cham adas por esse nome, no Antigo Testam ento. O Jair deste texto, o filho de Segube, descendente de M anassés, é o primeiro nome que aparece naquela lista. A região de Gileade tinha vinte e três aldeias (ver Núm. 32.41; Jos. 13.30; I Crô. 2.22; I Reis 4.13). V er também, no Dicionário, o artigo chamado Havote-Jair. Argobe. Ver a respeito no Dicionário e no quarto versículo deste capítulo. Gesuritas. Ver no Dicionário o artigo detalhado intitulado Gesur, Gesuritas. O nome Gesur parece significar “ponte". Gesur era um país que ficava na margem oriental do rio Jordão, e os gesuritas eram um povo que habitava perto do Sinai. O país pertencia à Síria, contíguo à fronteira norte de Israel. Ver sob Habitantes, no artigo referido acima. Eles formavam um pequeno reino da área maior chamada Síria. M aacatitas. Ver sobre este povo no Dicionário. Eles form avam outro peque no reino da Síria. Faziam fronteira com Argobe. A área central ocupada por esse povo era onde ficavam as nascentes do rio Jordão. Os gesuritas ocupavam uma área ligeiram ente a leste. Ver II Sam. 20.14,15. A terra dos m aacatitas tinha pertencido a Ogue. Ver os vss. 12 ss.. Havote-Jair. Ver a respeito no Dicionário e as notas expositivas em Núm. 32.41. 3.15 Gileade. Ver a respeito no Dicionário. Este território ficou com os maacatitas. Cf. Núm. 32.40. M aquir era filho de M anassés, e seus descendentes, que form a vam a meia tribo que ficou no lado oriental do rio Jordão, receberam este territó rio. Metade da região de Gileade ficou com os rubenitas e os gaditas (vs. 12). O trecho de Núm. 32.34-40 inform a-nos que esse território foi conquistado pela subtribo de Manassés. 3.16 O autor sagrado voltou aqui a dar-nos detalhes sobre as terras alocadas a Rúben e a Gade, na Transjordânia, depois de ter-nos fornecido alguns detalhes no vs. 12 deste capítulo. As terras aqui m encionadas, de acordo com os padrões m odernos, eram de pouca extensão, mas eram lugares prósperos, com boa água, e excelentes para a criação de gado. Tam bém dispunham de muitas cidades, das quais os m em bros daquelas duas tribos sim plesm ente se apossaram . V er Jos. 12.2 e Deu. 2.37. As circunstâncias dessa distribuição de terras foram descritas no capítulo 32 de Números. Essas tribos desejaram o lugar fértil para seu gado, e receberam-no sob a condição de ajudarem seus irmãos a conquistar o lado oci dental do rio Jordão, o que cumpriram com fidelidade. Ver Jos. 22.1-4 quanto à prom essa cumprida e a bênção que isso produziu. 3.17 Como tam bém . Outras terras que eles receberam são aqui mencionadas. Esse território incluía a parte oriental do vale do Jordão, ou Arabá. Estendia-se desde o lago da Galiléia e daí para o sul, até o M ar Morto. Ver Mat. 14.34 quanto ao nome Quinerete, uma denom inação alternativa para o lago ou M ar da Galiléia. Esse nome, no hebraico, significa “harpa” ou “com form a de harpa” . O nome designava uma cidade (Jos. 19.35) e um M ar (Núm. 34.11; Deu. 3.17; Jos. 11.12; 12.3 etc.). Provavelmente, o term o derivava-se de um antigo nome cananeu, já existente quando da invasão da Terra Prometida. O lago da Galiléia, olhado de cima, parece-se com o contorno de uma harpa.
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Faldas de Pisga. Ver tam bém 4.49. O s Targuns dizem: “lontes de Pisga". Ver no Dicionário o artigo intitulado Pisga. Nossa versão portuguesa acompanha a versão inglesa RSV, apontando para o sopé de colinas. Essas colinas ficavam na parte oriental do território em questão. 3.18 A região fértil foi dada às tribos de Rúben e Gade, e à meia tribo de M anassés, sob a condição de que eles ajudassem as outras tribos na invasão da parte ocidental da Terra Prom etida. V er Núm. 32.29,30, especificam ente quanto à condição im posta, e o capitulo 32 inteiro quanto à história com pleta. O trecho de Jos. 22.1-4 inform a-nos sobre o cum prim ento fiel dessa prom essa. Seom e Ogue já haviam sido derrotados. Os habitantes da região tinham sido aniquilados, e essas cidades foram ocupadas pelas tribos m encionadas. Assim, m udaram -se para uma riqueza im ediatam ente, falando com parativam ente. Mas isso não lhes conferiu descanso, pois tiveram de ajudar no conflito total que se seguiu. V er Jos. 4.13,14. 3.19 Vossas m ulheres, e vossas crianças. Essas ficaram nos novos territórios conquistados, sem dúvida sob a guarda de homens armados, para defendê-las. Os demais homens ajudaram a conquistar a parte ocidental do país. Ver Núm. 32.24-42, quanto ao trecho paralelo a este, e cujas notas também aplicam-se aqui. Ver também Jos. 1.12 ss.. 3.20 Dê descanso. Ou seja, até que a porção oeste da Palestina tivesse sido conquistada. Isso daria descanso aos invasores, para que voltassem a um estilo normal de vida. Até então, as tribos de Rúben, Gade e a meia tribo de Manassés teriam de continuar combatendo. “Descanso para seus inimigos, e habitações para ali residirem tranqüilamente. Por isso mesmo, a terra de Canaã foi chamada de “descanso” e “herança” (Deu. 12.9), como tipo simbólico do descanso que espera pelo povo de Deus” (John GUI, in loc.). Ver Heb. 3.11,18; 4.1,3,11, quanto à aplicação neotestamentária desse conceito. Voltareis cada qual à sua possessão, que vos dei. Por meio da vontade de Yahweh, mediante o Pacto Abraâmíco, que tinha como uma de suas provisões a posse da Terra Santa por parte do povo de Israel. Ver as notas em Gên. 15.18, quanto a esse pacto. ‘Todo o crédito, quanto ao resultado final, não cabe aos homens, mas a Deus... Foi o poder de Deus que lhes deu a Transjordânia” (G. Ernest Wright, in loc.).
3.23 De repente vemos Moisés, entusiasmado diante de todas as promessas de Yahweh acerca da conquista do ocidente, anelante para reverter o juízo que caiu sobre ele por causa da questão da água que saiu da rocha. Ver Núm. 20.12, quanto a notas que explicam no que consistiu exatamente o pecado de Moisés. O livro de Deuteronômio adiciona um discernimento mais profundo. Moisés, por estar identificado com o rebelde povo de Israel, teve de levar vicariamente a culpa deles; e, por essa razão, não pôde entrar na Terra Prometida. Esse é um discernimento que fala sobre Moisés como tipo da lei, que pode conduzir até Cristo, mas que não pode realizar a obra de Cristo, ou seja, a salvação, simbolizada pela entrada na Terra Prometida. Já pudemos ver esse discernimento em Deu. 1.37, cujas notas também se aplicam aqui. A intercessão de M oisés quase obtivera êxito, poderosa como tinha sido. Ver Núm. 16.45, quanto a isso. Mas quando orou em proveito próprio, nada aconte ceu. Não porque sua oração tivesse sido fraca, mas porque não poderia reverter a decisão de Yahweh, já que não fazia parte da vontade de Deus que ele entrasse na Terra Prometida. V er no Dicionário os artigos intitulados Oração e intercessão. Moisés tinha iniciado a obra. Mas não pôde vê-la term inada enquanto vivo no corpo. Josué term inou a obra da conquista com grande sucesso, pelo que Moisés teve essa consolação. Adem ais, em espírito, não tenho dúvida, ele viu o sucesso final daquilo que havia iniciado, fazia tanto tempo, no Egito. 3.24 Que Deus há nos céus ou na terra...? Moisés atribuiu a Deus todos os feitos que tinham ocorrido. O Deus Todo-poderoso estivera presente em tudo. Ninguém poderia ter livrado Israel da escravidão no Egito. Ninguém poderia ter fornecido o necessário para cerca de quatro m ilhões de pessoas em um deserto, pelo espaço de quarenta anos. O poder divino estivera sem pre presente. A gran deza e o poder tinham sido amplamente dem onstrados. A realização era grandio sa demais para ter sido um empreendim ento m eramente humano. Tinha sido um feito divino. Yahweh destacava-se acima de quaisquer deuses imaginários. Ne nhum homem poderia ter feito o que foi feito, e nem algum a outra divindade; Yahweh (o Eterno) e El (o poderoso) é que tinha feito tudo aquilo. “... houve aquelas instâncias adm iráveis de poder divino, que im pôs juízos contra homens ímpios, reis e reinos; que livrou o Seu povo desses ímpios; que permitiu que Israel entrasse na posse deles e de seus reinos; essas eram as obras admiráveis que Moisés tinha em m ira” (John GUI, in loc.). “Em contraste com os deuses das religiões naturais dos pagãos, o Deus de Israel é ímpar, pois Seus atos poderosos testificam que Ele é o Senhor da histó ria” (O xford Annotated Bible, com entando sobre este versículo). O fio cortante do argumento de Moisés foi: “Se tu, ó Yahweh, fizeste tudo isso, seria coisa de som enos perm itir-m e entrar na Terra Prometida!”.
3.21,22 3.25 Assim fará o Senhor a todos os reinos. O sucesso dos filhos de Israel na Transjordânia fora espetacular. Josué tinha observado isso. Foi-lhe assegurado que, na qualidade de novo líder, ele poderia esperar o mesmo tipo de ajuda divina, na invasão da parte ocidental do país. O que tinha sucedido estava prestes a ser repetido, pelo que Josué foi encorajado a deixar de lado todo temor. Som en te o poder de Deus poderia explicar uma derrota tão rápida de Seom e Ogue. E os reis vassalos do ocidente não se m ostrariam mais eficazes contra Israel. Portanto, qualquer tem or estava fora de cogitação. O poder de Deus já se havia m anifesta do; e não diminuiria, acom panhando Israel e Josué. As antigas vitórias eram garantias das novas vitórias. A intervenção divina no oriente repetir-se-ia no oci dente. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! Os povos que ocupavam a parte ocidental do rio Jordão contavam com núme ros, tamanho físico e forças, sem falar nas suas cidades fortificadas e em sua disposição selvagem. Formavam um inimigo formidável, mas não contra Yahweh. Yahweh com bateria pelos israelitas. V er essa prom essa repetida em Deu. 1.30; 2.24,25,31,33,36; 3.2,3 e 20.4. A guerra santa dependia do Poder Santo. Meus olhos têm visto a glória da vinda do Senhor, Ele pisa a vindima onde as uvas da ira foram guardadas; Ele desfechou o relâm pago fatal de Sua terrível espada; Sua verdade está marchando. Glória! Glória! A leluia! Sua verdade está m archando. (Julio W ard Howe) A única coisa que precisam os tem er é o próprio medo. (Franklin Delano Roosevelt)
Moisés Tenta Reverter o Juízo de Yahweh (3.23-29)
Rogo-te que me deixes passar. Isso Deus faria se aplicasse o mesmo grande poder que trouxera Israel aonde o povo se achava no m omento (vs. 24). O Deus que tinha feito o maior, sem dúvida poderia fazer o menor. Moisés queria entrar, e não apenas ver ou ouvir sobre a boa terra que Deus havia prometido a Abraão. Esta boa terra. Era uma terra que manava leite e mel, uma terra excelente (ver Deu. 8.7,8; Êxo 3.8,17; 13.5; 33.3; Lev. 20.24; Núm. 13.27; 14.8; 16.13; Deu. 6.3; 11.9; Jos. 5.6). “Ao que parece, Moisés não percebeu que poderia buscar as obras de Yahweh e a Sua glória, ainda mais claramente, no outro mundo” (Ellicott, in loc.). Q ue está dalém do Jordão. O autor sacro falava da perspectiva da Transjordânia. Moisés pensou que perm itir a entrada dele na Terra Prometida seria um feito pequeno em relação com os Seus feitos grandiosos. Mas até m esm o um feito pequeno não pode suceder, quando não está de acordo com a vontade de Deus. Líbano. V er a respeito no Dicionário. V er o versículo seguinte. 3.26 O Senhor indignou-se muito. Yahweh não gostou do pedido de Moisés, por m ais e lo q ü e n te e ló g ico que tiv e ss e p a re cid o . T e m o s a q u i re fle x o s do antropom orfism o e do antropopatism o. Ver o Dicionário quanto a esses vocábu los. Conferim os a Deus as nossas próprias qualidades, atributos e emoções, quando tentamos descrever Deus, por faltar-nos m elhor m aneira de fazê-lo. Foi “por am or a Israel” que a M oisés não foi perm itido atravessar o rio Jordão e entrar na Terra Prometida. Ver Núm. 20.12 quanto à natureza do pecado de Moisés, devido ao qual não lhe foi perm itido fazer essa travessia. Quanto a um discernimento m ais profundo no livro de Deuteronôm io, ver 1.37 e 3.23, cujas notas expositivas também aplicam -se aqui.
DEUTERONÔMIO Basta. Moisés havia recebido uma grande comissão e tinha cumprido bem a sua missão. Mas sua comissão e missão não incluíam a entrada na Terra Prometida. Sua identificação com a geração rebelde era com pleta; e eles tiveram de arcar com as conseqüências. E isso também fazia parte de sua missão. Dessarte, Moisés seria sábio se não tomasse a referir-se ao assunto, e Yahweh ordenou-lhe que não tocasse mais no tema. Moisés precisara sofrer de modo vicário, da mesma forma que Cristo, o Novo Moisés, foi o nosso Substituto. Ele precisou sofrer com paciência. Ver o capítulo 53 de ísaías, quanto a uma excelente afirmação desse princípio no Antigo Testamento. Moisés e Elias, em uma ocasião posterior, e em espírito, estiveram com Jesus na Tera Prometida, tendo sido testemunhas da transfiguração de Jesus. Ver o capítulo 17 de Mateus. Essa era a vontade de Deus, e não foi alguma coisa sem importância. 3.27 Cume de Pisga. Ver no Dicionário o artigo detalhado sobre esse lugar. Ou Pisga e o Monte Nebo eram o m esm o Monte, ou eram picos de uma mesma serra, não distantes um do outro. Esse nome, no hebraico, significa “cum e” , “ponta” , “pico” . Há muitas referências bíblicas a esse lugar, que tem seus usos metafóricos, coisas essas que são abordadas no artigo mencionado. Dali Moisés Pôde Olharem Todas as Direções. “Para todos os quatro pontos do céu, para todos os quatro quadrantes e fronteiras da terra de Canaã, vendo, com os seus próprios olhos, a extensão da terra de Canaã, sobretudo o Líbano, que ficava ao norte, o Monte que ele tanto tinha desejado ver {vs. 25). Moisés, embora velho, era dotado de vista penetrante, e não é improvável que sua visão tenha recebido maior acuidade e tenha sido ajudada, nessa ocasião” (John GUI, in loc.). Doce hora de oração, doce hora de oração, Que eu tenha tua consolação, até que Da altura excelsa do M onte Pisga Eu veja m eu la r e alce vôo. Essa veste de carne deixarei e me erguerei Para apossar-m e do prêm io eterno. (W. W. Walford) O Neguebe, o sul da Palestina, não é mencionado, mas devemos entender aqui que ele viu a Terra Prometida inteira. Se Moisés não foi capaz de ver absolutamente tudo, de onde se encontrava, ele viu o bastante para poder dizer: “Vi a terra que Deus prometeu a Abraão com os meus próprios olhos. Permite que Teu servo parta em paz”. Podemos estar certos de que aquele foi um momento extremamente emocionante para Moisés. 3.28 Dá ordens... anima-o e fortalece-o. Em breve Josué haveria de tornar-se o ho mem da hora fatal. A Moisés foi dito que fizesse por Josué todo o possível. Ele precisa ria de forças e de coragem para completar a missão de Moisés, a qual era, ao mesmo tempo, a sua própria missão especial. Moisés contemplou a Terra Prometida; e Josué guiaria o povo de Israel até ela, tomando-se assim um tipo de Cristo, o qual nos conduz à Pátria Celeste, a saber, à salvação eterna. Ver no Dicionário o artigo Josué (Livro), que nos mostra que ele foi um tipo de Cristo, na seção IX, Tipologia. Ver também Josué (Pessoas), ponto 1. Ver ainda Efé. 1.11. “... a perspectiva do tempo lança sobre Moisés um manto de glória, pois ele com partilhou da sorte de seu povo e aceitou graciosamente a vontade de Deus” (Henry S. Shires, in loc.). 3.29 Defronte de Bete-Peor. Há um detalhado artigo sobre esta localidade, no Dicio nário. Esse nome significa “casa de Peor”, ou seja, “casa da abertura”. Peor também pode significar “abismo”. Talvez Moisés tenha sido sepultado nessa área (Deu. 34.6). Era uma cidade moabita que podia ser vista facilmente do cume de Pisga. Ver outros detalhes naquele artigo. Tam bém havia um deus pagão chamado Peor. E ali existia um santuário em honra a ele. Ver no Dicionário o verbete chamado Deuses Falsos. “Este versículo encerra a recapitulação da jornada de Israel desde Horebe (Deu. 1.6) até as margens do rio Jordão, com o que term inou esse primeiro discurso de Moisés. O restante, contido no quarto capítulo de Deuteronômio, é a parte prática do discurso, que agora começa” (Ellicott, in loc).
C apítulo Q uatro Moisés Exorta o Povo à Obediência (4.1-43) O primeiro discurso de Moisés aproximava-se agora do seu finai. Prossegue até o vs. 40 deste capítulo. A palavra, agora (vs. 1), indica uma introdução à conclusão. O
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p rim e iro d iscu rso , até este ponto, fez um a re visã o da h is tó ria de Israel, d e i xa n d o o povo de D eus na fro n te ira da T e rra P ro m e tid a . M as d o ra v a n te o d is cu rs o p ro sse g u e , sa lie n ta n d o q u e stõ e s p rá tic a s v ita is para a fé e a vid a dos hebreus, coisas essas ilu stra d a s pela história de Israel. Tem os nisso uma d e m o n straçã o e teologia bíb lica com base na p ró p ria tra d içã o m osaica, onde a h is tó ria e a p ra tic a b ilid a d e fo ra m m e s c la d a s a fim de e x o rta r o p o vo de Deus. T anto a h istó ria q u a nto a p ra tic a b ilid a d e re p o u sa m sobre a re ve la çã o e a vontade de D eus. Foi o rd e n ad o que se m an tive sse a m ensagem intacta, sem nenhum a a dição ou su b tra ção (vs. 2), p o rq u a n to n e la há vid a (vs. 1). A p resença da lei de Deus, no m eio de Israel, d istin g u ia esse p o vo de todos os d e m a is. A re v e la ç ã o d iv in a fo i um a o b ra p ro d u z id a em m eio ao p ro c e s s o histórico. “O recital anterior daquilo que o Senhor tinha feito pelo Seu povo serviu de base ao apelo de Moisés no tocante a uma obediência fiel” (Oxford Annotated Bible, comen tando sobre o primeiro versiculo deste capítulo). “Obediência” é a sua palavra-chave. É aí que reside a vida. 4.1 Agora, pois. Essas palavras introduzem a seção prática do primeiro discurso de M oisés. Ele aplicou, moral e espiritualm ente, os eventos e experiências históricos pelos quais Israel passara. (Ver a introdução a este capítulo quanto ao plano desta seção prática, que se estende até o quadragésimo versículo deste capítulo.) Ouve os estatutos e os juízos. Já havia sido transm itida a grande massa da legislação mosaica, e Israel contava com muitas experiências que serviam de ilustrações para a vida prática. Leis e estatutos seriam “perpétuos”, ou seja, “para todas as gerações”. Ver Êxo. 29.42; 31.16; Lev. 3.17 e 16.29 quanto a esses conceitos. Q ue eu vos e n s in o . Israel tin h a visto m ilag res, m as co isa a lgum a pode su b s titu ir a in stru çã o . M oisés era o le g islad o r, m as ta m b é m foi o m aio r m es tre de Isra e l, d e p o is de Je s u s C ris to . A s le is e ra m m u ita s e c o m p le x a s , e som ente um povo bem in stru íd o seria ca p a z de p ô -la s em p rática da m aneira correta. V er na E nciclo p é d ia de B íblia, Teologia e F ilo so fia o ve rb e te ch a m a do Ensino. Para que viv ais . O P en ta te u co não expõe nenhum q uadro cla ro sobre a a lm a im o rta l, que so b re v iv e à m orte b io ló g ica e que será ju lg a d a no “ a lé m ” . O Pentateuco nunca am eaça os desobedientes com o ju ízo condenatório após a m o rte , nem p ro m e te vid a e te rn a p a ra a lé m -tú m u lo p a ra os o b e d ie n te s . Esses são fatos bem conhecidos aos te ó lo g o s históricos. Há som ente indícios quanto à existê n cia da alm a, na do u trin a da cria çã o à im agem de Deus (G ên. 1.26,27) e nos diálogos entre os espíritos (N úm . 16.22; 27.16). Som ente quan do chegam os ao N ovo T e sta m e n to é que essa d o u trin a fic a re a lm e n te clara. V e r no D ic io n á rio o a rtig o ch a m a d o J u lg a m e n to de D e u s d o s H o m e n s P e r didos. E na E nciclo p é d ia de B ib lia , Teologia e F ilosofia, ver o a rtig o Im o rta li dade. A teologia posterior dos hebreus aplicava este versículo à vida além -túm ulo. M as o que M oisés quis d ize r foi “ uma vida boa na T erra P rom etida que estava prestes a ser conquistada” . Israel deveria esforçar-se nessa direção, não falhan do diante da fronteira, conform e seus pais tinham feito quarenta anos antes. M ui tas p ro visõ e s da le g isla çã o m osa ica re q u e ria m a m o rte p ara os cu lp a d o s de desobediência. Juízos. Estão em foco regras de conduta, estatutos, leis ou decisões transmitidas pelos juizes, embora talvez não devamos distinguir tanto entre os diversos termos usa dos na Bíblia quanto a essa questão. Paulo deixou claro que a vida eterna não pode d e riva r-se da lei (ver Gál. 3.21). Mas isso foi alguma coisa que o judaísm o geral nunca conseguiu com preen der. V er na E nciclopédia de Bíblia, Teologia e Filo so fia o artigo cham ado Vida Etema. 4.2 Os m a n d a m e n to s do S en h o r v o s s o D eus. Y ah w e h e ra a fo n te da le gislação m osaica, razão p e la qual nenhum hom em d e veria ousar a d icio n a r ou dim inuir nada daquela revelação, com o, de resto, da Bíblia toda. A lgo parecido com isso é dito no fim do A pocalipse (22.18,19). Cf. Pro. 30.5,6; M at. 5.18,19. Este ve rsicu lo , en tre tan to , não é co n tra a d o u trin a da re ve la çã o p ro g re ssiva, p orquanto aparece no com eço m esm o do p ro ce sso re ve la tório . V er no D ic io nário o artigo R evelação. “ Israel não d e ve ria a d ic io n a r co isa a lg u m a à re ve la çã o bíb lica , p ois isso d im in u iria o seu p o d er, c o n fo rm e fa z ia m os fa ris e u s e fa z e m o s c ris tã o s legalistas. E nem Israel d e veria su b tra ir coisa algum a da revelação, p ara que e sta se acom odasse assim à sua fra q u e za e v o lu n ta rie d a d e ” (Jack S. D eere, in loc.).
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4.3
4.7
O que o Senhor fez por causa de Baal-Peor. Aqui Moisés relem bra aos filhos de Israel uma ilustração prática de com o as más associações os tinham levado a desobedecer os claros m andam entos do Senhor. A história mesma lhes ensinava uma lição vital. Israel tinha caido na idolatria e na lassidão moral por meio das tentações apresentadas pelas m ulheres pagãs moabitas. A crônica apa rece no capítulo 25 de Números, sendo m encionada no Novo Testam ento em I Coríntios 10.6-8,11.
Que grande nação há...? Ver no Dicionário o artigo intitulado Misticism o. A presença de Deus com o povo de Israel distinguia-o de todos os demais povos da terra. Yahweh fazia-se disponível para ouvir e responder às orações deles. Ver no Dicionário os verbetes Oração e Intercessão. Esses privilégios distinguiam os filhos de Israel de todos os outros povos. Eles eram especialistas na fé e na prática religiosa, e isso lhes conferia uma sabedoria e um entendimento superior. Não eram muito numerosos, nem se destacavam quanto aos feitos materiais. Sua m atem ática era primitiva, nunca erigiram grandes m onum entos, e a sua vida agrícola era essencialmente pobre e inadequada. Mas eram grandes quanto às realidades espirituais. Eles tinham o tabernáculo, muito bem planejado, para pro m over sua fé da m aneira mais enérgica e meticulosa. Seu ritual era rico em tipos e símbolos espirituais, que apontavam para um m aior cum prim ento na pessoa de Cristo. O Antigo Testam ento continua o Novo Testam ento em cerne. Cf. Jer. 23.23 e Sal. 144.18. Eles eram o povo do Pacto Abraâm ico, que tem tido efeitos a longo prazo no decorrer da história, e prosseguirá pelo futuro adentro, até a eternidade. Ver sobre esse pacto em Gên. 15.18 e suas notas expositivas. Ali o Messias foi previsto e prometido; e em Cristo as suas provisões recebem uma aplicação universal, abarcando todos os povos (Gál. 3.28,29). A salvação da alma é o seu maior extrato. Ver no Dicionário o verbete cham ado Salvação. Logo, Israel tornou-se um instrumento universal para o bem espiritual de toda a hum ani dade.
Vosso Deus consumiu do vosso meio. O ato dos israelitas atraiu contra eles um imediato e severo julgam ento divino. Vinte e quatro mil pessoas m orre ram em resultado de uma praga (ver Núm. 25.9). V er no Dicionário o artigo BaalPeor, quanto ao reiato inteiro e suas im plicações. Ver também ali os artigos chamados Idolatria e Adultério. 4.4 Vós, que perm anecestes fiéis. A lição óbvia era sobre a fidelidade aos mandamentos de Yahweh, o que poderia ter im pedido esses atos e o devido castigo, conferindo vida na Terra Prometida, aos fiéis e obedientes. “A existência nacional estava em jo g o : Deus, que dera existência à nação e dera ao Seu povo a T erra P rom etida, haveria de de stru ir a nação se ela desafiasse o Seu senhorio. De fato, a única reivin d ica çã o que Israel tinha para ser reconhecida neste m undo, sua única sa b edoria e com preensão, jazia no fato de que era possuid o ra da lei de Deus (vs. 6 )” (G. Ernest W right, in loc.). Mais tarde, Israel enfrentou os m idianitas e derrotou-os definitivam ente, não tendo perdido um único homem no embate (ver Núm. 31.49). Assim aconteceu por estarem em estado de obediência. 4.5 Estatutos e juízos. Ver o primeiro versículo deste capítulo. Essas leis tinham sido baixadas não som ente para o tem po das vagueações pelo deserto, mas como padrões de conduta, uma vez que chegassem à Terra Prometida. A vida e a prosperidade de Israel dependeriam de com o eles utilizariam e observariam essas leis. A vida residia na obediência; a morte, na desobediência. Como é claro, no fim, Israel foi expulso da Terra Prometida, tal com o tinham sido expulsos os seus habitantes anteriores, e exatam ente por motivo de desobediência à lei. Ver no Dicionário o artigo cham ado Cativeiro (Cativeiros). Um dos propósitos da lei era livrar Israel dos golpes m ortíferos da idolatria, os quais os povos pagãos tinham sofrido; conferir-lhes uma vida plena, vida em retidão e espiritualidade, e não na degradação. O s vss. 5-8 falam sobre o caráter ím par de Israel entre as nações, precisamente por disporem da le i de Yahweh. Sem dúvida, Israel não se distin guia pelas suas ciências, artes, riquezas m ateriais ou poder m ilitar. Mas eles eram o povo da lei de Deus. 4.6 Perante os olhos dos povos. Israel se ria um a grande nação, re co n h e ci da com o tal entre as dem ais nações. Um a nação de povo sábio e entendido, não nas artes e nas ciê n cias (em cu jo s cam pos fica va m m uito a desejar, em com paração com outros povos antigos), m as no cam po da sabedoria e sp iritu al, por possuírem as leis de Yahw eh. A sa b e d o ria deles p rovinha de Deus, porquanto foi dada m ediante revelação, e não em resultado de sua erudição e filosofia. Q uanto aos em p ree n d im e n to s intelectuais, os israelitas perdiam feio em relação a outras nações. A força d eles ja z ia no conhecim ento da bondade e do am or e nos valores e spirituais, p or causa da lei m osaica. Eles d is p u nham destas vantagens; 1. P ro xim id ad e de D eus, o qual nunca os aband o n a va e lhes revelava m uitas co isa s de va lo r m oral e religioso. 2. Eles tinham sido separados das dem ais nações. A le g islaçã o que lhes tin h a sido entregue veio a tornar-se parte vital de nosso A ntigo Testam ento, um m onum ento im o r ta l da literatura, prova a b so lu ta da supe rio rid a d e d eles nos cam pos da sa b e doria e do entendim ento. Q ue outros povos tivessem tecnologia; eles tinham sabedoria espiritual. A sabedoria dos filh o s de Israel tam bém é dem onstrada pelo fato de m uitas outras nações, a n tig a s e m odernas, terem tom ado por em préstim o m uito da lite ra tu ra deles. A cu ltu ra cristã tem um de seus a lice r ces na lite ra tu ra religiosa dos hebreus. V e r no D icio n á rio o verbete intitulado C itações do N ovo Testam ento, cuja esm agadora m aioria é do A ntigo T e sta m ento. P ortanto a cu ltu ra e sp iritu a l tem sido tra n sm itid a ao longo de linhas literárias tom adas por em préstim o, em bora, com o é óbvio, o Novo Testam ento tenha adicionado à revelação m uita coisa inédita, em bora m esm o assim seja uma continuação das revelações d ivinas dadas ao povo de Israel. O A ntigo Testam ento foi traduzido para o g rego (ver no D icio n á rio o artigo cham ado S eptuaginta). E isso em m uito fom entou a propagação da sabedoria divina dada aos judeus.
4.8 Tão justos com o toda esta lei que eu hoje vos proponho? Este versículo atua com o uma espécie de sum ário das idéias enunciadas antes dos vss. 5-7. Nenhuma outra nação poderia receber as descrições encontradas aqui. Portanto, temos uma im portante pergunta retórica: “Que grande nação há?”. Sim, nenhum a outra nação da terra tinha sido engrandecida com esse tipo de grandeza. E essa grandeza estava baseada sobre a possessão da lei. A lei de Israel repousava sobre a revelação, retidão e a própria vontade de Deus. Deus ofereceu a Israel um profundo discernim ento quanto a tudo isso, por interm édio da missão de Moisés. A despeito de todas as suas falhas, a religião revelada a Israel represen tou um im enso avanço espiritual. Que eu hoje vos proponho. Alguns estudiosos parecem olvidar-se do fato de que a lei de Moisés, com todos os seus preceitos, juízos e estatutos, não tinha sido revelada a outro povo qualquer, antes daquele “dia”. Foi uma autêntica reve lação, e não uma rem emoração de princípios dados anteriorm ente. Isso empresta um colorido todo especial a certas questões teológicas que falam sobre origens de princípios religiosos e espirituais. A lei não som ente não havia sido dada ainda a nenhum outro povo da terra, com o nem m esm o tinha sido dada aos próprios patriarcas do povo escolhido. É sobre isso que Paulo tece considerações em Gálatas e outros escritos seus, com o quando d iz ;"... a lei, que veio quatrocentos e trinta anos (depois de Abraão)". A lei foi dada a Israel, com o parte do Pacto Mosaico (ver a respeito no Dicionário). E também teve o seu período de vigência, conform e Jesus ensinou: “A lei e os profetas duraram até João Batista” (Luc. 16.16a). E agora, o que está vigorando, foi o próprio Senhor Jesus que arrematou: “... desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus” (Luc. 16.16b). 4.9 Tão-som ente guarda-te. Os vss. 9-14 apresentam um segundo incidente ilustrativo: a revelação dada em Horebe (Sinai), dos Dez Mandam entos, o núcleo da lei. Esse lato histórico produziu o avanço de Israel nos cam pos da sabedoria e do entendimento. Isso posto, Deus estava operando através do processo históri co. V er no Dicionário os artigos cham ados Horebe, Sinai e D ez Mandamentos. Esse avanço dependia diretam ente das instruções dadas através de Moisés, a lei, os preceitos que faziam de Israel um povo distinto. O conhecim ento estava concentrado na lei, e tinha de ser ensinado (vs. 1), mas esse conhecimento precisava ser aplicado à vida diária das pessoas. Era m ister o uso de diligência nessa aplicação. As palavras “guarda bem a tua alm a” têm sido interpretadas na teologia posterior dos hebreus com o “cuida de teus interesses espirituais”. Mas não foi isso que Moisés quis dar a entender ao usar o term o hebraico nephesh. Os teólogos históricos têm m ostrado que essa palavra nunca foi usada no Antigo Testam ento para indicar a porção im aterial do homem, que sobrevive à morte biológica. O que Moisés estava dizendo, era: “Dedica toda a tua vida, todo o teu coração, a essa questão da guarda da lei. Assim deve expressar-se a tua vida”. E os farás saber a teus filhos. Isso aponta para a necessidade crítica de os pais transm itirem a seus filhos a m ensagem espiritual. O profeta Baha Ullah ensinava que a pior coisa que um pai pode fazer, o pior erro que ele pode com eter, é conhecer os ensinos m as não transm iti-los a seus filhos. A ntes de
AS DISTINÇÕES DE ISRAEL Caracterização
Referências
1.
Aqueles que eram mantidos firmemente por Yahweh-Elohim (o Deus Deu. 4,4 Eterno e Todo-poderoso).
2.
Os não tocados pelo julgamento divino sobre a idolatria.
3.
Aqueles que receberam a lei, o grande fator de distinção de Israel. Deu. 4.5
4.
Aqueles que obedeceram à lei.
5.
Aqueles que possuíam a terra para um lar, dado às pessoas que se Deu. 5.5 distinguiam.
6.
Aqueles que possuíam os pactos.
7.
Aqueles que tinham sabedoria e compreensão que impressiona Deu. caps. 28-30 riam as nações pagãs. Deu. 4.6
8.
A nação da Presença de Deus.
Deu. 4.7
9.
A nação, o objeto da oração respondida.
Deu. 4.7
10. Uma nação de justiça.
Deu. 4.3
Deu. 4.5
Gên. cap. 15; Êxo. cap. 19
Deu. 4.8
Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais, e entreis e possuais a terra que o Senhor, Deus de vossos pais, vos dá. Deuteronômio 4.1
A vida (temporal) era prometida através da Lei. Essa, o judaísmo posterior transformou em vida eterna. Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo estes estatutos, dirão: Certamente este grande povo é gente sábia e entendida. Deuteronômio 4.6
DEUTERONÔMIO
772
tudo, um pai deve três coisas a seus filhos: exem plo, exem plo e exem plo. Além disso, ele precisa transm itir-lhes seu conhecim ento espiritual. Na sociedade hebraica, algum a profissão tam bém era transm itida de pai para filho, de m odo que tanto os aspectos espirituais quanto os econôm icos recebiam a devida atenção. A le i era com plexa e intrincada. Som ente um ensino adequado podia servir de preservação e transm issão. A casta sacerdotal era uma casta de professores, que não som ente realizavam ritos religiosos. O próprio Antigo Testam ento é um livro de instruções, com o de resto a Bíblia inteira. O ensino com eçava no lar. Mais tarde, passava para as escolas. V er na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filoso fia o artigo chamado Educação. E no Dicionário ver o verbete intitulado Educação no A ntigo Testamento. O livro de Deuteronôm io frisa os deveres dos sacerdotes; mas também dos pais, que deveriam ser os sum os sacerdotes de suas próprias células familiares. Ver tam bém Deu. 6.7,20; 11.19; 31.13 e 32.46. 4.10 Não le esqueças. Cf. Deu. 4.9,23,31; 6.12; 8.11,14,19; 9.7 e 25.19. Em Horebe. Trata-se do m esm o Sinai (ver a respeito no Dicionário). A m en sagem viera da parte de Yahweh e fora dada a Moisés. As m inhas palavras. Aqui significam os D ez M andam entos (ver a respeito no D icionário). Esses dez m andam entos tornaram -se a base da legislação m osaica, bem com o as prim eiras leis m orais e espirituais, confirm ando coisas que já tinham sido reveladas a Abraão, em bora de m aneira m ais organizada. V er o capítulo 5 de Deuteronôm io, bem com o o capítulo 20 de Êxodo. A revela ção dada no Sinai-H orebe é descrita com detalhes nos capitulos 19 e 20 do livro de Êxodo. Talvez seja uma verdade, conform e disse Ellicott (in loc.): “A congregação de Israel data do Sinai, da mesma m aneira que a Igreja de Cristo data do Pentecoste” . É notável que a outorga da lei ocorreu cinqüenta dias após o êxodo (a Páscoa), da m esm a form a que o Pentecoste cristão teve lugar cinqüenta dias após a ressurreição de Cristo. V er o terceiro capítulo de II Coríntios. Comunidades foram formadas, dedicadas às suas respectivas revelações. Ver Êxo. 19.17 quanto a como o Antigo Testam ento gravitou em torno de Moisés. E é sabido que o Novo Testam ento gravita em torno de Jesus Cristo. “Não se pode exagerar a significação da palavra revelada de Deus, pois a demanda mais fundam ental feita por Deus ao homem é: ‘Que queres que eu faça?’. Somente em resposta a essa pergunta é que a vontade do homem pode achar emancipação, sua vereda pode ser iluminada, e sua vida pode encontrar propósitd' (Henry H. Shires, in loc.). 4.11 Essas descrições das circun stân cia s que acom panharam a outorga da lei repetem as inform ações de Êxo. 19.18, m as ali tam bém lem os sobre te rre m o tos. A qui é adicionada a idéia de tre va s espessas. V er a exposição disso no texto de Êxodo, a qual tam bém tem a p lica çã o aqui. O ponto dessas d e scri ções é m ostrar o te rro r e a grandeza que acom panharam a outorga da lei. O poder e a glória de Yahw eh estavam ali. P or conseguinte, a m ensagem tra n s m itida precisava ser o uvida de form a absoluta. Nuvens espessas e fum aça explicariam as trevas, um acom p an h a m en to com um das erupções vulcânicas. V er o com entário do Novo Testa m e n to a respeito, em Heb. 12.18. Ali a o b scu ridade à lei é sugerida pelas trevas, que assim convidaram à ilum inação m aio r da m issão de C risto. O evangelho de C risto foi co nferido em m eio a festas, e não em um am biente a te rro riza n te, conform e nos m ostra o trecho de H ebreus 12.22. A lém disso, esse texto e sp iritu a liza a questão. A vida eterna é o fe re ci da no evangelho, ao passo que a lei a d m in istra va a m orte (Gál. 4.24,25; Heb. 12.18-24). 4.12 A voz das palavras ouvistes. A Israel foi perm itido ouvir a voz de Yahweh, embora eles não tivessem visto nenhum form ato ou m anifestação fisica. A pre sença de Deus propriam ente dita lhes foi ocultada. Por isso mesmo, a maior presença e a graça de Deus, em Seu Filho, não foram claramente percebidas por meio da lei. Foi m ister a m issão de Cristo para que houvesse esse benefício maior. Moisés, por outra parte, viu a presença de Deus (Êxo. 33.11,23). Isso não contradiz os dizeres de João 1.18, pois qualquer m anifestação de Deus, por maior que seja, é dada de acordo com um m odus operandl controlado daquilo que o homem pode suportar ver, não sendo a essência direta de Deus. Quanto à maior revelação divina em Cristo, ver João 1.4,14,17,18. O versículo nono daquele m esm o capítulo alude à universalidade de Cristo, enquanto a missão de Moisés se lim itava ao povo de Israel. Ver o vs. 15 deste capítulo, que repete as afirm a ções deste versículo.
4.13 A sua aliança. Está em pauta o Pacto Mosaico, cujo âmago são os Dez Mandamentos. Ver o artigo geral intitulado Pactos, que inclui o Pacto Mosaico. Ver tam bém a descrição detalhada sobre o Pacto Mosa/co, nas notas de introdu ção ao capitulo 19 do livro de Êxodo. Os dez m andam entos. Ver o artigo no Dicionário com esse título, bem como as notas adicionais sobre o capítulo vinte do livro de Êxodo. Os dez m andam en tos foram repetidos em Deuteronôm io 5.6-21. E os escreveu. Yahweh escreveu sobre as tábuas de pedra com o Seu próprio dedo. O trecho de Êxodo 31.18 fala sobre isso em um sentido m etafórico. Ver Deu. 9.10; Sal. 8.3 e Luc. 11.20. Ver no Dicionário o verbete chamado Antropom orfismo. Por meio dessa expressão, o texto reivindica uma inspiração divina direta para a lei. Em duas tábuas de pedra. Aqui, “pedra” provavelm ente indica “m árm ore”, visto que esse m aterial era e continua sendo com um no Sinai, embora o Targum de Jonathan diga safira. Alguns estudiosos supõem que ambas as tábuas conti vessem todos os dez mandam entos, repetidos; m as outros opinam que havia dez m andam entos em cada uma das tábuas. A prática oriental de duplicar todos os mandam entos importantes fala em favor de duas tábuas com os dez m andam en tos em cada uma. V er as notas sobre Êxo. 32.16 quanto a outras idéias sobre as duas tábuas da lei. 4.14 A repetição é um a das ca ra cte rística s lite rá rias do P entateuco. U m a vez m ais tem os essencialm ente as m esm as coisas d itas neste versículo que já haviam sido ditas em Deu. 4.1 e 5, cujas notas tam bém se aplicam aqui. O a utor acabara de lem brar ao povo de Israel sobre os Dez M andam entos, base da legislação m osaica e do Pacto M osaico (vss. 10-13), com o tam bém sobre a necessidade de os pais transm itirem esse conhecim ento aos filhos (vs. 9). A T erra Prom etida só podia ser tom ada, e então retida, se Israel se m ostrasse digno, um a dignidade obtida m ediante a o b e diência à lei. Adem ais, a vida vem por m eio desse m étodo, de acordo com o ponto de vista do autor, mas ele estava fa lando sobre um a boa vida na Terra Prom etida. V er as notas sobre o prim eiro ve rsicu lo deste capítulo, quanto a isso. Os habitantes a n te ri ores da terra foram expulsos porque a ta ça da iniqüidade deles se tin h a enchido (ver Gên. 15.16). E a m esm a coisa sucedeu a Israel, tem pos depois. V er no D icio n á rio o artigo C ativeiro (C ativeiros). A ssim sendo, as a d ve rtê n ci as feitas neste capítulo eram vita is e verazes. A “ob e diê n cia ” era a chave para tudo. Nenhuma som bra pode elevar-se, Nenhum a nuvem no firmamento, Mas Seu sorriso de pronto A espanta para longe! Nenhum a dúvida nem temor, Nenhum gem ido nem lágrima, Podem permanecer, Quando confiam os e obedecemos. (J. H. Sammis) Os Perigos da Idolatria (4.15-31) 4.15 N ovam ente, te m o s um a re p e tição . Q uanto às id é ia s co n sta n te s neste v e rsícu lo , ver Deu. 4 .6 ,9 ,1 1 ,1 2 . H a via fo g o p or to d a parte; a fum aça o c u lta va a p resença de Y ahw eh, m as a vo z da in s tru çã o soou cla ra m e n te e a m ensagem foi e n tre g ue de m odo d is tin to . U m a o b e d iê n cia a b so lu ta era exig id a . Y ahw eh dera reve la çã o e ilu m in a çã o , e a re ve la çã o fo ra e scrita e p re se rva d a. N ão havia de sculp a po ssíve l pa ra a d e so b e d iê n cia . A id o la tria era a p io r form a p o ss ive l de d e so b e d iê n cia , co n fo rm e os ve rs ícu lo s s e g u in tes en fatiza m . Fazia parte da p rin c ip a l ca ra c te rística da a d o ra çã o pagã que fo rm a s visív e is tin h a m de ser vista s , a n tes que o cu lto pu d esse se r e fe tu a do. E a id o la tria m oderna aco m p an h a o m esm o m étodo. A a d o ra çã o a Y ahw eh, entre tan to , não se a lice rç a sobre ne n hu m a fo rm a visíve l. Deus está a cim a de tu d o isso. “Todas as nações contavam com suas divindades visíveis” (Ellicott, in loc.). Mas isso equivale a hum anizar a fé religiosa. A legislação m osaica conferiu-nos um discernimento quanto a essa questão que até mesmo segm entos inteiros da cristandade se recusam teim osam ente a reconhecer.
DEUTERONÔMIO 4.16 Imagem esculpida na form a de ídolo. O fabrico de im agens, para efeito de adoração ou veneração, é aqui considerado um fator “corruptor” dos seres hum a nos. Pois desvia a mente das pessoas da Presença invisível de Deus e rebaixa a idéia de com o é a deidade. Nenhum a imagem esculpida ou fundida deveria ser feita. Este m andam ento estava incorporado nos Dez Mandamentos, como o se gundo deles. Ver Êxo. 20.4. Esse versículo é abrangente e proíbe tudo quanto é proibido neste texto, ou seja, qualquer tipo de im agem, de ser humano, de animal (terrestre ou aquático). Tam bém não poderia haver adoração às estrelas, ao sol ou à lua. Estava proibida qualquer coisa que tendesse por desviar a mente dos homens da Presença invisível de Deus. Ver no Dicionário o artigo geral intitulado Idolatria. Cf. Rom. 1 .2 3 .0 vs. 20 daquele capítulo faz soar a m esma nota: Deus é o Invisível; Ele faz-se conhecer através da natureza e da revelação. Por conse guinte, é uma estupidez reduzir o culto religioso ao uso, à adoração ou à venera ção de imagens feitas por mãos humanas. Sem elhança de homem ou de mulher. Estão em foco os deuses e as deusas, adorados através de imagens que representam figuras masculinas ou femininas. Ver no Dicionário o artigo D euses Falsos quanto a ilustrações com ple tas. Divindades do gênero fem inino incluíam aquelas de Baal-Peor, Juno, Diana, Vênus, Afrodite, espalhadas no m undo ocidental pelos gregos e pelos romanos. E algumas das divindades m asculinas incluíam Baal, Júpiter, Marte, Hércules, Zeus, Mercúrio etc. Os egípcios veneravam divindades com o Osíris e ísis, uma m asculi na e outra feminina. 4.17 Havia um sem -núm ero de form as que eram dadas às divindades imaginárias. Paulo queixou-se disso amargam ente, quando estava em Atenas. Ver Atos 7.16 ss.. Todavia, ali tam bém encontrou um altar ao “deus desconhecido", e procurou usar essa circunstância para ensinar algum a coisa sobre o verdadeiro Deus, o qual, para os habitantes de Atenas, era realm ente desconhecido. A idolatria chegou ao absurdo de se adorar meras figuras de animais, como o boi sagrado do Egito. Ver no Dicionário o artigo intitulado Ápis. Ver também Êxo. 32.4 e suas notas expositivas, quanto a detalhes. Os egípcios chegaram a ter um besouro sagrado, o escaravelho. Os tebanos adoravam o carneiro; os mendesianos, o bode. O gavião e um pássaro chamado íbis eram adorados pelos egípcios. Muitos povos antigos adoravam a serpente. Macacos, cães e gatos chegaram a ser adorados, nas práticas idolátricas. Adam Clark informa-nos que até mesmo cebolas e alhos eram reverenciados! Minhas notas sobre Êxo. 20.4 ampliam o assunto, bem como o artigo chamado Idolatria. Mas o trecho de Êxodo 20.4 tem a tripla proibição: coisa alguma do céu, da terra ou do Mar podia ser reduzida a um objeto de adoração. A idolatria está em todos nós. A pesar de rirmos e zom barm os dessas formas grosseiras de idolatria, contudo, dentro de cada pessoa há algum ídolo que am e aça a adoração som ente a Deus, debilitando nossa vida espiritual. Algumas de nossas form as de idolatria são tão crassas com o aquelas adotadas pelos antigos povos pagãos. Existem ídolos que afetam a mente ou a ambição. Alguns fazem dos prazeres o seu deus; outros preferem idolatrar o dinheiro, a fama, vantagens de todas as formas, ou mesmo algum outro ser humano. Tam bém há astros do cinema, estrelas do m undo dos esportes, dos entretenim entos etc. que se tornam ídolos ridículos, até m esm o para os m ais esclarecidos. Mas, acima de tudo, ado ramos a nós mesmos. 4.18 Uma das três esferas da existência onde os homens vão buscar sua inspira ção no fabrico de ídolos é a terra; e outra dessas esferas é o Mar. Este versículo proíbe essas form as de idolatria. Paulo m enciona que até répteis eram reverenci ados pelos idólatras de seus dias (ver Rom. 1.23). Ver esse versículo no Novo Testamento Interpretado, quanto a notas expositivas completas. A serpente era um objeto comum de adoração, como também o crocodilo e o hipopótamo, os quais eram adorados pelos egípcios. Dagã e Derceto eram adorados debaixo das figuras de peixes, pelos fenícios. As três esferas: as aves do céu, os anim ais da terra e os peixes do Mar.
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“A adoração a divindades astrais tam bém era comum no antigo Oriente. O sol era adorado com o o deus Rá ou Aten, no Egito. E na terra de Canaã, que agora os israelitas estavam prestes a invadir, a adoração aos astros também era comum (para exemplificar, a cidade de Jericó era dedicada à adoração do deus-lua). Os filhos de Israel não podiam perm itir ser atraídos (vs. 19) pela adoração aos corpos celestes (ver Deu. 17,2-5), que Deus tinha provido para todas as nações da terra" (Jack S. Deere, in loc.). Teu Deus repartiu a todos os povos. A lguns estudiosos vêem aqui um tipo de referência astrológica. Deus teria criado as lum inárias para ajudar os homens, e não somente para lhes fornecer luz. Mas é altam ente im provável que o autor sagrado tenha dito qualquer coisa de positivo em favor da astrologia (ver a esse respeito no Dicionário). Na idolatria havia o envolvim ento de algum a form a de astrologia, em bora não seus aspectos m ais sérios, que m ais tarde vieram a form ar a ciência da astronom ia (ver a esse respeito no D icionário). Talvez o autor só se estivesse referindo à ordem divina nos céus, que os hom ens deveri am admirar, que os m arinheiros que singram os m ares usam para se nortearem, ou com o inspirações que nos m ostram quão grandiosa é a criação divina, e, portanto, quão grande Ele m esm o deve ser. “Os céus proclam am a glória de Deus, e o firm am ento anuncia as obras das suas m ãos” (Sal. 19.1). Mui prova velm ente, essa é a idéia que está por trás do presente versículo, com sua referência um tanto vaga. 4.20 Mas o S enhor vos tom ou. Israel tornou-se um a nação distinta, altam ente favorecida por Deus, acim a de outras nações. Enquanto outras nações afunda vam -se na idolatria, Israel foi libertado do Egito e trazido para a Terra P rom eti da, para que vivesse separada com o um a nação santa, favorecida pela posse da legislação m osaica, dotada de uma fé religiosa distinta. V er Deu. 4.6 quanto a isso. Israel ficava aquém de outras nações nos cam pos das artes, da ciência e da tecnologia, mas ultrapassava a todas as nações quanto à revelação espiri tual e à sabedoria. Israel foi liberado da tola idolatria que degradava outros povos. O fato de que Israel foi “tirado do Egito" é mencionado por nada m enos de vinte vezes em Deuteronômio. No Egito, Israel foi reduzido aos terrores de uma fornalha de fundir ferro, que indica uma extrem a opressão. Porém, uma vez tirada daquela fornalha, a nação veio a tornar-se herdeira de uma nova terra, como possessão ím par de Deus. Ver Deu. 9.26; Sal. 28.9; 33.12; 68.9; 78.72; 79.1; 94.14; Joel 2.17; 3.2; Miq. 7.14,18. O povo de Israel, uma vez libertado do Egito, precisava deixar para trás a idolatria egípcia, com o algo indigno de sua nova condição de povo libertado. Quanto a algumas referências no Deuteronôm io à libertação do Egito, ver Deu. 1.27; 4.34,37; 5.6; 8.14; 9.7,12; 13.5; 16.1; 20.1; 23.4; 24.9; 25.17; 26.8. Ver notas especiais em Núm. 23.22. Para que lhe sejais povo de herança. Isso fazia parte do Pacto Abraâm ico (ver Gên. 15.18 quanto a notas a respeito desse pacto). 4.21 M oisés ide n tifico u -se de tal m aneira com aquela geração rebelde mais velha que se recusara a entrar na T erra P rom etida e to m a r posse dela, que sofreu vicariam ente pelos pecados do povo. A ele não foi perm itido e n tra r na Terra Prom etida. Forneci notas e xp o sitiva s sobre o p e cado de M oisés em Núm. 2.12 e 20.12. Mas Deu. 1.37; 3.26 e este versículo dão um discernim ento m ais profundo, sobre o qual com entei nos versículos alistados. M oisés e C risto levaram am bos os pecados de Seu povo. V er a tip ologia e n volvida em Deu. 1.37. Moisés tentou reverter a sentença e a proibição divina, mas Yahweh negou o pedido dele de entrar na Terra Prometida (ver Deu. 3.24 ss.). Mas essa foi uma daquelas poucas vezes em que as orações de Moisés não alcançaram o seu objetivo. A indignação de Yahweh, por causa da insistência de Moisés, foi m enci onada em Deu. 3.26. 4.22
4.19 O trecho de Ê xodo 20.4 proíbe a adoração a qua lq u e r objeto re p re se n ta do com o existente no céu, com o o sol, a lua e as estrelas. Talvez essa tenha sido a m ais antiga form a de idolatria, e tam bém a m ais universal. A natureza inteira foi criada por Deus, não tendo por fin alidade su b stitu ir Deus, por mais im pressionante que pareçam o céu e m uitas outras coisas deste m undo te r restre. O m onoteísm o é um excelente d iscernim ento espiritual que foi dado aos hebreus. C ontudo, até m esm o em nossos dias, há segm entos da cris ta n dade que têm deturpado esse conceito. V er no D icio n á rio o verbete intitulado M onoteísm o.
Eu m orrerei neste lugar. Juntam ente com a geração m ais velha, M oisés tinha de morrer, no lado oriental da Terra Prom etida, na Transjordânia (sobre a qual ver o D icionário). Mas Josué, sucessor de M oisés, com pletaria a m issão por ele iniciada. Essa era a vontade de Yahweh quanto aos dois, e coisa algum a poderia perturbar esse plano. V er Deu. 3.26, quanto a com entários sobre esses conceitos. Aquela boa terra. Ou seja, na terra de Moabe, em uma m ontanha, foi onde Moisés morreu; e foi em um vale dessa terra que ele foi sepultado (Deu. 32.50; 34.5,6). Ninguém sabia onde ele havia sido sepultado, mas Yahweh estava com
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ele. O homem espiritual não m orre sozinho. V er no Dicionário os artigos cham a dos Morte e Alma-, e na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, ver Im ortali dade (que consiste em vários artigos). 4.23 A repetição é uma das características literárias do autor do Pentateuco. Este versículo reitera os itens dos vss. 15 e 16, e aplica-se especialm ente à questão de “dar ouvidos" à proibição acerca da “idolatria” (vss. 16 ss.). Atua com o uma espécie de sum ário da seção anterior, iniciada no vs. 15 deste capítulo. A m esm a linha de pensamento aparece no derradeiro apelo de Paulo a Timóteo: “... cumpre cabalm ente o teu m inistério” (II Tim. 4.5), que Paulo reco m endou quando estava prestes a sair desta vida terrena (vs. 6). 4.24 Teu D eus é fogo que consom e. E ssas p a la vra s constituem um a am ea ça. Se Israel falhasse, não cu m prindo os m andam entos de M oisés, e n vo lve n do-se na idolatria que a lei p roibia tão clara e vigorosam ente, então te ria de enfrentar um Deus que é fogo que consom e; e isso seria p io r do que a fornalha do E gito (vs. 20). Cf. Deu. 5.9; 6.15; Êxo. 34.14. A últim a dessas referências nos dá notas com pletas sobre o “ Deus ze lo so ” , que não repito aqui. Deus não p e rm itiria nenhum rival. A idéia de co e xistê n cia estava e lim i nada; o ecletism o foi proibido; os íd o lo s tin h a m de ser destruídos; os bosques idólatras de todos aqueles lu g a re s tinham de ser incendiados. A natureza de Deus requeria tal coisa, pois som ente Ele é deidade. A id olatria é um insulto para a deidade. V er no D icio n á rio os a rtig o s cham ados A ntrop o m o rfism o e A ntropopatism o. V er a a plicação neote sta m e n tá ria deste versículo, em Heb. 12.29. Ali as palavras são usadas para re fo rça r a lição do P entecoste, e não a lição do Sinal. No Sinai houve fogo e fumaça, mas os israelitas estavam proibidos de ver a terrível presença de Deus. Porém, o homem que persistisse na idolatria teria de enfrentar o fogo divino, que seria a sua destruição total. C onseqüências Drásticas da Desobediência e da Idolatria (4.25-31) 4.25 E vos corrom perdes. O poder corruptor da idolatria é novam ente m enciona do. Ver o vs. 16 deste capítulo. Para o provocar à ira. As advertências foram suficientem ente claras, mas os homens têm um jeito de ignorar todas as ameaças. Entrar na Terra Prometida não era um privilégio perm anente para Israel, tal com o não tinha sido para os habitan tes originais da região (Gên. 15.16). Os israelitas poderiam ser expulsos, e real mente assim aconteceria, se adotassem as práticas idólatras dos antigos habitan tes da terra de Canaã. Israel foi cham ado para ser um a nação m ais sábia e dotada de com preen são. A lei lhes dava essas qualidades, separando-os de outras nações (ver Deu. 4.5,6). Uma violação dessa confiança neles depositada, e os resultados seriam desastrosos. Yahweh invocou os céus, aquelas coisas fixas e eternas de sua criação, para serem testem unhas contra um povo que se m ostrasse infiel e inconstante (vs. 26). Israel poderia perecer totalm ente, conform e já havia suce dido a outras nações, se deixasse de obedecer à lei e, especificam ente, àquela porção que proibia qualquer form a de idolatria. Israel não tinha uma condição fixa, com o é o caso das estrelas do firm am ento. Poderia ser rem ovido da Terra Prometida. “Essa reação apaixonada contra a idolatria, em qualquer de suas form as, e essa ênfase sobre o supernaturalísmo, como uma característica da religião, sem e aram a semente de tudo quanto há de m elhor no judaísm o e no cristianismo. Por esses meios, o judaísm o e o cristianismo foram capazes de anular o materialismo, bem como todas as teorias que limitam a Deus. Por causa do m esm o motivo, ambas as fés têm escapado de outros perigos que afetam a muitas das outras religiões. Esses meios não dão ao homem uma im portância exagerada. Diferente de alguns cultos m odernos, não colocam o homem ao lado do trono do universo" (Henry H. Shires, in loc.). “A pena exata pela idolatria ficou bem c la ra :... a morte da nação” (G. Ernest Wright, in loc.). 4.26 Os céus que declaram a glória e o po d er de Deus (Sal. 19.1) são fixos e eternos, pelo que, m etaforicam ente falando, servem de testem unhas contra as pessoas inconstantes e va cila nte s. D iferentem ente dos céus, porém , os desobedientes seriam e xpulsos da terra, tal co m o sucedeu aos habitantes anteriores da terra de C anaã. A coisa m ais g lo rio sa que existe, naturalm ente
m uito depois de Deus, é a S ua vasta criação cele stia l. Por isso, Y ahw eh jurou pelos céus. V er no D icio n á rio o artigo cham ado Juram entos. N aturalm ente, a e x p re s s ã o é a n tro p o m ó rfic a . V e r no D ic io n á rio o a rtig o in titu la d o A ntropom orfism o. Os pagãos adoravam as lum inárias dos céus (vs. 19); m as Deus, o C riador dos céus, está tão acim a que chegou a usá-los com o m era base de um ju ra m ento, A invocação dos céus, em juram entos, sem pre foi um ato dos m ais sole nes, em pregado universalm ente entre os povos. V er o juram ento na Eneida de V irgílio (liv. 12, vs. 176 ss.). A grande fonte do dia (o sol) tam bém foi cham ado para servir de testem unha do juram ento divino. Q uanto aos ju ram e n to s divinos, cf. Gên. 26.3; Êxo. 6.8; Núm. 14.16; Deu. 1.8. O livro de D euteronôm io tem cerca de vinte exem plos de juram entos feitos por Deus acerca da terra de Israel. V er Heb. 3.11,18. Em H ebreus 3.11 Deus aparece jurando por Si m es mo. Meu artigo sobre Juram entos, seção II, exam ina especificam ente essa ques tão dos juram entos de Deus. Ali aparecem referências tanto do A ntigo quanto do Novo Testam entos. 4.27 “Os vss. 27-29 aludem ao exilío de populações conquistadas, uma norma usada efetivam ente pelos assírios e pelos babilônios” (O xford A nnotated Bible, com entando sobre este versículo). Ver no Dicionário o verbete cham ado Cativeiro (Cativeiros). ... vos espalhará entre os povos. Prim eiram ente houve o cativeiro assírio, em cerca de 721 A. C. Depois houve o cativeiro babilônio, em cerca de 597 A. C. O primeiro desses cativeiros envolveu dez das tribos, a nação do norte, Israel. E o segundo envolveu Judá, a parte do sul da nação. Ofereci, no Dicionário, artigos detalhados sobre ambos os cativeiros. E am bos foram juízos divinos contra Israel, que se tinha tornado um povo idólatra e ím pio, tendo rejeitado o Pacto Mosaico com seus atos voluntariosos. Em face disso, Yahweh rem oveu-os da Terra Pro m etida, tal com o havia removido seus habitantes cananeus, por causa dos m es mos pecados. A nacronism o? Os críticos vêem neste versículo uma prova da data tardia do Pentateuco, supondo que este tivesse sido escrito pelo m enos depois que o cativeiro assírio já havia ocorrido. Os eruditos conservadores, todavia, preferem pensar nisso como uma predição profética. Ver o problema da autoria do Pentateuco na introdução a cada livro que faz parte da coleção, no Dicionário, no artigo intitulado Pentateuco. O cum prim ento m aior dessa ameaça e profecia ocorreu no ano de 132 D. C., quando o im perador Adriano esvaziou a Palestina de judeus, enviando-os para outras nações, naquilo que veio a ser cham ado de Cativeiro Babilónico, o qual perdurou até o ano de 1948. O artigo cham ado Cativeiro (Cativeiros) descreve isso. A rejeição do Messias foi o pecado capital de Israel, tendo produzido o mais longo e terrível de todos o cativeiros. “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam ” (João 1.11). Mas os poucos judeus e os gentios que O receberam foram elevados à altíssima posição de “filhos de Deus” (João 1.12). 4.28 Lá servireis a deuses que são obra de m ãos de hom ens. O pior pecado de Israel, que causou os cativeiros, foi a id o la tria (ver sobre isso no D icionário), que o au tor já tinha afirm ado com detalhes, nos vss. 15-18. Ele som ente adicionou aqui a inform ação ó bvia de que os ídolos que eles faziam eram objetos m ateriais, de stitu íd o s de qu a lq u e r inteligência, os quais, longe de serem deuses, nem ao m enos eram capazes de te r os sentidos e as percepções hum anas, com o vista, a udição e olfato, e não podiam nem ao m enos com er, com o o faria qua lq u e r infante hum ano. Em outras palavras, eram d ivindades im aginárias, fraudes totais, incapazes de fa ze r as coisas m ais sim ples de que os seres hum anos são capazes, quanto m enos coisas que a tribuiríam os a um a divindade. 4.29 Buscarás ao S enhor teu Deus, e o acharás. A p rofecia de ca tiveiro não era absoluta. P oderia ser revertida. Isso aconteceria se houvesse a rre p e n d i m ento genuíno (ver a respeito no D icionário). A lguns acontecim entos futuros são fixos, com o a vinda do M essias. M as há outros que são apenas p o te n c i ais. Israel, porém , insistia em p ro vo car eventos po ten cia is te rríveis, in e vitá veis m esm o, p or causa de sua contínua id o la tria e in iq üidade. M uitas p ro fe ci as são baseadas em considerações de causa e efeito, ou seja, dependem da lei da colheita segundo a sem eadura. V er no D icio n á rio o artigo cham ado Le i M ora l da C olheita S egundo a Sem eadura. Se houver um a m udança na sem e adura, haverá um a m udança co rrespondente na reação divina. “O S enhor é m isericordio so ” .
DEUTERONÔMIO Vinde, alm as oprim idas p e lo pecado, O Senhor é m isericordioso; E Ele sem dúvida vos dará descanso, Se confiardes em Sua palavra. (J. H. Stockton) Cf. os vss. 29-31 com os pronunciam entos mais detalhados de Deuteronômio 30.1-5. A m orte nacional de Israel poderia ser revertida se houvesse reversão de semeadura.
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Seu agente, visando ao bem de todas as nações, o canal das bênçãos divinas para todos os povos. Isso assumiu uma form a suprem a em Cristo, o filho de Abraão. “... os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rom. 11.29). Assim afirmou o apóstolo Paulo. Eie não haveria de tom ar uma nação para Si mesmo, de m aneira toda especial, som ente para abandoná-la, quando a situação se aze dasse. Pois, ainda que isso aconteça, Deus haverá de transform ar essas circuns tâncias, tornando-as novam ente favoráveis. “ Moisés provou a veracidade do que ele disse aqui mediante muitas cenas de pecado e perigo, todas as quais foram desviadas por meio de sua intercessão. V er especialm ente Núm. 14.11-21; e cf. I Sam. 12.22" (Ellicott, in loc.).
4.30,31 4.33 Nos últimos dias. Q uanto a essa expressão, “últimos dias”, há uma boa variedade de interpretações: 1. Após o cativeiro babilónico, um rem anescente de Judá teria retornado à Terra Prometida para dar continuidade à história de Israel. Mas dez das tribos per deram-se para sem pre entre as nações gentílicas. 2. Há aqui uma declaração geral, que não se refere a nenhum evento (futuro) histórico. A lei de Deus requer uma colheita segundo a semeadura, em termos correspondentes, embora com o tempero da misericórdia, porquanto não existe tal coisa como justiça nua. Assim, em qualquer situação em que tenha havido julgamento, este pode ser revertido naqueles “últimos dias", após o lapso. Por isso mesmo, disse G. Ernest Wright (in loc.): “Não devemos pensar haver aqui um sentido escatológico, conforme se vê nos escritos dos profetas. Mas deve mos entender a expressão em um sentido apenas relativo, ‘no futuro”'. 3. Mas há aqueles que vêem aqui uma expressão rigidamente escatológica, supondo estar em pauta a volta do cativeiro romano, aquele que parece estar chegando ao fim em nossos próprios dias, o recolhim ento de Israel dentre as nações, e o restabelecim ento de Israel como nação, que com eçou em 1948 e certam ente prosseguirá pelo século XXI. 4. Outros pensam que a profecia se estende à era do reino, quando Israel tornarse-á cabeça das nações, quando com eçar um novo ciclo espiritual. Ver no Dicionário o artigo cham ado Milênio. Comentou com o segue Jack S. Deere (in loc.): “A referência final é ao tem po quando o Senhor Jesus Cristo retornar à Terra para estabelecer Seu reino de mil anos (ver Rom. 20.4). Naquele tempo, arrependido, Israel haverá, finalm ente, de buscar o Senhor... buscando-0 de todo o coração e alma, e então ser-Lhe-á obediente” . O Deus m isericordioso não se esquece; Ele não destrói por fim; Ele não se esquece de Seu povo; Ele observa as condições que Ele mesmo estabeleceu no Pacto Abraâm ico (ver as notas em Gên. 15.18). O território prometido a Abraão e seus descendentes finalmente veio a pertencer ao povo de Israel, e será herança eterna de um Israel obediente, que vier a receber o seu Messias. Foi Deus quem jurou, ou seja, aquilo que foi condicionado acabará tornando-se uma realidade; mas, para tanto, Israel terá de finalm ente cum prir todas as condições impostas. Os Juizos de Deus são Remediais. Todos os juízos de Deus, por mais severos e necessários que sejam, são remediais, e não meramente retributivos. O texto presente ensina-nos esse princípio. A cruz de Cristo foi um juízo terrível, mas abre as portas da vida para todos os pecadores, em toda a parte, em todos os séculos. Até o juízo dos perdidos será remediai, pois finalmente eles serão levados a uma restauração (que não será a mesma coisa que a redenção). Ver isso nas notas sobre Efé. 1.10 e I Ped. 4.6, bem como, no Dicionário, os artigos intitulados Mistério da Vontade de Deus e Julgamento de Deus dos Homens Perdidos. E na Enciclopé dia de Bíblia, Teologia e Filosofia, ver o verbete Missão Universal do Logos (Cristo). O amor de Deus escreverá a história final de Israel e de todos os homens. Os julgamentos divinos são dedos de Sua m ão amorosa. Ver no Dicionário os artigos intitulados A m o re Misericórdia. Não há nenhuma contradição entre o juízo e o amor. O julgamento é amor em ação, e Deus faz certas coisas, através do julgamento, que não poderia fazer de nenhum outro modo. Israel compartilha do Pacto do Novo Testam ento (ver a respeito na Enciclo pédia de Bíblia, Teologia e Filosofia), e não apenas dos pactos Abraâm ico e Mosaico. Portanto, sua posição futura diante de Deus está garantida. De fato, aqueles pactos antigos terão sua plena fruição no Pacto do Novo Testam ento. Ver no Dicionário o verbete Pactos. 4.32 Pergunta aos tempos passados. As grandes obras de Deus, no passado, garantem um futuro brilhante para Israel, Deus realizou uma obra singular em Israel, “Faze inquirição e consulta os anais dos tempos antigos, das eras remotas, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra; acompanha tudo de volta até a criação... e perscruta de uma à outra extremidade dos céus; cruza todas as nações e examina os seus registros históricos, em ambos os hemisférios" (John Gill, in loc.). E verás que em parte alguma Deus fez o que Ele já fez em favor de Israel. Cf. Deu. 4.6. Outras nações têm sido abençoadas, mas Israel tem desfrutado de interven ções divinas diretas. Sua revelação ím par a Israel visava a tornar o Seu nome conhecido universalmente: Ele é o Senhor; Ele é Deus. E lerael deveria tomar-se
Algum povo ouviu falar a voz de algum deus...? Um incidente especial do poder e da revelação de Deus serve aqui para ilustrar o princípio geral afirmado no versículo anterior. A presença de Yahweh desceu ao Sinai e ali manifestou-se, e todo o povo de Israel foi testem unha, em bora eles não tivessem visto algum a form a de Deus, mas apenas ouvido a Sua voz. A lei foi outorgada dessa maneira: mediante uma intervenção divina. Ver os vss. 11-14 deste capítulo, e também os capítulos 19 e 20 de Êxodo e Êxo. 33.11,23. Ver o com entário neotestamentário a esse respeito em Heb. 12.18-24. A Israel foram concedidas elevadíssimas e ge nuínas experiências místicas, envolvendo a presença de Yahweh. Ver no Dicioná rio o artigo cham ado Misticismo. 4.34 Tom ar para si um povo do m eio de outro povo. Israel foi arrancado da servidão aos egípcios, que na época eram a nação mais poderosa da terra. Isso serve de outro exemplo da declaração geral do vs. 32 deste capítulo. Quanto ao poder de Yahweh, que livrou Israel, ver as notas expositivas em Núm. 23.22, com o também sobre esse mui repetido tem a (mais de vinte vezes, som ente no livro de Deuteronômio), em Deu. 4.20. Essa, bem como outras intervenções divinas, sucedeu em Israel para ensinarlhes que Yahweh é Deus, não havendo outro deus além Dele (vss. 35,39). Confiar em Yahweh teria sido a chave para o sucesso de Israel na vida, “na terra” (vs. 40). E isso perduraria “para todo o sempre”, conforme lemos naquele versículo. Com provas. Estão em pauta as perseguições movidas pelos egípcios. Os filhos de Israel tiveram de aprender muitas lições difíceis. No hebraico temos a palavra massoth, “prova”, “tentação”. Muitas coisas aconteceram para submeter Israel a teste, incluindo-se nisso as perambulações pelo deserto, durante quase quatro décadas. Com sinais. No hebraico, othoth, de athah, “aproxim ar-se” . Está em pauta a providência especial, como tam bém os m ilagres envolvidos nas dez pragas do Egito, que tiveram o efeito de libertar Israel. V er Deu. 6.22; 7.19; 26.8; 29.3. Com milagres. No hebraico, mophethim, de yapthath, “persuadir” . Estão em pauta sinais m iraculosos. Ver Êxo. 7.9; 11.9,10. Vários m ilagres estiveram envol vidos nas dez pragas do Egito. Ver no Dicionário o artigo cham ado Pragas do Egito, onde se oferece um estudo bem com pleto a respeito. V er tam bém Êxo. 7.14 e suas notas expositivas acerca das D ez Pragas, onde ofereci um gráfico ilustrativo, além de outros informes detalhados que não aparecem naquele artigo. Com peleja. No hebraico, milchmah, “encontro hostil” . Os filhos de Israel obtiveram a vitória sobre os egípcios, embora não tivessem tido de lançar-se em uma guerra autêntica. Depois venceram os amalequitas, e então os reis Seom e Ogue. Ver os capítulos 21 e 23 de Números. E doravante Israel teria de em pe nhar-se em muitas batalhas. Mas Yahweh com bateria por eles (Deu. 3.22). Com mão poderosa. No hebraico, ya d chazakah, ou seja, uma mão podero sa o bastante para aplicar golpes m ortíferos contra o inimigo, prestando assim ajuda a Israel. Estão em foco os poderes especiais de Yahweh. Com braço estendido. No hebraico, zeroa netuyah. Isso aponta para o poder de Deus, que efetuou uma série de operações e intervenções em favor de Israel. O poder de Deus haveria de m anifestar-se em favor de Seu povo, tal como um homem estende o braço para fazer algum a coisa. Essas obras incluíam juízos e milagres em favor de Israel. Ver Deu. 5.15; 7.19; 11.2; Sal. 136.12; Eze. 20.33,34. Com grandes espantos. No hebraico, m oriam gedolim. Estão em pauta terrores como aqueles das dez pragas do Egito, ou a passagem a pé enxuto pelo Mar Vermelho, quando Israel escapou, mas os egípcios m orreram afogados nas águas. Ver Êxo. 14.24,25. Aos vossos olhos? Conforme diz um hino, “não é segredo o que Deus pode fa ze r.
DEUTERONÔMIO
776 Quando Israel escapou da servidão, Jazia diante deles um Mar; O Senhor estendeu a Sua mão, E as águas Israel pôde atravessar.
33.2 e Deu. 7.1 quanto às sete nações expelidas de Canaã. Essas nações eram mais poderosas do que Israel (ver Núm. 13.31); mas, apesar disso, Israel entrou na posse de sua herança (ver Deu. 4.21). Gigantes tom baram diante do propósito de Deus (ver Deu. 2.20 ss., 36; 3.3 ss., especialm ente o vs. 11). (H. J. Zelley)
Oh, Senhor, concede-nos tal graça! 4.35 Para que soubesses que o S enhor é Deus. Eis aí a razão de tudo. Estava assim provado, acima de qualquer dúvida, que Yahweh é Deus. Não há outro deus além Dele; não há poder divino além do Dele. Ele é a fonte de toda vida e de toda bondade (vss. 38-40). Cf. Êxo. 20.3. A idolatria é, portanto, um absurdo, visto que só há uma fonte de poder, vida e bondade — Deus. “ Ele é o único Deus vivo e verdadeiro; e não existe outro. Essa frase, ou similar, foi usada com freqüência pelo profeta Isaías, a fim de expressar este grande artigo de fé” (John Gill, in loc.). Cf. Isa. 43.9-13; 44.6; 45.5,6,22. Ver no Dicionário o verbete cham ado Monoteísmo. 4.36 Para te ensinar. Yahweh m anifestara a Sua presença no Sinai. O povo de Israel ouviu a Sua voz e viu as cham as, e ficou assustado. Ver Êxo. 19.16-20. Ver também os vss. 12 e 33 deste capítulo. Som ente o povo de Israe lie ve o privilégio de receber essas m anifestações divinas. E isso o obrigava a mostrar lealdade e obediência ao Senhor. “Sublinhando tudo isso, há outro im portante discernim ento na teologia do livro de Deuteronômio. Apesar de toda a Sua grandiosidade, Yahweh continuava sen do o exclusivo Deus de Israel. Foi um profeta posterior que ouviu o Senhor dizendo: ‘Fui buscado dos que não perguntavam por mim; fui achado daqueles que não me buscavam; a um povo que não se cham ava do meu nome eu disse; Eis-me aqui, eis-me aqui” (Isa. 65.1)" (Henry H. Shires, in loc.). Cristo, como é óbvio, universalizou o acesso a Deus, m esm o porque “ Deus amou o m u n d d (João 3.16). 4.37 Am ou teus pais. Um excelente discernim ento. Deus amou os antepassados do povo de Israel; e isso quer dizer que Ele estava disposto a am ar e ajudar os israelitas. O Pacto Abraâm ico não visava ao benefício som ente de Abraão. Mas era para todos os patriarcas e toda a sua descendência. O am or de Deus achavase à base de tudo, porquanto o am or é o poder que se agita por baixo da bondade e do suprimento. Assim tam bém o am or de Deus estava por trás da missão de Cristo (João 3.16). Ver no Dicionário o verbete cham ado Amor. O am or concede em um m om ento O que o trabalho não poderia O bter em uma era. (Goethe) O am or de Deus inspirou e garantiu a execução da m issão tridim ensional do Logos. Ele m inistrou e m inistra na terra, no hades e nos céus para ser tudo para todos — afinal — . (Russell N. Champlin) A m or divino, tão grande e admirável, Profundo e poderoso, puro e sublim e; Vindo do próprio coração de Jesus, O m esm o através das eras do tempo.
4.39 Só o Senhor é Deus. Este versículo repete a mensagem do vs. 35 deste capítulo. As notas dadas ali aplicam -se tam bém aqui. O Deus único e verdadeiro, Yahweh, foi aquele que tirou os filhos de Israel do Egito, e agora os introduziria na Terra Prometida. Não há outro Deus, nos céus ou na terra. A idolatria (denuncia da de modo enfático nos vss. 15-19) é um absurdo à luz da fé na existência de um único Deus. Ver no Dicionário os artigos cham ados D euses Falsos e Monoteísmo. “Considera isto... não caias nas noções politeístas sobre a deidade. A maneira com o Deus tratou com vários povos, com o os egípcios, os moabitas, os amonitas, os edomitas, os amorreus, com o também com os israelitas e cananeus, mostra ser Ele o Senhor de todos” (Ellicott, in loc.). Cf. Isa. 44.8. Em cima no céu, e em baixo na terra. “ Ele é o C riador e proprietário de tudo. Sendo Ele o Senhor de todos, faz com todos conform e m elhor Lhe parecer. Um é seu trono; outro é o estrado de seus pés... Os habitantes da terra são Suas criaturas e estão debaixo de Sua autoridade” (John Gill, in loc.). 4.40 Guarda, pois. A lei era suprema, por ser a lei do único e verdadeiro Deus. A obediência à lei .produzia a vida, um item repetido aqui e com entado longamente nas notas sobre o primeiro versículo deste capítulo. “A idéia de que a retidão prolonga a vida e o pecado a encurta é um ensino comum no Antigo Testam ento. Cf. Pro. 3.1,2,16; 10.27” (Jack S. Deere, in lo c). Escolha das Cidades de Refúgio (4.41-43) 4.41 Esta breve seção é um apêndice que foi adicionado ao primeiro discurso de Moisés, iniciado no primeiro capítulo. Serve para separar o primeiro discurso do segundo. Ver a explicação sobre as cidades de refúgio, em Deuteronôm io 19.1 13, bem como o artigo sobre elas no Dicionário. Moisés separou três cidades em cada um dos lados do rio Jordão. Na parte dalém do Jordão foram: Bezer, Ramote e Golã. O autor sagrado voltaria a discutir sobre a im portância das cidades de refúgio em Deuteronômio 19.1-13. Já vim os essa questão ser apresentada em Êxodo 21.12,13 e Números 35.6-28, cujas notas expositivas também aplicam -se aqui. Ver também o capítulo 20 de Josué. Ver o mapa existente nas notas sobre Números 3.1, quanto às seis cidades de refúgio, dispersas pelo território de Israel a fim de facilitar a fuga de pessoas acusadas de homicídio involuntário. Este versículo m ostra-nos que a ordem para essa provisão veio da parte de Moisés, mas sempre fica entendido que ele agia apenas com o m ediador da vonta de de Yahweh, pelo que a provisão se tornou parte da legislação mosaica. Lemos em Êxodo 21 e em Números 35 que Yahweh era quem falava, como também no capítulo 19 de Deuteronômio. 4.42 Este versículo repete as inform ações dadas em Núm. 35.11,15,22, bem como o seu contexto geral, que o leitor deveria consultar. Não teria havido ódio, nem má vontade, nem premeditação. Tudo fora um mero acidente. Um assassino intencio nal fugiria para alguma cidade de refúgio, m as seu julgam ento acabaria trazendo à tona a sua culpa. Toda pessoa que fugisse para uma dessas cidades tinha de enfrentar um julgamento, ou então no lugar onde o crim e tivesse sido cometido, ou mesmo em ambos os luqares, conform e assequram alquns intérpretes. Ver Núm. 35.24,25. 4.43
(Fred Blom) O grande poder de Deus m anifesta-se em Seu amor, e não mediante atos destrutivos. Mas a verdade é que até os atos destrutivos de Deus são agentes do Seu amor. 4.38 Nações maiores e mais poderosas do que tu. O grande poder de Deus, que atua através do Seu amor, expeliu as nações ím pias da terra de Canaã, que Deus havia prometido a Abraão; e tam bém fez o povo de Israel entrar na Terra Prometida, em cum prim ento às prom essas divinas feitas aos patriarcas. Ver Êxo.
Três cidades de refúgio foram designadas na parte oriental do rio Jordão. Eis seus nomes e características: Bezer. No hebraico, “forte” ou “m inério” , de ouro ou de prata. No Antigo Testam ento, é nome de uma pessoa e de uma cidade: 1. Um filho de Zofa, da casa de Aser (I Crô. 7.37). 2. Uma cidade dos levitas, na região de Rúben (aqui e em Jos. 21.36 e I Crô. 6.78). Tornou-se uma das seis cidades de refúgio em Israel. De acordo com a pedra de Mesa, a cidade ficava situada no território de Moabe. Talvez fosse a mesma Bozra de Moabe, em distinção à Bozra dos edomitas. De acordo com a Septuaginta, em Jer. 48.24, aparece com o nome de Bosar. Foi uma das cidades fortificadas pelo rei Mesa, em cerca de 830 A. C., e talvez deva
DEUTERONÔMIO ser identificada com a m oderna Umm e l ‘A mad, a nordeste de Medega e a leste do Monte Nebo. Ramote. Ver o artigo detalhado sobre esta localidade no Dicionário. Ver também sobre Ramote-Gileade. Essa cidade ficava localizada no território de Gade. Golã. Ver o artigo detalhado sobre este lugar no Dicionário. Servia de cidade de refúgio no território da meia tribo de M anassés. As cidades estavam localiza das de tal m aneira que facilitassem a fuga de um homem acusado de homicídio. Quem fosse culpado de m atar involuntariam ente a outrem, sofria exílio. Tinha de perm anecer na cidade de refúgio até que m orresse o sumo sacerdote. Mas se abandonasse a proteção da cidade de refúgio, estaria sujeito à ação do vingador do sangue (ver a esse respeito no Dicionário). Segundo Discurso de Moisés (4.44— 26.19) Repetição da Lei com A dvertências e Exortações (4.44— 11.32)
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foi repetida diante do povo de Israel, nos três discursos de Moisés que constituem o livro de Deuteronômio, a repetição da lei. V er Deu. 1.3 quanto à repetição da lei e seu elemento tempo. Hesbom. Ver a respeito desse lugar no Dicionário. O povo de Israel recebeu a vitória sobre Seom, com o prelibação das m aiores vitórias que obteria no ociden te. Ver o capítulo 21 de Números quanto ao incidente. 4.47 Ogue. Ver sobre ele no Dicionário, e Núm. 21.33 ss., quanto ao relato. Este trecho repete o terceiro capítulo do Deuteronôm io. A vitória sobre aquele homem, o último dos gigantes (Deu. 3.11), deu a Israel um poderoso incentivo para invadir a parte ocidental do país. Diante das derrotas de Seom e Ogue, Israel veio a possuir a Transjordãnia, e as terras dali foram entregues às tribos de Gade, Rúben e à meia tribo de M anassés. Ver o capítulo 32 de Números quanto à história. O que Israel tinha feito àqueles dois reis dos am orreus (ver a respeito no Dicionário), o mesmo seria feito por eles a todos os cananeus, e viriam a dominar todo o território a oeste do rio Jordão, por igual modo.
Introdução (4.44-49) 4.48 Esta minúscula seção serve para introduzir o segundo discurso de Moisés, havendo três discursos no Deuteronôm io. Esses discursos foram a própria subs tância do livro. Estes versículos são mais como uma segunda introdução ao livro inteiro. Alguns eruditos pensam que a seção que se segue era o livro original, o qual, posteriormente, sofreu várias adições, e assim aumentou de volume. Estes versículos fixam o lugar exato do discurso de despedida de Moisés, de acordo com Deu. 1.3-5, mas com m aior clareza.
Ver Deu. 3.36 que é um paralelo direto deste versículo. Todos os lugares aqui mencionados também aparecem ali, exceto o Monte Siom, que é apenas outro nome dado para o Monte Hermom. V er Deu. 3.9 quanto ao nome Siriom, além de aiguns outros nomes que os antigos davam ao Monte Hermom. É eviden te que o Monte Siom, aqui referido, nada tem que ver com o Monte Sião de Jerusalém. A Septuaginta diz aqui Seon. Os Targuns cham am -no de “o Monte de neve". Ver as notas sobre Deu. 3.9. Ver no Dicionário o artigo intitulado Hermom.
4.44 4.49 Esta é a lei. Deuteronôm io é a repetição da legislação mosaica, outorgada ao longo dos livros de Êxodo, Levítico e Números. Não é uma “segunda lei” , conforme diz o titulo da Septuaginta (de onde'se deriva a palavra Deuteronômio), mas uma repetição daquilo que já havia sido dado, com algumas adições e alterações. Yahweh Dera a Lei. Moisés fora o seu m ediador. E Israel foi quem a recebeu, como um guia completo de orientação na vida. O term o hebraico correspondente é torah, que significa “instrução” . Ver no Dicionário o artigo chamado Tora. O povo de Israel só poderia viver (ver as notas sobre Dev. 4.1) e prosperar se obedeces se a todas as estipulações da lei. Moisés, em seus três discursos, expôs de novo, diante de Israel, todas as questões da lei, de tal modo que a geração que deveria possuir a Terra Prometida estivesse preparada, moral e espiritualmente, para viver ali e prosperar. De outra sorte, eles perderiam suas terras e seriam expulsos dali, tal com o tinha acontecido aos habitantes primitivos. Ver Deu. 4.27 sobre essa questão. 4.45 Testem unhos... estatutos... juízos. O autor sacro usou esses três termos para com entar sobre as paiavras de M oisés (1.1). São três m odos diferentes de aludir às numerosas leis, morais, cerim oniais e judiciais, que seriam ventiladas no segundo discurso de Moisés. Cf. Deu. 6.17,20. Os dez mandamentos, com o é d aro (Deu. 5.7 ss.; Êxo. 20), eram a base de todo desenvolvim ento da legislação mosaica. Talvez esses sejam os testemunhos, à base dos quais outras leis foram desenvolvidas. Mas é precário tentar descobrir distinções entre esses três vocá bulos. Representam antes um acúm ulo de term os que exprimem a multiplicidade dos preceitos, costumes, ritos, cerim ônias etc. da legislação mosaica. 4.46 Além do Jordão. Ou seja, na Transjordãnia (ver a respeito no Dicionário), o lado oriental, visto que o texto foi escrito antes da invasão do lado ocidental do território. Em Deu. 1.1 lem os sobre “dalém do Jordão'’, que veio a tornar-se a expressão comum para o lado ocidental, que precisava ser conquistado. Bete-Peor. Ver Deu. 3.29, que é um paralelo direto a esta parte do presente versículo. Seom. Ver a respeito dele no Dicionário. Ele era rei dos amorreus, que havia tomado certos territórios dos moabitas, som ente para acabar perdendo-os para israel. Suas terras tornaram-se possessão das tribos que ficaram na parte oriental do rio Jordão, a saber, Gade, Rúben e a meia tribo de Manassés. Israel tinha saído do Egito e, três meses mais tarde (Êxo. 19.1) recebeu a lei, que em breve foi expandida e tornou-se uma vasta legislação. O Sinai (ver no Dicionário) foi o local da revelação divina. E agora, quarenta anos mais tarde, a íei
Até ao Mar do Arabá, pelas faldas de Pisga. O povo de Israel habitou assim por todas as planícies de Moabe, preparando-se para invadir a parte oci dental. O trecho de Deu. 3.17 nos dá algum as localizações, e as notas que ali aparecem também se aplicam aqui.
C apítulo C inco Repetição dos Dez Mandam entos (5.1-33) “ Este capítulo contém a recapitulação do próprio decálogo, bem com o as circunstâncias de sua outorga. A repetição dos D ez M andam entos é o verdadeiro com eço do Deuteronômio, tal com o o prim eiro discurso é o com eço da própria lei” (Ellicott, in loc.). O trecho de D euteronôm io 5.1-11.32 tem o propósito de apresentar uma série de exortações acerca do pacto firm ado entre Deus e Israel, na legislação mosaica. Ver em Êxo. 19.1 sobre o Pacto M osaico, em suas notas de introdu ção. V er no D icionário o artigo geral cham ado Pactos. Com base nesses m ate riais, seguem -se as leis dos capítulos 12 a 26, que expandem as idéias básicas. Ver sobre o pacto estabelecido em Horebe (Sinai), em Êxodo 19-24. Foi revela da a vontade divina, e Israel ficou na obrigação de pôr todas as coisas em prática, a fim de que pudesse viver na terra que estava prestes a ser-lhe entre gue (ver Deu. 4.1). “Os capítulos 6 a 11 contêm um grupo de calorosas e vigorosas exortações, com um único propósito em mira, ou seja, que a nação perm anecesse totalmente fiel e leal, em obediência ao pacto firmado com Yahweh, sem a m enor transigên cia diante do paganismo, sem um único traço de justiça própria, e sem nenhuma tendência para exaltar o seu próprio poder e auto-suficiência, em meio às rique zas de uma terra que era um presente de Deus para eles” (G. Ernest W right, in loc.). Aquilo que é dito aqui descreve bem as expectações de Yahweh por toda a legislação mosaica. Um santo tem or foi instilado em Israel, porquanto questões de vida e morte estavam em jogo. Não obstante, todo israelita deveria am ar a Deus. Ver Deu. 5.29; 6.2,13,24; 8.6; 11.1,13,22. O autor sagrado apresentou o seu material sem nenhum a coerência aparen te, pois esse material cobre muitos m andam entos e muitas circunstâncias. É impossívei distinguir fontes inform ativas separadas, quanto a este segundo dis curso de Moisés. 5.1 Chamou Moisés a todo o Israel. Yahweh era a fonte de todas as inform a ções dadas, e Moisés foi o m ediador entre Deus e os israelitas. Ele transm itia as
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mensagens que lhes iam sendo dadas. Algum as vezes, as mensagens eram endereçadas a Arão (ou, mais tarde, ao filho deste, Eleazar), ou aos sacerdotes, ou ao povo todo. Havia oito fórm ulas de com unicação, conform e se vê nas notas sobre Lev. 17.2. Os estatutos e juízos. Isso reproduz o que fora dito em Deu. 4.1, no tocante à primeira introdução, prefixada ao primeiro discurso. Ver as notas ali. Ver tam bém a expressão mais com pleta em Deu. 4.45, que adiciona a palavra “testem u nhos” . A variedade de m ateriais, dados sob a lei, dentro da legislação mosaica, é assim referida mediante um acúm ulo de term os. Deu. 1.1 diz apenas “palavras que Moisés falou” . Era_uma repetição da lei que já havia sido dada, nos capítulos 19 e 21 do livro de Êxodo, o que explica o título deste livro. O term o grego deuteronom os significa “segunda lei” ; mas Deuteronôm io, na realidade, é uma repetição da lei. Que hoje vos falo aos ouvidos. Os israelitas deveriam cum prir o seu dever, e a mente de todos os israelitas deveria obedecer aos mandam entos que estavam prestes a ser repetidos aos ouvidos deles. O autor sagrado dá uma elaborada introdução (vss. 1-6) aos Dez M andam en tos (vss. 7 ss.). Ao repetir os mandam entos, M oisés forneceu as bases do Pacto M osaico, como ele foi feito, onde foi estabelecido, e qual o seu significado. Ver a introdução a este capítulo quanto ao conteúdo geral e o significado do segundo discurso de Moisés, que com eça neste ponto. 5.2 Fez aliança conosco em Horebe. Ver no Dicionário os verbetes intitulados Sinai e Horebe. Ver também acerca do Pacto Mosaico nas notas de introdução ao capítulo 19 de Êxodo; e, no Dicionário, ver o artigo chamado Pactos. Esse pacto caracterizava-se pela nova fé que estava surgindo em Israel, com sua legislação e declaração espiritual. Cristo, o Novo Legislador, trouxe o Novo Pacto. Ver na Enci clopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o verbete chamado Novo Testamento (Pac to). O pacto firm ado em Horebe foi mencionado com o meio de introduzir os Dez M andamentos, que form am o cerne m esm o daquele pacto. O pacto é aqui reno vado com a nova geração de israelitas, que estava prestes a entrar na Terra Prometida, pois a geração anterior havia m orrido no deserto, excetuando apenas Calebe e Josué. Ver Deu. 1.35-39 e 2.14 quanto a essa informação. 5.3 E, sim , conosco. Na verdade, Deus fize ra Seu pacto com a geração a nterior; m as eles o anularam , com sua incredulidade, quando chegaram à fronteira mas recusaram -se a e n tra r na T e rra P rom etida. Portanto, o pacto estava sendo renovado com a nova geração, e isso de m aneira perm anente. Os trechos de Êxodo 19 e 24.7,8 ce rtam ente indicam que o pacto foi firm ado com a geração anterior, m as agora o a utor sacro fala em term os de re n o va ção e efetividade. Não é m ister dizer, conform e fizeram Jarchi e Aben Ezra, “não com eles som ente” , que por certo não foi o que o autor sagrado quis dizer. O pacto foi “renovado”, conform e diz John Gill, in loc.. O autor sim plesm ente desconsiderou a “geração perdida” . “Toda adoração bíblica tem, em seu centro, esse elem ento de m em ória histó rica, participação e identificaçãcf (G. Ernest W right, in loc.). 5.4 Face a face falou o Senhor. Fica assim frisada a íntim a com unhão e com u nicação que havia entre Moisés e Yahweh, em contraste com outros profetas, que tinham de depender de visões e sonhos, com freqüência dados de form a enigm á tica. Moisés foi mais do que um mero profeta. Ele foi o grande m ediador do Antigo Testam ento, tal com o Cristo foi o m ediador do Novo Testam ento. Ver Êxo. 33.11, quanto à mesma expressão, bem com o suas notas, que tam bém se aplicam aqui. O trecho de Êxo. 33.18-23 sublinha a grande experiência mística que Moisés tinha, bem como o m odus operandi de suas revelações. Ver Núm. 12.6-8, quanto ao modo inferior de revelação que era dado aos outros profetas, ou seja, em sonhos, declarações sim bólicas e enigm as. Yahweh falava com Moisés “boca a boca” e “claramente” , conform e aprendem os em Números 12.8. Ver no Dicionário o artigo Misticismo. A despeito de tudo isso, Moisés era apenas um “servo" na casa de Deus. Nestes últimos dias, entretanto, Deus fala conosco por interm édio de seu próprio Filho (ver Heb. 3.2,5). 5.5 Entre o Senhor e vós. Isso aponta não som ente para a posição de um intermediário, mas Moisés precisava proteger Israel da glória de Yahweh, que
eles não podiam suportar. O fogo que tom ou conta do Monte deixara-os aterrori zados. A presença divina poderia tê-los consum ido. V er Êxo. 19.18 ss., quanto à descrição de terror que a outorga da lei envolveu. Contrastar isso com a maneira gentil em que veio a revelação cristã, através do bebê deitado na manjedoura, porque não havia lugar para ele na estalagem (ver Luc. 2.7). Os Dez M andam entos (5.6-21) C om pare esta repetição do D ecálogo com a sua a presentação em Êxodo 20.2-17. Há ce rta s d ife re n ça s secundárias, adições ou m odificações. “Com base na posição deles, aqui e no livro de Êxodo, fica claro que os Dez M andam entos eram considerados um sum ário adequado da lei inteira. A pa re cem sob a fo rm a de um d is cu rs o d ire to de D eus à nação (de Isra e l)” (G. Ernest W right, in loc.). Os mandam entos foram dados a um povo que já havia sido libertado do Egito, e que em breve entraria na Terra Prometida, onde poderia colocá-los em prática, como aquilo que distinguiria os novos habitantes da Terra Prometida dos habitantes cananeus. Ver Deu. 4.34,35 quanto ao caráter distinto de Israel. Ver nas notas sobre Êxo. 20.17, quanto a um gráfico que apresenta a m aneira pela qual Jesus tratou da lei mosaica, e ao Seu discernim ento muito superior quanto ao significado dos dez mandamentos. 5.6 Eu sou o Senhor, teu Deus. Temos aqui uma frase freqüente no Pentateuco, que anotei com detalhes em Lev. 18.30. Essa expressão usa os nomes divinos Yahweh e Elohim. Em outras palavras, o Eterno é o Todo-poderoso, tendo efetua do o livramento de Israel do Egito. Esse é, igualmente, um tem a constante do Pentateuco, depois do livro de Gênesis. Foi o poder de Yahweh que fez isso. Ver Núm. 23.22. Em Deuteronôm io, essa questão do livram ento de Israel do Egito é reiterada por cerca de vinte vezes. Ver as notas sobre isso, em Deu. 4.20. Isso nos permite entender que Israel passou a pertencer a Yahweh, tendo sido remido por Ele; e que era, por sua vez, responsável diante do Senhor, mormente por guardar a legislação mosaica. Ver no Dicionário o artigo intitulado Dez M andam entos, bem com o a introdu ção ao capítulo 20 do livro de Êxodo. Deixo aqui de fora muitos detalhes, porque ali o leitor já recebera essas informações. Tradicionalmente falando, sem pre tem os dez palavras ou dez m andamentos, embora haja mais de dez injunções. Cf. Deu. 4.13 e 10.4. Mas os intérpretes não conseguem concordar sobre com o se chega a esse número de dez. As Dez Palavras foram transm itidas aos israelitas por meio de Moisés, ou diretam ente a eles, da parte de Yahweh (Êxo. 20.21). “Os Dez M andam entos, a e pítom e dos deveres do hom em diante de Deus e diante de seus se m elhantes” (O xfo rd A nn o ta te d Bible, com entando sobre Êxo. 20.1). Os mandamentos foram dados como uma regra de vida (Deu. 4.1), mas Paulo parece ter pensado que Moisés exagerou no poder desses mandamentos. Ver as notas do versículo mencionado neste parágrafo, quanto a amplas explanações. 5.7
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Esta é uma duplicata de Êxodo 20.3, cujas notas tam bém se aplicam aqui. Esse primeiro m andam ento respalda o m onoteísm o (ver a respeito no D icio nário), servindo de base para toda a legislação mosaica. Para Israel, o m onoteísmo não era apenas a crença de que só existe um Deus, mas também uma lealdade quase fanática ao único Deus, com a determ inação de cum prir toda a Sua vonta de, com eçando pela obediência aos Seus mandam entos. Os povos vizinhos de Israel dispunham de um número incrível de divindades imaginárias, deuses e deusas que eram péssimos quanto ao suposto mau exem plo que davam a seus adeptos. 5.8 Este versículo é uma duplicata de Êxodo 20.4, cujas notas se aplicam tam bém aqui. Este segundo m andam ento reforça o primeiro. Há um só Deus. E, paralelamente, deve ser rigorosamente evitada qualquer form a de idolatria (ver a respeito no Dicionário). Foram term inantem ente proibidos tanto a feitura quanto o uso de imagens de escultura, uma lição que até a m oderna cristandade tem ignorado. Não obstante, todos nós som os culpados de certas form as de idolatria. Nossos ídolos às vezes são os prazeres, a fama, o dinheiro, a auto-exaltação etc. Alguns intérpretes, contudo, pensam que este versículo também faz parte do primeiro mandamento. Tal como toda a exposição sobre esta passagem , m eus com entários são breves porque explanações mais detalhadas já foram dadas no vigésim o capítulo de Êxodo, as quais os leitores devem exam inar continuam ente. Cf. Deu. 4.23-29 quanto a uma severa repreensão contra a idolatria, e onde apresentei idéias adicionais sobre o assunto.
DEUTERONÔMIO 5.9 Este versículo é uma duplicata de Êxodo 20.5, cujas notas tam bém são aplicáveis aqui. C ontinua a afirm ação sobre o segundo m andam ento. Som ente Yahweh deveria ser adorado (ver Êxo. 34.14; Deu. 6.15; 32.1,21; Jos. 24.19). “Toda form a de idolatria aponta para a degradação da im agem divina no ho m em ” (Ellicott, in loc.). Ver Gên. 1.26,27, quanto ao fato de que o homem foi criado à im agem de Deus. Q uanto a Yahw eh com o um Deus zeloso, cf. Deu. 4.24; 32.16.
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Naturalmente, o m andam ento sobre o sábado não é repetido no Novo Testa mento; mas os trechos de Romanos 14.5,6 e Colossenses 2.16,17 quase certa mente mostram que o crente não está sob a obrigação de observar o sábado. Esse era o sinal do Pacto Mosaico, o qual foi anulado pelo Novo Pacto, sob o qual vivem os. O artigo Sábado, no Dicionário, aborda essa questão. Ver Núm. 23.22, quanto ao poder de Yahweh que tirou Israel do Egito. Ver também Deu. 4.20, sobre com o esse ato de Yahweh é mencionado por cerca de vinte vezes neste livro, onde recebe várias aplicações. 5.16
Daqueles que me aborrecem . Pais que odeiam a Deus com frequência produzem filhos que, até a terceira e a quarta geração, tam bém odeiam a Deus (cf. Êxo. 20.5; 34.6,7). Os rebeldes idólatras são pintados com o “odiadores de Deus”, palavras duras, realmente. Aqueles que amam as imagens de escultura são retratados como odiadores de Deus, posto ser Ele o único verdadeiro objeto de nossa adoração. 5.10
Este versículo é paralelo a Êxodo 20.12, cujas notas tam bém são aplicá veis aqui. Este quinto m andam ento trata da relação do homem com seus sem e lhantes, tal com o o quarto m andam ento aborda as relações do homem com Deus. De fato, os últim os seis m andam entos tratam das relações do homem com seus sem elhantes. No Novo Testam ento, essa questão é abordada no trecho de Efésios 6.1-3. “Honrar pai e mãe significa valorizá-los com o preciosos. Os filhos que vivem em um lar exprimem isso m ostrando-se obedientes a seus pais. Esse m andam en to era crítico quanto à existência da nação” (Jack S. Deere, in loc.).
Este versículo é uma duplicata de Êxodo 20.6, cujas notas expositivas tam bém se aplicam aqui. Continua a afirm ação do segundo mandam ento. A miseri córdia de Deus confere vida abundante. Ver Deu. 4.1 e 5.33, quanto à lei como uma m edida doadora de vida, e com o Paulo julgou que foi exagerado o valor da lei. Qual seja o intuito da lei, foi exatam ente o que criou a diferença fundam ental entre o judaísm o e o cristianismo.
Para que se prolonguem os teus dias. Cf. Deu. 4.40; 5.33; 6.2; 25.15; 32.47. A vida dependia da obediência, mas Paulo não entendia que a vida eterna viesse por meio da lei. V er Deu. 4.1,_ quanto a notas sobre isso, bem como detalhes sobre esse mandam ento, em Êxodo 20.12.
5.11
5.17
Este versículo é uma duplicata de Êxodo 20.7, cujas notas expositivas tam bém se aplicam aqui. Esse terceiro m andam ento volta-se contra o uso trivial do nome divino, algo que muitos cristãos até hoje tam bém não aprenderam, o que ilustrei nos com entários sobre o livro de Êxodo. Listei seis possíveis abusos contra o nome divino, no livro de Êxodo. Um israelita piedoso nem ao menos proferia o nome divino, a fim de que não o usasse erroneamente. Ver na Enciclo pédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o verbete cham ado Linguagem, Uso A propri ado de. O original hebraico dá aqui a entender “elevar (o nome divino)” ou “vincu lar inutilidade (a nome divino)”.
Este versiculo é paralelo de Êxodo 20.13, cujas notas tam bém são aplicá veis aqui. Este sexto m andam ento refere-se ao hom icídio intencional. O hom icí dio involuntário tinha a provisão das cidades de refúgio (ver no Dicionário e em Êxo. 21.12; Lev. 24.17; Eze. 18.20). O utras m aneiras de tirar a vida, como durante uma guerra, não eram cobertas pela proibição deste m andam ento. Ver detalhes em Êxo. 20.13 e tam bém no D icionário, no artigo cham ado Homicídio. Em todos os casos, os com entários sobre o capítulo 20 de Êxodo incluem o crim e maior, de acordo com a com preensão espiritual dos m andam entos, vistos à luz do Novo Testam ento. V er tam bém no D icionário o artigo Punição Capital, e, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, ver o verbete Eutanásia. E tam bém , no Novo Testam ento Interpretado, o trecho de M ateus 5.21,22 e suas notas expositivas. Visto que o homem foi criado à im agem de Deus (ver Gên. 1.26,27), somente Deus tem o poder de tirar uma vida. O caráter ím par do homem requer respeito pela sua form a de vida.
5.12 Este versículo é virtualm ente o m esm o que o de Êxodo 20.8, cujas notas também se aplicam aqui. Este quarto m andam ento revestia-se de importância especial por ser o próprio sinal do pacto mosaico, o sábado, tal com o a circunci são era o sinal do Pacto Abraâm ico. V er o Pacto M osaico nas notas introdutórias ao capítulo 19 de Êxodo. Ver Êxo. 31.13 ss., que ensina isso. Ver no Dicionário o artigo chamado Sábado. Contrastar com isso, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, o artigo Domingo, Dia do Senhor. Ver também Êxo. 20.11; 23.12. O sábado era um tipo do descanso espiritual em Cristo (ver Heb. 4.1,3-5,8-11), a saber, a salvação eterna (ver a respeito no Dicionário). 5.13-14 Esses versículos são virtuais duplicatas de Êxodo 20.9,10, cujas notas expositivas também têm aplicação aqui. Prossegue aqui a afirm ação sobre o quarto mandamento. “A o b se rvân cia do sábado, p o r parte de Israel, se rvia de te ste m un h o de sua cren ça em um D eus p e ssoa l e tra n sc e n d e n ta l, o C ria d o r do m undo" (Jack S. D eere, in lo c.). Era um a esp é cie de p a rtic ip a çã o no ato divino, im itando o que D eus fez no to ca n te ao tra b a lh o e ao de scan so . O descanso criava um a o p o rtu n id a d e de a tiv id a d e e re fle xã o e sp iritu a l. Essa cren ça e prá tica (a g uarda do sábado) não tin h a ig ual no O rie n te P róxim o e M édio, um item sin g ula r da le g isla ç ã o m osaica, o sin a l do pa cto firm a d o entre Y ahw eh e Israel. 5.15 Porque te lembrarás. Este versículo não tem paralelo no livro de Êxodo. É aqui adicionada outra razão para a observância do sábado. A obsereância do sábado era uma espécie de repetição do espírito da obsereâncla da Páscoa, da mesma maneira que a Ceia do Senhor nos faz relem brar de Sua morte e ressur reição. No Egito, Israel só tinha trabalho forçado a fazer. Mas Deus lhes deu descanso quando os livrou daquele país. Assim também, a salvação em Cristo nos outorga descanso espiritual. O trecho de Êxodo. 20.11 elabora de form a diferente a ilustração sobre a guarda do sábado, a saber, o fato de que, por ocasião da criação, Deus trabalhou por seis dias e então descansou da criação, no sétimo dia. Este texto, porém, não inclui essa elaboração.
5.18 Este versículo tem paralelo em Êxodo 20.14, cujas notas expositivas também se aplicam aqui. Este sétimo m andam ento tem sido usado para ensinar contra toda a variedade de pecados, pensamentos, atos e intenções sexuais. O trecho de Mateus 5.27 ss. fornece-nos a expansão da questão dada por Jesus, de acordo com uma compreensão espiritual mais profunda. V er no Dicionário os artigos cham ados Adultério e D ez M andam entos, a respeito deste e de todos os outros nove mandamentos. Os hebreus com preendiam o adultério com o a sedu ção da mulher de outro homem, mas esse m andam ento tam bém adverte contra a ditadura dos apetites do corpo. 5.19 Este versículo é paralelo de Êxodo 20.15, cujas notas aplicam -se também aqui. Fala sobre o respeito à propriedade privada. V er no Dicionário o verbete intitulado Roubo. Este oitavo m andam ento era um elem ento protetor da socieda de, bem como do caos que ocorre por causa de atos de homens ím pios e desarrazoados. A generosidade é o oposto do furto e deve servir de diretriz na vida dos homens. A medida de um homem é a sua generosidade, outro nome para o A m or (ver a esse respeito no Dicionário). 5.20 Este versículo é paralelo de Êxodo 20.16, cujas notas se aplicam aqui tam bém, O nono m andam ento tinha por intuito proteger os sistem as judiciais, que devem estar alicerçados sobre a honestidade e um julgam ento verdadeiro. Mas esse mandamento também tem um aspecto geral, mostrando-se contra a inverdade de toda sorte, pública ou particular. Ver no Dicionário o artigo cham ado M entir (Mentiroso). A calúnia ou difam ação do caráter de outrem certam ente também foi proibida pelo espírito deste mandamento.
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780 Um bom nome, em hom em ou mulher, É a jó ia preciosa de sua alma. Quem furta minha bolsa furta lixo... M as quem furta o m eu bom nome Furta-m e daquilo que não o enriquece, M as que de fato me empobrece. (Shakespeare) 5.21
Este versículo tem paralelo em Êxodo 20.17, cujas notas tam bém têm aplicação aqui. Esse décim o m andam ento proíbe toda form a de cobiça envol vendo pessoas, propriedades ou objetos. O hom em que cobiça não consegue pôr-se de pé. Ele sem pre precisa das possessões e realizações alheias para sentir-se uma pessoa com pleta. Ele arrebata aquilo que pertence a outrem, pelo que ele não trabalhou nem se esforçou por adquirir, que não faz parte de sua própria pessoa. Este m andam ento trata das em oções e m otivações interiores que, finalm ente, resultam em atos externos com o o furto, o adultério, a calúnia, a fraude etc. V er a exposição de Jesus quanto ao sexto e ao sétim o m anda m ento, que abordam os m otivos e desejos do íntim o, e não m eram ente os atos externos (ver Mt. 5.21,22). O décim o m andam ento, pois, está no lim iar da pers pectiva do Novo Testam ento, ou seja, m ais do ponto de vista das qualidades hum anas de caráter do que daquilo que o homem faz. O artigo do Dicionário, cham ado Dez M andam entos, desenvolve esse tem a. V er tam bém no Dicionário o verbete Lei, Função da. Nas notas expositivas sobre Êxodo 20.17, ofereço um gráfico que ilustra com o Jesus manuseou a lei mosaica. 5.22 Estas palavras falou o Senhor. Este versículo expõe um sum ário das cir cunstâncias da outorga da lei, repetindo ainda elem entos que já tinham sido vistos por várias vezes. É essencialm ente paralelo a Êxodo 20.18-21, cujas notas de vem ser consultadas. Aqui, porém, a afirm ação é mais ampla, incorporando outros elementos. Am bos os com entários sobre o sum ário ensinam que a lei foi dada por uma revelação divina direta, e não pela com pilação de raciocínios humanos. O resto da lei veio através da mediação de Moisés, com base nos Dez M andam en tos originais, em seu espírito e implicação. Tendo-as escrito em duas tábuas de pedra. Essa declaração repete o que já tínham os lido em Deu. 4.13, onde se com enta a questão. Ver também as notas sobre Êxo. 32.16 quanto às duas tábuas.
O Deus Vivo. Entre outras coisas, a experiência de Israel no Sinai revelou a verdade da real existência do Deus Vivo. Ver no Dicionário os artigos cham ados Deus e Atributos de Deus. D ispom os de provas filosóficas e teológicas da existên cia de Deus e de Sua revelação. Mas crer na existência de Deus não é suficiente. Essa crença precisa transform ar a alma. É possível alguém ser um ateu prático, ou seja, alguém que acredita na existência de Deus, mas não perm ite que essa crença faça nenhum a diferença prática em sua vida. As experiências m ísticas de Israel no Sinai fizeram a diferença entre a crença e a prática. Ver no Dicionário o artigo intitulado Misticismo. Espiritual significa ter santo temor, respeito, ajoelhar-se espiritualm ente dian te da presença de Deus, e tam bém estar instruído nas verdades espirituais e pôlas em prática. V er Fil. 2.10. 5.25 Por que Devem os M orrer? Ou seja, por que chegar perto dem ais da presen ça divina? Moisés pôde aproxim ar-se do Senhor; mas Israel ficou distante, trêm u lo. Em Cristo, som os aproxim ados de Deus, em vez de serm os tangidos para longe. Ver no Dicionário o artigo cham ado 4cesso. “O tem or instintivo da morte, despertado pela presença divina, e especial mente em face da declaração da lei divina, presta um testem unho eloqüente sobre a verdade de que o homem foi criado para trazer estam pada em si a sem elhança divina e para viver um a vida santa” (Ellicott, in loc.). 5.26 Que tenha ouvido a voz do Deus vivo... e perm anecido vivo? Este versículo deve ser com parado com a experiência de Jacó, em G ênesis 32.3. Ver tam bém Êxo. 3.2,4, quanto a com o M oisés aproxim ou-se da presença de Deus e do fogo. A crença com um dos hebreus era de que tal experiência seria fatal. No Sinai. O povo de Israel ouviu ali a m ensagem de Yahweh. Por igual modo, no Pentecoste cristão, ouvir a mensagem era a grande necessidade. Am bos os eventos foram exibições da graça e do poder divinos; ambos tinham coisas im por tantes a com unicar em prol da espiritualidade humana. Os persas tinham uma tradição sim ilar a respeito de Zoroastro, o qual “tendo sido arrebatado ao céu, não viu Deus, m as ou víu -0 falar com ele de dentro das cham as” (H ist. Relig. I/et. Pers. cap. 8, pág. 160, de Hyde). 5.27
Deu-mas a mim. Moisés era o m ediador entre Yahweh e o povo de Israel, aquele que era responsável pela transm issão da m ensagem ao povo, e para ensinar os israelitas sobre a vontade do Senhor. Ele foi o m ediador do Pacto da Lei (ver a introdução ao capítulo 19 de Êxodo), da mesma form a que Jesus Cristo, o segundo, mas m aior do que Moisés, foi o agente do Novo Testam ento. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o verbete intitulado Novo Testamento (Pacto). M oisés era servo na casa de Deus, m as C risto é o próprio Filho, herdeiro da casa. Cf. este versículo com Gál. 3.18;l Tim. 2.5; Heb. 8.6; 9.15; 12.24.
C hega-te, e ouve tudo. A M oisés foi ordenado que se aproximasse da presença de Deus e do fogo, a fim de receber a mensagem divina. Os israelitas delegaram de bom grado a Moisés essa obra de m ediação. Yahweh, o Eterno, era também Elohim, o Todo-poderoso. Ver no Dicionário o artigo cham ado Deus, Nomes Bíblicos de, quanto a esclarecim entos sobre os nomes de Deus. O povo de Israel queria ouvir a m ensagem de Deus, m as não estava preparado para o seu m odus operandi da revelação. Moisés, porém, homem espiritualm ente muito mais evoluído, foi aproximar-se muito mais de Deus. Assim acontece sempre. Todos nos acham os em variegados graus de crescim ento espiritual, e isso resulta em vários graus de acesso a Deus. Cf. este versiculo com Êxo. 20.19 e 24.3-7, onde é apresentada uma cena bastante parecida.
5.23
5.28
...vos achegastes a mim. Cf. Êxo. 20.21, que é um trecho regularmente paralelo. O trecho de Êxo 19.16-18 contém outros elem entos que também estão aqui presentes. As notas dadas nas duas referências do livro de Êxodo também se aplicam aqui. Esses versículos tendem por ensinar quão terrível é a presença de Yahweh, o que explica o tem or e o respeito que Ele exige da parte dos homens. Tudo isso foi revelado e se tornou obrigatório. “O temor... de Israel, diante da presença próxim a de Yahweh, refletiu o senti mento de todos os judeus, no período em que foi escrito o Deuteronômio. A teofania no Sinai, quando da outorga da lei, tinha sido uma provação aterrorizante. O povo anelou por retirar-se para um a distância segura, deixando que Moisés term inasse sozinho a transação" (Henry S. Shires, in loc.). Era uma crença co m um dos hebreus que o fato de se aproxim ar-se m uito da presença de Deus era uma experiência fatal. Cf. Gên. 32.30.
Em tudo falaram eles bem. Yahweh agradou-se do desejo de Israel de ouvir, e, presum ivelm ente, de obedecer à m ensagem que viesse a ser-lhes com unicada. Eles guardariam todos os Dez M andam entos. Pelo m enos essa era a sua intenção, quando rogaram que Moisés se aproximasse de Yahweh e rece besse a mensagem em lugar deles. V er Deu. 18.16 ss. quanto a um com entário e expansão posterior sobre a idéia contida neste versículo. O uvir e obedecer incluí am receber a mensagem do Messias, o Moisés maior. Quase todos os intérpretes consideram que o capítulo 18 de Deuteronôm io é uma profecia messiânica. As sim, a obediência à lei de Moisés era uma obediência prelim inar ao evangelho. Somente o livro de Deuteronôm io registra esse aspecto dos acontecim entos ao pé do Monte Sinai.
5.24 Hoje vimos. Cf. II Cor. 3.7-11, onde o Novo Testam ento com enta as circuns tâncias descritas aqui. Um dos resultados desse poder e glória foi que a presença de Deus foi ocultada, em vez de ser revelada, tornando necessária a revelação m ais profunda de Deus em Cristo. Ver João 1.18 e II Cor. 3.6,15 ss., mas também o capítulo inteiro.
5.29 Q uem dera que e le s tiv e s s e m ta l c o ra ç ã o . O d e se jo de Y a h w e h é re a lm e n te n o tá v e l. Ele fic o u s a tis fe ito d ia n te do d e se jo p o r e le s e xp re s so de o u vir e o b e d e c e r, e a g o ra e xp re s so u um fo rte a n e lo de que e le s p u s e s sem em açã o as suas b o a s in te n çõ e s . Se a ss im fiz e s s e m , vive ria m (ver Deu. 4.1 e 5 .3 3 ). A lei foi in s ta u ra d a e o u to rg a d a p a ra s e r o b e d e c id a , para que assim os is ra e lita s tiv e ss e m vid a ; e não a p e n a s p a ra se r c o n h e c id a e a d m ira d a .
DEUTERONÔMIO Nunca poderem os pro va r os deleites de Sua vontade, Atá depositarm os tudo sobre o altar. Pois o favor que Ele m ostra e a alegria que Ele dá Estão reservados para os que confiam e obedecem. (J. H. Sammis) Aben Ezra observou, com toda a razão, que neste ponto as Escrituras falam na linguagem própria das crianças, para todos podermos com preendê-las. E essa linguagem atribui desejos, esperanças e decisões da vontade ao Ser divino. Ver no Dicionário os artigos cham ados Antropom orfism o e Antropopatismo. “O clímax da reverência é a obediência direta a Deus. No vs. 29 chegamos a abordar um problema que tem perseguido os líderes religiosos de todas as épo cas. Esvai-se o m om ento de exaltação. Aquilo que parecia im possível em meio à firme resolução, torna-se tragicam ente verdadeiro: os mandam entos de Deus são esquecidos. Se o povo de Israel não tivesse falhado, nem o Deuteronômio nem a maior parte do Antigo Testam ento teriam sido escritos. Pois o Antigo Testamento, em sua essência, é uma repetida convocação para Israel lem brar-se” (Henry H. Shires, in toe). 5.30 Quando Moisés os convocou, eles tinham deixado as suas tendas e tinhamse aproximado do sopé do Monte Sinai. Ali a lei estava sendo outorgada, e o povo contemplou a glória de Yahweh, tendo ouvido Sua voz e Suas ordens. Posterior mente, foram enviados de volta às suas tendas, por ordem do Senhor, e assim a vida voltou à norm alidade. Lem brar-se-iam eles do que tinham visto? Obedece riam eles à voz de Deus? Entrementes, Moisés ficou na presença de Yahweh, a fim de receber as tábuas da lei,
Prometida, visto que o Pentateuco não apresenta nenhum quadro claro sobre a alma que sobrevive à morte física, e que encontra, no além -túmulo, ou uma existência bem -aventurada ou um juízo severo. O Pentateuco tam bém não am ea ça os desobedientes à lei com o juízo eterno, tal com o não promete a vida eterna aos obedientes. Todavia, há indícios acerca da realidade da alma, com o na doutri na da criação do homem segundo a imagem de Deus (ver Gên. 1.26,27), e no fato de que ali se fala sobre o Deus dos espíritos (ver Núm. 16.22; 27.16). Todavia, ficou reservado ao Novo Testam ento desenvolver esses indícios em doutrinas e dogmas. Paulo, com as revelações divinas que recebeu, aprendeu a abandonar a noção da lei mosaica com o doadora de vida eterna, o que se vê claramente em Gálatas 3.21. Peço que o leitor exam ine as notas sobre Deu. 4.1, quanto a maiores deta lhes e referências a artigos que aumentam nosso conhecim ento acerca daquilo que fica sugerido neste versículo, “Q uanto a este m ui im p o rta n te ve rsícu lo , po d em o s o b se rv a r que uma lo n g a vida na te rra é um a g rande bênção, se é que e sta m o s vive n d o para D eus, po rq u an to é som ente na vida, e xclu siva m e n te enq ua n to ela perdura, que nos podem os p re p a ra r pa ra a gló ria e te rn a ” (A dam C lark, in lo c.). N a tu ralm ente, o irm ão C lark, te n do sido um m eto d ista , não tin h a visã o a ce rca de com o C risto abriu o hades com o um ca m p o m is sio n á rio (I Ped. 3 .18-4.6). No hades tam bém é p o ssível a d q u irir vida em C risto. V er na E nciclo p é d ia de B íblia, Teologia e F ilosofia, o ve rb e te in titu la d o D e scid a de C risto ao H ades. Quanto ao desejo de uma longa vida, ver as notas expositivas sobre Gên. 5.21. É m e lh o rle r uma vida boa do que ter uma vida longa. Mas o m elhor de tudo é ter uma vida ao mesmo tem po boa e longa. Os escritos judaicos, típicos do judaísm o posterior, aplicam este versículo à vida eterna. Ver Moreh Nevochim, par. 3, cap. 27, par. 418.
C apítulo Seis
5.31 Fica-te aqui com igo. O povo foi m andado embora, mas M oisés perm ane ceu a fim de cum prir a sua m issão de receber a lei. Ele era o m ediador não som ente para receber a lei, mas tam bém para ensiná-la. Um grande acúm ulo de m aterial foi adicionado aos dez m andam entos originais. Seria m ister toda uma classe sacerdotal para instruir devidam ente aquele povo. Não lhes seria possível obedecer sem receberem instrução, conform e sem pre acontece na fé religiosa. As duas grandes colunas da espiritualidade são o am or e o conheci mento. O conhecim ento é im possível sem a instrução. Os livros ajudam tanto aos m estres quanto aos alunos. A lguns hom ens ensinam ; outros aprendem . O processo deve ser contínuo, se tiver de ser eficiente. Ver no Dicionário os artigos cham ados Educação no A ntigo Testam ento e E ducação e M oralidade. E, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, ver o verbete Ensino. Parte da Grande Comissão, dada pelo S enhor Jesus à Sua Igreja, é “ensinar”, co n fo r me fica claro em M ateus 28.20. 5.32 Cuidareis em fazerdes. Aos filhos de Israel foi ordenada uma observância estrita de toda a lei. Não poderia haver nenhum a tentativa de desvio. De outra sorte, o povo de Israel seria devorado na terra pelos seus adversários morais, embora tivessem obtido a vitória nas batalhas militares. A vitória mais difícil sem pre será aquela que é interior, onde há ou não há uma espiritualidade adequada. Considerem os o trecho de Isaías 30.21: “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele” . Oh, Senhor, concede-nos tal graça! Não vos desviareis. Em breve Israel haveria de tom ar conta da Terra Pro metida. Ali chegando, enfrentaria muitas tentações, sobretudo aquelas referentes à idolatria e aos variegados pecados dos habitantes anteriores do território, rem a nescentes dos quais haveriam de ficar para trás. Israel seria capaz de resistir a novas tentações e provações? A instrução bíblica haveria de ajudá-los a serem aprovados no teste. A lei protegeria Israel de todos os aspectos do paganismo: mas os israelitas permitiriam que a lei os protegesse?
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O Fim da Lei é a Obediência (6.1-25) Se alguém ama a Deus, então cumprirá os mandam entos, uma prova desse amor. Por conseguinte, os capítulos sexto a décim o primeiro de Deuteronômio podem ser vistos com o uma expressão daquele grande m andam ento que diz: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força" (Deu. 6.5). Jesus referiu-se a esse princípio quando apresentou a Sua lei superior (ver João 14.21). O autor sagrado aborda aqui a questão de um m andam ento: deveres m o rais im pulsionados pelo amor. Pouco antes, contudo, ele havia tratado de esta tutos e juízos (Deu. 5.31). Estes são aplicáveis a todas as situações práticas que os israelitas tinham de enfrentar na vida diária, com o aplicações práticas dos mandam entos. 6.1 M an dam entos... e statutos... ju ízo s. Tem os aqui a tríplice designação da legislação m osaica, conform e já tín h am o s visto em Deu. 5.31, E statutos e ju ízo s figuram com o que form ando um p a r em Deu. 4.1 ,5,8 ,1 4 ,4 5 e 5.1. E Deu. 6.20 reitera essa tripla designação. V er as notas a respeito em Deu. 5.31. Talvez não devam os e sta b e le cer d istin çõ e s m uito nítidas entre esses três term os, pois parecem ser apenas um a referência m últipla aos m uitos preceitos baixados por M oisés. A lguns estudiosos têm sugerido que os “ m an dam entos’' são os dez m andam entos, e os outros dois vocábulos apontam para d e senvolvim entos e a m pliações p osteriores do núcleo o riginal da lei. O que fica claro, contudo, é que está em pauta a com plexa legislação m osaica, referida por meio de vários term os. Toda essa grande com plexidade p recisa va ser ensinada (Deu. 5.31), conhecida e observada (5.31-33), para que en tão houvesse vida (4.1 e 5.33). ... se te ensinassem . A idéia de instrução é reiterada aqui. Ver Deu. 5.31 quanto a notas expositivas com pletas e referências a artigos im portantes sobre esse assunto.
5.33 Andareis em todo o cam inho. A obediência im portava em vida, E essa obediência à le i era o tipo de obediência que Deus requeria. Este é um dos versículos mais largamente conhecidos de todo o livro de Deuteronômio. Nos séculos que se seguiram, os intérpretes judeus postularam que a vida eterna era resultado da obediência à lei; e essa passou a ser a grande pedra fundam ental do judaísm o posterior. Dizer que Israel não tinha um sistema de salvação por meio de obras é ignorar tudo quanto os rabinos chegaram a ensinar. Quando este versículo foi escrito, estavam em pauta a vida física e o bem-estar diário, na Terra
Para que os c u m p ris se s na te rra . Ou seja, na T e rra P ro m e tida , dada a Israel por m eio do P acto A braâ m ico (ver as n o tas a re sp e ito em Gên. 15.18). Os três d iscu rso s de M oisé s (que p e rfa ze m o volum e m a io r de D e u teronôm io) e xortavam o povo de Israel para que o b e de ce sse à lei, com o m eio de co n q u ista e de vida boa e longa na T erra P rom etida. Os filh o s de Israel p recisavam in s tru ir à ge ra çã o m ais jo ve m q u a nto aos seus deveres na T erra P rom etida. Por m otivo de d e so b e d iê n cia , a ge ra çã o a n te rio r havia p e re cid o no deserto, com as e xceções únicas de C a le b e e Josué (ver Deu. 1.34 ss.).
A LEI DA COLHEITA SEGUNDO A SEMEADURA
Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor vosso Deus, para que vivais, bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir.
Deuteronômio 5.33
CEIFA
Não vos enganeis: não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Gálatas 6.7
Semeai um Semeai um Semeai um Semeai um
pensamento e colhei um ato. ato e colhei um hábito. hábito e colhei um caráter. caráter e colhei um destino. Prof. Huston Smith
A VIDA DE ACORDO COM A LEI
Para que temas o Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias de tua vida; e que teus dias sejam prolongados. Deuteronômio 6.2
No Pentateuco, a vida é interpretada como uma longa vida física, de bem-estar e prosperi dade na Terra Prometida. Foi apenas nos Salmos e Profetas que a alma eterna entrou na teologia dos hebreus.
A VIDA ATRAVÉS DA GRAÇA
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2.8,9
Pois, para este fim foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus. I Pedro 4.6
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DEUTERONÔMIO
Se os israelitas viessem a de so b e d ece r à lei, m esm o quando já e stive s sem ocupando a T e rra P rom etida, então seriam expulsos dali (ver Deu. 4.27 ss.). 6.2
Outra Repetição. Uma das características literárias do autor do Pentateuco é a repetição. Assim, tem os aqui elem entos que já havíam os encontrado por diver sas outras vezes. Quanto ao tem or piedoso que os israelitas deveriam ter, ver Deu. 5.29. A lei destinava-se a todas as “gerações” dos filhos de Israel (ver Êxo. 29.42; 31.16). Esses estatutos eram “perpétuos” (Êxo. 29.42; 31.16; Lev. 3.17 e 16.29). Os hebreus não antecipavam um fim para o seu sistema religioso. Mas ele terminou, e isso serviu de instrumento para o com eço do cristianismo. Todos os sistemas term inam e assim tornam -se instrum entos de avanço. Essa evolução é que é “perpétua” . A epístola aos Hebreus m ostra com o e por qual motivo o Antigo Pacto terminou, a fim de que o Novo Pacto pudesse tom ar o lugar daquele e percorrer o seu próprio curso. E que teus dias sejam prolongados. Longa vida física e bem -estar material foram prom etidos aos hebreus obedientes. A lei era a senhora de toda existência e vida prática. Essa parte do versículo reitera idéias encontradas em Deu. 4.1 e 5.33, onde ofereço ricas notas expositivas. Ver tam bém Deu. 4.26,40 e 5.16. Quanto ao desejo de uma vida longa, ver Gên. 5.2.
nosso Senhor e dono; Ele nos deu a Sua lei; e ela deve ser obedecida. Isso rejeita peremptoriamente a idolatria. O Deus único requer o cum prim ento da le i do amor, que sum aria a lei toda em uma única declaração, precisam ente o quinto versículo deste capítulo. “O objeto da atenção exclusiva, do afeto e da adoração de Israel não é difuso, mas com pacto e único. Está em foco algum panteão de divindades, cada uma das quais possuidora de uma personalidade dotada da desconcertante capa cidade de ser dividida por devotos e santuários rivais, im pedindo que a atenção do adorador se concentre sobre um único objeto. A atenção de Israel, porém, não podia ser dividida; antes, confinava-se ao Ser único e bem definido, cujo nome é Yahweh" (G. Ernest Wright, in loc.). O único Senhor. Não muitos deuses; mas essa expressão também enfatiza as idéias de exclusividade e de soberania. Esse único Deus precisa ser obedeci do; Ele é o doador e senhor de toda vida. O Shema. Este versículo, que na íntegra lê: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” , tem sido assim cham ado. Esse vocábulo hebraico é o verbo no imperativo: “O uve”. O versículo contém a confissão fundam ental e simplificada do judaísmo, da qual tudo mais depende. Os deuses do Oriente Próximo e Médio eram muitos, imorais, brutais, im previsíveis, jam ais agindo em harm onia com outras divindades, Todas essas noções eram repelidas por Israel. No judaísm o bíblico, pois, a fé religiosa avançara, devido ao seu m onoteísmo aplicado, não sendo apenas um m onoteísm o teórico.
6.3 6.5 Ouve, pois, ó Israel. M oisés estava desem penhando o seu papel de instru tor. Sua mensagem, transm itida da parte de Yahweh, precisava ser ouvida de modo correto, ou seja, com o intuito de obedecer. A obediência, uma vez mais, aparece com o fonte de todo bem -estar e longa vida. Parte dessa longa vida seria a m ultiplicação, de tal modo que Israel viesse a tornar-se uma grande nação, ocupando toda a Terra Prometida. Terra que mana leite e mel. Uma expressão com um que descreve as rique zas e a fertilidade da Terra Prometida. V er as notas a esse respeito em Êxo. 3.8 e Núm. 13.27, onde a exposição inclui uma lista de referências a respeito. O Senhor Deus. No hebraico, Yahweh-Elohim, o Eterno e Todo-poderoso. Ver no Dicionário o artigo cham ado Deus, Nom es Bíblicos de, bem com o os artigos separados Yahweh e Elohim. V er Lev. 18.30 e suas notas expositivas, quanto à expressão “ Eu sou o Senhor teu Deus” , que em prega os m esm os nomes divinos. “Uma nota caracteristicam ente deuteronôm ica: uma obediência reverente re sultaria nas bênçãos divinas de uma longa vida, fertilidade e bem -estar material (ver Deu. 5.33; 6.18,19). Desse modo, seriam cum pridas as prom essas feitas aos pais (Gên. 12.1-7; Êxo.3.16,17)” (O xford A nnotated Bible, com entando sobre este versículo). Palavras-chaves: E nsinar; ouvir; com preender; observar; cum prir; viver longamente; prosperar e bem-estar. Todas essas palavras-chaves foram incorpo radas na dispensação da lei. Ver no Dicionário o artigo cham ado Dispensação (Dispensacionalismo). 6.4 Tem os aqui a introdução ao m aior de todos os mandam entos, o amor (vs. 5). Considerem os estes pontos: 1. D a r ouvidos. 2. Israe l deveria ouvir e obe decer. O m andam ento fora dado ao povo de Deus, àqueles que tinham sido libertados do Egito, aos quais fora entregue a T erra Prom etida, que fazia parte do Pacto A braâm ico. 3. M onoteísm o, não som ente para ser crido, mas tam bém para ser aplicado. O único Deus verdadeiro requer obediência. A idolatria é term inantem ente proibida. V er sobre esse assunto no D icionário. 4. O s direitos do Criador, o qual é Yahweh e Elohim (ver, acerca disso, as notas sobre o versículo anterior). O m onoteísm o (ver a respeito no Dicionário) form a a base do pronunciam en to original da lei (ver Êxo. 20.3,4). Mas não devem os entender isso com o mera crença na existência de um único Deus, ou que a divindade existe sob a form a de uma única unidade. Pois tam bém envolve a obediência estrita à lei que foi dada pelo Deus único. O original hebraico, que tem sido sujeitado a várias traduções, é: Yahweh, nosso Deus, Yahweh, um. Eis algum as das traduções: O Senhor nosso Deus é um Senhor. O Senhor nosso Deus, o Senhor é um só. O Senhor é nosso Deus, o Senhor é um. O Senhor é nosso Deus, som ente o Senhor. O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Fica em dúvida qual a melhor m aneira de traduzir o original hebraico. Mas o intuito do original hebraico é perfeitam ente claro. Só existe um Deus; e Ele é
O P rim e iro e M aio r dos M andam entos. Não há que du vida r de que Deuteronômio, neste ponto, fez avançar nosso entendimento sobre o que está em pauta no monoteísmo, além de nos ter dado m elhor com preensão acerca da própria natureza de Deus. A lei inteira é sum ariada na Lei do Amor, que se aplica, antes de tudo, a Deus, e, em segundo lugar, aos nossos semelhantes. Paulo resalta isso em Romanos 13.8 ss. Os críticos pensam que Deuteronôm io foi escrito muito depois dos dias de Moisés; e parte do argumento deles está alicerçado sobre esse avanço conceptual, visto que os dez mandam entos originais não ti nham o amor como a sua síntese. E assim, eles sentem que esse discernimento é fruto de uma época posterior. Ver no Dicionário o artigo intitulado J.E.D.P.(S.), quanto à discussão sobre a teoria das fontes m últiplas do Pentateuco, onde datas presumíveis são dadas quanto aos vários níveis ou fontes originárias. O Senhor Jesus citou este trecho do Deuteronôm io em Seu sum ário da natureza e da nossa obrigação diante a lei. E logo em seguida acrescentou o segundo maior mandam ento: que amem os ao próximo com o amam os a nós m es mos. Ver Mat. 22.37-40. No tocante a esses dois mandam entos, disse Ele: “Des tes dois mandam entos dependem toda a lei e os profetas”. Com isso concordam quase todas as religiões e filosofias. Esse é um conceito que, para todos os efeitos práticos, é o único que obteve aceitação universal com o ensino espiritual. Ver no Dicionário o artigo detalhado cham ado Amor, que ilustra a questão e enumera citações e poem as ilustrativos. Cf. Mat. 19.19; Gál. 5.14; Tia. 2.8. Os rabinos gostavam de sum ariar ensinos em seus aforismos. Aquele que tem os aqui tornou-se muito im portante no judaísm o posterior. Aboth (1.1,2 e 2.9) contém uma discussão sobre o m ais importante dos mandam entos. A melhor resposta para essa discussão é aquela que tem os no presente texto. Aqueles que se têm dado ao trabalho de investigar dizem-nos que o judaísm o incorporou seiscentos e treze mandam entos de Moisés. Davi, por sua vez, reduziu o número deles a onze mandam entos fundam entais (ver Sal. 15.2-5); Isaías falou em seis (ver Isa. 33.15). Tiago sumariou a verdadeira religião (ver Tia. 1.27). Lev. 19.18 já havia fornecido a Jesus o segundo m aior mandam ento. E o rabino Akiba apontou para esse segundo m aior m andam ento com o a fruição m esm a da lei. “Esse é o primeiro mandam ento. Tal com o os m arinheiros encontram a sua posição por meio do firmam ento e descobrem onde estão som ente quando estão viajando, a nossa relação com os sem elhantes torna-se um caos, exceto quando primeiramente amam os a Deus” (Butrick, sobre Mat. 22.38). Ver minha exposição sobre Mat. 22.37 ss. no Novo Testamento Interpretado. “O homem não pode am ar a Deus conform e ama a outro ser humano. O am or a Deus envolve santo tem or e reverência (vs. 13), e exprime-se por meio daquela lealdade devotada e singela de onde se deriva um serviço obediente e de todo o coração. O am or a Deus, desacom panhado da obediência, não é am or (I João 4.7-21)" (G. Ernest W right, in loc.). “Acim a do decálogo brilha o... Shem a. Para os judeus, esse é o próprio sím bolo da fé. O culto nas sinagogas tem início com sua recitação. Deve ser p ro fe rid o du a s ve z e s a ca d a dia; e sc rito so b re p e rg a m in ho ; u sado nos filactérios; inscrito nas vergas das portas. O riginou-se no im pulso de distin g u ir Yahw eh de Baal e das divindades astrais, tornou-se o ponto de concentração do m onoteísm o em todos os lugares, p rim eiram ente para os judeus... então para os cristãos... e, finalm ente, para os islam itas. O va lo r intrínseco do Shem a foi am pliado m uitas vezes quando Jesus fez dele o m andam ento su p re m o ” (H enry H. Shires, in loc.).
AMOR O Preceito Dourado de Deuteronômio O amor é a única lei universal. Todas as outras leis justas, de alguma maneira, expressam isso. Rom. 13.8 ss.
Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Deuteronômio 6.4-5
E Jesus adicionou: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Mateus 19.19; 22.39
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. Mateus 22.40
Se pudéssemos encher de tinta os mares, E cobrir os céus de pergaminho; Se todos os pedúnculos fossem penas E todos os homens, escribas profissionais Escrever o amor de Deus acima, Ressecaria os oceanos, E não haveria rolo para conter tudo, Estendido que fosse de céu a céu! O amor de Deus, quão rico e puro, Quão sem medida e forte! Perdurará para sempre. F. M. Lehman
O amor de Deus escreverá o último capítulo da história humana. O julgamento é um dedo da mão amorosa de Deus e um instrumento restaurador do Seu amor. Limites de pedra não podem conter o amor. E o que o amor pode fazer, isso o amor Ousa fazer.
DEUTERONÔMIO
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Uma Grande Curiosidade. Por qual motivo as denom inações cristãs, em suas declarações de fé, regularm ente omitem qualquer referência a essa lei tão prim or dial? A razão disso é que traçam suas declarações de fé com base no espirito exclusivista e de ódio por tudo quanto delas difere. Assim, é uma incongruência mencionar o amor, quando essas outras atitudes negativas residem no coração do indivíduo. Coração. A porção mais interior do ser; a sede das emoções; a vida interior. Alm a. A totalidade do homem, o homem completo. Força. Todas as potencialidades do homem, aplicadas ao am or a Deus e ao próximo; o verdadeiro exercício da espiritualidade, com propósito e determinação. Esses três vocábulos indicam tudo quanto somos, temos e podemos expressar.
6.8 Também as atarás como sinal. Lembretes perpétuos deveriam ser emprega dos para ajudar na instrução, tanto de crianças quanto de adultos. Breves porções da lei eram postas em pequenas caixas, sobre a mão e sobre a testa. Este versículo talvez reflita uma prática posterior que foi formalizada nos chamados filactérios. Ver a respeito deles na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Antes dessa formalização, provavelmente o que os hebreus faziam era atar um pedaço de perga minho em torno do pulso ou da testa, o qual continha um trecho da_ lei. Esta passagem deve ser com parada com Deu. 11.21 e Êxo. 13.1-16. A porção escrita amarrada à mão e à testa era, mui provavelm ente, o Shem a (ver o vs. 5 deste capítulo), pelo m enos na m aioria dos casos. V er o texto de Mat. 23.5 no Novo Testamento Interpretado. 6.9
O am or concede em um m om ento O que o trabalho dificilm ente obtém em uma era. (Goethe)
6.6 Estas palavras. Ou seja, toda alegislação mosaica (vs. 1), e isso sumariado e posto em prática através da Lei do Am or (vs. 5). A lei cai por terra quando não é acolhida no coração do ser humano. Pois do coração manam as intenções, as resoluções nobres e a força para cum prir a lei. O versículo anterior nos fornece três vocábulos, “coração”, “alma” e “força” . E agora o autor sagrado sumaria tudo com a palavra “coração”. A obediência espiritual é uma questão do coração, e não apenas da mente. Cf. Deu. 11.18 e Jer. 31.33, onde acham os pensamentos similares.
E as escreverás. Lembretes perpétuos tam bém eram atados aos umbrais das portas e aos portões, para que ninguém pudesse entrar ou sair sem vê-los. O Targum de Jonathan descreve a prática usada em um tem po posterior. Pedaços de pergaminho com porções da lei eram fixados em três lugares: no dorm itório; no umbral da porta; e no portão, no seu lado direito. A isso judeus cham am de Mezuzah. As palavras ali escritas eram o Shema, embora outras porções também pudessem ser usadas. A prática incluía tocar e beijar esses lembretes. Tais coi sas, para os supersticiosos e outras pessoas com o eles, funcionavam como amuletos e encantamentos, e toda espécie de poder era atrelada a eles. De fato, isso foi desenvolvendo certa variedade de idolatria, embora, presumivelmente, Yahweh fosse honrado por tal prática. É possível alguém usar de lem bretes por toda parte, mas ter a lei inscrita no coração é coisa totalm ente diferente.
6 .10,11 Encha-me com Tua plenitude, ó Senhor, A té que m eu coração transborde; De pensam entos de fogo e de palavra brilhante, Para falar de Teu am or; para m ostrar Teu louvor. (Francês R. Havergal) O Targum de Jonathan diz aqui de modo pitoresco: “ Nas tábuas do coração”, da mesma form a que a lei m osaica fora inscrita em tábuas de pedra (Deu. 4.13). Cf. II Cor. 3.3. 6.7 Tu as inculcarás a teus filhos. As crenças religiosas que têm m ostrado interesse em cum prir este m andam ento organizam escolas, cursos e catecism os, que são coisas boas, mas por muitas vezes acabam falhando. A letra sempre ameaça o espírito. Os melhores m estres das crianças são os pais que praticam o que eles ensinam a seus filhos. Há três coisas que um pai ou mãe devem a seus filhos: exemplo, exem plo e exem plo. Sem isso, muitos anos de instrução religiosa formal redundam em fracasso. O profeta Baha Ullah disse, com toda a verdade, que o pior erro que um pai pode com eter é conhecer algum ensinam ento, mas não transm iti-lo a seus filhos. Existe tal coisa com o um “crente-casulo”, ou seja, um crente que foi criado e educado somente na igreja, tal com o a larva de um inseto é guardada em seu casulo fechado. Trata-se de um a espécie de “virtude infantil enclausurada” . Uma vez que a larva emerge do casulo, um mundo hostil logo a consom e. E também há aquelas corrupções internas que nenhum acúm ulo de educação formal é ca paz de eliminar. Isso posto, a educação de uma criança precisa ser multifacetada, envolvendo instrução formal, exem plo vivo e m uita oração. Ver no Dicionário os artigos Educação no A ntigo Testam ento e Educação e M oralidade. Ver na Enci clopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo detalhado intitulado Ensino. Um Ensino Completo. A instrução deve ser levada a efeito no lar; quando caminhamos ou viajam os; quando nos deitam os para dormir; quando nos levanta mos para com eçar um novo dia, conform e nos diz o texto. Eu mesmo ensinei disciplinas seculares, por algum tempo, em uma escola judaica. Essa escola (em Chicago) dedicava três horas a estudar disciplinas seculares, pela manhã, e três horas para estudos religiosos, à tarde. Mas quero inform ar a meu leitor que aquele foi um dos grupos de crianças mais difíceis de controlar que já conheci. Elas “colavam ” nas provas, e eram m ais difíceis de controlar do que os grupos gentios para quem já ensinei. No entanto, o filho do rabino, um de meus alunos, era um m odelo de com portamento, além de destacar-se com o líder intelectual. Na verdade, ele era um estudante m odelo em todas as coisas, dotado de mui podero so intelecto. A espiritualidade não se origina som ente nos bancos escolares. Na verdade, é uma inquirição que dura a vida inteira. E nessa inquirição a escola desem penha somente um papel parcial.
Q uão H um anos São Esses D ois V ersículos! Israel estava prestes a entrar na possessão da Terra Prom etida, com todas as suas riquezas. Eles podiam conquistar cidades inteiras, com suas casas, utensílios, objetos de valor etc. Os hebreus m atavam as pessoas, m as ficavam com os seus bens. De uma hora para outra, enriqueceriam . Haviam vagueado pelo deserto, onde tinham som en te seus anim ais e alguns poucos objetos de uso pessoal. De repente, tornar-seiam ricos, tendo ficado com as riquezas de outras pessoas. A tendência deles seria esquecer Yahweh, que lhes tinha dado tudo. Os lem bretes que haviam atado por toda parte já não conseguiriam falar ao coração deles. Sim, quando acum ulam os coisas, podem os esquecer-nos da própria origem da vida. Os valo res são distorcidos; e quase todas as pessoas caem nessa arm adilha. Elas podem tornar-se preguiçosas e indulgentes. Poços já estavam cavados; vinhas e plantações já existiam ; pom ares de oliveiras estavam produzindo abundante mente. À sem elhança dos crentes de Laodicéia, os israelitas estavam enriqueci dos, e não precisavam de coisa algum a. Não eram nem frios nem quentes, mas m ornos (ver Apo. 3.15 ss.). Eles provavelm ente tinham m ais do que a m aioria dos egípcios. E com o eles tinham adm irado as riquezas do Egito! Yahw eh era Deus para tem pos de dificuldade. Mas agora os israelitas provavelm ente não precisavam m ais Dele, pois viviam em m eio à abundância e ao lazer.
6.12 Guarda-te, para que não esqueças o Senhor. A religião, na opinião de muitos, é algo que só serve para períodos tensos e de am eaça de morte. Mas o homem indulgente geralm ente não tem lugar nem tem po para Deus. Ele concorda que “Deus existe”, mas não faz disso parte de sua vida diária. Antes, é um ateu prático, embora um teísta teórico. Ele concorda que Deus faz intervenção na história (ver no Dicionário acerca do teísmo), mas não se interessa nem um pouco sobre com o Deus intervém em sua própria vida. “Foi no auge de sua prosperidade pessoal que Davi com eteu seus grandes atos de infidelidade (I Samuel 11)” (Jack S. Deere, in loc.). Senhor Deus dos Exércitos — fica conosco para não Te esquecerm os — para não Te esquecerm os! (Rudyard Kipling) Israel estava pesadamente endividado com Yahweh, em term os de gratidão, mas em seu estado de abundância, isso poderia ser facilm ente esquecido. “A grande dívida só poderia ser saldada se reverenciassem e servissem a Yahweh” (Henry H. Shires, in loc.). Uma casa repleta de coisas boas pode significar um coração vazio. O lazer pode resultar em indiferença espiritual. Da casa da servidão. O fato de que Yahweh tirou o povo de Israel da servidão no Egito é um tema constante do Deuteronôm io, e sem pre tem aplicação
DEUTERONÔMIO de gratidão e fidelidade. Ver Núm. 23.22 e Deu. 4.20, quanto a notas expositivas completas. O tema ocorre por cerca de vinte vezes neste livro. O trecho de Provérbios 30.7-9 pede que a bênção de Deus não seja dada nem nas riquezas nem na pobreza. Não nas riquezas, para que o homem não fique cheio de si nem de coisas, chegando assim a negar a Deus; nem isento de pobreza, a fim de que o homem não tenha de roubar. A passagem de II Corintios 9.8 ensina que a prosperidade financeira deve ser um meio para “abundarm os" em “toda boa obra” . Em outras palavras, o dinheiro deve ser posto a funcionar mediante boas obras, não por meio de luxos e de autoindulgência. Esse tipo de riqueza é m uito desejável. Mas somente o homem espiritual tem a capacidade de usar o dinheiro dessa maneira. A m aioria das pessoas que tem dinheiro vive ocupada em servir a si mesmas. 6.13 Este versículo nos faz retroceder até Deu. 5.29, cujas notas também se aplicam aqui. Ver também Deu. 5.31-33. Tem er e servir já tinham sido mencionados. Mas agora este versículo também menciona ju rar em nome de Yahweh. Em outras palavras, o nome do Senhor deveria predominar em qualquer acordo, juramento ou pacto. Objetos próprios da idolatria não serviriam para isso, nem a natureza, nem as estrelas. Yahweh deve ser o apelo final de um homem, em qualquer situação da vida. Deus é quem nos confere bem-estar e prosperidade, Aquele que liberta da casa da servidão (vss. 11,12). O am or m istura-se com o tem or e produz a espiritualidade. Ver no Dicionário o verbete intitulado Juramentos. Jesus citou este versículo (ver Mat. 4.10), por meio do qual afastou os ata ques de Satanás. Jurar p o r Yahweh era uma m aneira de m ostrar tem or e reverência a Yahweh. Esses juram entos eram solenes e precisavam ser cumpridos. 6.14 A repetição é uma característica constante do autor do Pentateuco. Aqui, uma vez mais, temos outra advertência contra a idolatria. Ver o artigo sobre esse assunto no Dicionário-, e também Deu. 4.27 ss. quanto a uma extensa passagem que trata do m esm o assunto. Os versículos quatro e cinco deste capítulo nos fornecem a base teológica para rejeitarm os a idolatria, a saber, que só existe um Deus. Ver no Dicionário estes dois artigos: M onoteísm o e Deuses Falsos. Nenhum dos deuses dos povos. Israel estava preparado para expulsar sete nações da Palestina. Ver a lista dessas nações, com notas, em Êxo. 33.2 e cf. Deu. 7.1. M as os rem anescentes dessas nações estariam presentes, para tentar Israel à idolatria. E, de fato, foi exatam ente isso que sucedeu até que Israel mesmo foi expulso da Terra Prometida por meio dos cativeiros. V er no Dicionário o verbete chamado Cativeiro (Cativeiros).
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6.16 Não tentarás o Senhor teu Deus. É uma estupidez e uma temeridade subm eter Deus a teste, para ver se Ele cum pre as Suas am eaças contra o mal. A lei da colheita segundo a sem eadura forçosam ente precisa funcionar, visto que a única alternativa para isso é o caos, e Deus não pode tolerar isso. Ver no Dicioná rio o verbete intitulado Lei M oral da Colheita Segundo a Semeadura. Massá. Ver no Dicionário os verbetes intitulados Massá e Meribá. Esses dois nomes locativos significam le s te e contenção”. Esses nomes aludem a uma localidade perto de Refidim, onde os israelitas fizeram alto, após terem saído do Egito, depois que partiram do deserto de Zim. Ali não encontraram água e murmu raram contra Moisés, e estiveram quase a apedrejá-lo. Moisés feriu a rocha e jorrou água. V er a narrativa em Êxo. 17.1-7, bem com o am plos detalhes no artigo m encionado, juntam ente com referências aos lugares em questão, em outros textos. O Targum de Jonathan alude às dez tentações a que os israelitas subm ete ram Yahweh a teste. V er as notas de introdução ao capítulo 11 de Números, com o tam bém Núm. 14.22, onde alisto essas tentações e onde são m enciona das onze. Cf. Deu. 9.22; 33.8. O povo de Israel forçou Y ahw eh a baixar ju lg a mento, devido à estupidez dele. É isso haveria de acontecer de novo, quando dos cativeiros. 6.17 Mandamentos... testem unhos... estatutos. Essa tríplice designação, que aponta para a variedade de elem entos da legislação mosaica, retorna aqui. Ver as notas sobre esses m andam entos, testem unhos e estatutos em Deu. 6.1, onde há referências que mostram outras ocorrências dessa term inologia. Este versículo é Idêntico, em sua substância, às notas dadas ali, que tam bém se aplicam aqui. Ver também Deu. 5.31 e suas notas expositivas. E ver ainda Deu. 6.3, quanto a idéias adicionais. 6.18 A repetição é uma característica constante do autor do Pentateuco. Neste versículo são reiterados, uma vez mais, os elem entos que já tínham os visto por várias vezes. A obediência era algo absolutam ente necessário para a entrada na Terra Prometida e para o bem -estar dos israelitas ali. A própria continuação da vida dependia dessa obediência. V er Deu. 4.1; 5.33 e 6.1,2. “Não havia que duvidar de que o povo de Israel atravessaria o rio Jordão. Mas até que ponto seria com pletada a conquista da terra de Canaã, e dentro de qual prazo, tudo dependia da fidelidade deles aos decretos divinos. M as que isso foi adiado devido à desobediência deles fica claro em Juizes 2.20-23” (Ellicott, in loc.).
6.15 6.19 Os Três Elem entos: 1. 0 zelo de Yahweh. Ver as notas sobre esse ponto em Êxo. 20.5, que também foi escrito dentro do contexto da idolatria. 2. A ira de Yahweh, que se choca contra pecadores rebeldes e habituais. Foi por Sua ira que a Terra Prometida foi deixada à disposição do povo de Israel, para que a ocupas se, porquanto o “cálice da iniqüidade” dos cananeus estava cheio. Ver a respeito disso nas notas sobre Gên. 15.16. Ver no Dicionário o verbete cham ado Ira de Deus. 3. A destruição de Yahweh, que feriu as nações que antes ocupavam a Terra Prometida, e faria a m esm a coisa com Israel, quando esta se mostrasse rebelde e idólatra, por meio dos cativeiros. Naturalmente, essas expressões refle tem o antropom orfism o e o antropopatism o, que aparecem no Dicionário. Por falta de um método melhor, atribuím os a Deus certas qualidades que vem os em nós mesmos, supondo que Ele deva ser algo parecido conosco, visto que o homem foi criado à Sua imagem (ver Gên. 1.26,27). “Em Deus, o zelo e a ira são funções de Seu senhorio, am or e graça, pois indicam a Sua atividade constante contra aquilo que Ele não permite. Todos esses quatro atributos são antropom orfism os... Entretanto, é claro que o am or e a graça são os atributos mais primários porquanto a ira e o zelo, em úitima análise, operam p o r causa da gra çd ' (G. Ernest W right, in loc.). Tem os aí um excelente discernimento do dr. W right. Eu m esm o com freqüência tenho dito que a ira e o juízo são dedos da mão amorosa de Deus. Em outras palavras, são conceitos sinônimos, pois o juízo é o am or em ação, visando realizar algo, visto que nenhu ma outra coisa poderia realizar o que Deus resolve restaurar, e não m eramente prejudicar. Ele prejudica a fim de restaurar, e não a fim de esmigalhar. Ver no Dicionário o artigo Julgam ento de Deus dos Hom ens Perdidos; e no Novo Testa m ento Interpretado, exam inar as notas sobre I Pedro 4.6, onde esse tem a é desenvolvido. Ver também, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, o verbete M issão Universal do Logos (Cristo). Sem dúvida Orígenes estava com razão ao dizer que ensinar o julgam ento divino som ente como uma retribuição, e não também como um meio de restauração, é rebaixar-se e aceitar uma teologia inferior. V er no Dicionário o aríigo intitulado A m o r
Lançando fora a todos os teus inim igos. Israel tinha uma incrível tarefa a realizar — expelir não som ente uma, mas sete nações, cada qual m ais forte do que eles. V er Deu. 7.1. A tarefa estava m uito acim a das possibilidades dos hebreus. Para tanto, fazia-se necessária a intervenção divina. E isso seria uma realidade se eles fossem obedientes à vontade do Senhor. Sem pre se m anifes taria a graça de Deus para com pensar a inadequação deles, porquanto o S e nhor lem bra-se que som os apenas poeira (ver Sal. 103.14). Oh, Senhor, conce de-nos tal graça! Com o o S enhor tem dito. Deus falou de antem ão, enviando Israel à fre n te, para realizar a trem enda tarefa. V er Êxo. 23.27-32. Deus prom eteu que enviaria vespas à frente deles, para preparar-lhes o cam inho, levando-os a ser bem -sucedidos em seu divino em preendim ento. Precisam os da intervenção do Senhor para enviar vespas diante de nós. Ele nos convida: “A ndai pelo cam i nho” . A lgum as vezes, porém, esse cam inho está m uito adiante de nós. E então de novo recebem os a ajuda divina, que abre diante de nós a nossa vereda. S em pre nos surpreendem os diante disso; m as o hom em espiritual sabe muitas coisas. A História de Policarpo Nos Serve de Inspiração. Em seu m artírio, quando foi executado na fogueira, Policarpo não tentou a Deus. Mas seguiu seu cam inho em triunfo, dizendo: “Tenho-O servido por oitenta e seis anos. E por que haveria de negá-Lo agora?”. Cada homem tem de passar por seu próprio teste e enfrentar sua própria carga. A obediência, condicionada ao amor, resolve todos os nossos problemas. A coragem é aquela virtude que defende a causa da razão. (Cícero)
DEUTERONÔMIO
78 8 Com freqüência, a prova da coragem não é morrer, mas continuar vivendo. (Vittorio Alfieri) Sê forte e corajoso...
tos religiosos hoje aprendem nos seus catecism os. Mas foi-lhes contada a “velha, velha história”, uma lição objetiva histórica do que acontece quando um povo tem as leis de Deus e obedece a elas. Foram -lhes ensinadas as lições da redenção, da orientação, dos atos graciosos e das intervenções de Deus. A lei de Deus não servia de carga penal, mas tinha por finalidade ajudar o povo de Israel a atingir verdadeiras bênçãos materiais e espirituais.
(Josué 1.6)
Conta-me a velha, velha história De coisas invisíveis, m as de valor; De Jesus e a Sua glória, De Jesus e o Seu amor.
6.20 Que significam ...? Neste versículo tem os o significado da lei. Uma vez mais nos deparam os com a tripla designação que aponta para a legislação mosaica, conform e se vê nas notas sobre Deu. 5.31; 6.1,3 e 17. Os descendentes daqueles homens corajosos que conquistaram a Terra Prometida haveriam de indagar qual o significado da lei. Um dos significados conspícuos (ou resultados da obediência a ela) é que o bem é conferido àqueles que andam de acordo com o cam inho da lei (vs. 24). Os filhos e netos haveriam de habitar na Terra Prometida porque seus pais tinham tido a coragem de obedecer aos m andam entos de Yahweh, o qual lhes dera a terra pátria. Os antigos construíam a história inteira da intervenção de Yahweh em favor de Israel, a com eçar pelo livram ento da servidão no Egito. Ver os vss. 21 ss.. A seqüência inteira de acontecim entos estava relacionada à pos sessão e obediência à lei, o que tornava os hebreus uma nação distinta e sábia (ver Deu. 4.33 ss.). Os antigos diriam quão admirável era eles terem recebido a lei, a revelação de Yahweh (ver Deu. 5.25 ss.). Na obediência à lei estavam a vida e o bem-estar (ver Deu. 5.33; 6.1,2,18). Isso posto, aqueles estatutos perpétuos seriam transm itidos a todas as gera ções (ver Êxo. 29.42; 31.16; Lev. 3.17; 16.29).
6.21 Então dirás a teu filho. C ontar a história era um fa to r im portante. Yahweh tin h a fe ito grandes coisas em fa vo r do povo que recebera a lei. O livram ento da servidão ao E gito é um te m a constante no livro de D euteronôm io, onde fig u ra p or cerca de vinte vezes. V er as notas acerca disso em Núm. 23.22 e Deu. 4.20. “ Uma vez mais, Moisés relem brou a seus ouvintes da necessidade crucial de transm itirem os valores do pacto aos seus filhos. A situação aqui apresentada (vss. 20-25) ilustra de m odo concreto a ordem que consta nos vss. 6-9. Moisés vislumbrava uma pátria onde a Palavra de Deus seria discutida abertamente com o parte das atividades da vida diária” (Jack S. Deere, in loc.). Com poderosa mão. Ou seja, tudo se devia a uma intervenção do poder divino, algo que estava m uito acim a das possibilidades do povo de Israel. Ver Êxo. 32.11; Deu. 3.24; 4.34; 5.1; 7.8; 9.26; 11.2 e 26.8. V er tam bém as notas sobre Núm. 23.22, quanto ao poder que Yahweh aplicou em prol do povo de Israel.
6.22 Sinais e m aravilhas. Houve prodígios envolvidos nas dez pragas, no Egito (ver as notas em Êxo. 7.14). V er tam bém o detalhado artigo existente no Dicioná rio, cham ado Pragas do Egito. Tam bém houve a intervenção no Mar Vermelho, a provisão de todas as necessidades do povo de Israel, nas suas perambulações de quase quatro d é ca d a sp e io deserto. V er a expressão “os meus sinais e as m inhas maravilhas” , em Êxo. 7.3 e Deu. 4.34. Essa expressão é novam ente usada em Deu. 7.19; 26.8 e 34.11. De Quais M aneiras Deus A g e ? 1. O livram ento necessário da servidão aos egípcios (com entado em Deu. 4.20). 2. As obras prodigiosas, os sinais e as m aravilhas que tornaram possível tudo quanto aconteceu (ver Deu. 6.22 e as referências dadas anteriorm ente). 3. A lei estava presente para garantir vida longa e prosperidade (Deu. 5.33 e 6.24). 4. O bedecer e tem er a Deus eram as chaves para tão estrondoso sucesso (Deu. 4.10; 6.13,24).
(Kate Hankey) Conta-me a história de Jesus, Grava em mim cada palavra! Conta-me a história m ui preciosa, E m ais doce que já se ouviu. (Fanny J. Crosby) 6.24 Todos estes estatutos. Ou seja, todos os m andam entos, estatutos e juízos (6.1), a com pleta legislação mosaica, que fazia de Israel um povo distinto e sábio (Deu. 4.33 ss.). A geração mais jovem dos filhos de Israel precisava tom ar conhe cim ento dessas coisas. Nisso residia a vida. Yahweh m erecia esse tem or e reve rência, bem como absoluta obediência (ver Deu. 4.10; 5.29; 6.3,13). Quanto à vida como decorrência da observância da lei, ver Deu. 5.33 e 6.2. Ver também Deu. 4.1. “ Em certo sentido, a religião com eça de novo com toda criança que nasce neste m undo. Os valores m orais e e sp iritu a is do gênero hum ano nunca são transm itidos de m odo autom ático. Para a m aioria dos hom ens, a religião p ri m eiram ente deriva-se de algum a autoridade, e som ente m ais tarde é sondada pela razão e pela experiência. A prim eira e m ais d u radoura autoridade eficaz é a de um pai. Q uando um a criança indaga: ‘Q ual é a sig n ifica çã o ...? ’ ela seguirá com escolha inteligente ou decisã o resoluta, som ente se seus pais tiverem conhecido e valorizado, eles m esm os, essa sign ifica çã o " (H enry H. Shires, in loc.). Cf. Sal. 34.9,10. “A guarda da lei de Yahweh, por parte de Israel, com o uma nação que habitava a terra que lhes fora dada, era a causa final de sua existência nacional. Esse fato fundam ental nunca deve ser esquecido” (Ellicott, in loc.). 6.25 S erá por nós justiça. A retidão de Israel não era algum item de feitura hum ana. H avia o poder divino por trá s dela. Fora p ro p orcionada a eles por revelação divina e estava preservada nas S agradas E scrituras; tin h a sido im plantada no coração deles. Essa retidão, baseada na guarda da lei, dava vida e bem -estar. Mas essa retidão torna-se nossa quando nos apropriam os da provisão divina. É dessa form a que cooperam a vontade divina e a vontade hum ana. O judaísm o p o ste rior in te rp re ta va essa retidão com o: “ Ela será lançada em nossa conta no m undo vindouro". Logo, eles insuflavam a vida eterna nessa questão, posto que de m aneira indevida, conform e Paulo nos m ostrou em suas e pístolas. V er Rom. 3.21: “ M as agora, sem lei, se m anifestou a ju stiça de D eus...” . Essa justiça, derivada da observância da lei, tinha de estar condicionada ao am or (vs. 5), pois é o am or que sintetiza e dá im pulso à lei. Paulo descobriu a lei superior do am or de Cristo, expressa em Sua m issão salvatícia, que suplantou o tipo de noções que os israelitas posteriores injetaram na legislação m osaica. Ver Gál. 3.21 e seu contexto geral.
C apítulo Sete
6.23 Mais Repetição. Essa é uma característica literária constante do autor sagrado do Pentateuco. Os filhos de Israel foram libertados do Egito com o propósito de lhes serem dadas as terras que haviam sido prom etidas no Pacto Abraâmico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18). Esse pacto tinha por condição a obediência. Por outra parte, Yahweh tratou com os israelitas de tal modo que ficou garantido que eles obedeceriam a essa condição, e assim as promessas teriam cumprimento. Os pais tinham por dever ensinar a seus filhos todos os princípios da lei mosaica. Aos hebreus não foi ensinado apenas um corpo de doutrinas, conform e m ui
Ordenada a Destruição dos Cananeus e Seus ídolos (7.1-26) Neste ponto, o autor sacro ju s tifica a vio lê n cia que estava prestes a ocorrer. Yahw eh assim tin h a ordenado. A taça da iniqüidade dos habitantes cananeus da T erra P rom etida (as sete nações, ve r Êxo. 33.2 e Deu. 7.1) finalm ente estava cheia, tal com o Yahw eh havia dito a A braão que finalm ente aconteceria (ver Gên. 15.16). Q uando isso, por fim , sucedesse, aqueles ím pios idólatras haveriam de perder sua vida e suas te rra s. Israel tom aria conta da
DEUTERONÔMIO Te rra Prom etida; mas, com o tem po, so fre ria o m esm o castigo, e pelas m es mas razões. R esultado? Os ca tive iro s. V er no D icionário o verbete cham ado C ativeiro (C ativeiros). Foi dado um sum ário das responsabilidades de Israel no tocante à lei — a obediência e a dedicação ao Y ahw ism o. A gora a atenção de Israel voltava-se p ara a questão da possessão da terra, onde principios justos deveriam ser postos em ação. M oisés destacou três assuntos principais: 1. Os pagãos que m oravam na terra de Canaã e a destruição deles, determ inada por Yahweh (vss. 1-5). 2. A razão para a posição favorecida de Israel (vss. 6-16). 3 . 0 poder de Deus que espanta o tem or e encoraja os hom ens para as tarefas dadas pelo Senhor (vss. 17-26). A guerra santa estava baseada em um tem or justificado de que as nações corrompidas, que então habitavam na Terra Prometida, poderiam infectar Israel e reduzir essa nação a outro povo pagão e idólatra. Esse tem or era justificado; esse tem or previa exatam ente o que acabou acontecendo. 7.1 M uitas nações. Eram, ao todo, sete nações, m ais poderosas do que Israel, que tinham de ser expulsas, antes que a terra fosse ocupada com sucesso pelos hebreus. Há uma lista dessas nações, com com entários, nas notas sobre Êxo. 33.2. Ver a esse respeito no Dicionário. Não repito aqui detalhes. O trecho de Êxo. 3.17 lista seis dessas nações, deixando de fora os girgaseus, os quais, tal como se dava com os heteus, os amorreus e os jebuseus, descendiam de Canaã (ver Gên. 10.15,16). Ver Êxo. 3.7, quanto a idéias adicionais. Algumas vezes, o vocábulo cananeus representa todos os povos que viviam na terra de Canaã, com o também o term o amorreus, em Gên. 15.16. Não fosse a intervenção de Yahweh nas batalhas, e a tarefa seria sim plesm ente impossível. Mas as Éscrituras mostram que, devido à Sua intervenção, a tarefa foi devidam ente cumprida. “Quanto ao número eles eram superiores, e tam bém mais vigorosos fisica mente, alguns deles dotados de estatura gigantesca. Nos dias de Abraão havia dez dessas nações, mas três delas tinham sido absorvidas pelas demais, a saber, os queneus, os queneseus e os refains” (John GUI, in loc.).
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7.3 Nem contrairás m atrimônio. Os israelitas não podiam m esclar-se com os cananeus. Paulo advertiu contra o poder corruptor de um jugo desigual (ver II Cor. 6.14 ss.), tendo falado sobre o fato de que um pouco de ferm ento leveda a massa inteira (ver I Cor. 5.6). Os cananeus estavam sendo julgados por causa da iniqüi dade deles. Casam entos m istos não som ente corromperiam o povo de Israel, mas também encerrariam os israelitas em um m esm o pacote com os pagãos, e em breve o juízo divino aniquilaria as massas, Israel inclusive. Com a passagem dos séculos, os israelitas foram proibidos até de m anter relações sociais com os povos pagãos, e não som ente de celebrar casam entos mistos. Esse foi o motivo da sobrevivência do judaísm o em um m undo hostil. A fé espiritual deles fluiu rápida e profundamente, por estar confinada dentro de corredores estreitos. O Targum de Jonathan afirm a que aquele que se casava com um pagão casava-se com seus ídolos; e quase sem pre assim acontecia. A relação matrim o nial exerce grande poder para elevar moralm ente ou para degradar. Quanto à idéia do ju g o desigual, ver o artigo cham ado Separação do Crente, em seu ponto quarto, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 7.4 Elas fariam desviar teus filhos de mim. Uma das maneiras mais eficazes de prom over a idolatria (ver no Dicionário) consistia em casam entos m istos com povos idólatras. Não demorou muito tempo, depois que essa proibição foi baixa da, para que Israel recebesse um notável exem plo disso, com uma praga subse qüente que matou vinte e quatro mil pessoas (ver o capítulo 25 de Números). Não havia nenhuma razão para supor que as coisas seriam diferentes disso, m era mente porque Israel se tinha m udado da Transjordânia para a parte ocidental da Palestina. Conforme declarou Sêneca, eles podiam ter passado por uma m udan ça de ambiente, m as não mudança de coração. Tam bém houve o exem plo poste rior de Salomão, o qual, embora tenha sido o homem mais sábio dos homens, não foi capaz de resistir à corrupção introduzida em sua vida pelas suas muitas espo sas, incluindo a idolatria. Ver I Reis 11.1-3, bem com o o décim o primeiro ponto do artigo sobre Salomão, no Dicionário, quanto a com pletos detalhes.
7.2 7.5 Totalmente as destruirás; não farás com elas aliança; nem terás piedade delas. Essas eram ordens terríveis. Foi determinado um completo aniquilamento. A Justificação da Matança. Considerem os estes pontos: 1. Os povos, em sua grande iniqüidade, já tinham sido sentenciados por Deus (ver Gên. 15.16; Deu. 9.4,5). Deus pode estar por trás das guerras santas e dos desastres naturais que destroem os povos. 2. A depravação moral precisa colher seus maus resultados, em consonância com a Lei M oral da Colheita Segundo a Sem eadura (ver a respeito no D icio nário). Referências literárias e a arqueologia têm dem onstrado a grande iniqüi dade dos povos que foram expulsos por Israel. 3. A maioria daqueles povos tinham -se apossado daqueles territórios mediante invasões armadas, e viviam em constantes guerras entre si, com o resultado de suas fronteiras viverem sendo alteradas com ganhos e perdas de terras. Portanto, o que estava acontecendo com Israel não constituía nenhuma novi dade. 4. Esses povos mostravam -se hostis a Deus (Deu. 7.10). Mas, se eles se arre pendessem, teriam suas terras. A prova de que não se tinham arrependido é que foram expulsos dali. 5. Aquelas nações eram com o um câncer moral que acabaria contaminando Israel, se perm anecessem residindo no território. A história subseqüente m os tra que isso aconteceu com Israel, que finalm ente foi removido da Terra Pro metida, mediante os cativeiros. Ver Deu. 20.17,18; Núm. 33.55; Jos. 23.12,13, quanto à m aldade contam inadora daqueles povos. 6. Idéias falsas têm sido apresentadas, como aquela que diz que as crianças cananéias na verdade (oram beneficiadas por haverem sido mortas, visto que isso aconteceu antes de terem atingido a idade da responsabilidade, o que significa que a alma delas foi salva. Ver no Dicionário o artigo Infantes, Morte e Salvação dos, que examina esse problema. A “idade da responsabilidade'1 não é uma doutrina bíblica, nem tem os aí um bom raciocínio, conform e o citado artigo demonstra. 7. Uma idéia m elhor consiste em dizer que C risto teve uma m issão salvatícia no hades, que ocorre após a m orte biológica das pessoas, oferecendo-lhes uma segunda oportunidade de serem salvas (I Ped. 3.1). V er na E nciclopé dia de Bíblia, Teologia e Filosofia o verbete cham ado Descida de Cristo ao Hades. Os críticos, por outra parte, supõem que todos esses raciocínios siivam ape nas para desculpar Israel quanto à sua brutalidade e m atanças, e que nunca poderemos justificar nenhum a m atança em m assa. Ver no Dicionário o verbete chamado Guerra, e, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, o artigo intitulado Critérios de uma Guerra Justa.
Derrubareis os seus altares. Todos os vestígios da idolatria precisavam ser eliminados: 1. Primeiro, os próprios idólatras; 2. então os seus altares (ver no Dicionário o verbete intitulado Altar). 3. A destruição com pleta das im agens, para que algum israelita não fosse tentado a continuar as práticas idólatras em segre do. Muitos deuses pagãos eram conhecidos por suas im agens. Ver no Dicionário o artigo Deuses Falsos. Algum hebreu insensato poderia querer invocar algum ídolo, se fosse dotado de coração supersticioso. Maom é destruiu de modo siste mático as imagens, enquanto suas tropas avançavam em suas conquistas, como meio de impor sua form a de fé m onoteísta. 4. Depois os bosques sagrados nos lugares altos tiveram de ser derrubados. Ver no Dicionário o artigo chamado Lugares Altos. 5. Finalmente, todas as im agens de escultura foram obliteradas. Eram ídolos esculpidos na pedra ou em metais, em vez de serem fundidos em moldes, feitos de metal. Imagens de escultura. Há tam bém menção a colunas e postes-ídolos. Al guns desses objetos eram feitos de madeira, outros de pedra, e outros de metais. Cf. Deu. 12.3 e Êxodo 23.24. Ver tam bém Êxo. 34.11-15 e Deu. 12.2,3. Todos os objetos dessa natureza eram destruídos a fogo. Yahweh era honra do mediante tais obliterações-, O term o hebraico usado no segundo versículo deste capítulo, que indica tal destruição, é hrm, a “m aldição” ou ‘banimento", que indicava algo devotado a ser destruído com o holocausto a Yahweh. V er os atos de Davi, em I Crô. 14.12 e também Isa. 37.19. 7.6 Porque tu és povo santo ao Senhor. Este versículo repete essencialmente a mensagem de Deu. 4.6. Israel foi separado com o um povo especial para Deus, dotado de sabedoria superior, por meio da lei. A grandeza espiritual de Israel deriva va-se diretamente de suas ligações leais com Yahweh. Os filhos de Israel nunca tiveram destaque nas artes, nas ciências, na técnica; mas eram possuidores de uma sabedoria espiritual sem sucedâneo. Israel tornou-se o instrumento para o avanço da causa espiritual entre as nações; e essa instrumentalidade teve fruição na vinda do Messias, para quem as Escrituras e instituições de Israel apontavam. O seu povo próprio. Algumas versões dizem aqui “povo especial” . V er Deu. 14.2; 26.18; Sal. 135.4; Mal. 3.17. Cf. Êxo. 19.5, quanto a Israel com o “posses são" de Deus. A tradução em Mal. 3.17 é “jóias", de acordo com algum as tradu ções. Nossa versão portuguesa diz “particular tesouro”. Sim, o povo de Israel representa as “jóias entesouradas” de Yahweh. Ver I Ped. 2.9 quanto ao uso que o Novo Testam ento faz deste versículo: “povo de propriedade exclusiva de Deus” .
GUERRA SANTA
E o Senhor teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirá; não farás com elas aliança, nem terás piedade delas. Derrubareis os seus altares, quebrareis as suas colunas, cortareis os seus postes-ídolos, e queimareis a fogo as suas imagens de escultura.
Deuteronômio 7.2,5
O COMANDANTE SANGUINÁRIO
Não é mau. Que toquem. Que os canhões estrondem E os aviões bombardeiem, Proferindo suas prodigiosas blasfêmias. Não é mau, é chegado o tempo. A maior violência ainda é o comandante para Gerar valores neste mundo. Quem se lembraria o rosto de Helena, Se lhe faltasse o terrível halo de lanças?
Não choreis, deixai-os tocar, A velha violência não é antiga demais Para não gerar novos valores.
Robinson Jeffers
DEUTERONÔMIO 7.7 Não vos teve o Senhor afeição. O autor sacro explica aqui as razões pelas quais Deus escolhera Israel: 1. Não por serem mais numerosos ou mais poderosos do que outros povos; 2. mas por causa do am or de Deus que o Senhor nutria por eles, devido à vontade soberana e à graça de Deus; 3. por causa do juram ento que Yahweh havia jurado a seus antepassados, que tinham sido escolhidos como veícu los de uma nação nova, melhor e separada (vs. 8). 4. por causa do Pacto Abraâmico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18), segundo se vê também no nono versículo deste capítulo; 5. e, finalmente, por causa da obediência às suas leis, por parte dos antepassados, e, conforme Deus esperava, também por aquela geração e as próxi mas, o que os tornaria um povo distinto de outras nações. A graça da eleição m anifestou-se na escolha do povo de israel, segundo aprendemos no capítulo 9 de Romanos. A vontade soberana de Deus achava-se presente, visando a propósitos especiais. Israel haveria de tornar-se um instru mento da vontade divina, tendo em m ira o bem de todos os povos. Isso se daria especialm ente no caso de Jesus, Filho de Davi, filho de Abraão. Todas as nações e povos participariam, desse modo, desse propósito espiritual. E assim, em um sentido muito importante, todas as nações foram escolhidas em Israel, pois “Deus amou o m undo de tal m aneira” (João 3.16). Em conseqüência, a escolha de Deus foi, ao mesmo tempo, sábia e benévola, e isso em um sentido universal. Deus escolheu as coisas fracas (ver I Cor. 1.26-31). O primeiro versículo deste capítulo já tinha enfatizado que as sete nações da terra de Canaã eram mais numerosas e poderosas do que Israel. Mas Deus não estava interessado em números e em poder físico. 7.8 Porque o Senhor vos am ava. Essa é a m aior força que existe à face da Terra, e o am or divino é irresistível. V er sobre esse assunto no Dicionário, como também as notas adicionais em Deu. 6.5, onde aos israelitas foi ordenado que amassem seus semelhantes com o Deus ama. Deus “amou o m undo de tal m anei ra”, mas antes de tudo amou a Israel, para que os hebreus se tornassem o instrumento de Sua graça. O am or expressa-se em sua atitude de doação, e não se altera quando o objeto amado muda. Os propósitos de Deus, em Seu amor, não sofrem variação; de outro modo, o Seu propósito quanto a Israel teria falhado, m uito antes da vinda do Messias. “ Em última análise, esse am or divino é um mistério, visto não ser m otivado por nenhum fator de excelência naquela nação” (Jack S. Deere, in loc.). No que toca ao juram ento de Deus, ver Gên. 26.3; 50.24; Exo. 13.5; Núm. 14.6; Deu. 1.8; 8.18. A m o r divino, m aior que todo amor, Alegria celeste, que à Terra desceu. Fixo em nós com infinito ardor; Que a Tua misericórdia incandesceu.
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aquela motivação interior criada pelo amor, se o senso de dever tiver de mostrarse eficaz. O am or é uma qualidade espiritual, cultivada pelo Espírito Santo (Gál. 5.22). O am or sem pre encabeça as listas de virtudes espirituais do apóstolo Paulo. O am or resulta em crescim ento espiritual, havendo m eios que encorajam e coroam nesse crescimento. V er no Dicionário o artigo cham ado Desenvolvimento Espiritual, M eios do. Aquele que não cultiva o am or continua preso aos seus ódios caprichosos. O ódio, mesmo que seja tolo e caprichoso, pode ser causa de muita confusão e destruição. Mas o am or edifica. Até mil gerações. Em outras palavras, “para sem pre” . V er Êxo. 29.42 e 31.16, quanto à expressão ‘ por vossas gerações". Ver acerca dos estatutos per pétuos nas notas sobre Êxo. 20.6; 29.42; 31.16; Lev. 3.17 e 17.29. 7.10 E dá o pago diretam ente aos que o odeiam . Aqueles que pagam a Deus o bem com o mal, recebem juízo divino, em consonância com o tema desta passa gem, o que resulta em uma devastadora destruição. O ódio destrói “diretam ente”, ou seja, de modo direto e óbvio, de modo que nenhum homem poderia duvidar de que o poder de Deus era a causa da destruição. O ódio é uma poderosa força negativa. Aqueles que mexem com os casos de possessão demoníaca dizem -nos que tal possessão é quase im possível se no coração da vítim a não houver o ódio, o qual cria condições favoráveis para a sua ocorrência. Aquele que odeia torna-se autodestrutivo, porquanto a íonte do ódio é logo a sua primeira vítima. Nesta passagem, o ódio assum e a form a de negligên cia e rejeição voluntária do am or e da obediência, em relação ao am or de Deus e à própria pessoa de Yahweh. Os Targuns explicam que a expressão hebraica traduzida aqui por “diretam ente” significa, entre outras coisas, “dentro daquela mesma geração” . Em outras palavras, o ódio produz uma destruição “im ediata”. Ver no Dicionário os artigos cham ados Ódio e Odium Theologicum, que é aquela variedade de ódio que obtém acesso ao coração do homem supostam ente espiri tual, e que o leva a atos destrutivos dentro da própria Igreja. Esse tipo de ódio é m ascarado para que pareça uma “defesa da fé". 7.11 A repetição fazia parte integrante do estilo literário do autor sagrado, pelo que este versículo repete coisas que já tínhamos visto antes. A tripla designação da lei de Moisés é aqui repetida: mandamentos, estatutos e juízos. Ver as notas a esse respeito em Deu. 6.1, onde há referências a outros lugares onde ocorre essa mesma designa ção. Este versículo nos relembra do fato óbvio, mas vital, de que não bastam o conhecimento e o ensino, pois é mister que a instrução seja posta em prática. Ver Tia. 2.14 ss. quanto a um extenso comentário sobre esse princípio espiritual. 7.12
(Charles Wesley) Resultado Prático do A m or e do Juram ento Divino. Israel, antes escravizado no Egito, foi libertado, um tema repisado por cerca de vinte vezes no Deuteronômio. Ver as notas sobre isso em Deu. 4.20. Outro fato foi a outorga da Terra Prometida a eles. E, finalmente, o fato de que se tornaram uma nação privilegiada acima de todos os demais povos da terra. 7.9 Deus... que guarda a aliança e a misericórdia. Deus havia jurado fidelidade ao Pacto que firmara com Abraão e com todos os país da nação de Israel. Agora esse amor era protestado a Moisés e a Josué. Todavia, o pacto estava condiciona do à obediência e ao am or de Israel a Yahweh (6.5). Essas condições, contudo, tiveram cumprimento porque o próprio Yahweh havia arranjado as circunstâncias e os poderes que permitiram o cumprimento delas, O próprio dom trazia embutido em si os meios que levariam a seu cumprimento. Haveria disciplina e espiritualidade suficientes para que todas as condições fossem satisfeitas. Diz um antigo hino: “Ele me guiou e me seguiu”. É o que também sucede ao crente do Novo Testamento, conforme Pedro esclarece em II Ped. 1.3: “... pelo seu divino poder nos têm sido doadas todas as cousas que conduzem à vida e à piedade...” . Desse modo, a vontade divina e a vontade humana cooperam uma com a outra, Guarda. No hebraico tem os a palavra hesedh, um term o que aponta para as obrigações que fazem parte do pacto. Israel quebrou a lei; eles anularam o pacto em várias oportunidades; mas o propósito divino ficou de pê, e, finalm en te, o M essias coroou o Pacto com a graça, o poder e a universalidade (ver o terceiro capítulo de Gálatas). A obediência está condicionada pelo amor. Quem ama, obedece verdadeira e continuamente. O senso de dever nunca é suficiente para tanto. Deve haver
Neste versículo são repetidas as condições do pacto. Israel precisava corresponder ao am or de Yahweh, com am or (ver Deu. 6.5). Diante do precioso dom da lei, Israel deveria reagir favoravelm ente com sua obediência. Israel preci sava reagir conform e Abraão tinha feito, se quisesse beneficiar-se das prom essas de Deus. Não bastava que alguém fosse descendente físico de Abraão. Era m ister que esse alguém tam bém fosse um descendente espiritual de Abraão. João Batista frisou esse fato em Lucas 3.8. Paulo reitera a questão em Romanos, nos seus capítulos 2 e 11. Até uma pedra podia ser transform ada em um filho físico de Abraão. Mas uma obra fiel é obra eterna do Espírito Santo. Este versículo sum aria a essência dos versículos 12 a 16. A obediência exibe o amor relativo ao pacto, tornando esse pacto uma realidade. Deus não podia abandonar o Seu pacto, firm ado com os pais (vss. 8 e 13 deste capítulo), mas os participantes do pacto deveriam cultivar o seu relacionam ento com Deus m edian te o poder divino. 7.13.14 Bendito serás mais do que todos os povos. Tem os aqui uma múltipla descrição das bênçãos dadas aos obedientes, aqueles que são amados por Yahweh e que O amam (ver Deu. 6.5). Mas as bênçãos prom etidas são todas elas bên çãos espirituais, necessárias para a vida física de Israel, depois de os hebreus terem entrado na Terra Prometida. Assim , tem os aqui prom essas com o a da multiplicação dos filhos de Israel, tornando-se eles um povo numeroso e podero so, pois os filhos eram considerados uma herança dada por Deus (Sal. 127.3-5). Tam bém haveria grande sucesso em todas as atividades agrícolas, para sustento da vida física do povo; coisas boas seriam providas para todos; haveria muito êxito na criação de gado; os anim ais m ultiplicar-se-iam e seriam saudáveis. E não haveria esterilidade entre as mulheres e o gado em Israel. É conspícua, p o r sua ausência, qualquer menção à bênção superior da vida eterna, para além -túmulo. O Pentateuco não expõe nenhum a doutrina da im ortali dade da alma, que foi produto do desenvolvim ento do judaísm o posterior, a come-
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DEUTERONÔMIO
çar no período dos Salm os e dos Profetas. No Pentateuco só há indícios da doutrina da alma em raros mom entos, com o no ensino de que o homem foi criado à imagem de Deus (ver Gên. 1.26,27), ou quando se lê que Deus é o Deus dos espíritos (em Núm. 16.22 — nossa versão portuguesa, porém, oculta isso ao traduzir por “ Deus, Autor e C onservador de toda vida”). Tais indícios, porém, som ente mais tarde vieram a desenvolver-se em doutrinas mais explícitas, e som ente no Novo Testam ento elas atingem um estágio realmente claro. Ver no Dicionário o artigo cham ado Alma, e, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filoso fia, ver o verbete intitulado Imortalidade. 7.15 Afastará de ti toda enferm idade. Uma bênção adicional para os que obede ciam aos preceitos da lei era a isenção de enferm idades físicas, como aquelas que eram com uns no Egito. Ver Deu. 11.8-25 quanto a uma declaração bíblica mais elaborada sobre as muitas bênçãos que uma obediente nação de Israel haveria de desfrutar. “Ele é quem... sara todas as tuas enferm idades” (Sal. 103.3). Os remédios ajudam na cura das doenças do corpo, sendo esse um dos dons de Deus aos homens. Uma injeção de penicilina pode curar quase instantaneamente certos casos de infecção, quando nossas fracas orações produzem pouco ou nenhum resultado. Mas algum as vezes Deus intervém, provendo curas m iraculosas, no nível do espírito ou do corpo físico. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia os artigos intitulados Cura e Curas pela Fé. Deus espera que os homens pesquisem e façam descobertas relativas à cura. Isso faz parte do desenvolvi m ento da humanidade. Toda form a de conhecim ento legítimo tem a sua im portân cia, e o homem deve buscar esse tipo de conhecimento. Se Deus realizasse m ilagres a cada instância, isso furtaria o homem de parte de seu desenvolvimento necessário. É mais im portante que desenvolvam os nossas capacidades e nosso conhecimento do que sermos aliviados instantaneam ente de algum a dor de cabe ça produzida pela sinusite. Mas os infantes espirituais pensam que precisam de m ilagres divinos para resolver qualquer pequena dificuldade. Na m aior parte das vezes, contudo, Deus nos perm ite resolver os nossos próprios problemas, m edi ante nossos esforços pessoais, porquanto desse modo podemos crescer. Um infante espiritual goza de muita excitação emocional, mas é deficiente quanto ao desenvolvimento espiritual. Cum pre-nos adicionar o conhecimento à nossa fé, bem com o cultivar as virtudes (ver II Ped. 1.5). Por outro lado, é lindo ver como, ocasionalm ente, Deus faz intervenção, produzindo curas físicas e restaurando a saúde dos enfermos. Lembro-me de certa cena ocorrida em Manaus, Amazonas, quando alguns m issionários evangélicos puseram -se a orar em voz alta e fervorosa, em favor da cura de uma missionária em cuja cabeça tinham aparecido furúnculos muito dolo rosos. Mas os furúnculos continuaram a crescer. Então os mesm os missionários chamaram outra missionária, que tam bém era enfermeira. Ela aplicou na doente algumas injeções de penicilina, e os furúnculos desapareceram quase imediata mente, ou, como poder-se-ia dizer, miraculosam ente. Foi uma lição que nunca pude esquecer. Deus estava naquelas injeções. Deus acha-se no conhecimento legítimo. O homem precisa crescer, e não m eramente ser entretido por milagres. Curiosamente, uma das enferm idades do Egito eram os furúnculos (ver Êxo. 15.26, quanto a um versículo parecido com este). 7.16 A repetição é uma das características literárias do autor sagrado do Pentateuco. Tem os aqui uma repetição de elem entos que já vimos por várias vezes. Israel deveria “consumir'1 os habitantes cananeus da Terra Prometida, isto é, “destruir totalm ente” (ver o segundo versículo deste capítulo). Tam bém não deveria haver “piedade” para com aquelas antigas populações, ninguém deveria ser poupado, e os israelitas foram proibidos de entrar em acordos com elas (vss. 2-4). Antes, Israel deveria destruir todos os vestígios de idolatria (vs. 5), para que nada disso viesse a tornar-se “arm adilhas” para eles. Cf. Êxo. 34.12-14. E o resultado dessas medidas seria uma bênção plena para Israel (vss. 13-15). 7.17 Se disseres no teu coração. As em oções e as intenções da alma poderiam florescer sob a form a de covardia. Eles poderiam temer, tal como fizera a geração anterior de hebreus, que as mulheres e as crianças viessem a tornar-se presas dos gigantes (ver Núm. 14.3). Como poderei desapossá-las? O tem or poderia fazer o povo estacar de novo nas fronteiras da Terra Prometida, conforme a geração anterior tinha feito, quarenta anos antes. Disso resultaria outro lamentável recuo. O primeiro desses incidentes é relatado em Núm. 13,33 e 14.1 ss. Os filhos de Israel agora tinham de concentrar sua atenção no poder de Yahweh, em vez de olharem para suas próprias debilidades. Havia sete nações na terra de Canaã, que eram mais numerosas e mais fortes do que eles, esperando por uma aventura m ilitar (ver Deu. 7.1).
7.18,19 Lembrar-te-ás do que o Senhor teu Deus fez. Na época, o Egito era a maior potência militar do mundo. E, no entanto, o Senhor derrotara os egípcios. Os habi tantes da terra de Canaã, embora form assem sete nações, não constituíam um obstáculo maior do que o Egito, diante do poder de Yahweh. Ver Núm. 23.22 sobre como o poder de Deus arrancara o povo de Israel da servidão, no Egito. Esse é um tema bastante reiterado neste livro. Ver Deu. 4.20 e suas notas expositivas. No Egito, Israel encontrava-se cativo e não dispunha de exército organizado. Desde então suas defesas m ilitares se tinham aprim orado im ensam ente. Eles já tinham obtido diversos triunfos militares na Transjordânia. De fato, as tribos de Rúben e Gade, e a meia tribo de M anassés, já possuíam aquela parte oriental do rio Jordão que seria parte integrante da herança territorial de Israel. Ver o capítulo 32 de Números quanto a essa questão. Se a parte oriental havia sido conquistada pelos hebreus, sem dúvida outro tanto sucederia com a parte ocidental (ver Deu. 6.22 e suas notas expositivas). A poderosa m ão de Deus m overa-se em favor dos filhos de Israel (ver Deu. 6.21), o braço estendido de Yahweh (ver Êxo. 6.6; Deu. 4.34 e 5.15), que tinha feito intervenção e dado a vitória a Israel. Os mesmos poderes divinos haviam atuado no passado eram agora postos à disposição dos israelitas, garantindo-lhes a vitória em todas as suas investidas. Yahweh não tinha alterado os Seus propósitos nem o Seu poder havia dim inuído. 7.20 Vespões. Talvez devam os entender isto m etaforicam ente. O fato é que os inimigos de Israel temeriam se ouvissem falar no avanço dos israelitas, e ficariam perturbados. O inseto aqui em pauta é um inseto parecido com a vespa, mas com o dobro do tamanho, muito agressivo e venenoso. V er Êxo. 23.28 e Jos. 24.12. Os intérpretes judeus sugerem aqui toda espécie de idéia: vespas literais, temor, confusão mental diante dos adversários, enfermidades várias ou desastres natu rais. Quanto ao fe m o rq u e os adversários teriam de Israel, ver Êxo. 15.15; Núm. 22.3; Jos. 2.9-11; 5.1 e 9.24. O inimigo fugiria em debandada, e os que ficassem para trás tentariam esconder-se dos soldados israelitas. 7.21 Não te espantes diante deles. Pelo contrário, o inimigo é que temeria e fugiria em confusão. Assim sendo, seria im próprio aos vencedores ficar com medo. Yahweh, o Eterno, que também é Elohim, o Todo-poderoso, mostrar-se-ia “grande e tem ível” para os adversários de Israel, um poder grande e destruidor. Ele “com bateria” por eles, conform e a prom essa de Deu. 1.30. O resultado da batalha estava garantido de antemão, porque Deus tinha tom ado todas as providências necessárias. Tudo quanto Israel precisava fazer era avançar, confiando nas pro messas do Senhor, efetuando o esforço que se fizesse m ister para estar no lugar certo, no tempo certo. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! 7.22 Deus lançará fora estas nações. Os israelitas conquistariam os povos cananeus pouco a pouco, entrando na posse da Terra Prometida apenas gradual mente. Eles avançariam, conquistariam e se apossariam, repetindo o mesmo processo. O trecho de Juizes 2.20-23 lamenta uma conquista feita apenas parcial mente, atribuindo-a à desobediência dos hebreus. Som ente nos dias de Davi completou-se a conquista, e mesmo assim ainda ficaram faltando alguns territóri os que tinham sido prom etidos a Abraão. Até hoje, Israel nunca entrou na posse total das terras que Deus lhes deu, até o rio do Egito (o rio Nilo), nem mesmo até o ribeiro do Egito, mais ao norte. Ver Gên. 15.18 e Núm. 34.5. Cf. Êxo, 23.29,30. O texto diz que a conquista não se processaria no espaço de um ano. Em ambos os textos, é mencionado o problem a dos anim ais ferozes. Uma terra desolada, espaçosa demais para um número relativam ente pequeno de habitantes, serviria somente para encorajar a multiplicação de feras; e isso criaria uma espécie dife rente de ameaça ao bem-estar dos filhos de Israel. O Targum de Jonathan fala sobre como as feras vinham devorar as carcaças dos adversários de Israel, o que deve ter servido para atiçar a selvageria dessas feras. Alguns estudiosos calcu lam que a conquista da Terra Prometida se tenha prolongado por sete anos. Os críticos, por sua vez, supõem que tenha havido várias ondas de invasão, durante um considerável período de tempo, idéia essa que serve som ente para reduzir o conteúdo miraculoso da conquista. Seja com o for, a expulsão dos adversários de Israel dependia do decreto divino. Cada nação perderia seu respectivo território quando o tempo estivesse maduro, e não antes. 7.23,24 Os seus reis. “ Esses reis eram numerosos, pois, embora houvesse apenas sete nações cananéias, havia muitos reis, ou seja, nada m enos de trinta e um, segundo se vê em Jos. 12.9-24” (John Gill, in loc.). A liderança dos povos cananeus seria aniquilada, e isso facilitaria imensam ente a conquista.
DEUTERONÔMIO Até que os destruas. Um aniquilam ento com pleto dos inimigos de Israel era a ordem do dia. Estava em curso uma guerra santa, determinada por Yahweh. Ver as razões para isso nas notas sobre Deu. 7.2, onde são apresentados sete m oti vos. A conquista seria gradual, mas com resultados devastadores. O capítulo 12 do livro de Josué fornece-nos uma ilustração do m odus operandi da conquista. Ver Jos. 1.5, quanto a um versículo essencial igual a este. Tudo quanto fora predito teve cabal cumprimento. 7.25 As im agens de escultura. A idolatria p recisava ser obliterada, conform e vem os com m aiores detalhes em Deu. 7.5, cujas notas e xpositivas devem ser consultadas. V isto que Israel usualm ente se apossasse das coisas (em bora todas as pessoas fossem m ortas, ver Núm. 31.50 ss.), alguns estudiosos crêem que o ouro e a prata aqui m encionados fossem os m etais usados para a dornar os ídolos, ou m esm o o m aterial de que esses ídolos tinham sido fabricados, o que vedava tais m etais para uso de Israel. Mas há aqueles que pensam estar em pauta o pecado de cobiça de A cã (ver o capítulo 7 do livro de Josué). V er no D icio n á rio o verbete cham ado Ganância. Q uanto aos m e tais relacionados à fe itu ra de ídolos, ver Eze. 16.16-18 e Jer. 10.9. Por isso m esm o, John G ill (in loc.) com entou: “ (E stavam banidos) não som ente os ídolos propriam ente ditos, que tinham tom ado o lugar de Deus, e que, p o rta n to, dim inuíam Sua honra e glória, m as tam bém o ouro e a prata de que eram form ados, que haviam sido consagrados a um uso idólatra e supersticioso. Até m esm o a apropriação desse m etal, para uso de algum hom em , seria uma abom inação” .
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mas eram subprodutos da obediência. As experiências no deserto tinham por desígnio produzir tanto a obediência quanto a fé, no povo de Israel. Aos hebreus foi recom endado que tivessem cuidado e seguissem todo mandato emanado de Deus” (Jack S. Deere, in loc.). Todos os m andam entos. Ou seja, a legislação m osaica inteira, com seus mandamentos, estatutos e juízos. Ver a tríplice designação dada à lei, em Deu. 6.1. Esperava-se que a lei transm itisse vida e bem-estar. Ver as notas sobre isso em Deu 4.1; 5.33 e 6.2. Os m andam entos “foram repetidos por muitas e muitas vezes, a fim de im pressionar a m ente dos filhos de Israel, com o tam bém destacar sua importância e necessidade" (John Gill, in loc.). São reiteradas aqui as questões relativas à vida, à multiplicação e à posses são do território. Ver sobre isso nas notas em Deu.7.13, mais elaborada em suas descrições, embora a essência seja idêntica à que tem os aqui. Que o Senhor prom eteu. Quanto ao juram ento divino, garantindo para Isra el a possessão da Terra Prometida, ver tam bém Deu. 7.13 e suas notas. A provisão de uma terra pátria era uma das m aiores provisões do Pacto Abraâmico. As notas a respeito aparecem em Gên. 15.18. Sob juram ento. Esse juram ento tinha garantido o eventual cum prim ento da prom essa acerca da Terra Prometida. Ver sobre essa questão do juram ento divi no nas notas de Deu. 4.26. Há cerca de vinte instâncias desse juram ento divino, somente no livro de Deuteronôm io. Ver no Dicionário o verbete intitulado Jura mentos. Ver o sumário das recom endações feitas por Moisés em Deu. 10.12-22 e 11.22. O encargo propriam ente dito é com entado em Deu. 6.4-19. Esse encargo foi dado, em sua essência, mediante a lei.
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8.2 Não meterás, pois, cousa abominável em tua casa. Qualquer forma e vestí gio de idolatria era uma coisa maldita. Qualquer metal ou outro adorno relacionado à idolatria era uma abominação. Por essa razão, nenhum israelita podia tomar dessas coisas para sua posse, com o se fizesse parte de seus despojos. O termo “abomina ção" é usado com freqüência na Bíblia como sinônimo de idolatria. O Targum de Jonathan também interpreta esse adjetivo, “abominável”, como menção a algum ídolo. Essas coisas tinham sido amaldiçoadas por Yahweh, e o indivíduo que ousas se introduzir um ídolo em sua residência sofreria a mesma maldição. De todo a detestarás. Isso por tratar-se de um agente poluidor, que merecia apenas a m aior aversão. Na qualidade de coisa maldita, um ídolo só podia ser devotado à destruição, e o indivíduo que trouxesse tal objeto para sua casa só m ereceria com partilhar dessa destruição. Cf. Deu. 7.5. Ver também Deu. 6.14,15. Yahweh é um Deus zeloso que não admite nenhum a espécie de competição. Todo rival constitui um abuso espiritual. O temível herem, a maldição divina, pesava sobre qualquer forma de idolatria. Todo objeto dessa natureza tinha de ser destruído. Todos os objetos assim tornavam -se um holocausto oferecido a Yahweh. Cf. Jos. 6.21. Ver também Apo. 21.8.
C apítulo O ito Advertências e Exortações (8.1— 11.32) M oisés ilu stro u o seu se g u n d o d iscu rso com lições e xtra íd a s do p a ss a do (D eu. 8 .1 -1 0 .1 1 ). D eus cu id a ra de S eu po vo d u ra n te as rig o ro s a s vagueações pelo d e se rto (8.1-10), e esses cu id ad o s p ro sse gu iriam , agora que eles de novo e n fre n ta va m um g rande co n flito . Em m eio ao sucesso, co n vinha que eles e vita sse m o o rg u lh o que leva à a u to g lo rifica çã o , pois todo po d er vem da parte de Y ahw eh (8.11-20). A lid e ra n ça dada por Yahw eh é que g a ra n tia todo o sucesso, e não os e sfo rço s hum a n o s (9.1-6). Israel sem pre m ostrara ser um povo rebelde, e pre cisa va fu g ir dessa atitu d e de rebeldia (9.7-23). Toda re beldia, p orém , sem pre tive ra seu m erecido c a s ti go, pelo que toda re b e ld ia d e via ser e vita da , a q u a lq u e r custo (9.24-29). M oisés tom ou to d as as p ro vid ê ncia s para que os filh o s de Israel não fossem ig norantes quanto a tu d o isso. A h istó ria era um a g rande m estra. M oisés apelou para a m em ória deles. “Moisés avisou o povo que o sucesso que obteriam na terra de Canaã have ria de tentá-los a esquecer-se da lição do deserto, e que deveriam depender totalmente da misericórdia divina” (O xford Annotated S/b/e, com entando sobre este versículo). 8.1 “Este versículo introdutório lembrou os israelitas, uma vez mais, que os dons da vida e da fertilidade não tinham sido dados autom aticam ente aos que criam,
Recordar-te-ás. As lições dos quarenta anos de peram bulações não podiam ser lançadas no olvido. Aqueles tinham sido anos rigorosos, que por muitas vezes im puseram necessidades e tensões; mas muitas lições preciosas haviam sido aprendidas pelos hebreus. Tinham sido tem pos de provação, para ver se Israel obedeceria ou não a Yahweh. Houve m om entos em que os israelitas foram hum i lhados, mas para o seu próprio bem. Cf. Deu. 1.34-39; 2.7,14; 5.3; 11.2-7 e II Crô. 32.31. “A natureza transitória de todas as resoluções e im pressões m eramente hu m anas acerca do bem demonstra ao homem, quando este chega a reconhecer a si mesmo, qual é o poder e a paciência de seu Redentor, bem com o qual o custo m oral da redenção. A transitoriedade e a debilidade humana são notavelmente ilustradas pela história relatada no Êxodo” (Ellicott, in loc.). 8.3 Ele te hum ilhou. O maná (ver a respeito no Dicionário) pode ter parecido delicioso para os hebreus, no começo; mas, visto que era seu alimento constante e principal, não demorou a tornar-se enjoativo. O fato de que eles tiveram de continuar com endo um alimento enjoativo foi uma experiência humilhante. A hu mildade é uma qualidade espiritual que dificilm ente se vê, e é muito difícil instilá-la nos seres humanos. V er no Dicionário o artigo cham ado Humildade. A lição espiritual ensinada pelo maná era que o homem não pode achar satisfação nas coisas terrenas, incluindo-se nisso os alimentos, pois ele também precisa viver pela Palavra de Deus, ou seja, alim entar-se espiritualm ente. Como é óbvio, o autor sagrado referiu-se aqui à lei inteira, com seus m andam entos, esta tutos e juízos (ver as notas sobre isso em Deu. 6.1). O alimento material é um dom de Deus, representando todas as demais bênçãos materiais, concedidas todas elas pela providência divina. Mas essas bênçãos materiais não bastam para a vida humana. É m ister alim entar tam bém o homem em sua dim ensão espiritual; pois de outra sorte ficará verdadeiram ente faminto. “O interesse especial despertado por essas palavras deriva-se do uso que nosso Senhor fez delas, na hora da tentação. Ele também foi conduzido a jejuar por quarenta dias (um dia para cada ano das vagueações dos filhos de Israel pelo deserto), em que Ele se alimentou da Palavra de Deus. No fim daquele período, o diabo propôs que Ele criasse o Seu próprio pão. Mas Jesus já havia aprendido a lição que Israel demorou tanto a aprender. Assim, m esm o quando Deus Pai permitiu que Jesus padecesse fome, ainda assim, o Senhor recusou-se a viver por Sua própria palavra, mas preferiu a Palavra do Pai. ‘E então vieram anjos, que O serviam ’” (Ellicott, in loc.). Ver o relato em Mateus 4.1 ss., e a referência específica feita aqui por Moisés, ao trecho de Deuteronôm io 8.3, no versículo seguinte a este. Que tu não conheceste. Em outras palavras, o povo de Israel nunca enten deu realmente no que consistia o maná, razão por que o chamou de “maná”, que é a transliteração para a pergunta, feita em hebraico, para “que é isto?” Ver Êxo. 16.15 e também Núm. 11.7,8.
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“O homem espiritual vive a sua vida espiritual dependendo de Cristo, a Pala vra de Deus, o pão do céu, e dependendo do evangelho e suas verdades” (John Gill, in loc.). 8.4 Nunca envelheceu a tua veste... nestes quarenta anos. A provisão miraculosa incluiu o corpo físico e as vestes. Israel foi posto sob circunstâncias e provações especiais, mas a providência divina m ostrou estar à altura da crise. Ver no Dicionário o artigo intitulado Providência de Deus. “As dificuldades enfrentadas no deserto não foram um exemplo da ira de Deus, mas de Sua disciplina providencial” (G. Ernest W right, in loc.). A intenção do autor sacro foi falar sobre os eventos miraculosos, que incluí ram coisas surpreendentes com o os pés que não incharam, apesar de que isso seria apenas o normal, pois andavam sobre um terreno quente e seco; por igual modo, as vestes dos filhos de Israel deveriam ter apodrecido, mas assim não sucedeu. Todavia, alguns intérpretes nada m ais vêem aqui senão calçados e vestes muito bem-feitos, e de excelente m aterial, que agüentaram todo o desgas te de quarenta anos de peram bulações pelo deserto! Essa habilidade dos fabri cantes garantiu que não houvesse roupas e sapatos rotos, nem pés inchados entre os israelitas no deserto! Não há que duvidar de que não foi esse o intuito do autor sagrado. É que os críticos buscam elim inar da Bíblia todo vestígio de fator miraculoso, e pensam que qualquer menção a esse fator é apenas mito. Por outro lado, os milagres podem fazer coisas deveras surpreendentes. Ver no Dicionário o artigo chamado Milagres. Tipologia. Nossas vestes são sím bolos de nossa retidão, nossas vestes espi rituais que ganham os por meio da m issão redentora de Cristo. Os pés represen tam o cum prim ento de nossa m issão espiritual. Logo, Deus cuida de nossas necessidades materiais e espirituais. A providência divina é perfeita. 8.5 Assim te disciplina o Senhor. O sofrim ento é aqui interpretado não como a retribuição da ira de Deus, mas com o um meio de disciplina e correção de nosso Pai, visando ao bem dos crentes sofredores, porquanto som os Seus filhos. Cf. Osé. 11; Heb. 12.3-11. O sofrim ento humilha os orgulhosos, para que possam obter virtudes espirituais. Os próprios juízos de Deus, acerca dos perdidos, são remediais. V er no Dicionário o artigo cham ado Julgam ento de Deus dos Homens Perdidos, quanto a com entários sobre esse conceito, com o tam bém I Ped. 4.6 e suas notas expositivas no Novo Testam ento Interpretado. O julgam ento é apenas um dedo da mão amorosa de Deus. Esse juízo visa ao bem dos castigados, e não m eramente efetuar retribuição. “As narrativas sobre as durezas sofridas no deserto visavam a m ostrar que Deus usa a adversidade com o uma disciplina. Assim com o um pai resiste ao filho que envereda por cam inhos que o pai sabe serem perigosos, assim Deus resiste ao desvio espiritual" (Henry H. Shires, in loc.). Ver tam bém Pro. 13.24.
8.6 Conforme nos ensina Paulo em Romanos 2.4, a bondade de Deus nos con duz ao arrependimento. Quão grande devedor sou à graça, Diariamente constrangido a tanto! Que Tua bondade, com o algemas, Prenda m eu coração vagabundo, a Ti!
8.7 te faz entrar numa boa terra. A Terra Prometida é descrita com o terra que manava leite e m el (ver Êxo. 3.8 e Núm. 13.27). Neste ponto, há menção ao abundante suprimento de água. Embora boa parte do território fosse desértico, havia água adequada para todos. A Transjordânia era especialm ente privilegiada quanto a isso. A água é indispensável para a vida, pelo que a água representa a própria vida. Ver no D icionário o artigo intitulado Água, o qual descreve o supri mento de água da Palestina, além de m ostrar os usos metafóricos desse vocábu lo na Bíblia. De ribeiros de águas, de fontes, de mananciais profundos. Assim suce dia no caso do rio Jordão e seus tributários, com o o Jaboque, o Quisom, o Dedronk Chrith e outros; ou no caso de fontes, com o Siloé, Geom, Tam, os banhos de Tiberíades e outros. E isso sem falar em poços e m ananciais. Meu artigo cham ado Água ilustra essa questão. Quando os israelitas entraram na Terra Prometida, havia cerca de quatro milhões deles. Um bom suprimento de água era crítico para a sustentação deles em vida, como também para seus anim ais e para sua agricultura. Ver Núm. 1.46 e suas notas quanto a estim ativas populacionais, com base nos mais de seiscentos mil homens, de vinte anos para cima, preparados para entrar na guerra, se neces sário fosse.
8.8 Este e os dois versículos seguintes mostram que a Terra Prometida era conducente a uma boa atividade agrícola, podendo produzir vários tipos de cere ais, de frutas e de outros alim entos necessários. “Ali havia duas colheitas anuais, a da cevada, que com eçava no tempo da Páscoa, e a do trigo, que com eçava no período da festa de Pentecoste. Exemplos dessa abundância podem ser observa dos nas vastas quantidades consum idas nos dias de Salomão, em sua corte, bem como na distribuição anual que ele m andava para Hirão, no Líbano (ver I Reis 4.22,28; 5.11; II Crô. 2.10). Sim, a Terra Prom etida produzia uma tão grande quantidade de trigo que não som ente seus habitantes eram bem supridos, mas também havia exportação para outros países, que os negociantes de Israel e de Judá com erciavam no mercado de Tiro (ver Eze. 27.17 e Atos 12.20)” (John Gill, in loc.). Esse m esm o autor b atista apre se n ta um a extensa nota com citações de antigos e scritores judeus, que ilustram a abund â n cia de frutas, e não som ente de cereais. V er Núm. 13.23 quanto às uvas. Israel enviava azeite ao Egito (E cha R abbati, foi. 59.3). E tam bém exportava m el natural e m el m an u fa tu ra do (Plínio, H ist. Nat. 1.23 cap. 4). Josefo descreveu a grande produção obtida de certa variedade de palm eiras ( G uerras dos Judeus, 1.4 cap. 8, sec. 2). Adam C larke [in loc.) devotou quase duas páginas (de colunas duplas) so m ente a este versículo, ilustrando a vera cid a d e da abundância atrib u íd a à Terra Prom etida. P or Que Havia Tanta A bundância? Porque Yahweh abençoara o povo de Israel com uma terra farta, visto que tinha prom etido isso a Abraão. V er sobre o Pacto A braâm ico em Gên. 15.18 e suas notas. Mas a condição para o usufruto de toda essa abundância era a obediência (vss. 6 e 11 deste capítulo). Um Israel desobediente perdeu toda essa fartura quando de seus cativeiros. V er no Dicioná rio o artigo chamado Cativeiro (Cativeiros). “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o m undo e os que nele habitam” (Salmo 24.1). 8.9
(Robert Robinson) Houve muitos m ilagres positivos no meio do povo de Israel, que serviram de provas do am or de Deus. Pois essa disciplina e essas dificuldades redundavam no bem dos hebreus. A conclusão lógica é: Portanto, guardai os m andam entos do bondoso Deus, que tudo faz com vistas ao nosso benefício. Para andares nos seus cam inhos. U m a m etáfora natural acerca da conduta diária. O ato de an d ar é um a série de quedas para a frente in te r rom pidas. P or m uitas vezes erram os; m as Deus nos corrige em Sua m iseri córdia. V er no D icionário o d e talhado artigo in titulado A ndar, onde essa m etá fora é desenvolvida. E o temeres. No Novo Testamento temos a idéia paralela da “reverência" a Deus. Mas no Antigo Testamento devemos pensar mesmo no temor genuíno diante do Deus Todo-poderoso, que algumas vezes agia com ira, a fim de corrigir o Seu povo antigo. Cf. Êxo. 18.21; Lev. 19.14; Deu. 4.10 e 6.2,13,24. “... o temor de ofendê-Lo, em afeto reverente a Ele, conforme os filhos devem a seu pai” (John Gill, in loc.).
Ferro... cobre... Tem os aí menção aos m inerais. Em sua terra, nada faltaria a Israel. O suprimento alim entar era abundante, e outro tanto se dava no caso dos minerais. Quanto a ilustrações, ver no Dicionário estes três verbetes: Mina, M ine ração; M inas e M inas do R ei Salomão. “O m inério que contém esses dois metais acha-se na rocha abaixo da profun da cam ada de pedra calcária. Essa pedra calcária aparece na Arabá, ao sul do Mar Morto, onde têm sido descobertas antigas m inas e fundições de cobre” (G. Ernest W right, in loc., que alude ao livro de Nelson Glueck, The O ther Side of Jordan). Ver no Dicionário os verbetes intitulados Ferro e Cobre, onde há com ple tas explicações.
8.10 Louvarás ao S en h o r teu D eus. Isso em fa ce do su p rim e n to a lim e n ta r e m ineral a b u nd a n te , em re co n h e cim e n to à bon da d e de Y ahw eh. Deus é aqui re co n h e cid o com o a fo n te de to d os os d o n s bons e p e rfe ito s (ver Tia. 1.17). Diz um antigo hino: “ G otas de m ise ricó rd ia p ingam à nossa volta, m as pedim os ch u vas fo rte s ” . Q ue a F onte o rig in á ria de to d a a b ê n çã o seja lo u vada.
DEUTERONÔMIO Deus pode fazer-nos abundar em toda graça a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra. (II Coríntios 9.8) “Foi proibido a todo homem desfrutar de qualquer das benesses deste mundo sem m anifestar ação de graças; todo aquele que deixa de fazer assim é um transgressor" (Talmude, Berachoth, par. 35a). Os agradecim entos às refeições, na sociedade judaica, estribam-se neste versículo. Daí, o costum e passou para a Igreja cristã.
8.11 G uarda-te não te esqueças. A bondade de Deus nos conduz ao a rre pendim ento (ver Rom. 2.4). Seu suprim ento abundante im peie-nos a cum prir toda boa obra. A abundância m aterial com fre q ü ê ncia leva os hom ens a e s quecer Deus e a d e pender de si m esm os, um dos grandes tem as da epístola de Tiago, em seu quinto capítulo. Jesus tom ou o tem a dos perigos possíveis das riquezas, e chegou m esm o a ave n ta r a grande d ificuldade de um homem rico en tra r no reino de Deus (ver Mat. 19.24). Isso posto, se a abundância m ate ria l visa criar no coração hum ano um a atitude de agradecim ento, im p e lin do-o ao serviço e spiritual, os abusos do hom em por m uitas vezes derrotam esse bom propósito. As riquezas materiais, no dizer do autor sacro, não cabem aos homens por direito automático. Antes, são presentes de Deus. Aqueles que abusam delas arriscam -se a enfrentar problem as lam entáveis. O dinheiro pode ser uma força que tende para a destruição, se não for devidam ente buscado e usado. Na mente do autor sacro, o perigo representado pelo abuso quanto às bên çãos materiais é algo m uito sério. Ele prossegue nesse tom até o fim do versículo 18 deste capítulo. 8.12,13 Depois de teres com ido e estiveres farto. Isso pode apontar para um coração vazio no que tange às riquezas espirituais. “Boas casas" poderiam fazer os israelitas esquecer-se das tendas nas quais tinham morado no deserto, como se eles mesm os tivessem produzido essa m udança. Se assim sucedesse, acaba riam esquecendo-se de Deus. E poderiam esquecer que o corpo físico, a “casa" da alma, pode desintegrar-se com grande facilidade, por ocasião da morte; e assim teriam de aprender a dura lição de que tudo quanto é material reveste-se de mui pouco valor. As riquezas materiais m ultiplicar-se-iam ; seus rebanhos m ultiplicar-se-iam; amealhariam ouro e prata; tornar-se-iam ricos e diriam: “ Não preciso de cousa alguma” (Apo. 3.17). Mas não reconheceriam que eram “pobres, miseráveis, dig nos de comiseração, cegos e nus” , em um sentido espiritual. Ver no Dicionário o verbete intitulado Riquezas. “A tendência das possessões m ateriais é inculcar uma atitude materialista. De form a insidiosa, o dinheiro acaba parecendo ser o fator mais poderoso para quem queira obter as coisas boas da vida. O indivíduo pode aprender a depender das riquezas materiais, e não de Deus, quanto à sua segurança, contentamento, poder e paz. A filosofia daí resultante reverte de m odo drástico os tais valores que estão no coração do universo" (Henry H. Shires, in lo c ). o perigo da prosperidade” {O xford Annotated Bible, com entando sobre o versículo 11 deste capitulo). 8.14 Se eleve o teu coração e te esqueças do Senhor. Orgulho e esqueci m ento de Deus. Os tem pos difíceis seriam coisa do passado; a prosperidade tornara-se a regra da vida. Mas o coração se corrom pera: o homem ficara orgulhoso, alienado de Deus, pensando som ente em si m esm o. Essa descrição nos faz lem brar daquilo que Paulo disse sobre os incrédulos (ver Rom. 1.21). De fato, os hebreus, que desenvolviam atitudes tipicam ente pagãs, ao torna rem -se auto-suficientes, não eram m elhores que os pagãos; e isso com m eno res desculpas possíveis, visto que tinham testem unhado as poderosas obras de Deus no Egito e no deserto, bem com o as abundantes provisões divinas na Terra Prometida. Em lugar de dizerem : “Isto procede do Senhor, e é m aravilho so aos nossos olhos” (Sal. 118.23), eles preferiam dizer: “Vejam o que eu m esm o fiz. Não é m aravilhoso?” . Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, m as em Deus que tudo nos proporciona ricam ente para ncsso aprazimento. (I Tim óteo 6.17)
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O poder de Yahweh havia tirado Israel do Egito, conform e se lê e foi com en tado em Números 23.22. Esse é um tema comum do livro de Deuteronômio, mencionado por cerca de vinte vezes. Ver as notas sobre Deu. 4.20. 8.15 Aquele grande e terrível deserto. Os rigores das vagueações pelo deserto poderiam ser esquecidos se os hebreus se sentassem confortavelm ente em suas casas, desfrutando suas riquezas e seus acepipes. No entanto, Yahweh é quem lhes havia dado tanto sucesso, por todas as peram bulações pelo deserto, e então lhes dera uma terra tão rica e abundante. No deserto havia perigos de serpentes e escorpiões; e tam bém de falta de alim entos e de água. Mas, devido à provisão divina, tudo isso tinha sido vencido. Porém seria fácil que os hebreus, uma vez instalados e abastados na Terra Prometida, viessem a esquecer-se do passado, supondo tolam ente que eles é que tivessem produzido aquela grande melhoria. Somente neste versículo tem os menção a escorpiões, em todo o Antigo Testam ento. Mas podemos estar certos de que no deserto havia grande quantida de deles. A dor provocada por uma picada de escorpião às vezes é tão excruciante que som ente a injeção de anestésico diretam ente em cim a de punctura pode fazer passar essa dor. E algum as espécies de escorpião podem m atar uma pes soa, sobretudo no caso de crianças. Ver no Dicionário o verbete intitulado Serpen tes (Serpentes Venenosas e Serpentes Abrasadoras). 8.16 Este versículo é essencialmente igual ao terceiro versículo deste capítulo, cujas notas também têm aplicação aqui. Essa misteriosa substância, o maná (ver a res peito no Dicionário), tornava-se saborosa no começo, mas com o tempo tornou-se enjoativa, e os israelitas queixaram-se disso. O maná foi dado a fim de humilhá-los; e, no entanto, era altamente alimentício. A humilhação, pois, visava a abençoar a Israel; pois todo indivíduo humilhado no tempo certo será exaltado pela poderosa mão de Deus, conforme nos diz Pedro (em I Pedro 5.6). Ninguém pode servir, ao mesmo tempo, a Deus e às riquezas (ver Luc. 16.13). Os pobres são bem-aventura dos (ver Luc. 6.20); mas os ricos encontram dificuldades para entrar no Reino de Deus (ver Luc. 18.25). Há muitos instrumentos de humilhação, usados por Deus. E o maná tipifica esses instrumentos. Ver no Dicionário o artigo intituíado Humildade. A história do maná é relatada no capítulo 16 do livro de Êxodo. 8.17,18 Os orgulhosos costum am pensar: “ Meu poder e capacidade é que me deram todas as coisas que tenho” . Tais idéias procedem de um coração que já foi corrom pido pela abastança material. Um homem assim não leva em conta a história de Israel e suas leis (vss. 11 ss.). No caso de um antigo hebreu orgulho so, ele estava em Israel, mas o paganism o havia entrado nele. Ele vivia em vícios, e os vícios viviam nele. Ele fizera de si mesmo um pequeno deus, e se esquecera do Deus de Israel. No entanto, é a bênção divina que nos enriquece. V er Sal. 127.2; Pro. 10.22; Ecl. 9.11; I Crô. 29.12. Yahweh se tinha m ostrado generoso com Abraão, mas foi-lhe negada a Terra Prometida, embora esta fizesse parte do pacto estabelecido por Deus com ele. No entanto, eia foi entregue (com toda a sua abundância) aos descendentes de Abraão (ver os vss. 7-9 deste capítulo). Agora, o perigo que os am eaçava era que eles abusassem da graça divina, proferindo o absurdo de que eles tinham con quistado tudo aquilo com suas próprias forças e virtudes. O fato era que a Terra Prometida, que eles tinham recebido, era uma das provisões do Pacto Abraâmico, e não algo que eles m erecessem pessoalmente. Yahweh estava por trás das bênçãos do pacto, e Ele é quem m erecia ser exaltado, e não os beneficiários do pacto. “ ... a lição ensinada no deserto: todos os aspectos da vida são dons de Deus, e coisa algum a é possível ao homem à parte Dele (vs. 18)" (Jack S. Deere, in loc.). 8.19 Se te esqueceres do Senhor. A idolatria seria outro subproduto da vida abastada; e isso só produziria desastre. Neste livro de Deuteronôm io são cons tantes as advertências a respeito da idolatria (ver a esse respeito no Dicionário). Ver, por exemplo, Deu. 4.28; 5.7; 6.14; 7.4,16,25; 11.16; 17.3 etc. Ver também Êxo. 20.3.4, quanto ao segundo mandamento, o qual proibia qualquer form a de idolatria. A idolatria traria, como conseqüência, a perda da Terra Prometida. Quando dos seus cativeiros, Israel perdeu a Terra Prometida. Ver no Dicionário os verbe tes intitulados Cativeiro (Cativeiros) e D ez Mandamentos. 8.20 Assim perecereis. A destruição da nação de Israel seria o resultado da idolatria. Esta, por sua vez, procederia de um coração orgulhoso, esquecido de
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Deus e de todas as bênçãos divinas, incluindo a bênção da possessão da Terra Prometida. As nações expulsas de Canaã, pelos hebreus, foram expulsas em razão de sua idolatria e iniqüidade em geral (ver Gên. 15.16). Ver Deu. 7.2 quanto aos diversos motivos pelos quais os cananeus foram aniquilados. Mas um povo de Israel desobediente e rebelde sofreria idêntico castigo, nos seus cativeiros. Ver no Dicionário os verbetes cham ados Cativeiro A ssírio e Cativeiro Babilónico. “ Uma advertência insistente, solene e assustadora. Ninguém pode esque cer-se de Deus e perm anecer na neutralidade. Esquecer-se de Deus significa que tal indivíduo com eça a adorar a deuses falsos. Se a nação de Israel che gasse a com eter tal pecado, então teria havido contravenção do significado inteiro de sua existência e eleição, e não poderia haver m aiores razões para ela esperar a vida do que outros povos que tinham sido destruídos antes dela” (G. Ernest W right, in loc.).
C apítulo Nove A seção geral iniciada em Deu. 8.1 e as notas dadas ali aplicam -se também aqui. Os versículos à nossa frente dão continuação às advertências e às exorta ções. O trecho de Deu. 9.1-6 salienta a im portante lição de que Israel fora aben çoado pela m isericórdia e pela graça divina, e também pela relação do pacto entre Yahweh e essa nação, e não em razão da justiça própria ou do poder do povo de Israel. Prossegue o conceito de guerra santa. Cf. Deu. 1.19-33; 3.18-22; 7.1-26; 20.1-20; 21.10-14; 23.9-14; 24.5; 26.17-19; 31.3-8. Parte dessa ideologia é que Yahweh era o Deus da história e da retidão, e parte de Seus direitos consistia em estabelecer e rem over nações, m ediante os m eios necessários da destrui ção e da bênção. O ensino do A ntigo Testam ento é que a destruição do mal, por parte de Deus, não com prom ete a Sua bondade. A ssim sendo, tem os ali um equilíbrio entre a ira e a bondade. V er as notas sobre Deu. 6.15, quanto ao excelente discernim ento de que o juízo divino é, na realidade, um agente da bondade de Deus. Seu propósito é abençoar, finalm ente, a despeito de sua severidade. Israel desenvolveu uma tilosofia da história segundo a qual o poder de Deus dirige essa história com intervenções constantes. Tem os aí um reflexo do teísmo (ver a respeito no Dicionário). Deus criou e continua fazendo intervenção em Sua criação, a fim de guiar, julgar e abençoar. Contrastar isso com o deísmo (ver a respeito no Dicionário). Na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, ver o artigo intitulado Filosofia da História. 9.1 Este versículo é virtualm ente igual a D euteronôm io 7.1. A li, sete nações são alistadas, as quais Israel deveria expulsar m ediante total destruição. Aqui são m encionadas as fortificações das cidades daquelas nações, detalhe esse deixado de fora em Deu. 7.1. A guerra santa deveria ser desfechada sem tardança. Ver a introdução a este capítulo sobre essa questão. O povo de Israel, a princípio, ficou assustado diante dos gigantes que habitavam na terra, com suas cidades fortificadas. Ver Núm. 13.26-14.4. No entanto, ainda recente m ente haviam obtido trem endas vitórias sobre os reinos de Seom e Ogue, na Transjordânia (Deu. 2.26-3.11), e isso lhes dava uma vantagem psicológica. As sete nações já tinham ouvido sobre o avanço de Israel e estavam tem erosas, pelo que tinham uma desvantagem psicológica. Ver o segundo capítulo de Deuteronôm io. Ouve. Dá atenção ao m andam ento de Yahweh, que era o Senhor da Guerra. Chegara o tempo de entrar na possessão da Terra Prometida que Deus havia dado a Abraão, a fim de que os seus descendentes tivessem um território pátrio. Cf. este versículo com Jos. 5.13,14. Ver a m etáfora militar usada por Paulo em Efé. 6.11 ss.. Tu passas, hoje, o Jordão. “Não precisam ente naquele mesmo dia, mas pouco tempo depois; pois foi no prim eiro dia do décim o primeiro mês que Moisés com eçou a repetir as leis (Deu. 1.3). E foi som ente no décimo dia do primeiro mês do ano seguinte que o povo atravessou o Jordão (Jos. 4.19), ou seja, cerca de dois meses depois disso” (John Gill, in loc.). 9.2 Filhos dos enaquins. Os vários clãs de gigantes pareciam ser os adversári os mais form idáveis dos hebreus, tendo-os feito trem er no passado. Os israelitas sentiam -se como se fossem gafanhotos ao lado dos gigantes (Núm. 13.33). Mas agora tudo isso havia mudado. Ver as notas em Núm. 13.31,33 e Deu. 1.28; 2.11,20; 3.11,13 bem como o artigo do Dicionário intitulado Anaque (Anaquim). Outras nações tinham conseguido derrotar os gigantes (ver Deu. 2.20-23), e não havia razão pela qual Israel, com a ajuda de Yahweh, que lutava pelos hebreus, não podesse derrotá-los também.
9.3 Teu Deus é que passa adiante de ti. Yahweh garantia a vitória. Embora os cananeus incluíssem povos gigantescos e tivessem a terrível reputação de ser muito habilidosos na guerra, brutais e sem misericórdia, estavam condenados por causa de seus pecados e haveriam de render-se quase sem luta diante do avan ço dos israelitas. O cronogram a de Deus para as nações daquela área agora requeria uma mudança: o seu cálice de iniqüidade finalm ente estava cheio (Gên. 15.16), “O cavalo prepara-se para o dia da batalha, mas a vitória vem do Senhor” (Pro. 21.31). Paulo referiu-se a como Deus controla as fronteiras e os tempos determinados para os povos (ver Atos 17.26). Ver a exposição sobre esse versículo no Novo Testam ento Interpretado. Ver sobre a guerra santa na introdução a este capítulo e também consulte Critérios de uma Guerra Justa, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Deus vinha conduzindo o povo de Israel com a coluna de fogo à noite e com a nuvem de dia. Ver no Dicionário o verbete intitulado Coluna de Fogo e de Nuvem. Talvez o autor sacro estivesse pensando em algum sinal divino específi co, que mostrasse que o Senhor seguia à frente de Seu povo, ou talvez estivesse falando em um sentido metafórico, em bora indicando a real presença de Deus com eles. Ver Deu. 4.24 e cf. Heb. 12.29. 9.4,5 Não digas no teu coração. Israel mostrara ser uma nação rebelde no deserto. Eles não estavam colecionando condecorações por seu bom comportamento. An tes, o que sucedia era que a iniqüidade dos adversários de Israel se tom ara insupor tável para Deus. Assim também havia acontecido no caso do dilúvio (ver Gên. 6.5 ss.). O trecho de Gên. 15.16 havia predito o dia em que a taça da iniqüidade dos cananeus se encheria, quando então eles seriam expulsos da terra de Canaã. Os descendentes de Abraão tinham de esperar pelo cronograma de Deus acerca dos cananeus, conforme já comentei no terceiro versículo deste capitulo. Pois as frontei ras e os tempos da habitação de qualquer povo são estabelecidos pela vontade divina, embora sempre haja fatores humanos que cooperem com a vontade divina. A vontade divina controla a vontade humana sem destruí-la, embora não saibamos dizer como isso sucede. Ver no Dicionário os artigos chamados Determinismo (Predestinação) e Predestinação (Livre-arbítrio). Três Razões para a Vitória de Israel: 1. A iniqüidade de seus inimigos (vss. 4,5). 2. O cum prim ento do Pacto A braâm ico requeria que Canaã passasse para a possessão dos descendentes dos patriarcas hebreus (ver Deu. 1.8 e Gên. 15.13-21). 3. Em certo sentido, a Terra Prometida foi dada mediante a pura graça de Deus, visto que Israel era um povo teimoso, que não reagia bem a Deus e que por muitas vezes mostrou ser rebelde (Deu. 9.6,7,13; 10.16; 31.27). Em face dessas razões, era uma estupidez Israel m anifestar uma atitude de justiça própria e dizer: “Invadim os a Terra Prom etida e dali expulsam os os cananeus, pois éram os m elhores do que eles e m erecíamos habitar nessa terra” . Pelo contrário, eles deviam agradecim entos a Abraão e aos outros dois patriar cas, Isaque e Jacó, e também deviam agradecim entos à Fonte de todas as bênçãos, o Senhor Deus. Ver Tiago 1.17. Tipologia. A salvação é conferida por causa das prom essas de Deus, em Cristo. E ela é dada a um povo desm erecedor. Os rem idos entram na posse da prom essa espiritual devido à pura graça divina. Ver Efé. 2.8,9 e Col. 1.12,13. 9.6 Não é por causa da tua justiça. As declarações deste versículo reforçam aquelas dos dois versículos anteriores, fazendo os filhos de Israel relem brar a sua notável rebeldia, e não alguma alegada retidão. Povo de dura cerviz. Ver o detalhado artigo sobre essa questão no Dicionário. Aquele verbete dá as informações e as referências envolvidas com suas devidas aplicações. A expressão dura cerviz é uma tradução literal, uma expressão que não é nativa da língua portuguesa, embora seja entendida universalmente devido ao relato do Antigo Testamento. O Novo Testam ento (grego; ver Atos 7.51) também aproveitou literalmente essa expressão. Israel merecia ser destruído (ver os vss. 13 e 14 deste capítulo), mas a graça divina prevalecia por causa dos pais da nação, e a fim de que o propósito de Deus prevalecesse. Ver as três razões pelas quais Israel obteria a vitória, nas notas sobre os versículos 4,5 acima. “ ... refratários e indisciplinados, com o uma novilha que não estivesse acostu mada com o jugo, o qual pesava sobre as suas costas e lhe repuxava o pescoço. Assim também os israelitas eram indóceis e perversos, desobedientes aos m an damentos de Deus" (John Gill, in loc.). A expressão “dura cerviz” indica que o pescoço ficava tenso, pois seus m úsculos eram usados para resistir a alguma outra força. Trata-se da mesma idéia de um coração duro, com seu intuito contrá-
DEUTERONÔMIO rio e com sua atitude de rebeldia (ver Eze. 3 7 ). Ver Eze. 20.5-8 e suas notas quanto à habitual obstinação dos israelitas. 9.7 Muito provocastes à ira o Senhor. Os israelitas eram extrem amente rebel des. O autor sagrado mostra-se enfático aqui. Nem ao m enos ele conseguiu lembrar-se de homens bons com o Calebe e Josué. Os hebreus se tinham m ostra do rebeldes no dia-a-dia, desde que haviam saido do Egito até terem chegado na Transjordânia. Durante todos aqueles quarenta anos de perambulação, eles nun ca deixaram de lado sua rebeldia e suas m urmurações. Ver sobre as m urm ura ções de Israel na introdução ao capítulo 11 de Números; e sobre os onze inciden tes dessa atitude rebelde, nas notas sobre Núm. 14.2; 16.41 ss.; 20.2 e 21.5. Portanto, somente por causa da m isericórdia e da graça de Deus é que aqueles homens puderam atravessar o rio Jordão a fim de conquistar o território dos vários povos cananeus que ali habitavam. Tudo isso é muito humano, pois sem essa misericórdia todos nós seríam os igualmente consum idos (Lam. 3.22). Os trechos de Deu. 9.7-11 e 9.22-10.11 apresentam uma bem form ulada demonstração de um povo dotado de dura cerviz. O sétimo versículo deste capítu lo introduz tudo isso, ao dizer: “Lembrai-vos, e não vos esqueçais...”. Exortações dessa ordem ilustram quão absurdo era que Israel viesse a supor que a Terra Prometida lhes fora dada por serem eles m erecedores dessa bênção. 9.8 Este e os dois versículos seguintes fazem -nos lem brar da narrativa de Êxo. 24.12-18; 31.18; 32-34, cujas notas expositivas também se aplicam aqui. O inci dente do bezerro de ouro foi a mais séria infração de idolatria de toda a história de Israel. E alguns intérpretes supõem que os israelitas nunca deixariam de pagar pelo que aconteceu naquela oportunidade. Ver no Dicionário o verbete chamado Bezerro de Ouro. Em Horebe. Trata-se do m esm o Monte também chamado ‘'Sinai'1 (ver Deu. 1.2 e, no Dicionário, os dois artigos assim intitulados). O autor sagrado inicia aqui um longo parágrafo, contando, de form a livre, o que havia acontecido. Yahweh se havia irado diante das atitudes dos filhos de Israel, e somente a poderosa inter cessão de Moisés havia im pedido que Deus os destruísse. Tem os aqui expres sões antropom órficas e antropopáticas. V er no Dicionário os artigos chamados Antropom orfism o e Antropopatismo. Tão lamentáveis incidentes tiveram lugar “na frente mesmo do Monte no qual a lei foi outorgada; ali mesmo, a lei foi violada de maneira flagrante" (Ellicott, in loc.). 9.9 Este versículo inicia um breve sum ário dos eventos que ocorreram no Monte Sinai, quando Moisés ali subiu para receber as duas tábuas de pedra da lei, enquanto o povo de Israel se m antinha distante, à base do Monte. O autor sacro lembrou o povo acerca da glória e dos terrores daquele evento. No entanto, em meio a tanto resplendor divino, visto que Moisés se demorou no Monte um pouco mais do que os hebreus julgavam ser conveniente, eles reverteram à form a mais crassa de idolatria, tendo Arão cooperado para o triste incidente. Ver o capitulo 32 de Êxodo quanto ao próprio incidente. “Enquanto Moisés jejuava por quarenta dias e noites no Monte Horebe (Sinai; ver Deu. 1.2), e ali estivesse com pletam ente dependente de Deus, os israelitas festejavam. Enquanto Moisés recebia as duas tábuas de pedra da lei, inscritas pelo próprio dedo de Deus (Deu. 9.9,11 e Êxo. 31.18), o povo violava vários dos mandamentos da lei, ao adorarem o bezerro de ouro (ver Êxo. 32.6)” (Jack S. Deere, in loc.). Ver Êxo. 24.7,18; 32.1 e 34.8, quanto aos vários detalhes repeti dos neste versículo. 9.10 As duas tábuas de pedra. Ver Êxo. 24.12; 31.18; 32.15,16 e Deu. 4.1; 5.22, quanto a notas expositivas com pletas sobre o assunto. Escritas com o dedo de Deus. Ver Êxo. 31.18 e 32.16. É reivindicada, em favor da lei e de todo o seu desdobram ento em m andam entos, estatutos e juízos, a revelação divina mais direta. Ver, no Dicionário, o verbete intitulado Revelação.
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O Senhor me deu as duas tábuas. Isso só aconteceu no fim dos quarenta dias de jejum. A tradição espiritual atribuí grande valor ao exercício do jejum, sobretudo quando o crente está enfrentando algum problem a difícil de resolver, embora também quando esteja procurando desenvolver-se espiritualm ente. Ver no Dicionário o artigo cham ado Jejum. 9.12 Levanta-te, desce depressa daqui. A ordem de Yahweh foi dada em meio a um tom de alarme. Um absurdo inacreditável estava sendo praticado no sopé do Monte Sinai. Um bezerro de ouro estava sendo moldado, e o povo de Israel o estava adorando. O pecado contra o qual a lei m ais bradava estava sendo posto em prática pelos filhos de Israel. O capítulo 32 de Êxodo conta, com detalhes, a história que o autor sumariou aqui de modo tão abreviado. Som ente a intercessão de Moisés poupou o povo de destruição súbita e em massa. Ver Núm. 16.45 quanto ao poder da intercessão de Moisés, bem como os artigos Intercessão e Oração, no Dicionário. 9.13 Atentei para este povo. O olho de Deus contem plou a lamentável idolatria, e uma vez mais Yahweh afirm ou o fato de que Ele estava tratando com um povo de dura cerviz, conform e já vim os no nono versículo deste capítulo, onde há notas expositivas a respeito. Era patente que eles não se dispunham a subm eter-se ao jugo da lei, mesmo que isso fosse para o bem deles, a fim de que vivessem (Deu. 4.1; ver também 5.33). A queixa do Senhor foi feita diante de Moisés, o qual era inocente dos pecados do povo. Ele seria poupado, mas os israelitas seriam total mente destruídos, conform e era a intenção de Deus (vs. 14). 9.14 Este versículo é essencialmente igual ao trecho de Êxodo 32.10, onde são dadas notas expositivas. O plano divino haveria de prosseguir, mas com uma nação diferente, descendente de Moisés, e assim o Pacto Abraâm ico continuaria por meio dele. Mas Moisés não gostou do plano e apelou para uma intercessão heróica em favor de seu povo pecador. E a sua intercessão surtiu efeito (ver o vs. 18). Ver acerca do poder da intercessão de Moisés em Núm. 16.45. 9.15 E desci do Monte. Isso Moisés fez, trazendo as duas tábuas de pedra da lei. Assim, a legislação m osaica estava prestes a tornar-se o próprio coração da nação de Israel, a sua grande contribuição para a civilização. Este versículo é quase igual ao de Êxodo 32.15, cujas notas expositivas tam bém se aplicam aqui. Quanto às duas tábuas, ver Êxo. 24.12; 31.18; 32.15,16; Deu. 4.1; 5.2, onde há notas expositivas abundantes. 9.16 Cedo vos desviastes do cam inho. Uma crassa idolatria foi contem plada por Moisés, quando ele chegou ao pé do Monte. O segundo m andam ento da lei, que proíbe qualquer atividade dessa ordem, estava sendo violado, ainda que o povo de Israel estivesse acostum ado, desde muito antes, com o m onoteísm o (ver a esse respeito no Dicionário). Ver as notas em Êxo. 20.3,4, bem como, no Dicionário, o verbete intitulado Idolatria. Cf. Êxo. 32.8, que form a um paralelo direto com este versículo. Ver também Êxo. 32.19 e o vs. 12 deste capítulo. Ver no Dicionário o artigo detalhado intitulado Bezerro de Ouro. 9.17 E as quebrei ante os vossos olhos. A quebra das duas tábuas da lei é relatada em Êxodo 32.19, cujas notas devem ser consultadas. "Nada existe na experiência humana que seja tão entristecedor com o a rapi dez com que uma boa resolução e uma boa impressão são apagadas do coração do homem” (Ellicott, in loc.). Os filhos de Israel haviam quebrado a fé e a aliança com Yahweh, ao agirem como meros pagãos, e a quebra das duas tábuas de pedra simbolizou precisa mente isso. Ver sobre o Pacto M osaico nas notas introdutórias ao capítulo 19 do Êxodo. Esse pacto estava condicionado à obediência à lei de Moisés.
9.11 9.18,19 Quarenta dias e quarenta noites. Esse é um número significativo na Bíblia. Ver a respeito no Dicionário, com o também o verbete geral cham ado Número (Numeral, Numerologia). Mas, enquanto a lei m osaica estava sendo dada — o segundo mandamento, que proíbe a idolatria — , estava sendo fabricado o bezerro de ouro, com a coni vência de Arão!
Prostrado estive perante o Senhor. M oisés passou em jejum outros qua renta dias e quarenta noites, procurando reverter a destruição total do povo rebelde que Yahweh tencionava. Ver no D icionário os artigos cham ados Q ua renta e Núm ero (Num eral, Num erologia), quanto a notáveis períodos espirituais que envolveram o núm ero quarenta. V er o vs. 11 quanto ao prim eiro período de
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quarenta dias e noites de jejum , referente à outorga da lei. Ver também , no Dicionário, o artigo cham ado Jejum. “Nos dias do A ntigo Testam ento, era nor mal que as pessoas jejuassem em tem pos de arrependim ento (Juí. 20.26; II Sam . 12.16; I Reis 21.27; Nee. 1.4). O jejum feito por M oisés dem onstra o quanto ele se sentia unido ao povo, bem com o o horror que ele sentira por causa do pecado deles. A m aldade deles tinha provocado Deus à ira (Deu. 9.18-20)” (Jack S. Deere, in loc.). Moisés intercedeu em favor de Israel antes de ter descido do Monte, no quadragésim o dia (Êxo. 32.11-15). Agora ele iria passar quarenta dias e quarenta noites em oração e jejum, na tentativa de reverter o desastre. Ficou de Novo Provada a Eficácia da intercessão de Moisés. Ver Núm. 16.4 quanto a notas sobre essa questão. Som ente em uma ocasião as suas orações falharam , e isso sucedeu quando ele pediu que, apesar do seu pecado e de sua estrita unidade com aquela geração rebelde, Deus lhe perm itisse entrar na Terra Prometida. Isso não lhe foi concedido, e a sugestão chegou a deixar Yahweh indignado. Ver Deu. 3.23 ss. Cf. Núm. 20.12 e Deu. 1.37. O pecado de Moisés é com entado em Núm. 20.12; Deu. 1.37; 3.23,26; 4.21. V er no Dicionário os verbe tes intitulados intercessão e Oração. Q uanto ao conteúdo das orações de Moisés, ver os vss. 26-29 deste capítulo. Tipologia. Moisés sim bolizava Cristo com o nosso intercessor, cujas orações são sempre eficazes. V er no Dicionário o artigo Intercessão, III. E no Novo Testa mento Interpretado consultar os trechos de Rom. 8.34 e João 14.16,17. 9.20 Tem os aqui a única m enção, em todo o A ntigo Testam ento, de uma inter cessão de M oisés em favor de Arão, seu irm ão, por m otivo de seu envolvim ento no incidente do bezerro de ouro. Talvez Arão não concordasse em seu coração com a adoração ao bezerro de ouro, mas era culpado de não ter feito frente à idolatria naquela hora crítica em que o paganism o florescera no coração dos hebreus. Tam bém é possível que ele tenha agido por motivo de desgosto e decepção devido à insensatez dos israelitas. “Vós, idiotas, eis aqui o vosso deus!” . Ainda assim , ele se tornou culpado de não ter tido uma liderança decisi va em um tão grande m om ento de crise. “Os com entadores judeus atribuem a perda dos dois filhos de Arão (Lev. 10.1,2) em parte à ira de Deus, naquela ocasião” (Ellicott, in loc.). C om o é óbvio, as orações de M oisés por seu irmão tam bém prevaleceram diante do Senhor, m as Arão acabou perdendo dois de seus quatro filhos. 9.21 Até que se desfez em pó. A destruição total do bezerro de ouro, após o que Israel teve de beber o ouro pulverizado, m isturado com água, foi uma m aneira enfática de m ostrar consternação, bem com o a futilidade da idolatria. O bezerro de ouro term inou na água bebida pelos seus adoradores! Ver Êxo. 32.20, quanto à história, da qual apenas parte ficou registrada neste texto. Isso posto, o fato de que a im agem foi totalm ente destruída por M oisés foi com o se tivesse sido dito: “Isto é o que Israel m erece: perecer totalm ente, junto com a sua im agem ” . 9.22 Provocastes muito a ira do Senhor. Essas provocações foram relatadas em Êxo. 17.1-7; Núm. 11.1-3 e 11.31-34. Ver as onze murmurações dos hebreus nas notas sobre Núm. 21.5. Ver tam bém Núm. 14.18 e as notas introdutórias ao capítulo 11 de Números, quanto a m aiores detalhes. A freqüência dessas m urm u rações tornou-se tão constante, que aquela ficou conhecida como “a geração rebelde” , a epítome m esm a da rebeldia. Em M assá, eles m urmuraram por causa da água. Isso aconteceu antes de terem chegado ao Monte Sinai. Em Taberá eles se queixaram acerca dos rigores das peram bulações pelo deserto. Isso sucedeu depois de terem chegado ao Monte Sinai. Taberá e Quibrote-Taavá parecem ser dois nomes de uma só localidade. A ordem dessas murmurações ocorreu confor me o texto diz. Mas, se Taberá e Quibrote-Taavá eram dois lugares diferentes, então é provável que Israel não tenha estacionado no primeiro desses locais. 9.23 A rebelião ocorrida em Cades-Barnéia (ver a respeito no Dicionário) teve a distinção de ser aquela em que Israel selou a sua condenação. Foi ali que eles cometeram o erro fatal de recusar-se a entrar na Terra Prometida. Eles fracassa ram na fronteira e tiveram de retroceder para o deserto, onde ficaram vagueando por mais quarenta anos. Todos os homens de vinte anos para cima, daquela geração, excetuando Calebe e Josué, que trouxeram um bom relatório e tinham recom endado que se fizesse uma invasão im ediata, pereceram durante aqueles quarenta anos. Ver o relato a respeito nos capítulos 13 e 14 de Números.
O hebraico diz aqui, literalm ente, que eles se rebelaram “contra a boca de Yahweh”, ou seja, contra a Sua palavra e os Seus m andam entos. Isso eles fizeram por motivo de incredulidade; não deram crédito aos espias; julgaram -se incapazes de derrotar os gigantes que habitavam naquele território (Núm. 13.32; 14.2), pensando que acabariam tornando-se presas daqueles povos ferozes. Não confiaram no poder de Yahweh para dar-lhes a Terra Prometida, apesar das dificuldades óbvias da empreitada. Ver I Corintios 10.1-12, quanto à aplicação neotestam entária que contém uma advertência a qualquer pessoa que se considera iluminada ou espiritual. Qualquer pessoa pode falhar conform e Israel falhou, quando há a mesma incredu lidade no coração. Cf. Deu. 1.19-21, onde a história é recontada. 9.24 Desde o dia em que vos conheci. A rebeldia de Israel era uma constante desde o com eço até o fim, desde o Egito até as fronteiras da Terra Prometida. Eles se tinham m ostrado consistente e constantem ente rebeldes, e assim perde ram a sua herança espiritual e m aterial. Cf. Êxo. 2.11-14 e 7.25, onde algo sim ilar é asseverado. Ver também Êxo. 5.20,21; Núm. 14.22 e 21.5, onde são m enciona dos onze rebeldias e murmurações do povo de Israel. Não obstante, de acordo com as palavras de Balaão, Yahweh “não viu iniqüi dade em Jacó, nem contem plou desventura em Israel” (Núm. 23.21), porquanto Deus estava usando de Sua graça por am or a Abraão, a quem e a cujos descen dentes o Senhor havia prom etido a Terra Prometida. Para tanto, bastaria que os israelitas tivessem tido a coragem de desfechar a invasão. Yahweh teria com bati do por eles, a despeito de sua m iserável história de rebeldia e fracasso. 9.25 Este versículo duplica, virtualm ente, o vs. 18 deste capítulo, onde são dadas notas expositivas. Yahweh haveria de destruir aquela geração patética, tal como havia destruído o ídolo deles, fazendo-os ingerir o pó pulverizado e m isturado com água. Mas a intercessão de Moisés foi poderosa o bastante para afastar a am ea çadora mão de Deus. Aqui, Moisés referia-se à prim eira vez em que esteve em jejum, diante do Senhor, por quarenta dias e quarenta noites. Moisés repetiu o ato por uma razão diferente. Algum as versões dizem aqui algo como “no princípio”, mas os melhores m anuscritos m ostram que essas palavras não fazem parte ge nuína do texto original, tal com o vem os tam bém em nossa versão portuguesa. 9.26 Este versículo sumaria a essência da intercessão de Moisés durante o período de quarenta dias de jejum. Porém, o que lemos aqui não concorda com o trecho de Êxodo 23.32, embora concorde melhor com os vss. 11-13 deste capítulo, que foram proferidos por Moisés antes de Israel haver chegado ao Monte Sinai. O autor não sentiu necessidade de recontar a história em termos exatos, mas deu a essência do tipo de coisas que Moisés disse na ocasião da provocação. Elementos: 1. Israel era o povo de Yahweh, pelo que, apesar de suas falhas, m erecia algu ma consideração. Israel foi cham ado de “filho” de Yahweh (Êxo. 4.22,23). 2. Israel era a herança de Yahweh, porque fora escolhida em Abraão, mediante uma aliança (o Pacto Abraâm ico) firm ada com ele e seus descendentes. A lei fazia de Israel um povo distinto e mais sábio (Gên. 15.18; Deu. 4.6-8). Essa herança não deveria ser aniquilada. 3. Israel era um povo remido, que é a m ensagem essencial do livro de Êxodo. Ver sobre o poder de Yahweh, que tirou Israel do Egito, em Núm. 23.22. O fato do livram ento de Israel do Egito é mencionado por cerca de vinte vezes no livro de Deuteronômio, com notas em Deu. 4.20. A redenção visava a um propósito que não poderia ser desfeito em destruição em um m om ento de ira. 4. A redenção foi efetuada pelo poder de Yahweh, por Sua m ão poderosa, o que é especificamente referido em Êxo. 32.11; Deu. 3.24; 4.34; 5.15; 6.21; 7.8,19. Ver também Deu. 11.2; 26.8 e 34.12. O poder rem idor não pode ser reduzido a um poder destruidor. 9.27 Este versículo inclui mais dois elem entos da intercessão de Moisés, a serem adicionados à lista dada no versículo anterior, a saber: 5. Israel era um povo em pacto com Deus. Ver acerca do Pacto Abraâmico em Gên. 15.18. Yahweh ofereceu para fazer de Moisés uma nova nação e, visto que ele era descendente de Abraão, o pacto teria continuação nele. Mas Moisés rejeitou essa proposta. Ver sobre isso o trecho de Deu. 9.14. Mas Moisés continuou a interceder pelo povo com o qual se tinha identificado completamente. 6. É melhor perdoar e rem ir um povo rebelde do que destruí-lo. E assim, Moisés rogou que Yahweh aplicasse amor, e não ira; rem ediasse, e não destruísse. Dessa forma, Yahweh não teria de fazer vista grossa para com os pecados
DEUTERONÔMIO deles, e, sim, o que poderia fazer deles se tivesse de continuar a aplicar os seus poderes divinos corretivos. Essa é a própria essência da filosofia da redenção. Jesus veio a fim de salvar os pecadores, e não para conduzir os justos ao reino de Deus (ver I Tim. 1.15). Portanto, o apelo de Moisés estava em consonância com a própria essência da redenção, e não contra ela. Ver Êxo. 32.13, onde encontram os a m esm a m ensagem que acham os aqui. 9.28 Este versículo acrescenta m ais duas razões pelas quais Israel não deveria ser destruído, por causa de sua idolatria e rebeldia, aumentando o número de itens dados nos vss. 26 e 27. 7. O poder de Yahweh seria insuficiente para cum prir a tarefa? O Deus Todopoderoso não seria todo-poderoso, afinal, e o povo habitante daquele território poderia zombar Dele? Ele tinha prometido aquele território a Israel. Mas se não pudesse cumprir a Sua promessa, o povo de Israel haveria de perecer no deserto. Um atributo essencial de verdadeira deidade seria assim negado pelos inimigos de Israel. Ver no Dicionário o artigo intitulado Atributos de Deus. 8. Yahweh, embora tivesse chamado Israel de Seu filho, e embora aparentemente amasse ternamente a esse filho, acabaria aparecendo como alguém que odiava. Isso também nega um atributo essencial de Deus, ou seja, o Seu amor, Seu mais notável atributo, o único atributo que figura como expressão do caráter de Deus: “Deus é amor” (I João 4.8). Ver no Dicionário os artigos chamados A m ore Ódio. Essa parte do versículo duplica o trecho de Êxodo 32.12, onde certa má intenção foi atribuída (potencialmente) a Yahweh. O Senhor teria trazido os filhos de Israel do Egito até ali, a fim de “matá-los no deserto”, conforme diriam os adversários de Israel. Ele teria agido impulsionado pelo ódio, e não pelo amor; seria este o pensamento por trás desse raciocínio. 9.29 Sumário. V er os vss. 26-28, quanto aos oito elem entos distintos da oração de intercessão de Moisés, que tinha por intuito livrar Israel da destruição que eles mereciam. Este versículo repete três desses elem entos: Israel era o povo de Yahweh (vs. 26, primeiro elemento); Israel era a herança de Yahweh (vs. 26, segundo elemento). O poder de Yahweh é que tinha efetuado a redenção de Israel da servidão egípcia, e agora esse poder voltar-se-ia contra o povo de Israel, a fim de destruí-lo (vs. 26, terceiro elemento). “Estes versículos registram uma das orações m odelo do Antigo Testam ento. A menção aos quarenta dias e às quarenta noites relem bra o jejum de Moisés (vs. 18), indicando a sua sinceridade, bem com o a sua com preensão acerca da gravi dade da situação. Moisés estava totalm ente preocupado com a glória e a reputa ção de Deus sobre a terra” (Jack S. Deere, in loc.).
C apítulo Dez Este capítulo dá continuação à seção iniciada em Deu. 8.1. Os comentários dados ali também se aplicam aqui. Os vss. 1-10 deste décimo capítulo continuam especificamente e, de modo com pleto, a narrativa iniciada em Deu. 9.8. “Sua função não é mais dem orar-se sobre a rebeldia do povo, com o uma advertência contra a justiça própria, mas sim plesm ente refrescar a m em ória histórica deles acerca da liderança divina e com pletar a história que já havia com eçado" (G. Ernest W right, in lo c ). A aceitação da intercessão de Moisés (Deu. 9.26 ss.) é agora registrada nos vss. 1-10. As primitivas tábuas de pedra da lei haviam sido destruídas (9.17), pelo que Yahweh forneceu outras tábuas da lei. Dessa forma, o Pacto M osaico (ver a introdução ao capítulo 19 do livro de Êxodo) não foi anulado.
10.1 Naquele tem po me disse o Senhor. M oisés teria de lavrar duas tábuas de pedra, nas quais a lei teria de ser escrita de novo, visto que as primeiras haviam sido destruídas (9.17). “ Estes versículos (1-3) repousam sobre uma antiga tradi ção que diz que Moisés fez a arca e pôs dentro dela as tábuas de pedra (I Reis 8.9; Exo. 24.15-18)” (O xíord A nnotated Bible, com entando sobre este versículo). Foi reivindicada a revelação divina para as segundas tábuas da lei, tal com o se dera com as primeiras. Ver no Dicionário o verbete intitulado Revelação. O fato de a lei ter sido reescrita foi uma afirm ação de que a intercessão de Moisés não falhou. Ver Núm. 16.45 e suas notas quanto ao poder da intercessão de Moisés; e ver o artigo chamado Intercessão, no Dicionário. Visto que as suas orações se mostraram eficazes, o Pacto M osaico perm aneceu intacto. Ver as notas sobre isso na introdução ao capítulo 19 do livro de Êxodo. Faze uma arca de m adeira. V er no Dicionário o artigo detalhado chamado Arca da Aliança. A arca era um dos itens que havia no tabernáculo (ver a respeito
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no Dicionário), em torno do qual tudo o mais recebia significado. Era ali que Yahweh manifestava a Sua presença. Ver Êxodo 34.1-4, quanto às novas tábuas de pedra. Ver Êxodo 25.10 quanto à ordem original para o fabrico da arca. A lguns intérpretes judeus supu nham que tivessem sido feitas duas arcas: uma para fica r no tabernáculo, e outra para ser levada por Israel em tem pos de guerra. Porém, não há nenhum a evidência sólida em favor dessa assertiva. Jarchi e Rashi prom overam a noção de duas arcas.
10.2 As palavras que estavam nas primeiras. A renovação era importante, e isso porque o povo tinha chegado à beira da destruição, e porque o Pacto M osai co parecia ter sido anulado quando as duas primeiras tábuas de pedra foram quebradas. Quão humano é tudo isso! Por quantas vezes tem os de passar por tem pos de renovação, quando antigas decisões e intenções já se debilitaram e quando o fracasso nos ameaça! A presença de Deus nos é devolvida. Precisamos contar com um lugar, tanto quanto com condições de efetuar a nossa inquirição espiritual. Tipologia. As primeiras tábuas de pedra haviam sido destruídas. Novas tábu as de pedra eram agora necessárias, da m esm a m aneira que foi m ister avançar de Moisés até Cristo, a m aior renovação e o m aior avanço. As tábuas originais eram divinas; e as segundas tábuas, por igual modo. As tábuas originais foram inscritas por Yahweh; e as segundas, por igual modo. O mesmo poder espiritual e a m esm a graça prosseguiam . As segundas tábuas não eram inferiores às primeiras. O trecho de II Coríntios 3.3 confere-nos uma aplicação neotestam entária do presente versículo (e seus paralelos): as tábuas de pedra eram tipos das “tábuas de carne do coração” , que é o lugar correto onde deve ser gravada devidam ente a mensagem de Deus. É o Espírito de Deus quem inscreve no coração do homem, fazendo contraste com as tábuas de pedra do A ntigo Testam ento. A m ensagem escrita sobre a pedra falhou por causa da debilidade espiritual dos seres hum a nos; mas a mensagem escrita no coração do homem obtém sucesso, porquanto o Espírito é o poder do sucesso. A letra mata, mas o Espírito vivifica (ver II Cor. 3.6). 10.3 Ver Êxo. 25.10 ss. quanto ao relato do fabrico da arca. Cf. I Reis 8.9 e Êxo. 24.15-18. Quando lem os que M oisés fez a arca, isso significa que ele recebeu direções para confeccioná-la. Mas a obra literal foi feita em conexão com a cons trução do tabernáculo (ver Êxo. 37.1-5; 40.20,21). O construtor real da arca foi Bezaleel. Ela foi feita de m adeira de acácia e colocada no Santo dos Santos (ver Êxo. 5.22), onde a presença de Yahweh vinha ao encontro de Moisés e do Sumo Sacerdote, que m inistrava ali uma vez por ano. Ver no Dicionário o detalhado artigo intitulado Arca da Aliança. 10.4 A repetição era uma das características literárias do autor do Pentateuco, pelo que temos aqui vários itens m encionados que já tínham os visto antes por algumas vezes. As antigas tábuas de pedra da lei haviam sido quebradas (9.17); e agora, eram substituídas por novas (ver Êxo. 34.1-4). Os dez m andam entos (ver a esse respeito no Dicionário) foram assim devolvidos a Israel. Terríveis e tem í veis manifestações tinham acom panhado a outorga original da lei (ver Êxo. 19.12 ss.), sendo de se presum ir que o_ m esm o ocorreu quando da segunda outorga da lei, conform e fica entendido em Êxodo 34.3, No dia da congregação. Tem os aqui uma menção ao fato de que Israel se reuniu ao pé do Monte Sinai, a fim de testificar acerca da doação da lei. Ver Êxo.19.7 ss. 10.5 O fato de_que as novas tábuas de pedra foram postas dentro da arca também é referido em Êxo. 4 0 .3 .0 “testem unho”, ou seja, as tábuas da lei, achavam -se ali quando o tabernáculo foi erigido e posto em uso. Ver I Reis 8.9. 10.6 Os vss. 6-9 evidentem ente são uma inserção editorial, que talvez represente um fragmento de um antigo itinerário, talvez citado de uma fonte original separada do resto da narrativa deste décimo capítulo. Cf, Núm. 33.30-38, onde os locais m encionados aparecem em uma ordem diferente, que os críticos atribuem à fonte inform ativa P(S). Ver no Dicionário o artigo intitulado J.E.D.P.fS.), quanto à teoria das fontes m últiplas do Pentateuco.
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DEUTERONÔMIO
Esta minúscula seção apresenta dois problem as: 1. Há um itinerário diferente daquele apresentado nos capítulos 20, 21 e 33 de Números. 2. Situa a morte de Arão perto de Moserá, e não no Monte Hor, próximo à fronteira com Edom (Núm. 33.38). Apesar de não haver m aneira certa de resolver as dificuldades, uma das abordagens consiste em suporm os que o itinerário realm ente tenha sido diferente, e que Israel revisitou certos lugares em uma segunda jornada através da região. Além disso, supõe-se que M oserá fosse um distrito onde ficava localizado o Monte Hor. Os críticos chamam essas reconciliações de ad hoc, ou seja, “inventa das", para resolver algum problema, e não verdadeiras inform ações que solucio nam alguma questão. Supõem eles que sim plesm ente tenham os uma pequena porção das inform ações que chegaram até nós da parte de alguma fonte inform a tiva separada, e que esta continha algum a discrepância quando com parada com outras fontes informativas. Minha opinião pessoal é que a questão não se reveste de im portância, e que som ente os céticos, que anseiam por encontrar problemas na Bíblia, lançam som bras sobre ela, ou então os ultraconservadores, que pen sam que devem buscar harm onia a qualquer preço. Som ente esses ficam pertur bados diante dessa e de outras questões similares. Beerote-Bene-Jaacã. V er as notas detalhadas sobre esse local no Dicioná rio. Esse nome significa “poços dos filhos de Jaacã”. Provavelmente ficava no vale de Arabá. Alguns eruditos pensam que uma certa Bene-Jaacã é uma locali dade diferente daquela que tem os neste versículo. Talvez a m oderna Birein assi nale o local antigo. Esta fica ao norte de Cades-Barnéia. Os outros lugares m enci onados neste versículo ainda não foram identificados. Moserá. Ver no Dicionário o artigo cham ado M oserote (Moserá), quanto a detalhes com pletos. Meu artigo ali entra nas alegadas discrepâncias do texto com sugestões para solucioná-las. Ver tam bém a introdução a esta seção, quanto aos problem as do texto, quando com parado com o seu paralelo no livro de Números. Eleazar. Ver sobre esse homem no Dicionário. Na qualidade de filho de Arão, ele tomou seu lugar com o Sumo Sacerdote, por ocasião da morte de Arão, pelo que foi o segundo sumo sacerdote da história de Israel. Ele era o terceiro filho de Arão. Ver Núm. 20.28. 10.7 Gudgodá. No hebraico, “incisão” , “perfuração”. Os israelitas estiveram nesse local, as circunvizinhanças de Cades-Barnéia, quando vagueavam pelo deserto, antes de conquistarem a Terra Prometida. Sob essa form a o nome aparece por duas vezes aqui em Deu. 10.7. Em Núm eros 33.33 o nome do mesmo lugar aparece como Hor-Gidgade, que, ao que parece, significa “caverna de Gidgade” . Os eruditos sugerem que ficava perto do wadi Hadahid. É possível que a diferen ça de grafia se deva, principalm ente, a sinais vocálicos, escolhidos pelos massoretas.
10.9 Não tem parte nem herança. A casta sacerdotal não tinha herança sob a form a de território, conforme acontecia às outras tribos. No entanto, certo número de cidades lhes foi dado com uma pequena porção de território circundante. Essas cidades estavam espalhadas por todo o território de Israel. V er o gráfico que ilustra isso em Núm. 35.1. A herança dos levitas era o próprio Yahweh e os seus labores espirituais. Ver Núm. 1.47 ss. Ver tam bém Deu. 18.1-8, onde a questão é reiterada com maiores detalhes. Yahweh era a herança deles (vs. 2). Quanto à descrição dos labores dos levitas, ver Êxodo 28 e 29 e Levítico 8. Ver no Dicionário o verbete intitulado Deus, N om es Bíblicos de. Desse modo, Deus garantiu que a bênção dos levitas, em sua situação e trabalho, era uma herança de maior valor do que a herança das demais tribos. Os Targuns de Onkelos e de Jonathan explicam isso com o “os dons que o Senhor lhes deu eram a herança deles". Cf. Núm. 18.20,21. 10.10 A repetição é uma caraterística literária do autor do Pentateuco, pelo que achamos aqui, uma vez mais, os elem entos que já pudem os encontrar antes por diversas vezes. Somos lem brados da prim eira vez em que Moisés esteve no Monte Sinai para receber a lei, quando ele jejuou por quarenta dias e quarenta noites, em preparação para o evento. Ver Êxo. 34.28, quanto à narrativa. Ver também Deu. 9.9 ss.. A segunda sessão de quarenta dias e quarenta noites, que foi a intercessão de Moisés para impedir o aniquilam ento do povo de Israel, por causa do bezerro de ouro, está registrada em Deu. 9.18 ss. e 9.25 ss.. Ver no Dicionário o artigo cham ado Número (Numeral, Numerologia). 10.11
Levanta-te, põe-te a cam inho. Tem os aqui a ordem de entrar na Terra Prometida e possuí-la, visto que foi dada aos patriarcas, de acordo com o Pacto Abraâm ico. Logo, aqui são reiteradas antigas informações. Os filhos de Israel tinham errado e se tinham rebelado, mas a marcha prosseguiu, porque a conquis ta da Terra Prometida era inevitável. Ver Êxo. 32.34 e 33.1. Esse último versículo é uma virtual duplicação deste versículo, pelo que as notas dadas ali aplicam-se também aqui. “A Verdade Reiterada". Esta exaltada passagem (Deu. 10.11-11.7), de natu reza quase toda ela hortativa, na verdade é a chave para o inteiro livro de Deuteronômio. O autor sacro buscava persuadir o povo a obedecer, com base na história do que tinha acontecido. “O método deuteronôm io" sem pre foi prim eira mente reafirmar a lei mosaica, e então fazer pesar sobre o povo todo o poder da história das bênçãos conferidas por um Deus inexprim ivelm ente bondoso; e, final mente, repetir a lição por muitas e muitas vezes” (Henry S. Shires, in loc.).
Jotbatá. Ver sobre esse lugar em Núm. 33.33. Aben Ezra identificou esse lugar com o povo em Beer (ver Núm. 21.16). Seja como for, havia ali muita água para um povo sedento, e para os seus anim ais domésticos.
Os Requisitos de Yahweh (10.12-22)
10.8
Que é que o Senhor requer de ti? Em uma narrativa contínua, o autor alistou muitos requisitos, muitos m andam entos, todos eles com base na lei. Essa lei era a base do Pacto M osaico (ver as notas na introdução ao capítulo 19 do livro de Êxodo). “Nesses versículos, uma série de homilias, iniciadas no sexto capítulo, atinge aqui o seu clímax, tal com o a pesquisa dos capítulos primeiro a quarto atingiram o seu ponto culminante em 4.32-40. A totalidade da exortação deuteronôm ia é aqui poderosamente sum ariada. Os vss. 12 e 13 repetem as exigências totais que Deus impôs ao Seu povo” (G. Ernest W right, in loc.). O restante das exortações constantes neste capítulo dependem da exortação básica e introdutória dos vss. 12 e 13. Cf. o “requer de ti” deste versículo do “pede de ti” de M iquéias 6.8.
Separou a tribo de Levi. Os levitas tornaram -se uma casta sacerdotal. Tal vez essa nota se refira à morte de Arão: foi por esse tem po que ocorreu a separação da casta sacerdotal. Ou então foi nesse tem po que os filhos de Israel chegaram a Jotbatá. Mas os vss. 6 e 7 podem ser uma inserção editorial; e, nesse caso, é im possível localizar o elem ento tem po deste versículo com qualquer coisa que tenha sido dita no versículo anterior. Em algum ponto das perambulações dos israelitas por aquela região foi que Levi deixou de ser uma tribo “secular”. Cf. Núm. 1.47 ss.. O número tradicional das doze tribos foi conseguido não contando nem Levi nem José, mas dividindo este último em Manassés e Efraim, tribos que se derivavam dos dois filhos de José. Assim sendo, dez tribos descendiam direta mente dos filhos de Jacó, e duas tribos descendiam dos dois filhos de José. Esses dois filhos de José foram adotados por Jacó com o seus próprios filhos, pelo que também eram considerados filhos de Jacó, e não seus netos. Ver o capítulo 48 do livro de Gânesis quanto à cerim ónia de adoção por parte do grande patriarca. Os deveres dos levitas estavam relacionados a todos os objetos e funções sagrados do tabernáculo, e incluíam o transporte da arca, quando Israel estava em movimento. Até ao dia de hoje. Em outras palavras, suas funções sacerdotais continua ram ininterruptas, até o tem po em que o livro de Deuteronôm io foi escrito. Eles não receberam uma incumbência meramente temporária. ‘“ Por esse m esm o tempo', ou seja, no Sinai, depois da segunda descida de Moisés do Monte, pelo tem po da morte de Arão” (Ellicott, in loc.). Ver no Dicioná rio o artigo chamado Sacerdotes.
10.12
Os Cinco Requisitos Básicos da Lei: Essa é a essência mesma do intuito da lei, que form ava a base do Pacto Mosaico. 1. Tem er a Yahweh-Elohim, o Deus Eterno e Todo-poderoso. Os contextos em que encontramos esse m andam ento vão além da reverência a que alguns intérpretes reduzem a questão. O Deus de Israel estava pronto para destruir os desobedientes, conform e fez em várias outras ocasiões. Por conseguinte, um tem or genuíno é indispensável para que alguém se relacione com êxito com o Senhor. O tem or ao Senhor é o princípio da sabedoria (ver Provérbios 1.7). Tem or Santo. Deus é o seu objeto (Isa. 29.13). Deus é o seu autor (Jer. 32.39,40). As Escrituras nos ajudam a com preender esse tem or (Pro. 2.3-5). Requer que o homem de Deus rejeite o mal (Pro. 8.13). É um tesouro para os santos (Pro. 15.16). Esse tem or é requerido da parte de todos os homens espirituais (Deu. 13.4; Sal. 22.23; Ecl. 12.13; I Ped. 2.17). É dotado de poder
DEUTERONÔMIO santíficador (Sal. 19.7-9), da santidade de Deus (Apo. 15.4), de Sua grandeza (Deu. 10.12), de Seu perdão (Sal. 130.4). Todos esses são elem entos inspiradores do tem or santo. Esse tem or deve ser uma característica de todos os santos (Mal. 3.16), bem com o uma fonte de alegria para eles (Sal. 2.11). 2. A ndar nos Cam inhos de Yahweh, aplicando todas as leis dadas em total obediência. Ver no Dicionário a m etáfora do Andar. 3. Amor. Essa é a base de todos os atos realmente espirituais e de toda conduta cristã. É a essência m esm a da lei, conform e Paulo nos diz em Romanos 13.9 ss. Jesus fez do am or o m aior dos mandam entos, ou seja, o am or a Deus. E o segundo dos mandam entos é o am or ao próximo. Ver sobre isso em Mat. 2 2 .37 -39 . E ssa d e cla ra çã o de Je su s fo i e m p resta da d ire ta m e n te de Deuteronômio 6.5, cujas notas expositivas aplicam -se aqui também. Ver no Dicionário o verbete intitulado Amor. M inhas notas detalhadas incluem ilustra ções e poemas. 4. Serviço. Este é o cum prim ento prático da lei do amor. E, no contexto da lei, indicava o cum prim ento de todos os deveres cerim oniais do tabernáculo, como os sacrifícios, os ritos etc. Mas essa palavra também indica atos de am or e misericórdia e a prática das boas obras. Ver no Dicionário o artigo detalhado intitulado Boas Obras. O m odo de sen/ir deve ser de todo o coração, ilimitado e intenso, a saber, de todo coração e alma, tal com o nos é ordenado am ar a Deus desse modo (ver Deu. 6.5). A espiritualidade deve envolver todos os aspectos da vida, e não m eramente algo adicionado a ela. Essa é uma lição que só pode ser aprendi da pelos homens mais espirituais. Todas as outras coisas dependem da espiritualidade. 10.13 Este versículo dá prosseguim ento à lista de requisitos essenciais da lei, lista essa iniciada no versículo anterior. 5. A Guarda dos Mandamentos. Requer-se, em prim eiro lugar, o conhecimento necessário para o cum prim ento desses m andam entos, pois a legislação mosaica era complexa e muito exigente. Em segundo lugar, o cumprimento desse dever requeria ensino constante por parte da casta sacerdotal. Em terceiro lugar, o cum prim ento apropriado dos mandam entos requeria obediên cia plena por parle de todos quantos recebessem o ensino. Os Dez M anda m entos (ver a respeito no Dicionário) form avam o núcleo da lei, que foi segui do então por inúmeros preceitos e ritos. A vida foi prom etida aos obedientes. Ver Deu. 4.1; 5.33 e 6.2, quanto ao conceito da lei como transm issora de vida. Os m andam entos... os seus estatutos. Em outros textos achamos a adição dos “juízos”. Esses eram term os que apontavam para a m ultidão de preceitos e ritos requeridos pela lei mosaica. Quanto à tripla designação da lei, ver as notas sobre Deu. 6.1. 10.14 A Grandeza de Deus. Esse era o poder por trás de todos os m andam entos de Deus. Ele é o criador de todas as coisas; Ele é o proprietário de tudo; Ele é a fonte de toda vida e existência. Logo, Ele tem o direito de requerer tudo da parte de todo homem, em consonância com a Sua vontade. Os céus e os céus dos céus. Não há com o estar certo dos tipos de divisões que o autor sagrado concebia quanto aos céus. H averia os céus at m osféricos; os céus estelados; e os céus da habitação de Deus. O autor estava pensando sobre a com plexidade das obras superiores de Deus. Cf. I Reis 8.27; Nee. 9.6; Sal. 68,33; 148.4; João 14.2; II Cor. 12.1-4 e Efé. 4.10. O judaísm o posterior inventou o conceito dos sete céus, que Paulo parece ter apoiado, ao m encionar o terceiro céu (ver II Cor. 12.2). Ver sobre esse versículo no Novo Testam ento Interpretado. Por Que Devemos A m ar a Deus? Porque Ele é a origem de todas as coisas, incluindo a própria vida (Tia. 1.17). Por causa de Seus atos salvatícios; por ser Ele o dono de todo o universo e o sustentador de todas as coisas. O povo de Israel foi eleito pelo Deus único e Todo-poderoso, pelo que tinha a responsabilidade de viver de acordo com os mandamentos e requisitos divinos. Cf. Sal. 115.15,16. Aquele que dá é amado. Deus deu e continua dando tudo. Por isso mesmo, Ele é o grande objeto de nosso amor. O amor funciona por meio de uma obediência prática. 10.15 O Senhor se afeiçoou a teus pais. A eleição dos patriarcas estava alicerçada no o amor de Deus; os patriarcas foram eleitos ,e assim, seus descendentes também foram escolhidos. Ver as notas sobre o Pacto A braâm ico em Gên. 15.18 e, no Dicionário, ver o artigo geral cham ado Pactos. Ver também o artigo intitulado Eleição. Se a eleição se alicerçou sobre o am or assim o nosso amor deve corresponder ao am or divino (ver Deu. 6.5).
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Escolheu de todos os povos. A lei fez com que Israel se tornasse um povo distinto, mais sábio do que os demais povos. Ver sobre isso em Deuteronômio 4.6-8. Esse povo distinguido deveria prestar uma obediência distinta. 10.16 Circuncidai, pois, o vosso coração. A circuncisão do coração é um tema que Paulo ventilou em Rom. 2.28,29. Indica a obediência à lei, de todo coração, os atos de um homem espiritual, em contraste com o oferecimento superficial de sacrifícios, som ente porque a pessoa tinha o dever de assim fazer. Aponta para a liberdade de toda form a de idolatria, de mescla com a verdadeira adoração ao único Deus (vs. 17, o segundo mandam ento; Êxo. 20.3,4). Destaca a remoção da corrupção do coração e da vida, tal com o o prepúcio era rem ovido por ocasião da circuncisão literal. Ver no Dicionário o verbete intitulado Circuncisão, quanto ao ato e quanto ao seu significado metafórico. A circuncisão era o sinal mesmo do Pacto Abraâm ico (ver Gên. 17), da mesma form a que a guarda do sábado era o sinal do Pacto Mosaico (ver Êxo. 31.12 ss.). Ver no Dicionário o verbete Sábado. Indicava a remoção de todo mal e a possessão entesourada de todo o bem. Cf. Deu, 30.6 e Jer. 4.4. A purificação da alma é a sua expressão espiritual. V er no Dicionário o verbete chamado Santificação. Não mais endureçais a vossa_ cerviz. Ver o artigo sobre esse assunto no Dicionário, bem como os trechos de Êxodo 32.9 e Deuteronômio 9.6,13,24. O cora ção circuncidado elimina a dura cerviz. Ambas as coisas são metáforas que expri mem a necessidade da santidade. Ver no Dicionário o artigo chamado Justiça. Cf. Lev._24.41 e Jer. 9.26. Os “lábios incircuncisos” , conforme dizem algumas versões em Êxo. 6.12,30 e Jer. 6.10, indicam o fato de que os pagãos eram incircuncisos, e que Israel se tornava incircunciso quando agia à moda dos pagãos. 10.17 Yahweh-Elohím é o Deus dos deuses e o único verdadeiro Deus, e não o Senhor de deuses secundários ou inferiores, conform e alguns interpretam. Ver no Dicionário o artigo intitulado Monoteísmo, e, contra a idolatria, ver sobre o segun do mandamento, com entado em Êxo. 20.3,4. O único verdadeiro Deus é grande (o que é am pliado no vs. 14 deste capítu lo). Ele também é terrível e deve ser temido (o que é am pliado no vs. 12, primeiro ponto). Ele é o Todo-poderoso, o que é inerente a Seus nomes de E l e Elohim (forma plural); Ele não tem respeito humano, ou seja, não favorece uma pessoa em prejuízo de outra; não aceita suborno, conform e costum am fazer os homens; mas requer a mesma obediência e a mesma justiça da parte de todos os homens. Nessa conexão, ver Jó 36.18,19. Isso posto, o autor sacro acum ulou títulos e descrições de Deus, a fim de enfatizar o Seu caráter ím par, a Sua soberania, a Sua suprem acia sobre todos os dem ais poderes do universo. E daí advém a necessidade que tem os de am á-Lo e de Lhe serm os obedientes. O autor sagrado tomou por empréstim o uma expressão própria do politeísmo, “Deus dos deuses", embora isso não indique nenhum a idéia de pluralidade de deuses. O autor sagrado deu à expressão um sentido m onoteísta, em consonân cia com a teologia do yahwism o. 10.18 Justiça para A lém das Fronteiras da comunidade de Israel era uma das melhores percepções da lei. Quanto mais amplo for o escopo de nosso amor, m ais próximos estarem os vivendo do fogo divino central. Os homens gostam de fechar as portas e as janelas da casa do conhecimento. O am or abre as janelas, e um conhecimento crescente abre as portas. Gradualm ente, o judaísm o percebeu a universalidade de Yahweh e, por sua vez, a universalidade dos melhores con ceitos da lei e de suas exigências. As classes pouco privilegiadas incluíam as viúvas, os órfãos e os estrangeiros, os quais ou viviam em Israel como imigrantes, ou apenas estavam passando pelo país. A correta compreensão da lei demandava justiça para todos, sem nenhuma distinção. O termo hebraico ge r (estrangeiro) usualm ente era reservado para indicar um estrangeiro que houvesse deixado sua terra natal e tivesse fixado residência em Israel. Mas de outras vezes a palavra reveste-se de um sentido mais amplo. Essa gente acabava convertendo-se a Yahweh, e eram judeus quanto à sua fé religio sa, embora não fossem, racialmente, pertencentes ao mundo hebreu. Uma pes soa assim estava sujeita a ser perseguida ou a ser ignorada. Dos estrangeiros esperava-se que observassem a lei e acom panhassem o culto do tabernáculo. Ver Deu. 16.11,14; 26.11; 29.10,11; 31.12 quanto a leis que regulam entavam o tratamento que devia ser dado aos poucos privilegiados. Cf. também Deu. 24.17 22. A redenção divina é imparcial e confere bem -estar a todos. Deus ama tais pessoas. Esse é o âmago do versículo. E essa é uma exce lente universalização da lei do amor, nos seus primórdios. Ver Deu. 6.5 quanto à lei do amor, que envolve tanto a Deus quanto aos nossos sem elhantes. V er no Dicionário o artigo geral a respeito do Amor.
DEUTERONÔMIO
802 10.19
C apítu lo O nze
Fostes estrangeiros na terra do Egito. Houve tem po em que Israel era uma minoria racial, em terra estrangeira, tratado com constante hostilidade. A m emória daquele período crítico da história daria aos hebreus o discernimento necessário acerca do porquê do tratam ento justo aos estrangeiros que viessem viver entre eles. Cf. Lev. 34. O trecho de Levítico 19.18 tam bém tem com o centro a iei do am or ao próximo. Ver Deu. 15.1-18 e 22.1-4 quanto a aplicações práticas da lei do amor fraternal. Tem os aqui o segundo mais im portante mandamento, o primeiro sendo o am or a Deus, a base de todos os atos morais.
10.20 Este versículo é sim ilar aos vss. 12 e 13 deste capítulo, pois os conceitos ali contidos servem de luzes orientadoras quanto a toda conduta, conform e é descri to com detalhes nesta passagem . O tem or piedoso é repetido (ver o vs. 12); a idéia de “servir” , com base nesse m esm o versículo. “Te chegarás” é uma idéia nova, dando a entender uma lealdade vigorosa e entusiasm ada a Deus e à Sua lei. Cf. Deu. 11.22; 13.4; 30.20, onde a idéia é repetida. Achegar-se a Deus seria o final de qualquer tentação a respeito da idolatria. Pelo seu nome jurarás. Para que tivessem validade, todos os julgam entos tinham de ser feitos em nome de Deus, tendo Yahweh como testem unha. Essas palavras referem-se a juram entos pessoais religiosos, ou então a prom essas e resoluções. Cf. Deu. 6.13, onde com entei sobre a questão. Ver no Dicionário o artigo intitulado Juramentos.
10.21 Ele é o teu louvor. Essa é a base de todo louvor. Deus é o alvo de todo esse louvor. Yahweh merece o louvor de todas as Suas criaturas inteligentes, porquanto Ele é a Fonte de toda vida e bem-estar (Tia. 1.17). Seus dons são espirituais e temporais, e a vida é abençoada por meio deles. Cf. Jer. 17.14. “É uma honra eterna, para qualquer alma, estar em situação de amizade com Deus” (Adam Clarke, in loc.). Fonte, Tu, de toda bênção, Vem o canto me inspirar. Dons de Deus que nunca cessam, Quero em alto som louvar.
O capítulo à nossa frente faz parte da seção iniciada em Deu. 8.1, onde devem ser consultadas as notas de introdução. Continuam os aqui com a ênfase sobre a relação entre a obediência e a possessão. Tudo com eça pelo amor, no terreno espiritual. O autor sacro apelou para ilustrações históricas para que a sua lição se tornasse mais vívida. Visto que o povo de Israel tinha contem plado tão grandes obras, realizadas pelo Deus de am or (vs. 7), deveria seguir-se, natural mente, o am or (vs. 8). Na obediência assim prestada, a Terra Prometida seria possuída, e então usada da m aneira correta. A vida seria uma conseqüência da obediência (vs. 9). A Terra Prometida era muito boa, mas só perm aneceria como tal se os israelitas continuassem na obediência. Não havia com o exagerar a importância da lei diante de Israel. A lei m osaica era tudo para eles. Todas as bênçãos, temporais e espirituais, dependiam da lei. Ver Deuteronômio 6.5 quanto ao primeiro e ao segundo m andam entos, cujo cum prim ento é a essência da lei, bem com o a raiz de onde se origina toda fruição relativa ao povo de Israel. 11.1 Preceitos... estatutos... juízos... m andam entos. Os três primeiros desses quatro term os são empregados em outros trechos para indicar a m ultiplicidade da lei e suas aplicações, como em Deu. 6.1. “M andam entos” parece ser aqui um som atório dos três primeiros term os. A tripla designação é comum, mas algumas vezes apenas um ou dois dos três elem entos se fazem presentes. O trecho de Deu. 8.1 diz apenas “m andamentos", embora a exortação à obediência seja idên tica. Neste ponto, a obediência aparece com o dependente do amor, conforme também foi dito em Deu. 6.5, onde o leitor deve ver as notas expositivas. V er no Dicionário o artigo cham ado Deus, Nom es Bíblicos de. “Uma vez mais, Moisés deu ênfase especial à inseparabilidade do am or e da obediência (cf. Deu. 6.5,6; 7.9; 10.12,13; 11.13,22; 19.9; 30.6,8,16,20). O teste ácido do amor de um israelita a Deus era ser-Lhe obediente (cf. João 14.15)” (Jack S. Deere, in loc.). A obediência era m edida em term os de cum prim ento de todas as condições da lei, com base na m otivação do amor. Som ente assim se conseguiria uma obediência duradoura. Todos os outros m otivos falham, afinal de contas. 11.2
(Robert Robinson) Ver no Dicionário o detalhado artigo cham ado Louvor. Deus é Aquele que opera sinais e m aravilhas (Deu. 4.34; 6.22; 7.19), bem como grandes e terríveis coisas, com o juízos sobre os inimigos e milagres de provisão. O povo de Israel foi libertado do Egito mediante uma série de milagres, e dali foi conduzido a um deserto seco, mas nunca lhe faltou coisa alguma. Foram-lhe dadas grandes vitórias, com o aquelas sobre Seom e Ogue. Ver os Salmos 106.22 e 136.10-21.
10.22 Setenta almas. Setenta pessoas da família de Jacó desceram ao Egito, quan do a fome, na Palestina, forçou-os a sair dali. Algumas traduções dizem setenta e cinco. Ver Atos 7.14,15, no Novo Testamento Interpretado, quanto a um estudo completo sobre a questão, a qual não se reveste de uma im portância capital, exceto para os críticos, que pretendem lançar uma som bra de dúvidas sobre a Bíblia, ou para os ultraconservadores, que requerem harmonia a qualquer preço. De Modestos Começos até a Grandeza. De tão breves começos, e habitando em uma terra hostil, Israel aumentou para seiscentos mil homens de mais de vinte anos de idade para cima, capazes de servir ao exército. Isso quer dizer que a população total dos hebreus deve ter sido entre três e quatro milhões de pessoas. Multiplicaram-se tanto que se tornaram como as estrelas do céu e como as areias do Mar, em conso nância com as promessas dadas a Abraão e confirmadas pelo Pacto Abraâmico (ver Gên. 15.18). Ver Núm. 1.46, quanto a esses dados estatísticos. Ver Núm. 1.2 quanto a uma comparação entre os dois recenseamentos que houve. A lição dada pelo versículo é que a grandeza de Deus ia sendo crescentemente reconhecida. A bênção divina florescia em Israel porque essa nação estava sendo preparada para ser um instrumento especial de com unicação da mensagem divi na, que culminaria no Messias, o Filho M aior de Abraão. Como as estrelas dos céus em m ultidão. V er as notas a esse respeito em Gên. 15.5; 22.17 e 26.4.
Considerai hoje. Israel era um povo bem informado. M oisés não estava falando a um povo mal instruído. Eles tanto tinham visto quanto tinham experi mentado o poder e a provisão de Yahweh. A experiência passada deveria ajudar a obediência presente. O tabernáculo tinha sido erigido; as circunstâncias da vida tinham servido de ilustrações; os milagres divinos tinham agido com o lições obje tivas. Três descrições de Yahweh e Seus atos foram dados: 1. Sua grandeza inerente. Um dos atributos de Deus é a Sua onipotência. V er no Dicionário o artigo A tributos de Deus. Seu poder nunca se ausenta, um poder que mana de Seu próprio ser. 2. Sua m ão poderosa. Ver sobre isso em Deu. 3.24; 4.34; 5.15; 6.21; 9.26; 34.12. 3. Seu braço estendido. Quanto a isso ver Êxo. 6.6; Deu. 4.34; 5.15; 7.19; 9.29; 11.2; 26.8. Essas duas expressões apontam para incidentes em que o poder e as intervenções de Yahweh foram efetuadas. Naturalmente, são e x p re s s õ e s a n tro p o m ó rfic a s . V e r no D ic io n á rio o v e rb e te ch a m a d o Antropomorfismo. 11.3 Os seus sinais, as suas obras. Os m ilagres e os prodígios feitos no Egito foram lições objetivas da intervenção divina, mostrando com o Deus usa a Sua mão poderosa e o Seu braço estendido. Ver Êxo. 7.14 (notas introdutórias) quanto às Dez Pragas do Egito, que ilustra a questão, incluindo os elem entos miraculosos. Ver também o verbete Milagres. Cada um daqueles m ilagres derrotou alguma divindade egípcia específica. Em outras palavras, esses m ilagres tam bém derro taram a idolatria. Faraó. Ver a respeito no Dicionário. Há especulações sobre qual dos Faraós teria estado envolvido nos acontecim entos do êxodo de Israel do Egito. 11.4 Mar Vermelho. Melhor ainda, “Mar de Juncos” . Essa foi uma ocasião memorá vel na qual a poderosa mão de Deus e o Seu braço estendido fizeram intervenção em favor de Israel. A maioria dos estudiosos concorda que está aqui em pauta o Mar de Juncos, e não o Mar Vermelho, ou seja, um dos lagos de água doce posicionados acima do braço do M ar Vermelho que se dirige para o norte. “O M ar de juncos de papiros” (Jack S. Deere, in loc.). Ver notas expositivas completas sobre o que significava esse Mar, em Êxo. 13.18. Ver também Exo. 14.22.
DEUTERONÔMIO A intervenção divina, no M ar de Juncos, tornou-se, para todas as épocas, uma ilustração histórica do poder divino, e sem pre apresenta a possibilidade da intervenção divina. Sem pre serviu de m otivação para a obediência ao Deus da redenção. A ruína duradoura do Egito, que significou a libertação de Israel, só podia ser explicada por uma intervenção divina. Ver, em Deu. 4.20, como o poder de Yahweh tirou Israel do Egito, um tema mencionado por cerca de vinte vezes em Deuteronômio. 11.5 Temos aqui uma declaração geral do autor acerca de todos os atos podero sos de Yahweh e de Sua provisão no deserto, tudo o que servia de outra m otiva ção para que eles obedecessem ao seu Benfeitor. O poder e as provisões de Deus servem de fator constante na vida diária do crente, não apenas de exibições de ocasional dram aticidade divina. Embora os filhos de Israel se tivessem rebela do por cerca de onze vezes (ver as notas em Núm. 14.18 e 21.5), ainda assim a graça do Senhor seguiu-os e abençoou-os. Até aqui Teu p o d e r me abençoou, E p o r certo continuará a guiar-m e; Eu gostava de escolher o m eu caminho, Mas, agora, guia-m e daqui p o r diante. (John H. Newton)
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Terra que mana leite e mel. Essa é uma expressão bastante com um para falar sobre os suprimentos naturais abundantes da Terra Prometida. Ver as notas a respeito em Êxo. 3.8 e Núm. 13.27."... abunda de todas as coisas boas, cujos frutos são como leite e doces como o m el” (Targum de Jonathan). 11.10 Não é como a terra do Egito. O Egito era mais seco do que a terra de Canaã, pois dependia de irrigação para ser produtivo. Mas em Canaã havia um suprimento mais natural de chuvas, excetuando as áreas desérticas. Yahweh é que havia dado à terra de Canaã um contínuo suprimento de chuva para a sustentação da vida. “O vale do rio Nilo tinha de ser irrigado pelo esforço humano. A Palestina, entretanto, dependia de um regime sazonal de chuvas. Essa diferença foi mencionada a fim de mostrar como Israel dependia do Senhor, Aquele que dá ou retém a chuva (ver Amós 4.7-9)” (Oxford Annotated Bible, comentando sobre o vs. 10). Com o pé. Em outras palavras, o processo de irrigação usualmente era árduo. O povo tinha de transportar água do rio Nilo para os seus campos. Como é óbvio, eles usavam animais nesse trabalho, embora se tratasse de um “trabalho feito com os pés”, ao passo que a chuva, na região da terra de Canaã, era uma obra divina. Alguns estudiosos têm imaginado máquinas im pulsionadas pelos pés, usadas para efeito de irrigação; mas não há nenhuma evidência quanto a isso. Eram emprega das valetas, mas o processo era laborioso. A “terra de Gósen”, região onde Israel tinha vivido no Egito, era a melhor região do país (ver Gên. 47.6), mas Rashi informa-nos que nem mesmo a terra de Gósen era tão boa quanto a terra de Canaã.
11.6 11.11
E ainda o que fez. Juízos de natureza miraculosa faziam parte das interven ções de Yahweh, visto que som ente um povo purificado e obediente poderia possuir a Terra Prometida e obter sucesso ali. O autor nos faz lem brar dos casos de Datã e Abirão. Esses homens, juntam ente com Coré, encabeçaram uma rebe lião contra a autoridade de M oisés e sofreram conseqüências fatais. A história é contada longamente em Núm. 16.30-33. A terra os engoliu vivos, e isso pôs fim à rebelião. Se Yahweh não tivesse dado fim àqueles homens iníquos, Ele teria de dar fim ao povo inteiro de Israel. Mas do m odo com o as coisas sucederam, o câncer foi removido e o corpo foi salvo. Ver Núm. 16.45, quanto ao juízo generali zado que foi ameaçado. Um grande fogo divino seguiu-se à abertura da terra e eliminou outro grupo de rebeldes, antes que pudessem escapar. E então seguiuse uma praga que destruiu catorze mil pessoas, sem dúvida, aqueles que tinham dado apoio ao m ovim ento rebelde. Ver Núm. 16.41 ss.. E ver sobre a revolta de Coré em Núm. 16.1-11.
Da chuva dos céus beberá as águas. A terra de Canaã dispunha de colinas e vales. Não era uma terra plana que se estendesse ao longo de um rio, com o era a planície do rio Nilo. Em Canaã havia fontes e rios, e uma abundante chuva sazonal, excetuando as áreas desérticas, onde não se tentava praticar a agricultu ra. “Em Canaã, havia muitas colinas e montes, com o aqueles em redor de Jerusa lém, do Carmelo, do Tabor, do Líbano etc. Ali há vales e planícies, com o o vale de Jezreel etc. Essa variedade tornava deleitável todo aquele território. A fertilidade da Palestina dependia das chuvas dadas por Yahweh, além do que Israel tinha de mostrar-se cauteloso quanto a m anter uma bênção divina constante, por meio de sua obediência à lei. “Enquanto dorm es em teu leito, o Santo, bendito seja o Seu nome, irriga tanto as tuas terras altas quanto as tuas terras baixas” (Ellicott, in loc., citando um autor judeu que ele não identificou).
11.7,8
11.12
Os vossos olhos são os que viram . Moisés dirigia-se àqueles que tinham visto os grandes eventos referidos, os quais, portanto, não tinham desculpas. A tendência de gerações sucessivas é dizer: “Tudo isso foi apenas um m ito!”. Mas a geração que vira tudo, sabia. Com base nesse conhecimento, eles tiveram de agir em obediência à lei, pois, de outra sorte, eles não teriam entrado na posse da Terra Prometida, tornando-se im possível perm anecer ali. Tudo dependia da obe diência à lei, um tema que é muito reiterado no Pentateuco. A Terra Prometida foi dada divinamente dentro do Pacto Abraâm ico (ver Gên. 15.18). Os primitivos habitantes dali seriam expulsos pelo decreto divino (Gên. 15.16); mas tudo depen dia da obediência. Ver Deu. 6.1; 8.1 e 11.1, quanto a essa ênfase, que agora retorna, m ostrando qual era a condição para a possessão da Terra Prometida, a saber, a obediência à lei. “A prom essa divina não era autom ática, isto é, não dependia somente de questões com o descendência e desejo nacional. A eleição, com suas bênçãos conseqüentes, dependia da aceitação da nação de sua responsabilidade, o que, por sua vez, repousava sobre a revelação da lei de Deus” (G. Ernest Wright, in loc.).
Havia dois períodos de chuvas consideráveis. Um deles durante o outono, cham ado de chuva “tem porã” , correspondente aos nossos meses de setem brooutubro; e outro durante a primavera, cham ado de chuva “serôdia", corresponden te aos nossos meses de março-abril. Cf. Joel 2.23. Se essas chuvas falhassem, seguia-se um desastre total, pelo que os israelitas dependiam totalm ente delas. As chuvas temporãs, ou primeiras chuvas, punham fim ao calor e à seca do verão. E as chuvas serôdias, ou últimas chuvas, chegavam no com eço do ano. E isso emprestava grande equilíbrio às condições atmosféricas. V er dois artigos, no Dicionário, que ilustram este texto: Chuva e Chuvas A nteriores e Posteriores.
11.9 Para que prolongueis os dias na terra. Na estim ativa do autor sacro, a vida seria dada m ediante a observância da lei. Está em pauta, contudo, a vida física, na Terra P rom etida, uma vida terrena abençoada, Não há aqui nenhum intuito de falar sobre a vida além -túm ulo, ainda que a teologia judaica posterior tenha interpretado a questão como se ela apontasse tanto para uma vida física próspera quanto para a salvação no m undo por vir. Essa questão foi anotada com detalhes em Deu. 4.1, com com entários adicionais em Deu. 5.33 e 6.2, pelo que não entro m ais em detalhes aqui. Ver no D icionário os verbetes intitulados Vida e Salvação. A Terra Prometida foi dada a Abraão e seus descendentes, mediante um juramento divino. Ver, no Dicionário, sobre Pactos; sobre o Pacto Abraâmico, em Gên. 15.18; e sobre o Pacto Mosaico, nas notas introdutórias ao capítulo 19 do livro de Êxodo.
11.13 Se diligentem ente obedecerdes. As chuvas dependiam da obediência à lei, por parte dos filhos de Israel. O modo dessa obediência, e suas características, repete a expressão que figura em Deu. 6.5 e 10.12,13, cujas notas expositivas também se aplicam a este texto. Os apelos feitos no Deuteronôm io são urgentes e expressivos. A obediência precisa estar alicerçada sobre o amor, sendo este o maior de todos os mandam entos. Uma observância diligente tinha de fluir da lei, com o acom panham ento do serviço, que se estende a todas as particularidades ordenadas na lei, com seu culto e suas dem andas morais. Yahweh é visto com o aquele que controla a natureza. Tem os aí a posição do teísmo (ver a respeito no Dicionário), em contraste com o deísm o (ver tam bém no Dicionário). A primeira posição parte do pressuposto de que há um poder pessoal criador, e que esse poder perm anece ao lado dos homens, abençoando ou casti gando, tudo na dependência da obediência. O deísmo, por sua vez, pressupõe um poder criador (pessoal ou im pessoal), mas supõe que esse poder tinha aban donado a sua criação, deixando tudo ao sabor das leis naturais. O teísm o admite a intervenção divina; mas não o deísmo. 11.14 Darei as chuvas. As vitais primeiras e últimas chuvas dependiam da vontade de Yahweh; e a vontade Dele, por sua parte, dependia da obediência humana. Se
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DEUTERONÔMIO
Israel se voltasse para a idolatria (ver a respeito no Dicionário), então perderia as chuvas enviadas por Yahweh. Com isso, a prosperidade cessaria e a necessidade surgiria. A seca sempre foi considerada uma arma na mão de Deus para castigar os homens desobedientes. Ver no Dicionário o artigo intitulado Seca. As leis da nature za não permitiam nenhuma independência da parte de Israel em relação a Yahweh, porquanto Deus era visto como Aquele que controla as leis da natureza. “Deus não pode ser um prisioneiro, incapaz de afetar diretam ente o próprio mundo que Ele criou! Cum pre-nos supor que, em resposta à oração, as leis que Ele mesmo determinou possam ser efetivadas” (Henry S. Shires, in loc.). As religiões têm crido, universalmente, na intervenção divina acerca da chu va, e em muitas culturas há orações especiais com o intuito de atrair a chuva. Os índios americanos hopi até hoje continuam os seus ritos que atrairiam as chuvas. A misericórdia de Deus envia a chuva sobre todos (Mat. 5.45), mas há momentos em que Deus precisa fazer intervenção. As populações dependentes da terra e das forças da natureza sentem-se especialmente agradecidas por suas colheitas, e isso é celebrado com coração grato. Todos nós dependem os igualm ente do Senhor, em bora essa dependência possa ser expressa de diferentes maneiras. “A colheita dos frutos da terra ocorria em ocasiões diferentes. A colheita da cevada ocorria primeiro, e então vinha a colheita do trigo; e, depois disso, a vindima e a colheita das azeitonas. Por meio das chuvas certas, em seu devido período do ano, todas essas colheitas faziam -se possíveis” (John Gill, in loc.). Apesar de haver uma providência geral, que cuida de todas as coisas, há também uma providência especial e particular de Deus. Ver no Dicionário o artigo intitulado Providência de Deus. Naturalmente, a providência faz parte do conceito do teísmo. Ver os com entários sobre o versículo anterior. 11.15 Darei erva. O gado também dependia da ajuda direta de Yahweh; e, por sua vez, os homens dependiam de seus anim ais dom esticados, quanto a alim entos e quanto a sacrifícios de animais. “O argumento do Deuteronômio, de que a obediência leal a Deus é a condição da higidez nacional e da possessão da Terra Prometida, não é afetado pelas dúvidas modernas” (G. Emest Wright, in lo c.). Cf. este versículo com Sal. 114.13,14 eZac. 10.1. 11.16 Sirvais a outros deuses. A idolatria é mencionada vezes sem conta. Esse era o grande inimigo de Israel, bem como a origem de males intermináveis. O segundo mandamento (Êxo. 20.3,4) condenava elaboradamente a idolatria. A idolatria era capaz de fazer parar as chuvas vitais. Israel era facilmente enganado pelos povos vizinhos e por si mesmo, e com freqüência caía nessa armadilha. E o resultado era sempre desastroso. Finalmente, os filhos de Israel foram expulsos da Terra Prome tida e levados para o cativeiro, por causa do pecado da idolatria com suas várias ramificações. Ver no Dicionário o artigo chamado Cativeiro (Cativeiros). O coração humano vive aberto para as más influências, devido à sua corrupção interna. Esses dois fatores cooperam juntam ente para causarem dor e tristeza. Muitos deuses adorados na terra de Canaã estavam ligados a cultos de fertilidade. Havia deuses da reprodução humana, da fertilidade da terra, dos cere ais, do azeite, das chuvas e de tudo quanto se pode imaginar. O autor sacro, pois, chama a atenção dos filhos de Israel para que não dessem atenção às várias m anifestações do paganismo. A fertilidade, seja ela humana, animal ou vegetal, pertence a Yahweh. A fim de prosperar, Israel precisou ser diferente das nações pagãs ao seu redor. Ver Deu. 4.6 ss. quanto a isso. 11.17
Yahweh. M eios físicos eram usados com o lem bretes. Havia os filactérios usados entre os olhos, com porções das Escrituras dentro deles. As palavras de Yahweh eram assim vinculadas ao coração e à alma, para que não fossem esquecidas, mas cum pridas com o m áxim o de precisão. O trecho de Deu. 6.8 fala em como essas palavras eram atadas às mãos e às frontes dos filhos de Israel, como sinais. Notas com pletas são dadas no texto paralelo. E adiciona que os filhos seriam objetos especiais desse ensino. Um israelita crescia saturado com a lei, e a sua disposição seria continuar, na idade adulta, os padrões firm ados na m enini ce e na adolescência. Os com entadores judeus, em sua tristeza, ao considerarem a história de Israel, observaram que Israel, quando estava cativo, na ocasião lem brava-se de tudo quanto Moisés lhes orientava fazer. Os desastres serviam com o m eios efica zes de lembrança. Somente quando perm itiam que Yahweh saturasse a m ente e a alma deles, entrando em todas as áreas de sua vida, podia Israel escapar de poderes seduto res, externos e internos, os quais, de outra sorte, os levariam à ruína. A antevisão é prenhe de dúvidas e de rebeldia, m as a visão acerca do passado é precisa. 11.19 Este versículo é paralelo do trecho de Deu. 6.7. O ensino devia com eçar cedo; as crianças deviam ser condicionadas a obedecer. A educação secular começava, por exigência da lei, quando um a criança estava com cinco anos de idade. Mas muitos pais nunca dão início à educação espiritual de uma criança. Não admira, pois, que entre nós haja tanta gente carnal, tanta corrupção, tantas bobagens e desvios entre a população adulta. V er o paralelo (Deu. 6.7) quanto a notas completas, visto que este versículo é quase uma duplicação daquele. Nossos filhos, a nossa mais preciosa possessão, não podem ser negligencia dos. A pior parte de qualquer caso de negligência é o aspecto espiritual, porque, afinal, um ser humano é uma alma eterna. Seu corpo é apenas um veículo.
11.20 Este versículo tem paralelo em Deu. 6.9, cujas notas devem ser consultadas. “O mesmo princípio aplica-se hoje aos .crentes. A dedicação tanto a conhecer quanto a obedecer às Escrituras im pede que os crentes se dediquem a formas contem porâneas de adoração falsa (ver I Tim. 3.1-9; II Tim. 3.14-17). Foi por isso que Paulo exortou os crentes a deixar que a Palavra de Cristo habitasse neles ricam ente” (Jack S. Deere, in loc.). 11.21
Para que se m ultipliquem os vossos dias. É novam ente prom etida a vida por meio da obediência à lei; mas agora para todos os hebreus, adultos e crianças igualm ente. V er notas com pletas sobre esse tem a m uito repetido em Deu. 4.1; 5.33 e 6.2. V im os de novo esse conceito no nono versículo deste capítulo. N ovam ente é dito que essa vida é potencialm ente vivida na T erra que Deus jurou dar aos patriarcas, de acordo com o Pacto Abraâm ico, que tam bém repete as declarações constantes no nono versículo deste capítulo, e onde a questão é com entada. “ Uma vida longa é algo muito desejável, e é prom etida àqueles que obede cem e guardam a lei. Ver Deu. 30.19,20 e Sal. 91.16” (John Gill, in loc.). Quanto à desejabilidade de uma longa vida, ver Gên. 5.21. Tão numerosos com o os dias do céu. Está em pauta uma possessão eterna. Tal como os céus estão sem pre acim a da terra, fixados por decreto divino, assim também os efeitos do Pacto Abraâm ico deveriam continuar a abençoar aos obedientes que participassem daquele pacto.
Que a ira do Senhor se acenda. A ira de Yahweh estava pronta para entrar em ação. Quando observava Israel agindo com o os pagãos, imitando suas m últi plas form as de idolatria, a ira de Deus entrava em ação. Um efeito imediato seria a suspensão das chuvas. Diante disso, havia um desastre total, pois Israel não dispunha de nenhum grande rio, com o o Nilo, de que pudesse depender. A idolatria era precisamente o que provocava mais a ira de Deus. Os céus entesouram as chuvas; mas Deus não abria as janelas do céu para abençoar a um povo rebelde. “A chave para as chuvas é uma das chaves que os judeus dizem que o Senhor conserva em Sua própria mão, e que Ele abre e ninguém fecha, ou que Ele fecha e ninguém abre. Ver Deu. 28.12 e Mal. 3.10” (John Gill, in loc.). A essência dessa citação encontra-se no Targum de Jonathan, em seus com entári os sobre Deuteronômio 28.12. É irônico que Israel, ao tentar garantir a chuva adorando aos deuses cananeus, provocava a ira de Deus e assim fazia estancar as chuvas!
Uma característica literária do Pentateuco, do qual o Deuteronôm io com parti lha, é a repetição. Tem os aqui, nos vss. 22-25, a repetição das condições para uma invasão e possessão bem-sucedida da Terra Prometida. V er uma declaração elaborada sobre isso em Deu. 9.1-6. Tudo dependia dos seguintes pontos: 1. A m a r a Deus (Deu. 6.5); 2. guardar os Seus mandam entos; 3. a n d a m o s Seus caminhos; 4. apegar-se ao Senhor. Esses são elem entos que foram dados em Deu. 10.12,13, onde fiz com entários detalhados. O texto de Deu. 9.1 ss. mostra que havia outros fatores incluídos na questão, a saber, o Pacto Abraâm ico, que tinha de ser cum prido, e a graça de Deus que fez esse pacto ser cumprido, mesmo no caso de um povo rebelde, cuja retidão não podia fazer cum prir o pacto, visto que, de fato, era um povo rebelde (9.6).
11.18
11.23
Os vss. 18-20 repetem, com leves variações, o texto de Deu. 6.6-9, cujas notas devem ser consultadas. Total atenção era necessária para desviar a ira de
O S enhor desapossará. Se os israelitas cum prissem as condições do pacto, m ediante a obediência, então Y ahw eh lutaria por eles (Deu. 1.30; 3.22;
11.22
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DEUTERONÔMIO 20.4), g a rantindo-lhes sucesso absoluto. As sete nações pagãs seriam e xp u l sas da terra de C anaã. V er sobre essas nações em Êxo. 33.2 e Deu. 7.1. Essa últim a referência deixa claro que a quelas nações eram m ais poderosas do que Israel, pelo que som ente uma intervenção divina seria capaz de expulsálas dali. V er tam bém Deu. 9.1-6, que elabora essas questões e cujas notas tam bém se aplicam aqui. Eles teriam de e n fre n ta r gigantes. Todo hom em espiritual enfrenta aquele tem po em que se d e fronta com_ forças grandes dem ais para ele, que o d e rrotariam em seus propósitos. É então que ele precisa apelar para a ajuda divina. A lgum as vezes é m ister que Deus in te rv e nha em nossa vida, para que possam os fa ze r o que é certo, no tem po o p o rtu no, com o resultado de que a nossa m issão avança com o é devido. Oh, Senhor, concede-nos tal graça!
A bênção. De acordo com a mentalidade do Pacto M osaico (ver as notas a respeito no capítulo 19 de Êxodo), a lei era tudo. Era o código de toda a vida, o padrão de fé e de prática. Ver no Dicionário o artigo cham ado D ez Mandamentos. O Pentateuco frisa repetidam ente o ensino que a fonte de todo o bem era a lei. A própria vida, bem com o a vida abundante, gira em torno dela. V er as notas sobre isso em Deu. 4.1; 5.33 e 6,2. Cf. Tiago 1.17, onde o próprio Deus aparece como essa fonte, no Novo Testam ento, Cristo tom a o lugar da lei. Ele é a água, o pão da vida, o cabeça do Novo Testam ento. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o verbete intitulado Novo Testam ento (Pacto). Ver Deu. 30.15-19 quanto a uma repetição e expansão do texto presente.
11.24
11.28
Meus com entários sobre o Pacto A braâm ico, em Gên. 15.18, dão as dim en sões da Terra Prometida, que tam bém aparecem em parte neste versículo. O ensino é que toda aquela terra seria de Israel, e que seus pés a palmilhariam, ou seja, haveriam de possuí-la. A cena deste versículo tem sido repetida nos tempos modernos: Israel, em sua aflição, tem reunido m ultidões que se põem a caminhar pela terra, buscando uma reafirmação daquela antiga e divina intervenção que se faz necessária para que a terra seja possuída em paz e com vitória sobre os adversários.
A ordem para avançar \d\ tão divina e enfática que se desviar dela resultaria em seguir outros deuses, ou seja, voltar à idolatria (ver a esse respeito no D icio nário). Aquele que se dedicasse a Yahweh avançaria e lutaria pela conquista da Terra Prometida. Nenhum homem profano recuaria de novo ao chegar à fronteira. O sucesso estava garantido por meio da obediência. Os deuses pagãos eram inúteis, fatores desconhecidos em Israel. Eles nada representavam nem tinham feito coisa alguma; mas aquelas não-entidades capturariam a atenção dos israelitas insensatos. "Se a bondade divina não o tivesse impedido, eles seriam amaldiçoados em corpo e em sua situação; em tigela de massa e nos m antimentos de boca; em rebanhos de gado vacum e ovino; dentro e fora das portas; nas cidades e nos campos; em sua saída e em sua entrada; neste m undo e no mundo vindouro" (John Gill, in loc.). Ver Deu. 28.15-20, a passagem de onde GUI extraiu as suas idéias. Ver também Deu. 29.20.
Desde o rio. O primeiro rio, aqui mencionado, provavelm ente é uma referên cia ao “ribeiro do Egito” (não o Nilo), o wadi el ‘Arish, sobre o qual comentei em Núm. 34.5. Mas o Nilo, como fronteira oriental, parece estar em foco em Gên. 15.18, onde foi proferido o Pacto Abraâm ico. O outro rio mencionado neste versí culo é identificado como o Eufrates. Esse rio form ava outra fronteira ideai da Terra Prometida. Seja como for, as dim ensões dadas aqui foram essencialmente atingi das por Davi. Ver I Reis 4.21. O trecho de Jos. 1.3,4 repete as palavras deste versículo.
11.27
O céu não ajuda o homem que não age. (Sófocles)
11.25 11.29 Ninguém vos poderá resistir. A vitória estava garantida pelo poder e pela presença de Yahweh, que venceria toda força superior, fortificações e gigantes. Ver sobre isso em Deu. 7.1. As sete nações que ocupavam a terra de Canaã, embora humana e logicam ente em posição vantajosa, divinamente falando esta vam em desvantagem. O medo haveria de perturbá-las. Yahweh-Elohim (os no mes divinos que figuram neste versículo), ou seja, o Eterno e Todo-poderoso, daria a vantagem a Israel, porquanto um propósito divino estava em operação. Ver no Dicionário o artigo cham ado Deus, N om es Bíbljcos de. Ver Jos. 2.9-11 quanto ao tem or prom etido que teve-cum prim ento. Cf. Êxo. 15.16,17; Deu. 2.25; 28.10; Jos. 5.1, que são passagens paralelas. A Escolha: a Bênção ou a M aldição (11.26-32)
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11.26 Esta breve subseção apresenta-nos uma das passagens mais bem conheci das deste livro. A neutralidade é im possível quando estão em foco as causas divinas. O povo de Israel m ostrou-se negativo quanto à ocasião anterior, quando chegou às fronteiras da Terra Prometida, e teve de retroceder para o deserto por quarenta anos. Houve uma segunda oportunidade, porém. Uma ação positiva e afirmativa precisava caracterizá-los. Eles não podiam ter outra atitude negativa, e nem mesmo podiam ser neutros, pois então as conseqüências seriam drásticas. Essa circunstância traz até nós, vividam ente, uma vida real, nas circunstâncias diárias, que podemos enfrentar por muitas ocasiões. Há necessidade de convic ção e de decisão correta. Os maus obreiros sempre se mostram intensos e apaixonados por sua causa má. Mas os bons por muitas vezes não exibem a mesma intensidade de propósitos. Há tristeza na indecisão. (Cícero) Esta breve seção funciona com o uma espécie de conclusão à incumbência de Moisés para que Israel avançasse e conquistasse a Terra Prometida. Avançar era prosseguir para a bênção; retroceder era ter de enfrentar a maldição divina. A neutralidade estava excluída. “A escolha positiva em favor ou contra Deus é fundam ental para a experiência cristã” (Henry H. Shires, in loc.). “A opção não é entre Deus e uma vida agnóstica e sem Ele; mas é entre Deus e outros deuses (vs. 28)” (G. Ernest W right, in loc.). Jesus ensinou que o homem que não é em favor Dele é contra Ele (Mar. 9.40). Há dois cam inhos, ou mesmo, algum as vezes, muitos caminhos. A tarefa do Espírito de Deus é m ostrar-nos o caminho. -
Cf. os vss. 29 e 30 com o capítulo 27, onde são dados os detalhes. Aquele que viajasse a partir das planícies de Moabe (Deu. 34.1) poderia ver facilm ente os dois montes à distância. Diante da cena, os israelitas necessariam ente teriam de fazer uma escolha. Um dos montes representava a bênção, e o outro, a maldição. Um era frutífero, e o outro, estéril. A “ m aldição” , referida com detalhes no capítulo 27, envolvia toda espécie de atos de desobediência à lei. O mero intuito de não entrar nem tom ar posse da Terra Prometida já era negligenciar os mandam entos de Yahweh, que tinha dado a lei. Não entrar na terra significaria voltar à idolatria (vs. 28). Uma cerimônia de pacto foi assim determinada. Entre os dois m ontes eles resolveriam se obedeceriam ou não ao Pacto M osaico e a tudo quanto ele repre sentaria. Essa cerimônia, posteriormente, foi efetuada sob as ordens de Josué, conforme lemos, com detalhes, no capitulo 27 de Deuteronôm io. 11.30 Além do Jordão. Ou seja, a Transjordânia (ver a respeito no Dicionário). O sol se punha naquela direção, para quem estava do lado oposto do Jordão. E ao desaparecer atrás do horizonte, o sol desaparecia entre os dois montes em questão, ambos os quais recebem atenção destacada em artigos detalhados no Dicionário. Defronte de Gilgal. Essas palavras são obscuras, tendo causado problemas para os intérpretes. “Uma frase difícil de entender, visto que imediatamente pensa mos sobre a Gilgal que ficava próxima de Jericó (Jos. 4.19). Este lado, porém, é longe demais dos montes Ebal e Gerizim para que a frase faça sentido claro. Mas pode estar em pauta uma outra Gilgal, perto de Siquém” (G. Ernest Wright, in loc.). Disse John Gill (in loc.): “Não aquela Gilgal... perto de Jericó, a qual, nos dias de Moisés, não era conhecida por esse nome, mas outra Gilgal, conform e obser vou o dr. Lightfoot, que pensa estar em foco a Galiléia” . As planícies de Moré ficavam perto de Siquém (Gên. 12.6); e Gerizim ficava nas proximidades. V er Juí. 9.6,7. Existe um vale entre os dois montes. Nos tempos de Moisés, Gerizim dispunha de fontes e pomares, mas Ebal era um montão de terra seca e rochas. Se interpretarm os a preposição hebraica correspondente, conform e faz nos sa versão portuguesa, “defronte de G ilgal” , ou m esm o “além de Gilgal” , então talvez o versículo faça algum sentido, sem term os de apelar para a suposição de “outra Gilgal” . Junto aos carvalhais de Moré. Está em pauta um bosque de carvalhos, existente perto de Siquém (Gên. 12.6; 35.4; Jos. 24.26; Juí. 9.6). Ali os hebreus tinham erigido um santuário. Ver as notas sobre Gên. 12.7, quanto a detalhes sobre esse lugar e seus propósitos.
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Yahweh Tinha Dado a Lei. E tam bém dera a ordem específica de invadir a Terra Prometida. Ali Israel seria abençoado e obedeceria à lei, evitando a idolatria (vs. 28). Logo, havia um im perativo divino para que avançassem . Na Terra Pro metida, o Pacto Abraâm ico estaria no processo de cum prim ento. Se Israel voltas se de novo ao deserto, esse pacto estaria ameaçado. 11.32 O lembrete para que fossem cum pridas todas as leis dadas na legislação m osaica sumaria esta seção. “Term ina aqui a prim eira porção da exposição do decálogo — aquela porção que mostra a relação do povo tirado do Egito por parte de Yahweh. Os capítulos seguintes m ostram as leis que deveriam vigorar no território de Israel: Em primeiro lugar, com o sede da adoração a Yahweh; em segundo lugar, com o sede do reino de Deus; em terceiro lugar, como a esfera de operações de certas regras de conduta, com o intuito de form ar um caráter distin to no povo” (Ellicott, in loc.). “ Uma vez mais, Moisés enfatizou que a história de Israel seria determinada por seu relacionam ento ético com o Senhor” (Jack S. Deere, in loc.).
C apítu lo Doze A Legislação que Moisés Apresentou ao Povo (12.1— 26.19)
Já vimos ordens dessa natureza. Ver Deu. 7.5,25; Êxo. 23.24 e 34.13. A coexistên cia pacífica, apesar de ser um belo princípio, não funcionaria na Terra Prometida. Eventualmente, isso só significaria a absorção de Israel no tipo de cultura já existen te no território. A coisa nova que Yahweh estava preparando não traria nada de coisa antiga, que deixara de existir. O yahwismo, com o seu m onoteísmo (ver a esse respeito no Dicionário), falharia, a m enos que novos princípios fossem firma dos. O monoteísmo não consiste somente em crer na existência de um único Deus. Também inclui a total lealdade ao único Deus, em um sistema de fé religiosa inteiramente diferente. V er no Dicionário o verbete intitulado Idolatria. Ver no Dicionário o verbete cham ado Lugares Altos, quanto aos santuários, os bosques etc. onde os pagãos costum avam estabelecer os seus centros de adoração. Cf. Jer. 2.20 e 3.6. As árvores proviam som bra; e era nesses lugares agradáveis que eram estabelecidas práticas idólatras. “ Dificilm ente havia alguma divindade à qual não tenha sido devotada algum a árvore, com o o carvalho a Júpiter, o laurel a Apoio, a hera a Baco, a oliveira a Minerva, e a murta a Vênus. Ver Jer. 2.20 e 3.6” (John Gill, in lo c ). “As árvores frondosas eram significativas para a adoração cananéia às divin dades da fertilidade” (Jack S. Deere, in lo c ). 12.3 Deitareis abaixo os seus altares. A idolatria pagã form ava uma organização muito complexa, em que praticamente qualquer coisa se tornava objeto de adora ção: objetos físicos, anim ais e astros celestes. Ver no D icionário os artigos Idola tria e D euses Falsos. A lta re s. Ver a esse respeito o Dicionário. Os “bosques” são os mesmos “lugares altos” (vs. 1).
Condições de Bênção na Terra (12.1-32) Tem os aqui a continuação do segundo discurso de Moisés, iniciado em Deu. 4.44 e que se estende até Deu. 26.19. Essa é a segunda parte do segundo discurso. Um sumário, que com eça em Deu. 27.1, assinala a terceira parte. O terceiro discurso com eça em Deu. 29.1. “A m aioria dos leitores do livro interrom pe os seus estudos neste ponto, porque as leis que se seguem parecem secas e estéreis, sem valor para a vida m oderna. Isso, porém , é uma visão superficial do m aterial escrito. É verdade que essas leis visavam ao governo de uma pequena nação agrária, em um estágio inicial de civilização; não podem ser aceitas com seus detalhes por outro povo, de uma época diferente, Todavia, diante da fé do pacto, exposta nos capítulos quinto a décim o prim eiro, reveste-se de interesse e im portância ver com o as várias leis, de origem heterogênea, foram dadas e com o serviram de m otivações da fé. D euteronôm io não se interessa em dar uma m era lista de leis; sua preocupação prim ária é a exposição e a m otivação à obediência” (G. Ernest W right, in loc.). A seção que tem os à nossa frente não é uma repetição exaustiva de material similar, dado nos livros de Êxodo e Levítico. Os pontos principais são repetidos; e a história, com a ajuda da instrução, serve de m otivação para essa obediência. Era ensinada certa qualidade de vida, e não apenas uma longa lista de leis. As leis que se seguem tinham em mente a Terra Prometida. Israel, quando estivesse habitando na Terra Prometida, teria de agir e viver de determinada maneira. Os hebreus form ariam uma nação distinta.
12.1 Os estatutos e os juízos. Com freqüência temos a tripla designação da lei: mandamentos, preceitos e juízos. Ver as notas sobre isso, com supostas diferenças de significado, em Êxo. 19.1, em suas notas introdutórias. Ver também Deu. 6.1. Por vezes, a palavra isolada, “mandamentos”, aponta para a total complexidade das leis. Mas de outras vezes, temos duas designações, conforme se dá com este versículo. “ O Valor da Lei. A porção legal estrita do Deuteronômio (caps. 12-26,28) empres ta ao livro o seu caráter. Contendo provisões novas e antigas, esse código de leis especiais retém grande parte da linguagem dos códigos mais antigos. Contudo, respi ra um novo espírito e incorpora os avanços religiosos e os discernimentos proféticos dos séculos que se tinham passado desde Moisés” (Henry S. Shires, in loc). Todos os dias que viverdes sobre a terra. V iver na Terra Prom etida não era algo que pudesse ser feito sem que se exibisse um caráter específico. Esse caráter devia ser ornado pela obediência à lei. A vida seria adquirida m ediante a obediência à lei (ver Deu. 4.1; 5.33 e 6.3). E essa vida diária form ava um tipo de existência, e não m eram ente uma longa vida biológica. Cf. I Reis 8.40.
12.2 Destruireis por completo. O Senhor exigiu o total aniquilamento de todo vestígio de idolatria que ficasse das sete nações que habitavam a Terra Prometida.
Colunas. “Essas eram grandes pedras postas na vertical, evidentem ente associadas aos altares de todo santuário cananeu. Não se sabe com certeza qual o seu significado, embora não seja improvável que fossem sím bolos do rei dos deuses de Canaã, Baal. Os aserins eram sím bolos da deusa mãe dos cananeus, Aserá, provavelm ente sob a form a de uma árvore, de uma coluna ou de um bosque, objetos esses capazes de ser destruídos a fogo... Quase todos os deu ses pagãos tinham significados sim bólicos, com umente usados nos santuários" (G. Ernest Wright, in lo c ). Postes-ídolos. Ver no Dicionário o artigo detalhado com esse nome, quanto a essa form a de idolatria. Cf. Gên. 28.18,22; 31.13. Imagens esculpidas. V er no Dicionário o artigo cham ado Im agem de Escul tura. Havia grande variedade de ídolos. A lguns ídolos eram feitos com o se fossem esculturas; mas outros eram feitos em form as, e o material usado era metal fundido, as “imagens de fundição” . 12.4,5 Buscareis o lugar. Haveria um lugar central para a adoração a Yahweh, que haveria de tomar o lugar de toda a multiplicidade dos centros de adoração pagã. Esse lugar seria preservado de todo dano, ao passo que os santuários pagãos seriam completamente destruídos. Nenhuma dependência do templo, que seria o lugar de adoração dos judeus, poderia ser destruída. A casa de Yahweh deveria permanecer isenta de qualquer tipo de assédio, em contraste com os centros de adoração pagã. Outra interpretação deste versículo é que Yahweh não deveria ser servido com o o eram os deuses pagãos, nos lugares altos, m ediante o uso de ídolos, por meio de árvores, bosques ou colunas. O trecho de Êxodo 20.24 pressupõe que houvesse muitos santuários para a adoração a Yahweh, mas que esses acabariam por estar centralizados em Jerusa lém, no templo, com o o único ponto de culto público para o povo de Israel. Durante o período dos juizes, o santuário único ficava em Silo. Mas depois que este foi destruído pelos filisteus, Davi erigiu um novo tabernáculo, em Jerusalém. O templo de Salomão (ver a esse respeito no Dicionário) tomou o lugar desse tabernáculo. O quinto versículo deste capítulo enfatiza o processo de unificação. O tabernáculo era o local de culto antigo. Este foi eventualm ente substituído pelo templo, em Jerusalém . A ordem poderia ser mais bem preservada no desenvolvi mento do yahwism o se houvesse uma adoração centralizada. A adoração privada foi subm etida a restrições. O santuário central exaltaria o nome divino, Yahweh, e esse nome sagrado substituiria a todos os outros nomes. Ver no Dicionário o artigo cham ado Deus, N om es Bíblicos de. Ver Êxodo 33.7-11, quanto ao com eço do processo de unificação, um lugar que se tornou o centro da adoração e onde se m anifestava a presença de Deus. Unidade. Um só lugar sim bolizava estas verdades: 1. A unidade de Deus, um só Deus, o monoteísm o. 2. A pureza de adoração, pois todos tinham de ajustar-se a um só modo de adorar. 3. A unidade política e espiritual do povo de Israel. O santuário tornou-se o centro de todas as atividades religiosas da teocracia.
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12.6
12.10
A esse lugar fareis chegar os vossos holocaustos. O lugar central de adoração encerraria toda forma de culto bíblico, veterotestamentário. O autor sagra do nos fornece os modos principais de adoração como oferendas, dízimos, votos, ofertas voluntárias, ou seja, os m eios para efetuar o culto no tabernáculo. Toda atividade semelhante estaria limitada ao santuário central. Mediante essa prática, a unidade explicada no versículo anterior seria mantida, e a idolatria seria evitada.
Terra que vos fará herdar o Senhor. Idealmente, a conquista da Terra Prometida traria descanso em face de um constante conflito que tinha caracteriza do a vida na Palestina. Israel habitaria ali em segurança, em descanso e em unidade. E então poderiam ser im plem entados os ideais de unidade na adoração. As coisas, porém, nunca chegaram a atingir essa form a ideal, em bora fosse o alvo que o autor sagrado tinha em mente. Som ente Salomão chegou a gozar de paz verdadeira, mas m esm o assim por pouco tempo. O território de Canaã foi subjugado e dividido entre as tribos de Israel (Jos. 22.14), mas não ocorreu o total aniquilam ento das sete nações cananéias. Algum tempo mais tarde, o próprio povo de Israel dividiu-se em duas nações que se hostilizavam m utuamente, Israel, ao norte, e Judá, ao sul, e os ataques desfecha dos por outros povos eram uma ameaça constante.
Escrituras. Oferendas: ofertas pacíficas (Lev. 7.12-15; 22.29,30); ofertas de votos (Lev. 7.16,17; 22.18-23); ofertas voluntárias (Lev 7.16,17; 22.18-23); dízimos (Lev. 27.30-32; Deu. 14.28); prim ogênitos com o sacrifícios (Deu. 15.19-23). Verbetes. Ver no Dicionário os seguintes verbetes: 1. Sacrifícios. 2. S acrifíci os e Ofertas. 3. Votos. 4. Prim ogênitos. 5. Libação. V er os cinco tipos de animais que podiam ser sacrificados, em Lev. 1.14-16. Q uanto a tipos de oferendas, ver Lev. 7.37. Muitas leis governavam o culto dos hebreus; e a obediência a essas leis produzia a uniformidade. 12.7 Lá com ereis perante o Senhor. Quase todas as oferendas proviam alim en to para banquetes, pelo que as festas com unais estavam associadas ao sistema sacrificial. Somente os holocaustos requeriam que o animal fosse consum ido no fogo. De outro modo, apenas certas partes eram queim adas como porções de Yahweh. O sangue e a gordura eram sem pre dedicados a Yahweh. O sangue era vertido, e a gordura era queimada. Ver as leis relativas ao sangue e à gordura, em Lev. 3.17. Todas essas oferendas queim adas soltavam um aroma agradável a Yahweh. Ver sobre isso os trechos de Lev. 1.9 e Êxo. 29.18. Assim, Yahweh festejava juntam ente com o Seu povo. Quanto às oito porções que ficavam com os sacerdotes, ver Lev. 6.26; 7.11-27,28-38; Núm. 18.9; Deu. 12.17,18. Os m em bros m asculinos que traziam os sacrifícios com partilhavam das festividades. Algu m as vezes famílias inteiras com partilhavam desses banquetes, incluindo m ulhe res e até mesmo escravos (usualmente estrangeiros). Ver Deu. 16.11 quanto a essa participação geral. E vos alegrareis. A alegria fazia parte dos ritos judaicos. Ver sobre isso os trechos de Deu. 12.12,18; 14.26; 16.11,14,15. Israel era um povo de cânticos e danças, o que ocorria até m esm o nos recintos do tabernáculo.
12.8 Cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos. Havia ficado no passa do a diversidade de santuários e a m ultiplicidade de costum es religiosos. Houve tempo em que cada qual agia conform e m elhor lhe parecia. Mas agora Deus controlaria tudo com o Seu olho, regulando a adoração central e produzindo unidade, conforme ficou anotado no quinto versículo deste capítulo. “ Durante o período da confederação tribal, peregrinações eram feitas a Silo (Jos. 18.1; I Sam. 1.3-28); sob a liderança de Davi, Jerusalém tornou-se o santuá rio central de Israel (II Sam. 6). Durante todo esse período as peregrinações ao santuário não excluíam os sacrifícios em nenhum altar do território (Gên. 12.7; I Sam. 10.8; I Reis 3.2-4). Mas a atual lei, mais restrita, que exigia apenas um lugar de adoração sacrificial, foi a base da grande reforma efetuada pelo rei Josias (II Reis 22 e 23)" (O xford Annotated Bibie, com entando sobre o quarto versículo deste capítulo). 12.9 No descanso e na herança. Israel estava prestes a entrar na Terra Prom etida. A li descansariam , d epois de terem passado por todas as p ro va ções e de terem conquistado um te rritó rio pátrio. A li teriam entrado na posse de sua herança, de acordo com o P acto A braâm ico (ver as notas em Gên. 15.18). O evento p ro duziria um a nova nação, em que um a nova unidade seria form ada no tocante ao culto. Esse culto tinha de ser ce n tralizado na capital, a saber, Jerusalém . Isso em prestaria unidade à nação, m ediante uma adoração unificada. Descanso e herança seriam um único pacote de bênção. Ver isso em Sal. 95.11; 132.8,14 (Sião); Isa. 11.10; Heb. 4.1,3,5,8,9. “Nenhuma outra localidade, fora de Jerusalém , teria servido... O propósito primário da centralização era estabelecer a unidade do próprio Yahweh, bem como a unidade da adoração... (o culto e a lei) apresentavam a convicção de que só pode haver uma verdade final, e som ente uma vida religiosa" (Henry S. Shires, in loc.). Tipologia. O descanso acha-se na herança da vida eterna em Cristo, o qual é o verdadeiro Unificador. Ver Efésios 4.4 ss., quanto às sete unidades que fazem parle da fé cristã.
12.11
A esse lugar fareis chegar tudo o que vos ordeno. O sumário exposto neste versículo nos faz recuar aos vss. 6 e 7 deste capítulo. Yahweh escolheu a Terra Prometida; Yahweh escolheu a form a de adoração; Yahweh centralizou tudo; Ele estabeleceu o culto em suas form as com plexas. Mas tudo se tornaria uma só coisa, tudo dirigido a um único lugar. O m elhor da natureza humana agraciaria essa unidade (ver Mal. 1.14). 12.12 Haveria uma adoração comunal, uma festividade com unal e um regozijo ge ral. Ver as notas sobre o sétimo versículo deste capítulo, onde são com entados os conceitos deste versículo. O levita. Os levitas eram autoridades religiosas que encabeçavam a adora ção unificada, da mesma form a que serviam ao tabernáculo. Dentre os levitas saíram os sacerdotes, que trabalhavam dentro do próprio tabernáculo. V er no Dicionário os artigos cham ados Levitas e Sacerdotes e Levitas. A tribo de Levi veio a tornar-se a casta sacerdotal de Israel (Deu. 10.8,9; Núm. 1.47 ss.). Tam bém serviam de m estres e guias. 12.13 Em todo lugar que vires. M uitos altares haviam sido eliminados, e os que tinham sido perm itidos não funcionavam mais. V er as notas sobre o oitavo versí culo deste capítulo, que tam bém se aplicam aqui. Os israelitas faziam o que era certo aos seus próprios olhos, mas agora o olho de Yahweh determ inaria tudo (vs. 8). A provisão de m ultiplicidade em Exodo 20.24 estava anulada. Uma mudança de ordem tinha ocorrido. A centralização e a unidade ajudariam a im pedir tanto a desordem quanto a idolatria. O controle das instituições pertencentes a Yahweh seria assim facilitado. 12.14 No lugar que o Senhor escolher. O autor sacro escreveu como se não soubes se no território de qual tribo ficaria o lugar centralizado de adoração. Ver o quinto versículo deste capítulo. Mas Yahweh sabia, e em breve tomaria conhecido que Jerusalém, que fazia parte da tribo de Judá, seria o lugar escolhido. A habitação de Deus ficava no céu, mas Ele teria um lugar para manifestar a Sua presença na Terra (ver I Reis 8.27). Deus é, ao mesmo tempo, transcendente e imanente, e ambas essas idéias são elementos de Sua natureza, mediante as quais Ele se faz conhecido. Ver no Dicionário o artigo Atributos de Deus. Ver o artigo geral sobre Deus. A futura escolha de Deus seria o coração dos seres humanos, onde o M essi as haveria de construir Seu tem plo (Efésios 2). 12.15 “Agora que os sacrifícios só podiam ser oferecidos no santuário central, uma distinção foi traçada entre os sacrifícios e a m atança de anim ais para alimentação humana, o que m odificou a legislação anterior (ver Lev. 17.1-9). Quando os filhos de Israel comiam carne em algum a cidade, não precisavam observar as leis da purificação cerimonial (Lev. 7.19-21), pois carne de gado podia ser considerada pertencente à m esm a categoria que caça, com o corço ou veado. Todavia, a antiga proibição contra a ingestão de sangue devia ser mantida (vss. 23,24; ver Gên. 9.3,4; Lev. 17.10,11)” (O xford Annotated Bibie, com entando sobre o vs. 15). Ver no Dicionário o artigo detalhado intitulado Lim po e Imundo. Devemos lem brar que, anteriorm ente, a m atança e o sacrifício de animais eram atos intimam ente relacionados, de m odo a serem praticamente uma mesma coisa. O term o hebraico zabbah significa tanto uma coisa quanto a outra. Mas com er carne em casa deixara de ser uma coisa sagrada o que explica a mudança de atitude. Os cinco anim ais que podiam ser sacrificados anteriorm ente limitavam-
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se somente aos ritos religiosos. Agora tudo isso fora liberado para o consumo geral. Nos tempos do tabernáculo, esses cinco anim ais só eram sacrificados no tabernáculo. Ver Lev. 1.14-16, quanto aos anim ais especiais (sacerdotais). O que era proibido era o sacrifício dos cinco anim ais como ritos religiosos, em qualquer iugar, exceto no santuário central. Note Bem. Este versículo não indica que anim ais imundos pudessem ser ingeridos; mas som ente que um banquete em casa não requeria que as pessoas só comessem algum a carne de animal na condição de pureza. 12.16 Tão-som ente o sangue não com erás. As leis sobre o sangue foram mantidas. V er Lev. 3.17. O sangue e a gordura dos anim ais sacrificados ficavam com Yahweh, nos ritos sobre o altar. M as se algum animal fosse comido em uma casa, não havia nisso nenhum a significação religiosa. Contudo, o sangue não podia ser consum ido pelos seres humanos. O sangue tinha de ser vertido ao chão, provavelm ente como um tributo a Yahweh, com o fonte de toda vida (pois os israelitas concebiam que a vida está no sangue; ver Lev. 17.11). Mas esse tributo não transform ava a m atança e a ingestão particular de anim ais em um rito religio so. Ver idéias adicionais no versículo 23 deste capitulo. Tipologia. A sacralidade do sangue nos faz lem brar do sangue de Cristo. Ver no Dicionário o artigo geral cham ado Sangue; e, na Enciclopédia de Bíblia, Teolo gia e Filosofia, o artigo Expiação pelo Sangue de Cristo. 12.17 Não poderás comer o dízimo do teu cereal. A lei do dízimo também foi mantida. Os animais, anteriormente reservados para sacrifício, não podiam ser comidos em casa. Com base nisso, não devemos inferir que houve um afrouxamento de leis, de tal modo que o dízimo acabou sendo eliminado. Ver no Dicionário o artigo Dízimo. “Pela segunda vez (cf. os vss. 12 e 13), Moisés advertiu o povo de que qualquer coisa que tencionasse ser usada na adoração ao Senhor só podia ser ingerida no local futuro do santuário central” (Jack S. Deere, in loc.). É provável que a referência aqui seja ao segundo dízimo, regulam entado em Deu. 14.22-29. V er também Deu. 26.12. 12.18 Cf. o vs. 12 quanto à lista daqueles que podiam participar do banquete. As refeições sagradas, que incluíam a participação nas coisas dizimadas, só podiam ocorrer no santuário central. A alegria é novam ente enfatizada com o parte da adoração sagrada. Ver o vs. 12. A adoração era um período de regozijo. “... alegrando-se com os seus fam ilia res e os seus amigos, com os levitas e com os pobres, expressando sua gratidão a Deus e às Suas bênçãos sobre os seus labores” (John Gill, in loc.). Os levitas viviam dos dízimos, e as provisões tinham de ser contínuas, en quanto aquela ex-tribo continuasse funcionando como a casta sacerdotal. Ver no Dicionário o artigo cham ado Levitas. “Os levitas tiveram essa provisão, em Israel, até que Jeroboão e seus filhos expulsaram -nos, com o que eles migraram para o reino de Judá (II Crô. 11.13,14)” (Ellicott, in loc.).
tempo de escassez no deserto havia terminado. Uma nova era estava com eçan do, caracterizada pela abundância alimentar. 12.21 Se estiver longe de ti. Temos aqui o problem a da distância. No deserto, era possível que todo banquete com anim ais sacrificados ocorresse no tabernáculo. Mas, uma vez que a Terra Prometida fora ocupada, as tribos espalhar-se-iam por todo um espaçoso território. Portanto, com er anim ais anteriorm ente reservados a sacrifícios seria permitido nas “casas”. Adem ais, outros anim ais limpos também serviriam para o consum o humano (vs. 22), e isso podia ocorrer em qualquer iugar. Mas nenhum sacrifício religioso poderia ser consum ido nesses banquetes. Isso já era uma questão particular. 12.22 Este versículo repete o versículo 15 deste capítulo. Este versículo não indica que anim ais imundos pudessem ser ingeridos, mas que banquetes privados, efetuados nas casas, não requeriam a observância das leis sobre anim ais limpos e imundos, no tocante aos próprios participantes. Os vss. 20-25 atuam com o uma expansão e repetição dos vss. 15 e 16, e modificam as regras dadas em Lev. 23.2. 12.23 Este versículo reitera a inform ação dada no versículo 16 deste capítulo, mas também adiciona a razão para a proibição quanto à ingestão de sangue, a saber, é a vida da carne (ver Lev. 17.11). Ver o trecho de Levítico 3.17, quanto às leis sobre o sangue e a gordura, que presta com pleta inform ação sobre a natureza da proibição. Ver também, no Dicionário, o artigo detalhado intitulado Sangue. Atribu ím os à alma as propriedades transm issoras de vida, bem com o a capacidade de sustentar a vida física de seu veículo. Aquilo que atribuím os à alma, os antigos hebreus atribuíam ao sangue, o qual, para eles, era algo m isterioso e sagrado. Ver as notas sobre Gên. 9.4. 12.24 Ver o versículo 16 deste capitulo quanto a explanações. O sangue não podia ser ingerido. Tinha de ser derram ado no chão com o um tributo a Yahweh, o Doador da vida. Mas isso, apesar de ser um ato de reverência, não deveria ser considerado um rito religioso, pois os ritos religiosos só podiam ocorrer no santu ário central. O chão absorvia o sangue, e nenhum homem podia alimentar-se de sangue. Antes, era devolvido a Yahweh, que o tinha dado. 12.25 Não o comerás. A Ameaça. Desconsiderar a lei acerca do sangue podia ser perigoso não só para o indivíduo desobediente, mas tam bém para os seus filhos, o que ilustra a seriedade dessa proibição. Yahweh julgaria o indivíduo rebelde que desconsiderasse as leis sagradas. Tal pessoa sofreria um acidente, uma doença, a morte súbita ou algum a outra coisa terrível. O trecho de Levítico 7.27 ameaça o ofensor com a pena de morte, e isso ou mediante procedimento judicial, ou m edi ante um ato divino.
12.19 12.26 Os levitas não tinham nenhum a herança na terra (Núm. 1.47 ss.), embora tivessem suas cidades e as terras adjacentes. Ver Núm. 35.1 quanto a ilustra ções. Os levitas dependiam dos dízimos quanto ao seu sustento. O autor sacro ansiava por seus direitos serem reconhecidos e perpetuados. “Àqueles que se devotassem ao serviço de Deus, m inistrando a salvação à alma dos homens, certam ente deveriam ser fornecidas, pelo m enos, as coisas necessárias à vida" (Adam Clark, in loc.). Ver I Cor. 9.7 ss. quanto a essa lei que foi transferida para o Novo Testamento. 12.20 Quando o Senhor teu Deus alargar o teu território. O território de Israel estava prestes a ser “alargado”, ainda que, na verdade, estivesse prestes a ser “ adquirido". Essa era a herança que fazia parte do Pacto Abraâm ico. V er Gên. 15.18. Essa herança foi provida pela prom essa de Yahweh, que jurara dá-la a Abraão e a seus descendentes (ver Deu. 1.8). Parte da abundância da Terra Prometida consistia na liberdade de com er carne em casa, até mesmo animais oferecidos em sacrifício, contanto que nenhum rito religioso estivesse envolvido. Os ritos tinham de ser realizados som ente no santuário central. O autor repetiu a informação que já havia sido dada no versículo 15 deste capítulo. A terra de Canaã provia boas terras de pastagem, onde os anim ais dom esti cados podiam m ultiplicar-se. Israel, assim sendo, teria muita carne para comer. O
Tomarás o que houveres consagrado. Os ritos sagrados estavam reserva dos para o santuário central. Esses ritos não eram perm itidos nos lares ou em santuários privados. As palavras “o que houveres consagrado” podem apontar para as “prim ícias” que atuariam com o sacrifícios (ver Lev. 28.26); ou então a expressão deva ser entendida em sentido geral, incluindo todos os materiais usado nesses ritos. As “ofertas votivas” incluiriam ou holocaustos ou ofertas pací ficas. Ver no Dicionário o artigo intitulado Voto. Os Targuns de Onkelos e de Jonathan chamam as coisas santas, deste versículo, de dízimos; mas Aben Ezra diz que se tratava dos holocaustos e das ofertas pacificas dos filhos de Israel. Ver o versículo 17 deste capítulo. Provavelmente, ambas as coisas devam ser enten didas por esse term o geral. Virás ao lugar que o Senhor escolher. Ver a explicação no quinto versículo deste capítulo. Jerusalém, que ficava dentro do território da tribo de Judá, seria escolhida como lugar do santuário central. 12.27 Este ve rsícu lo m ostra, em um a breve d e clara çã o , o m od u s o p e ra n d i dos sa crifício s, re p e tin d o e sp e cifica m e n te a lei do sangue. Tudo era o fe re c i do a Y ahw eh. A dem ais, a gord u ra ta m b é m era D ele, em bora isso não seja
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DEUTERONÔMIO afirm ado aqui. V er Lev. 3.17 q u a nto às leis sobre o sa ngue e a gordura, O resto era usado nas fe stivid a d e s co m u n a is (con fo rm e vim os nos vss. 12 e 18 deste ca p ítu lo ). V er no D ic io n á rio o a rtig o geral ch am ado S a c rifíc io s e O fertas. As “o fe rta s p a cífic a s” eram as ún icas de que p a rticip a va m ta n to os a d o ra d o re s q u a n to os sa c e rd o te s , p e lo que h a via e n tão um a re fe içã o com unal, da qual Y ahw eh era um co n v id a d o e special, fica n d o Ele com o sangue e a gordura. 12.28 Guarda e cum pre todas estas palavras. Tem os aqui um sumário das leis baixadas acerca dos sacrifícios que com punham parte dos estatutos e juízos (vs. 1) que Israel tinha obrigação de cumprir. O autor sacro havia salientado as instru ções concernentes ao santuário central que seria eventualm ente estabelecido em Jerusalém (vs. 5). Ele tinha mostrado que, uma vez que fosse instituído esse lugar central, então os cinco anim ais sacrificais (ver as notas em Lev. 1.14-16) poderi am ser mortos para serem com idos com umente em casa. Mas qualquer rito religi oso ou sacrifício precisava ser efetuado no santuário central (vss. 8 e ss.). Nos tempos anteriores, cada homem seguia o seu próprio impulso, mas doravante o olho de Yahweh iria abrindo o cam inho para a adoração unificada, em um lugar específico (vss. 9-11). Alguns eruditos pensam que este versículo introduz a seção que se segue, contra a idolatria; mas parece m elhor vê-lo com o uma conclusão do que foi dado antes. Era bastante com um que o autor sagrado concluísse as suas seções com admoestações em prol da obediência. Ver Deu. 12.13,19 quanto a exemplos disso, com paralelos em Deu. 1.1,30, em espírito. A Arm adilha da Idolatria (12.29-32) Esta seção atua como uma espécie de preâmbulo das advertências contra os falsos profetas, que queriam promover a idolatria, os deuses estranhos e as religiões importadas do estrangeiro, tudo o que tem começo em Deuteronômio 13.1. O segundo mandamento, que proíbe a idolatria (ver Êxo. 20.3,4), é o mais continua mente enfatizado neste livro. A idolatria era a fonte de águas amargosas, a fonte de onde manavam tantos outros males. Os homens espirituais precisam ter suas priori dades em boa ordem. “Yahweh somente" era a base de toda fé religiosa em Israel, o sine qua non da vida diária. O autor combatia a adoração sincretista. Yahweh deveria ser adorado da maneira ordenada, e não em imitação a ritos pagãos. Sua fé não podia ser um avanço e uma graduação sobre outras: deveria ser singular e tratada como tal. Qualquer coisa que divergisse disso seria uma abominação. 12.29 As nações. As sete nações cananéias (ver Êxo. 33.2; Deu. 7.1) que foram expelidas da terra de Canaã tinham enchido a sua taça de iniquidade (ver Gên. 15.16). A idolatria tinha sido o principal pecado dessas nações. Seria fatal para os israelitas se eles seguissem esse m iserável exem plo, pois isso os levaria à expul são da Terra Prometida, com a passagem do tempo. De fato, foi isso que suce deu, por ocasião dos cativeiros. Ver no Dicionário os artigos cham ados Cativeiro (Cativeiros) e Idolatria. 12.30 Guarda-te. Temos aqui um aviso contra certa armadilha. O pior de todos os males para Israel seria a idolatria. O segundo m andamento proibia todas as formas de idolatria. Ver as notas detalhadas em Êxo. 20.3,4. As sete nações cananéias deveriam ser eliminadas, pois seus cultos pagãos e seu mau exemplo debilitariam e então destruiriam a nação de Israel. A corrupção interior do povo poderia ser facil mente atiçada até as chamas. Aqueles que quiserem ser seduzidos logo encontra rão sedutores. A história de Israel revela um povo que desejava ser seduzido. Que te não enlaces. No hebraico tem os aqui o term o moquesh, ‘laço", ou outro dispositivo para apanhar animais. Esse vocábulo também pode significar gancho ou qualquer tipo de arm adilha. Israel seria presa fácil diante das nações pagãs. Assim com o um animal era apanhado em uma armadilha, a fim de ser morto, também a idolatria seria fatal para Israel. Como imitá-las. Israel estava proibido de pesquisar a idolatria. A curiosidade de Israel faria os filhos de Israel procurar conhecer a idolatria pagã. Mas a própria curiosidade estava proibida. Nenhum hebreu deveria pesquisar o assunto. A im i tação seguiria a pesquisa. Yahweh conhecia o tipo de povo que Ele estava procu rando controlar. Ver no Dicionário o artigo intitulado Monoteísmo. 12.31 Tudo o que é abom inável ao S en hor. “A bom inação" é uma palavra hebraica com um que serve de sinônim o de idolatria. É provável que esteja
aqui em m ente a p ro stitu içã o sagrada, cujas sacerdotisas praticavam o sexo com os clientes que pagavam d inheiro para sustento do culto. Todavia, não devem os lim itar a referência a isso. O term o hebraico é to'ebah, qualquer coisa que “ desgosta” ou é “a b o m in áve l”, apontando e sp ecificam ente para a idolatria, com suas m uitas ram ificações. V er Deu. 23.17,18 e suas notas expositivas quanto à pro stitu içã o cultual. Todavia, o aspecto m ais repelente envolvido na id olatria era o sa crifício de crianças. Q uanto a referências sobre essa questão, na qual o povo de Israel se envolveu, ve r Deu. 18.10; II Reis 16.3; 17.17; 21.6; Jer. 7.31; 19.5; 32.35. V er no D icio n á rio o verbete intitulado M oleque (M oloque), quanto a d escrições co m pletas sobre essa prática, e com o Israel a acatou. O fato de que tão trem endos m ales estavam associados à id olatria deveriam te r agido com o um aviso absoluto contra a id olatria; mas Israel m ostrava-se fraco e enferm iço, e acabou vítim a dessa abom inação. S alom ão edificou um lugar alto para a adoração a M oleque, no M onte das O liveiras (I Reis 11.7), conform e fizeram outros reis de Israel (ver II C rô. 28.3 e II Reis 21.6). 12.32 Outro sum ário encerra esta seção. Todos os sum ários estão alicerçados sobre a obediência ao que acabara de ser afirm ado. Cf. Deu. 2.13,19,28. No original hebraico do Antigo Testam ento, este versículo introduz a seção que se segue, em vez de concluir a seção anterior. Nesse caso, este versículo é como Deu. 8.1 e 11.1 em sua função. Nada lhe acrescentarás nem diminuirás. Isso porque a palavra era de Yahweh, não estando sujeita a revisões e interferências humanas. Ver Pro. 30.6 e Apo. 22.18,19 quanto a notas similares.
C apítulo Treze Castigo dos Falsos Profetas e Idólatras (13.1-18) A idolatria era o inim igo de núm ero um, que haveria de destruir os propósi tos de Deus em relação ao povo de Israel. Os filhos de Israel, pois, tinham de resguardar-se particularm ente dos líderes idólatras. Havia m uitos sonhadores que viviam percorrendo a nação, procurando fazer Israel quebrar o segundo m andam ento (ver Êxo. 20.3,4). O autor sagrado apresentou três m odos de acordo com os quais provavelm ente a tentação à idolatria se apresentaria, a saber: 1. Através dos falsos profetas (vss. 1-5). 2. Através de entes am ados ou parentes (vss. 6-11), que seriam apanhados no laço da idolatria e então enlaça riam outros. 3. Através de elem entos revolucionários, que poderiam ser bemsucedidos na liderança de cidades inteiras ou com unidades, desviando-as para a idolatria (vss. 12-18). A pena de m orte d e veria ser aplica d a contra os ofensores, de tal m odo que a com unidade fosse m antida livre dessa m aldição, a qual, eventualm ente, poderia m atar a própria nação de Israel (vss. 5 e 15). V er no D icio n á rio o artigo cham ado P unição C apital. Cf. Deu. 17.7 com a razão para ta n ta se ve ri dade. Um m eio radical seria necessário para e lim in a r o câncer da idolatria. O utros pecados que deveriam ser p unidos com a pena de m orte eram a recusa de ob e de ce r às ordens baixadas pelo tribu n a l suprem o (Deu. 17.12); hom icídio prem editado (19.11-13); filh o s rebeldes e em pedernidos (21.18-21); certas ofensas sexuais (22.21-24); seqüestro e venda de algum israelita com o escravo (24.7). 13.1 Quando profeta. Ver no Dicionário o artigo geral intitulado Profecia, Profetas e o Dom da Profecia. O teísmo (ver sobre isso no Dicionário) pressupõe que Deus existe e tem contato perm anente com a Sua criação. Ele revela a Sua vontade; Ele recompensa ou castiga. Deus tem os Seus interm ediários, os profetas. Suas palavras algumas vezes são reduzidas (por Seus discípulos) em Livros Sacros. Esses livros são propagados e protegidos por uma organização, a Igreja visível. Mas nem todos os profetas que surgem no mundo são autênticos, e nem todas as m ensagens proféticas são autênticas. Alguns profetas chegam m esm o a ser diri gidos por demônios. Ver no Dicionário os artigos intitulados Falsos Profetas e D euses Falsos. Credenciais. Os profetas falsos têm as suas credenciais: visões, sonhos e m ilagres. Há artigos no D icionário sobre essas três m anifestações. Mas en quanto essas coisas são tam bém em pregadas pelos profetas autênticos, e xis tem sonhos, visões e prodígios da m entira. O m iraculoso nunca serve de prova da autenticidade da m ensagem , em bora as pessoas, ingenuam ente, continuem a pensar desse m odo. Existem m ilagres sobrenaturais e m ilagres naturais; e xis tem prodígios divinos e diabólicos. Ver a declaração de Jesus em M ateus 7.15.
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A lguns profetas falsos chegam a prom over cultos ou m ovim entos cristãos. A l guns deles chegam a falar elogiosam ente acerca de Jesus. Mas podem os conhecê-los pelos seus frutos. A vida deles precisa te r sido transform ada por sua doutrina, em harm onia com os ideais espirituais da vida cristã. A m aioria dos profetas falsos vive auto-enganada. Eles se im aginam verdadeiros, e pen sam que sua doutrina é sã. Os m ágicos do Faraó foram capazes de reproduzir alguns dos m ilagres efetuados por Moisés; mas isso não autenticava a idolatria egípcia. O miraculoso sempre acom panhou a fé religiosa, em todas as culturas. Ver no Dicionário o verbete intitulado Milagres. Quanto à obra positiva de Deus, ao realizar milagres por meio de Seus profetas, ver Deu. 18.9-22.
conduzi-lo pelo deserto; ao dar-lhe a Terra Prometida; ao conceder-lhe ali um guia seguro de conduta. E os falsos profetas fariam isso para que o yahwism o se tornasse um culto falso e idólatra. Tal indivíduo deveria ser executado, provavel mente por apedrejamento. Ver no Dicionário os verbetes Apedrejam ento e P uni ção Capital. Visto que tal indivíduo se auto-iludira, julgando que estava cumprindo uma missão divina, sua execução seria a única m aneira eficaz de pôr ponto final à sua carreira deletéria. Elias tomou sobre si m esm o a tarefa de executar os falsos profetas, à margem do rio Quisom (I Reis 18.40). Mas este texto mui provavel mente está falando sobre execução im posta pelas autoridades religiosas, em acordo com as práticas recom endadas na lei. O mal tinha de ser expurgado, conforme som os ensinados por nove vezes neste livro (ver aqui e Deu. 17.7,12; 19.19; 21.21; 22.21,22,24 e 24.7).
13.2 13.6 E suceder o tal sinal ou prodígio. O uso de algum milagre fraudulento sen/iria de meio para o falso profeta desviar outras pessoas para o seu culto religioso idólatra. E os enganados em breve se olvidariam de suas raizes na fé histórica dos hebreus. Abandonariam os Pactos Abraâmico e Mosaico, e anula-riam o seu relaci onamento com Yahweh. Ver Gên. 15.18 e a introdução ao capitulo 19 do Êxodo, quanto a esses pactos. As experiências m ísticas são comuns a todas as culturas. O misticismo pode ser verdadeiro ou falso; pode ser divino ou humano. Ver no Dicio nário o artigo intitulado Misticismo. O misticismo é a base de todas as fés religiosas, porquanto a mensagem começa pela visão, alguma form a de experiência mística. A revelação é uma subcategoria do misticismo. Ver no Dicionário sobre esse assunto. Mas o misticismo, por si mesmo, não é prova de autenticidade. Nem sempre Deus é a fonte da revelação. Cf. II Tessalonicenses 2.9-12. _ “ Essa lei deixa claro que um sinal ou m aravilha (ver Êxo. 3.11,12) não é, por si mesmo, uma prova de que Deus falou, pois Deus pode dar a um profeta falso o poder de realizar prodígios a fim de testar a fé do povo (cf. Deu. 8.2). Um milagre não é significativo a m enos que crie fé no Deus que era conhecido pelo povo de Israel (vss. 6-13), em sua experiência histórica" (O xford A nnotated Bible, com en tando sobre o vs. 1). 13.3 Não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador. A origem de um milagre pode ser: 1. Humana. O homem possui energias capazes de fazer toda espécie de maravilhas, sem apelar para Deus ou para os demônios. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo cham ado Parapsicologia. 2. Demoníaca. É óbvio que poderes espirituais malignos podem fazer prodígios. Ver na mesma Enciclopédia o verbete intitulado Demónio, Demonologia. 3. Divina. O texto assevera que Deus pode fazer até m esm o um profeta falso exibir o poder de realizar um milagre, a fim de testar o Seu povo, levando-o a crescer, em lugar de cair vítima de truques. “A experiência com as verdades contidas na Palavra de Deus é a única coisa capaz de preservar um homem do deísm o ou da religião falsa. Mas aqueles que não se apegam a essas verdades tornam -se presas dos pretensos profetas e sonhadores de sonhos" (Adam Clark, in loc.). 13.4 Andareis após o S enhor vosso Deus. Em contraste com o homem iludido, que cai na arm adilha dos falsos profetas, está o homem firm em ente baseado na Palavra de Deus (no caso dos israelitas, na legislação mosaica), dotado de discernimento para ver a falsidade de qualquer coisa que procure atrair os ho mens para qualquer variedade de idolatria. Tal homem não se deixará enganar pela excitação provocada pelos m ilagres. Antes, ouvirá a voz do Senhor, aquela registrada em docum entos escritos, produzidos mediante um milagre divino, ou expressa individualmente mediante autênticas m anifestações espirituais, sob a form a de dons do Espírito. O homem obediente cam inhará por um caminho reto, em consonância com a Palavra que proíbe a idolatria desde o segundo manda mento da iei (ver Êxo. 20.3,4). V er Deu. 10.12 quanto ao tem or do homem espiri tual a Yahweh, incluindo a sua conduta; seu am or ao Senhor e seu serviço a Deus. O versículo treze daquele capítulo acrescenta a observância dos m anda mentos do Senhor. O homem espiritual está assim equipado para rejeitar as reivindicações espirituais, os milagres fraudulentos e malignos, a voz aliciadora dos sonhadores. “Tal com o se vê no caso dos m ágicos da corte do Faraó (Êxo. 7.11,12), não podemos duvidar que os falsos profetas são capazes de realizar sinais que pre tendem demonstrar, ostensivam ente, a sua autoridade. Mas esses sinais não devem ser cridos, porquanto levam som ente à apostasia, ao afastamento para longe do verdadeiro Deus” (Henry H. Shires, in loc.). 13.5 Será morto. Os falsos profetas e sonhadores pretenderiam desm anchar o que Yahweh tivesse feito em prol de Israel, ao redim ir o Seu povo do Egito; ao
...te incitar em segredo. Um homem podia fazer desviar para a idolatria de três maneiras, conform e se vê nesta passagem . V er sobre isso na introdução a este capítulo, em seu segundo parágrafo. O segundo desses m odos pode ser um ente querido, um parente próximo que, tendo sido iludido, quisesse transm itir o veneno da idolatria para outro m em bro da família. Uma ação drástica era espera da em tais casos. O ofensor não deveria ser protegido; nem a questão podia ser mantida em segredo. Tal homem precisava ser executado, tal e qual um falso profeta (ver o décimo versículo deste capítulo). Isso era feito por apedrejamento. Este versículo alista os mais íntim os laços de família, incluindo os membros im ediatos da família, e até mesmo am igos íntimos, sem nenhum parentesco de sangue. Temos aqui relações íntimas. Essas relações poderiam azedar, tornandose prejudiciais, através do arquiinim igo, a idolatria. O parente teria de passar pela dolorosa mas necessária experiência de atirar a prim eira pedra (vs. 9), m ostrando assim uma lealdade inflexível a Yahweh, acim a de qualquer relacionam ento entre um e outro. Em segredo. Um falso profeta anunciaria publicamente as suas doutrinas falsas, escudado em seus m ilagres enganadores. Mas um m embro de uma fam í lia, ou amigo íntimo, agiria secretam ente. Traria ídolos ao interior da casa; levaria algum m embro de sua fam ília a um local de culto idólatra. Mas tentaria manter tudo isso em segredo, longe do conhecim ento da com unidade em geral, porque esta não aprovaria o que ele estava fazendo. Cf. Mateus 10.37. O am or a Deus precisa ultrapassar o am or à família. Usualmente, como é claro, não há nenhum a contradição ou com petição, e am ar e servir à própria família é am ar a Deus. Nenhum sucesso pode contrabalançar o fracasso no lar, e princípios religiosos autênticos devem ser ensinados ali, tendo em vista a honra de Deus e a prestação de serviço aos homens. 13.7 Desde uma até a outra extremidade da terra. Um membro idólatra desviador de uma família talvez quisesse introduzir deuses desconhecidos a Abraão, Isaque e Jacó, levando os seus parentes a abandonar as raízes espirituais dos hebreus. Os idumeus, os moabitas, os amonitas, os fenícios e as populações restantes das sete nações que tinham ocupado originalm ente a terra de Canaã dispunham de interm ináveis panteões capazes de satisfazer a toda disposição e circunstância na vida. Haveria um forte apelo à adoração a essas coisas que podem ser vistas, em lugar de um Deus invisível e aparentem ente distante, conhecido somente mediante tipos e símbolos. Poderia haver tentativas de introdução de divindades adoradas em lugares distantes, como a Babilônia, o Egito ou a Pérsia. O povo de Israel acabaria sucumbindo debaixo de idolatrias próxim as e distantes, perdendo assim a sua identidade com o uma nação espiritual distinta. Ver Deu. 4.5,7,8, quanto ao caráter distinto de Israel, que ficaria assim anulado. O povo de Israel só era grande na sua literatura e na sua fé religiosa. Ficava muito aquém de outras nações nos cam pos das ciências, das artes e das arm adilhas da civilização. Mas a idolatria anularia a única característica distinta do povo de Israel. 13.8,9 Não o pouparás. Um ofensor que trouxesse deuses estrangeiros para o seio da família não mereceria com paixão. Não deveria ser ocultado; não deveria ser favorecido nem perdoado. Antes, deveria ser executado por apedrejamento. Os membros de sua própria fam ília deveriam ser os primeiros a lançar-lhe pedras, para mostrar seu desprazer com o m embro da fam ília que praticara tal abom ina ção. E então o resto da com unidade deveria term inar com ele, sem nenhuma misericórdia. Remorsos de último minuto sem dúvida seriam expressos pelo ho mem, em seu desespero, m as os seus clam ores por m isericórdia não deveriam ser ouvidos. “Os mandam entos de Deus deveriam sobrepujar sentim entos e expe riências humanas. A pessoa tentada por um desviado deveria desm ascarar (de nunciar) seu ente querido, e, de fato, ser a prim eira a lançar-lhe pedra. Cf. Zac. 13,3. Ao lançar a primeira pedra, o acusador estava testificando a verdade de seu testem unho contra o culpado. A participação do resto da comunidade m ostrava
DEUTERONÔMIO então a sua lealdade ao Senhor e sua resoluta hostilidade contra qualquer coisa que os pudesse atrair para longe do Senhor"’ (Jack S. Deere, in loc.). 13.10 Apedrejá-lo-ás até que m orra. Ver no Dicionário o artigo detalhado sobre Apedrejamento. “A pena aqui indicada, bem com o em Deu. 1.5, é o apedrejamento até a morte, executado por toda a com unidade (cf. a execução de Nabote, I Reis 21.13; de Estêvão, Atos 7.58; e a tentativa de execução de Paulo (Atos 14.19). Essa m edida drástica serviria de aviso quanto a outras pessoas (ver Deu. 17.13; 19.20 e 21.21)” (Henry H. Shires, in loc.). Yahweh Agia em Favor de Israel. O fato de que o Senhor livrara o povo de Israel da servidão ao Egito é reiterado por cerca de vinte vezes no livro de Deuteronômio. Ver as notas a esse respeito em Deu. 4.20. Os deuses dos pagãos nada podiam fazer e nunca tinham feito coisa alguma. Era claro a quem os pagãos sentiam que deviam lealdade. O homem que trouxesse a idolatria ao acampamento de Israel quereria desviar o povo da fonte de toda ajuda e bem-estar. 13.11 Todo Israel ouvirá e tem erá. O medo serviria de aviso. É m elhor tem er e fazer o bem do que ter a perm issão de praticar m ales que prejudicam o próximo. Não devemos reduzir o tem or a Yahweh, no A ntigo Testam ento, a uma mera confiança reverente, conform e alguns o definem de m aneira inadequada. O Pentateuco está repleto de am eaças de morte contra os m alfeitores, contendo muitas histórias de punição drástica, de pragas e m atanças, atribuídas à ira de Yahweh. Portanto, tem or significa temor. Ver Deu. 10.12,13, quanto ao temor, à conduta reta, ao amor, ao serviço e à observância da lei, que eram deveres dos hebreus. Notemos que o tem or encabeça a lista das virtudes. Esse é o princípio da sabedoria (ver Pro. 1.7). 13.12 Ouvires dizer. Esta passagem alista três fontes possíveis de tentação à idolatria: 1. os falsos profetas (vss. 1-5); 2. um m em bro da fam ília ou um amigo chegado (vss. 6-11); 3. algum revolucionário que induziria cidades e comunidades à idolatria (vss. 12 ss.). Yahweh tinha dado ao povo de Israel as suas cidades. Muitas delas haviam sido sim plesm ente tomadas de seus primitivos ocupantes. E outras tinham sido edificadas pelos próprios filhos de Israel. Todas aquelas cidades tinham sido presenteadas por Yahweh. Ver Tiago 1.17. As cidades conquistadas dos cananeus sem dúvida estavam cheias de artefatos de idolatria, alguns dos quais podem ter escapado à destruição. Alguns poucos indivíduos cananeus, que não foram elim i nados, estariam dando prosseguimento à sua idolatria. E alguns hebreus insensa tos, mediante tais influências, ou m esm o sem elas, dariam início a práticas idóla tras como uma espécie de em preendim ento com unitário. Uma cidade inteira, as sim sendo, poderia cair na apostasia. Espalhar-se-ia, então, o rumor de que uma cidade inteira se tinha corrom pi do. E isso requereria ação imediata para extirpar o câncer. 13.13 Hom ens m alignos saíram do meio de ti. Os revolucionários que desvia vam cidades inteiras para longe de Yahw eh, eram , na verdade, filhos de Belial, conform e se lê aqui em algum as traduções. O utras versões, m ais coerentes com o original hebraico, com o é o caso de nossa versão portuguesa, dizem “ hom ens m alignos” . O term o “ Belial” significa “ iniqüidade” , podendo indicar aqui um nom e próprio. V er sobre esse term o no D icionário, quanto a com pletas explanações. As palavras “saíram do meio de ti” não indicam m udança de lugar, mas de espírito. Eram “apostátas" de Israel, que se inclinavam por propagar suas falsas doutrinas. Aqueles apóstatas introduziam doutrinas novas e desviadoras, que sempre exerceram forte fascínio sobre as m assas populares. Os seres humanos tendem a ficar cansados dos cam inhos antigos, e buscam cam inhos novos por am or à excitação, e isso tanto no cam po religioso como em outra atividade hum a na qualquer. O intérprete judeu Rashi explicou as palavras “sirvamos a outros deuses” com o se quisessem dizer “destruam os o jugo de Yahweh”, como a característica principal de tais indivíduos, sentido esse que ele encontrou no adjetivo hebraico que nossa versão portuguesa e outros traduzem com o “m alignos” . 13.14 Então inquirirás. Meros rumores eram inaceitáveis. Yahweh requeria investi gação que confirmasse ou negasse os rumores que se tinham espalhado. Uma cidade inteira estaria prestes a ser executada, tal como um único homem poderia
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ser executado pelo mesmo pecado. Assim sendo, era uma questão séria, que requeria investigação acurada, para que se não cometesse alguma grande injustiça. A investigação, porém, poderia trazer a lume uma abominação, ou seja, algum a prática idólatra flagrante. Uma cidade ou comunidade inteira de Israel se tinha desviado para o paganismo, e isso bem no meio da nação que estava prom ovendo o yahwism o! Os anciãos encabeçariam a investigação, e muitas testem unhas seriam ouvidas. Não se poderia com eter nenhum a injustiça. O term o hebraico aqui traduzido por “abom inação" é to ’e bhah, que sem pre envolve o sen tido de algo extrema e totalm ente desagradável diante de Deus. “ Essa é a palavra mais forte do Antigo Testam ento para exprim ir algum a coisa impura, imunda, sem santidade” (cf. Deu. 7.25,26; 14.3; 17.1,4; 18.9; 20.18)” (G. Ernest W right, in ioc.). 13.15 Destruindo-a com pletam ente... até os anim ais. Os habitantes da cidade culpada de idolatria seriam exterm inados, e até os anim ais domesticados não seriam deixados com vida. A cidade tornar-se-ia, dessa form a, um holocausto oferecido a Yahweh. Seria tratada com o uma cidade pagã, cujos habitantes tives sem perdido o direito de viver, e cujo lugar teria de ser entregue a outros. Cf. Juí. 20.48. O haram (ver o vs. 17), ou seja, a maldição divina teria caído sobre a locali dade. Ver Deu. 7.26 e Jos. 6.21. Tal com unidade seria separada para servir de holocausto, dedicada com o oferta queim ada a Yahweh. Cf. Deu. 20.10-18. A destruição deveria ser tão drástica que até m esm o os objetos físicos do lugar, como as casas etc. deveriam ser totalm ente nivelados (ver o versículo seguinte). 13.16 A cidade e todo o seu despojo queim arás. A cidade inteira precisava ser incendiada. N enhum despojo dali podia ser a p roveitado. O fogo co n sum i ria tudo: pessoas, anim ais e objetos m ateriais. O e xterm ínio seria decretado sobre o lugar; um a m aldição divina teria ca id o sobre o local; e tudo seria oferecido com o holocausto dedicado a Yahw eh. O que sobrasse se ria apenas um m ontão de cinzas fum egantes. Adem ais, tal cidade não poderia m ais ser reconstruída, da m esm a form a que um holocausto não pode ser restaurado à vida. “Todas as riquezas e bens m ateriais de seus habitantes, suas casas, seus bens, seus utensílios, suas m ercadorias, suas ferram entas de com ércio e de indústria, e tudo quanto se possa nom ear, tudo tinha de ser aniquilado" (John Gill, in loc.). A destruição com pleta elim inaria motivos ulteriores que porventura tivessem os atacantes. Alguns indivíduos perversos poderiam querer destruir um lugar a fim de dali obterem despojos e riquezas materiais. Mas isso não era permitido, pois o intuito de destruir uma cidade que tivesse descam bado para a idolatria não podia ser misturado com motivos de autopromoção. 13.17 Também nada do que for condenado. A versão inglesa diz aqui “nada das coisas devotadas”, indicando as coisas amaldiçoadas, o haram. Pelo contrário, tudo deveria ser dedicado ao com pleto aniquilam ento com o um holocausto ofere cido a Deus. Em um holocausto ou oferta queim ada, nada deveria sobrar inteiro. Coisa alguma era guardada para o sacerdote oficiante. Assim também, no caso em pauta, todas as coisas existentes naquela cidade tinham de ser consum idas a fogo. Nenhuma única coisa podia ser guardada com o despojo. Aqueles que se recusassem a cum prir essa ordem tornar-se-iam objetos da ira de Yahweh. Mas os que obedecessem seriam abençoados e m ultiplicar-seiam, o que fazia parte das provisões do Pacto Abraâm ico. V er sobre isso em Gên. 15.18. Cf. Núm. 14.23; Deu. 1.8,34,35; 4.31; 8.1,18; 9.5; 10.11; 11.9; 26.3; 34.4, quanto ao juram ento divino acerca do pacto que era a fonte das bênçãos dadas a Israel. 13.18 Uma vez mais tem os um sum ário de obediência no final de uma seção. A obediência é sempre à lei e às suas provisões; e a obediência é sem pre benéfica. A obediência ajusta-se às coisas aprovadas pelo olho divino. Cf. Deu. 12.8 ss. Israel não ficou entregue à liberdade pessoal quanto à fé religiosa. Uma pessoa não podia fazer o que parecesse certo aos seus olhos. O olho de Yahweh é que era a norma, e isso m anifestava-se na revelação dada por Ele na lei. O segundo m andamento da lei (ver Êxo. 20.3,4) proibia qualquer tipo de idolatria. A pena de morte ameaçava os ofensores, individual ou coletivam ente. A fórm ula dada aqui tem sido aplicada algures. Vê-la como cabeçalho de algum capítulo, segundo se vê em Deu. 4.1; 8.1; 11.1 e 12.32. A história subseqüente m ostrou que Israel não teve o devido cuidado para cum prir os mandam entos da seção anterior. Havia pouca disciplina. Cidades intei ras caíram na idolatria, e, de fato, até a própria nação tornou-se idólatra. Os cativeiros foram a reação de Yahweh a essa situação, Israel caiu diante de potências
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estrangeiras e sofreu a m aldição divina, o haram. Ver no Dicionário o artigo chamado Cativeiro (Cativeiros).
C apítulo C atorze Anim ais Limpos e Im undos (14.1-29) Outras Formas de Paganismo: Ritos Pagãos de Lam entação pelos Mortos (14.1,2) Prosseguiu o discurso de Moisés, atacando várias questões específicas que caracterizavam os pagãos. Os dois prim eiros versículos deste capitulo abordam a questão dos ritos pagãos de lam entação que Israel tinha de evitar. Os vss. 3-21 tratam da questão dos anim ais lim pos e im undos. E este capítulo term ina regula m entando a questão dos dízimos. M oisés falou com Israel considerando-os filhos de Yahweh, por causa do relacionam ento especial deles com o Pai celeste. Esse conceito, naturalmente, foi transferido para o Novo Testam ento, onde foi am plia do. Ver no Dicionário o artigo cham ado Filhos de Deus. Esses filhos tinham de distinguir-se de outros povos. Ver Deu. 4.5-8, quanto ao caráter distinto de Israel. 14.1 Filhos sois do Senhor. Os israelitas eram filhos de Yahweh, distintos de outras nações. Ver Deu. 4.5-8 e a introdução a este capítulo. Assim sendo, era m ister evitar as práticas dos pagãos. Entre esses costum es havia a autom utilação em períodos de lamentação. As referências literárias e a arqueologia têm de m onstrado que m utilações do corpo e o ato de rapar a cabeça eram ritos comuns relacionados à lamentação pelos mortos, na antiguidade, envolvendo muitas cul turas. Isso é freqüentem ente mencionado com o um costume que terminou por caracterizar, ocasionalm ente, a Israel, devido às influências do paganismo. Ver Isa. 3.24; 15.2; Jer. 16.6; 41.5; 47.5; Eze. 7.18; Am ós 8.10; Miq. 1.16. Os trechos de Levítico 19.28 e 21.5 oferecem paralelos ao que aparece no Pentateuco. A legislação m osaica ensinava o respeito pelo corpo, embora o corpo ainda não tivesse sido elevado, naquele tempo, à condição de veículo de uma alma imortal. Todos os costum es que envolviam um desfiguram ento desnaturai do corpo eram estranhos para a lei e a prática dos hebreus. Os sacerdotes levíticos deveriam ter um corpo perfeito. Os hebreus precisavam conserear seus corpos livres de todo tipo de contaminação. Todas as elaboradas cerim ônias de purificação procuravam conservar limpo o corpo físico, e cerim onialm ente capaz para a adoração. Nem sobre a testa fareis calva. Isso era feito m ediante o ato de rapar. Provavelmente incluía a parte frontal da cabeça, e não toda ela, embora também existisse essa segunda prática. A rapagem da parte frontal da cabeça incluía as sobrancelhas. Cf J e r . 16.6,7. Os sacerdotes egípcios rapavam as suas sobrance lhas em honra a ísis (Ambrósio, Epístola 1.4.c,30, par. 259), mas isso era um ato sacerdotal, e não estava ligado à lam entação pelos mortos.
Esta passagem é geralm ente paralela ao trecho de Levítico 11.2-23, ernbora haja diferenças quanto ao número e à natureza, indicando que as duas passa gens procedem de fontes inform ativas distintas. Talvez o texto de Deuteronômio represente um estágio posterior da tradição que tratava sobre tais questões. Ver no Dicionário o verbete chamado J.E.D .P.fS.), quanto à teoria das fontes inform a tivas múltiplas do Pentateuco. Neste ponto não ofereço muitos detalhes sobre a questão, sobre os motivos para as proibições etc., visto que meu artigo no Dicionário, cham ado Lim po e Imundo, é bastante detalhado. Ver a introdução ao capítulo 11 de Levítico, bem com o os com entários sobre todo aquele capítulo, que oferece outros detalhes im portantes para o estudo da passagem à nossa frente. Contudo, ao que já foi dito, quero acrescentar aqui alguns comentários: 1. Razões higiênicas podem justificar algum as proibições, quanto às restrições atinentes às aves de rapina. Quem haveria de querer com er um urubu, depois de este animal ter com ido uma ratazana morta? Todavia, essa não era a razão principal. Jesus disse que todos os alim entos são lim pos (ver Mar. 7.14-23 e cf. Atos 10.9-23). 2. Alguns animais estavam ligados à idolatria pagã, outros eram considerados divinos etc., pelo que não deveriam ser usados na alimentação humana. Mas esse argu mento, embora tenha algum peso, não explica por que alguns animais, igualmente associados ao paganismo, foram permitidos na dieta dos filhos de Israel. 3. Talvez alguns anim ais tivessem sentido simbólico, agora perdido para nós, o que não perm itiria que fossem usados na alim entação dos hebreus. Uma ovelha talvez fosse considerada limpa por ter um bom sim bolismo; m as uma águia, uma ave de rapina, talvez tivesse um mau simbolismo. 4. As instruções seriam arbitrárias, ilustrando a vontade soberana de Yahweh, que esperava que o Seu povo obedecesse à Sua palavra, mesmo quando ela não fizesse sentido para eles. Adm itida essa razão, então a obediência seria testada até mesmo através da arbitrariedade. 5. Razões desconhecidas. A questão fica sem explicação, e as nossas especula ções nem por isso nos aproximam mais da verdade dos fatos. 14.3 Cousa alguma abominável. Ou seja, animais imundos, após o que se segue uma longa lista. A santidade de Israel não permitia tal consumo (vs. 21). Ver as razões propostas para as proibições, no versículo anterior. A mesma palavra forte aqui usada reaparece em Deu. 13.14, ou seja, to’ebhah. As notas dali aplicam-se aqui. O uso desse termo, neste versículo, ilustra quão repulsiva era a ingestão da carne de certos animais para a mente hebréia, embora o autor sacro não se tenha dado ao trabalho de dizer-nos por qual motivo. “Limpo e imundo” tinham em vista motivos rituais e cerimoniais, embora devamos estar certos de que havia razões morais envolvidas, apesar da ausência de qualquer explicação. Aquilo que era impróprio para a alimentação foi revestido de um tabu religioso. Comer da carne de tais animais era considerado uma iniqüidade, algo perigoso, moral e espiritualmente falando, embora não se saiba dizer por quê. A ingestão da carne de certos animais proibidos é, de fato, higienicamente perigosa, sendo provável que os hebreus, por observação, tivessem consciência disso. Mas não era essa a razão das proibições.
14.2 14.4 Razões para a Rejeição a Tais Atos. 1. Os filhos de Yahweh diferiam dos pagãos e não deviam identificar-se com eles em seus costum es (vs. 1). Isso incluía o respeito pelo corpo, conform e demonstrei na exposição sobre o versículo anterior. 2. Israel devia ser uma nação santa; isso fazia parte de seu caráter distinto. Era uma profanação m utilar o corpo que Deus deu, o veículo da vida (segundo se lê neste versículo). 3. O povo de Israel fora escolhido, eleito e separado de todas as outras nações e de seus costum es pagãos (este versículo). É significativo que coisa algum a seja dita aqui a respeito da alma. Embora no Pentateuco haja indícios da doutrina da alma, sob form a germinal (Deus criou o homem à Sua im agem; Gên. 1.26,27; Ele é o C riador dos espíritos; Núm. 16.22; 27.16), coisa algum a é dita contra a lam entação excessiva, visto que a pessoa sobrevive para além da morte biológica. Mas Paulo, ao proibir a lamentação exagerada, apelou para o argum ento da imortalidade da alma (ver I Tes. 4.13-18). A doutrina da alm a já existia nas religiões e filosofias orientais. Mas dentro da tradição judaico-cristã ela só com eçou a ser form ulada, embora ainda sob forma primitiva, nos Salm os e nos Profetas, e só veio a receber m aiores detalhes nos livros literários dos judeus produzidos entre o A ntigo e o Novo Testam ento; e então adquiriu maior substância ainda nas páginas do Novo Testam ento. Ensinos sobre Anim ais Lim pos e Im undos (14.3-21) Israel, na qualidade de uma nação distinta, também tinha de m ostrar-se dis tinta quanto a questões dietéticas. Eles deviam com er certos alimentos e evitar outros. Isso fazia parte da sua santidade (vs. 21), Portanto, a santidade era, principalmente, uma questão de externalidades. O mesmo motivo reaparece em Lev. 11.2-23,45 e 20.25,26.
O boi, a ovelha, a cabra. A lista de anim ais limpos, cuja carne podia ser consumida, incluía esses três, que tam bém eram usados nos sacrifícios ofereci dos por Israel. Nos dias do tabernáculo, podiam ser sacrificados som ente no santuário e consum idos som ente em conexão com o culto sagrado. Em tempos posteriores, contudo, tornou-se possível com er a carne desses anim ais nas ca sas. Mas se fossem com idos fora do santuário central (a saber, o templo de Jerusalém), então não podiam participar de nenhum ato religioso. Todos esses atos estavam resen/ados ao lugar central de adoração. Quanto a essa questão, ver Deu. 12.1-31. O versículo 15 daquele capítulo m ostra-nos que com er em um sentido não sacrificial era permitido, m esm o que estivessem envolvidos aqueles anim ais antes limitados aos sacrifícios religiosos. Quanto aos cinco anim ais que podiam ser usados nos sacrifícios, ver Lev. 1.14-16. Ver também os artigos sepa rados sobre os três animais, no Dicionário. 14.5 É incerta a identidade de alguns anim ais que fazem parte dessa lista (ver os vss. 3-18). Mas as características que os tornavam lim pos ou im undos são bastante claras. V er no D icionário o artigo cham ado Lim po e Im undo, quanto a detalhes. Este versículo identifica sete anim ais que não serviam para os sacrifí cios, mas podiam ser consum idos na alim entação dos israelitas. V er as notas sobre o segundo versículo, quanto às razões da rejeição de outros anim ais, o que é am pliado no artigo m encionado. Todos os anim ais citados na lista m ere cem artigos separados no D icionário. V er inform ações sobre cada um deles nas notas do capítulo 11 de Levítico.
DEUTERONÔMIO “Admite-se universalm ente que a carne desses anim ais é a mais saudável e nutritiva. Eles ingeriam os m elhores vegetais, e, sendo dotados de vários estôm a gos, o seu alimento era bem preparado... Quanto aos anim ais que ruminam, ver Levítico 11.3” (Adam Clark, in loc.). 14.6-8 Esses três versículos duplicam a inform ação dada em Lev. 11.3-8, que não repito aqui. Todos os anim ais aqui listados recebem artigos separados no D icio nário. Sem dúvida, essas listas são apenas representativas, e não exaustivas, razão pela qual o autor sagrado deu ilustrações sobre os tipos de animais que podiam ser comidos ou não.
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plesmente foram omitidas as espécies com estíveis. O trecho paralelo é o de Levítico 11.20-23, onde as notas deveriam ser consultadas. Somente um tipo de inseto é mencionado no livro de Levítico que podia ser comido, ou seja, o gafanhoto. O paralelo apresenta as características desse ani mal com estível, de tal modo que nenhum equívoco viesse a ser com etido. E até mesmo no paralelo, o autor nos poupa de uma longa lista de insetos comestíveis, visto que somente uma espécie podia ser consum ida. Os intérpretes têm quebra do a cabeça quanto à razão dessa única exceção. Quando olho para um gafanho to, esse inseto me parece tão repelente quanto qualquer outro. Mas quando os antigos viam um gafanhoto, com eçavam a preparar suas frigideiras para frigi-lo. O gosto de certas pessoas não tem explicação razoável. Em Lev. 11.21, mostro como a questão era encarada nos dias do segundo templo, e quais características deveria ter um inseto para ser comestível.
14.9,10 14.20 Estes versículos têm paralelo no trecho de Levítico 11.9-12, cujas notas também se aplicam aqui. 14.11 Toda ave limpa comereis. D uas espécies de aves limpas eram usadas com propósitos de sacrifício. Ver Levítico 1.14-16. Serviam com o alimento quanto a propósitos gerais, mas, se fossem usados fora do santuário central (ou seja, o templo de Jerusalém), então não podiam ser empregados em nenhum tipo de ato religioso. A breve declaração deste versículo não perturba a lista de aves limpas. Maímônides informou-nos que todas essas aves eram consideradas limpas, não tendo sido especificamente proibidas (H iichot, M aacolot. Asurot, cap. 1, sec. 14). Ver Lev. 11.13-20 quanto ao paralelo. Com uma única exceção, as aves aqui alistadas são as m esm as que figuram no livro de Levítico. Uma vez mais, a lista não é exaustiva, mas apenas representativa. O açor é a ave incluída aqui, mas não figura no livro de Levítico. Ver o vs. 13. As aves limpas, de acordo com o Targum de Jonathan, eram aquelas que tinham papo, não tinham penas, e tinham uma garra supérflua, não sendo aves de rapina. 14.12 Quanto às características das aves im undas, de acordo com a interpretação que prevalecia à época do segundo tempio, ver Lev. 11.13. Esse versículo con tém uma lista paralela das m esm as aves. Os com entários dados ali também aplicam-se aqui. Cada uma das aves m encionadas recebe um artigo separado no Dicionário. 14.13 O açor. Essa é a única ave da lista que também não se acha no livro de Levítico. Há um detalhado artigo sobre ela no Dicionário. O açor era um tipo de abutre. As aves aqui m encionadas com iam carniça, pelo que ficavam fora da dieta dos filhos de Israel. As traduções não se m ostram cuidadosas na distinção das espécies, pelo que o resultado é algum a confusão de nomes. Além disso, outras aves ainda não foram identificadas com absoluta certeza.
Este versículo repete o versículo 11 deste capítulo, cujas notas devem ser consultadas. Os intérpretes judeus inseriam aqui a locusta, com o se ela fosse uma ave que pudesse ser comida, levando em conta o paralelo de Lev. 11.22. Ao que tudo indica, a palavra pode ter esse significado. O term o hebraico, ‘owph, usualmente indica algo coberto com penas. Mas, visto que essa palavra pode indicar “asas”, alguns intérpretes julgam que podem os incluir a locusta. Seja como for, a palavra é genérica para indicar aves. Mas o Theological W ordbook o f the Old Testament (M oody Press) inclui insetos sob esse vocábulo. 14.21 Não comereis nenhum animal que morreu por si. Todo animal que morres se por si mesmo era imundo, pelo que não podia ser consumido pelos israelitas, não por causa da doença que talvez tivesse matado o animal, mas porque a mente dos hebreus abominava carcaças. Ver essa lei explicada em Lev. 17.15. Quer um ani mal tivesse morrido por causa de alguma enfermidade, quer por mero acidente, o animal não tinha sido submetido à drenagem apropriada de sangue. E o homem que comesse da carcaça seria culpado de ter ingerido sangue. E se ingerisse de tal carne, sem ter conhecimento do que acontecera, então ficava imundo e precisava passar pelos ritos de purificação. Os hebreus, todavia, não tinham de sofrer perda financeira. Eles poderiam vender o animal a um gentio, ou, se fossem generosos, poderiam doá-lo. _ Quanto à lei contra ferver um cabrito no leite de sua mãe, ver Êxodo 23.19 e 34.26, onde a questão é explicada com detalhes. “No politeísmo da terra de Canaã e da Mesopotâmia, era uma prática aceita sacrificar um animal cozinhando-o no leite. A lei aqui (entre outras coisas) é uma rejeição dos costumes pagãos, pois a legislação mosaica evitava que esses costum es fossem imitados. Essa foi a base da separação entre a carne e o leite do judaísm o posterior'’ (G. Ernest Wright, in loc.). Alguns têm objetado à moralidade de vender o anim al a algum estrangeiro, sob a hipótese de que isso os prejudicaria. Contudo, devem os lem brar que os hebreus eram aqui religiosamente orientados, e não por que tivessem receio de apanhar alguma doença, por falta de higiene. Um estrangeiro não sofreria ne nhum dano por com er tal carne, visto que ele não estava praticando o yahwism o, de acordo com o modo sacramental de pensar.
14.14 Sobre os Dízimos (14.22-29) Este versículo é uma duplicação de Lev. 11.15. Ver os nomes no Dicionário. 14.22 14.15 Ver Lev. 11.16,17. Ver a respeito no Dicionário. 14.16 Ver Lev. 11.17,18, bem como os respectivos artigos no Dicionário. 14.17 Ver Lev. 11.18,19 quanto a notas e tam bém os nomes no Dicionário. 14.18 Ver Lev. 11.19 quanto a notas e também os nomes no Dicionário. 14.19 Todo inseto que voa... não se com erá. Em um sentido genérico, o autor sagrado fala sobre os tipos de insetos que não podiam ser consumidos, embora não tenha feito referência aos insetos perm itidos, deixando-nos relem brar as suas instruções anteriores. Ou então, talvez, na fonte inform ativa envolvida aqui, sim
Certamente darás os dízimos. Ver o artigo detalhado sobre a questão dos dízimos no Dicionário. Deus, na qualidade de proprietário da terra, tinha o direito à Sua parte na produção agrícola. Aos levitas era dado um dízimo, e então os sacerdotes recebiam o dizim o desses dízimos. A festa da colheita ou festa das Semanas (Pentecoste) era um tempo quando eram apresentadas oferendas no santuário central de Jerusalém (ver Deu. 16.9-12). Era a ocasião da segunda das três peregrinações anuais que todo israelita precisava fazer ao lugar central de adoração, em Jerusalém . Ver Deu. 16.16; Êxo. 23.17 e 34.22,23. As oferendas eram feitas das primícias da produção agrícola e dos prim ogênitos dos animais (Deu. 15.19,20). "O Talmude e os intérpretes judeus em geral concordam quanto à idéia de que os dízimos m encionados aqui e no vs. 28 (e também em Deu. 26.12-15) são todos a mesma coisa, ou seja, o segundo dízimo, algo inteiramente distinto dos dízimos ordinários atribuídos aos levitas para o seu sustento, em Núm. 18.21, e que era novamente dizimado para benefício dos sacerdotes (Núm. 18.26)” (Ellicott, in lo c ). O dízimo referido em Números é cham ado de prim eiro dízimo. Não era considerado sagrado; mas o segundo dízimo é cham ado de “coisa santa” , por ser dedicado aos sacerdotes ministrantes. “Os israelitas deveriam tom ar parte dos dízim os levados ao santuário central, e com ê-lo ali, ‘diante do Senhor’. Ou então esse pode ser o segundo dízimo, uma
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DEUTERONÔMIO
décim a parte dos noventa por cento restantes, parte do que era para ser comido no santuário, enquanto o resto era dado aos levitas que ali seraam (cf. Deu. 14.27" (Jack S. Deere, in loc.). Se aceitarm os a explicação de Deere, teremos então três dízimos: o dos levitas; o dos sacerdotes; e o dízimo comido por aquele que desse o dízimo, em uma refeição com unal. A cerim ônia reconhecia Yahweh como a fonte de todas as coisas boas (ver Tia. 1.17), e o povo agradecido era um povo separado para Yahweh. O segundo dízimo, de acordo com Deere, na verda de seria o terceiro, visto que o segundo era extraído dos dez por cento dados aos levitas, para ser dado aos sacerdotes.
e ali se ocupavam da agricultura e criação de gado. Mas os levitas tornaram-se uma casta relativam ente pobre, que dependia dos dízim os pagos pelas outras tribos. Ver no Dicionário o artigo cham ado Levitas. Jarchi (in loc.) pensa que este versículo se refere ao primeiro dízimo; mas John Gill (in loc.), embora concordan do com isso, provavelm ente esteja certo, ao dizer: “... tomai-o (o levita) para participar desse entretenimento, pois ele não tinha parte nem herança com as outras tribos, nas terras (ver 12.12)”.
14.23
Ao fim de cada três anos. “A cada três anos, o segundo dízimo (ver os vss. 22-27) não era levado ao santuário, mas era usado para sustento dos levitas, bem como dos membros menos afortunados da sociedade” (Jack S. Deere, in loc.). Mas Aben Ezra chamou esse de terceiro dízimo, o qual não anulava o segundo. Por isso afirma Tobias 1.7 especificamente: “ Dei o terceiro dizim o para reparar o templo”. E o mesmo livro diz que esses dízimos eram dedicados aos órfãos e às viúvas. Mas outras autoridades judaicas pensam que a referência é ao segundo dízimo, o qual, no terceiro ano, era distribuído de modo diferente do que se fizera nos dois anos anteriores. Por isso mesmo disse John Gill (in lo c .):"... nos dois primeiros anos depois do ano sabático (os dízimos) eram levados a Jerusalém, sob a forma de dinheiro, com o qual se compravam provisões para serem comidas ali; mas no terceiro e no sexto anos depois do ano sabático, depois de terem separado o primeiro dízimo, eles separavam outro dízimo do que tinha restado, e o distribuíam entre os pobres”. E então ele continuou como segue: “ Depois de terem separado o primeiro dízimo, todos os anos, eles separavam o segundo dízimo (Deu. 14.22); e no terceiro e no sexto anos, eles separavam o dízimo para os pobres, em lugar do segundo; e isso era feito, não no fim do terceiro ano, mas conforme Aben Ezra interpretava, no começo”. (Essa provisão não era levada para o santuário, mas era deixada nas cidades, para uso dos pobres, viúvas, estrangeiros etc, nos lugares onde viviam). Como é claro, as autoridades não concordam quanto à natureza exata desse dízimo, se era o mesmo adicional ou não em relação ao segundo, ou se simplesmente era um dízimo diferente do segundo.
No lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome. O lugar escolhi do foi o santuário central, em Jerusalém , que se tornou o único local para onde eram levadas as oferendas. Ver Deu. 12.5 a esse respeito. Tam bém era ali que o santo dízimo precisava tornar-se uma refeição com unal. Logo, era uma coisa consagrada, que se tornava parte do ritual do templo. Compunha-se de produtos do solo e dos primogênitos dos anim ais que podiam ser sacrificados. O ato reco nhecia os cuidados e a generosidade de Yahweh, bem com o a dependência do povo à providência divina. Ver no Dicionário o artigo intitulado Providência de Deus. A realização apropriada dos ritos ordenados tinha por intuito instilar reverên cia no povo que havia sido separado para Yahweh. Este versículo utiliza uma palavra forte, temer, pois, se o Senhor retivesse o Seu suprimento, haveria fome. Ver sobre esse temor, e outros elem entos que faziam parte da mentalidade e dos atos do povo separado para Deus, em Deu. 10.12,13. “Isso era feito durante dois anos, mas nos anos terceiro e sexto, havia um arranjo diferente (ver o vs. 28). No sétimo ano que era um ano sabático, provavel mente não havia dízimos, visto que naquele ano não havia colheita. O produto da terra era para todos, e cada qual tinha de com er como m elhor lhe parecesse” (Ellicott, in loc.).
14.28
14.24,25 14.29 E vai ao lugar que o S enhor teu Deus escolher. O local central de adora ção criava o “problem a de transporte” . Os anim ais e a produção agrícola criavam problemas de logística. Nesse caso, o homem não ficava isentado de pagar os dízimos, mas pagava o equivalente em dinheiro. Esse dinheiro era usado para com prar os itens próprios para os dízim os em Jerusalém ; e, dessa maneira, os deveres seriam cum pridos. O dinheiro não consistia em moedas, conform e as conhecemos, mas pesos em metais preciosos. Um homem precisava de uma sacolinha para levar os metais, e isso ele am arrava à sua mão, a fim de fazer a sua jornada até o santuário. V er no Dicionário o artigo geral cham ado Dinheiro. Leva o dinheiro na tua mão. A lguns estudiosos interpretam que isso signifi cava fazer marcas sobre os metais. M aim ônides pensava que isso significava “fazer moedas" (in Mishna M aaser Sheni, c. 11, sec. 2). Mas essa parece ser uma interpretação anacrônica.
Este versículo repete a m ensagem essencial do versículo anterior. Os beneficiários dos dízimos são m encionados de novo; os pobres viviam com os outros (dentro de seus portões), mas podiam passar fome, a m enos que os m em bros mais abastados da sociedade pusessem em prática a lei do amor. Era im portante para Yahweh que aquela gente pobre visse satisfeitas as suas neces sidades, recebendo ao m enos o necessário para as suas necessidades básicas. Se isso tivesse cum prim ento, então o próprio Yahweh fazia intervenção e abenço ava o doador, fazendo prosperar todas as suas obras. Isso acrescentava um im portante detalhe. O homem generoso não som ente gozaria de prosperidade financeira, mas também lograria sucesso em tudo quanto se propusesse fazer. Em outras palavras, ele teria muito dinheiro e muito sucesso. Ser bom é um bom negócio. A obediência às leis é um ponto destacado no livro de Deuteronômio. Um aspecto im portante da obediência consiste em obedecer à superior lei do amor. O homem que atinge esse alvo aprendeu a mais im portante lição da vida.
14.26 Esse dinheiro dá-lo-ás. Por ocasião da chegada no santuário central, o templo de Jerusalém, o homem podia com prar os animais e vegetais apropriados, cum prin do assim a lei do dízimo. A refeição comunal envolvia festividades, que incluíam a ingestão de vinho. É baldado pensar que esse vinho era apenas suco de uva, nãofermentado, e, portanto, não-alcoólico, pois ainda não havia tal coisa naqueles tem pos. Os hebreus eram um povo de cânticos e danças. Naturalmente, vinhos aos quais não se adicionava álcool nunca chegavam a mais de oito por cento da fermen tação natural, embora essa taxa alcoólica fosse capaz de deixar uma pessoa embriagada. A palavra hebraica aqui chamada “vinho”, ou seja, shekkar, era usada para indicar bebida intoxicante. Ver no Dicionário os seguintes artigos: Vinho, Vinha; Bebida, Beber e também Bebida Forte. Estudos científicos têm demonstrado que o álcool, ao correr na corrente sanguínea, mata células do cérebro. Por outra parte, essas pesquisas também demonstram que o vinho, em quantidades moderadas, pode prolongar a vida por diversos anos. Portanto, a palavra que cabe aqui é moderação, sobre cuja idéia provi um artigo detalhado no Dicionário.
Os Beneficiários. Esses eram os hebreus pobres, com o os órfãos e as viú vas, e também os estrangeiros residentes, e, naturalm ente, os levitas. Aquele que preparasse provisões para essas pessoas seria abençoado por Yahweh, porquan to estava cum prindo a lei do amor, a mais importante de todas as leis (ver Deu. 6.5 e Mat. 19.19). Ver no Dicionário o artigo intitulado Amor. O segredo da abun dância eterna consiste em doar, pois, quando doamos, recebemos. Deus m ultipli ca os bens daqueles que dão. Eu m esm o tenho tido a oportunidade de observar essa lei em operação, em muitas ocasiões, e espero continuar vendo esse fenô meno muitas vezes mais. A generosidade é a m edida espiritual de um homem, o que é apenas outro nome para o amor. Cf. Deu. 15.4-6, onde é reiterada a lei da doação-recebimento. “Os dizim istas com freqüência reconhecem que o autor do Deuteronôm io estava certo, que a bênção divina segue o dizim ista em seus feitos (vs. 29). O pão iançado sobre as águas tem uma m aneira interessante de retornar (Ecl. 11.1). As próprias qualidades de espírito que a doação generosa desenvolve certamente conduzem a uma m aior utilidade, e, por conseguinte, a uma maior recom pensa” (Henry H. Shires, in loc.).
14.27 Não desam pararás ao levita. Em todas as festividades, utilizando os dízimos especiais (ver o vs. 22), os levitas não deveriam ser esquecidos. Em primeiro lugar, o prim eiro dízimo sustentava a eies e ao seu m inistério sagrado. Em segun do lugar, poderíam os sugerir aqui que os levitas participassem das festas m encio nadas nesta passagem, recebendo algum a coisa extra. O trecho de Núm. 1.47 ss. m ostra que os levitas se tinham tornado uma casta sacerdotal, e não continuaram sendo uma tribo, pelo que não receberam herança sob a forma de terras. Eles receberam algumas cidades com certa área circundante,
C apítulo Q uinze O Ano da Remissão (15.1-23)
“ O A no da Soltura. Em Êxodo 23.10,11, o ano sabático visava beneficiar os pobres; em Levítico 25.1-7 lemos sobre um ano sem plantio, para descanso da
DEUTERONÔMIO terra. Aqui (Deu. 15), lemos sobre um tem po para a rem issão das dívidas” ( Oxford A nnotated Bibie, com entando sobre este versículo). Este capítulo dá continuação ao princípio da generosidade e do interesse pelos m enos afortunados, o que é enfatizado em Deu. 14.22-29, quanto ã questão dos dízimos. O autor sacro m os trou-se sensível para com o sofrim ento e as necessidades dos seres humanos. Devemos enfrentar essas questões com várias form as de generosidade. Somente neste texto lemos que o ano sabático incluía o cancelam ento das dívidas. A lei é expressa em Deu. 15.1, e os vss. 2-11 a explicam. Este capítulo incorpora duas form as de generosidade: o perdão das dívidas (vss. 1-11) e a soltura da escravi dão (vss. 12-18). Novamente, a obediência às leis de Yahweh, incluindo aquela a respeito da generosidade, aparece com o condição para as Suas bênçãos. Yahweh, a Fonte de toda sorte de prosperidade, abençoa àquele que dá com abundância, e galardoa com sucesso tudo quanto ele faz. Ver essa declaração em Deu. 14.29. Esses são excelentes discernim entos espirituais, que todas as religiões e filosofi as ampliam, pois isso constitui, na prática, o único ponto de acordo que se pode achar em todos os sistemas. Mas este texto ultrapassa o mero perdão das dívidas. Tam bém está em pauta uma caridade franca, segundo os vss. 7 ss., sem dúvida, indicam. A pobre za requer generosidade que ultrapasse a mera liberação de empréstimos. 15.1 Ao fim de cada sete anos. Cada sétimo ano era o ano sabático. Provi um artigo detalhado sobre essa questão, no Dicionário, intitulado A no Sabático. Farás remissão. Ou seja, as dívidas eram perdoadas (vss. 1-11). Ver a introdução ao capítulo, que m enciona as várias passagens do Pentateuco que abordam o tema do ano sabático, com suas várias características e provisões. As dívidas eram perdoadas no final dos sete anos, conform e M aim ônides esclareceu (Hilchot Shemitta e Yobel, cap. 9, sec. 4). 15.2 Os vss. 2-11 deste capítulo explicam a natureza da lei da remissão, que este versículo determina. Os eruditos não têm chegado a um acordo se a provisão deste versículo significa que o empréstim o, anteriorm ente contraído, seria total mente eliminado no ano sabático, ou se som ente a parcela que deveria ser paga no sétimo ano é que era dispensada. Se assim fosse, então isso significaria que o restante da dívida deveria ser paga após o sétim o ano. Ou então, o versículo quer dizer que a dívida não era perdoada de modo algum, nem em parte nem por inteiro, mas era suspensa até um prazo posterior. E isso assim se daria porque no sétimo ano não se perm itia nenhum a atividade agrícola, pelo que as pessoas, naquele ano, não tinham com o saldar suas dívidas. Em favor do perdão total das dívidas, daquele montante que ainda não tives se sido pago até ao sétimo ano, apresentam os os seguintes argumentos: 1. A generosidade requerida, a com eçar em Deu. 14.22, parece favorecer o cancelamento total da dívida. 2. O paralelo de Deu. 15.9-11 fala mais em favor da idéia de cancelamento do que em favor da idéia de suspensão. 3. Isso também concorda mais com o espírito do ano do Jubileu, quando os escravos eram deixados em liberdade absoluta e incondicional, e também retornavam a seus antigos proprietários as propriedades da família, de forma incondicional (ver Lev. 25.8-17). 4. Cancelamento, e não suspensão de dívidas, estava em pauta, para impedir a pobreza (ver Deu. 15.4,11). 5. Israel prosperou de form a extraordinária na Terra Prometida, e essa grande prosperidade expressar-se-ia sob a form a de cancelamento, e não de mera suspensão das dívidas. Os intérpretes judeus, via de regra, supõem que a lei em foco fosse radical, determinando o cancelamento das dívidas, e não mera facilidade de pagamento do saldo devedor. Tipologia. Em Cristo, nossos pecados foram cancelados de m aneira absolu ta, e esses pecados nos tornavam devedores. V er no Dicionário o artigo intitulado Perdão. Ver Mat. 6.12; Luc. 7.41,42. 15.3 Do estranho podes exigi-lo. Um estrangeiro, que entrara na Terra Prometi da para ganhar dinheiro, podia fazê-lo. O com ércio não era uma atividade proibi da. Porém, se chegasse a contrair uma dívida, tinha de pagá-la. Essa lei visava somente os “irmãos hebreus” . Em Cristo, contudo, não existe tal coisa como cidadão nativo e estrangeiro, pois todos estão em pé de igualdade e podem beneficiar-se igualmente. Ver Efé. 2.11 ss. e Gál. 3.26 ss. A expiação pelo sangue de Cristo é oferecida a todos, em todo este grande mundo (I João 2.3). Portanto, o evangelho é m ais generoso do que a lei mosaica, e aprofunda-se até as dívidas da alma, e não som ente às dívidas em dinheiro. Contudo, alguns homens limitam
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ridiculamente a missão de Cristo som ente aos eleitos, sem dúvida uma grande perversão. Lamento que, neste texto, o grande expositor inglês, John Gill, faz a tipologia aplicar-se som ente aos eleitos, não perm itindo assim que a generosa provisão de Deus se estenda a todos aqueles por quem Cristo morreu (ver João 3.16). O term o hebraico para “estranho” é nokhri, que alguns afirm am significar alguém que esteja de passagem em um país, com o um negociante-viajante, e não o ger, que fixava residência perm anente em Israel. É de presum ir que um ger participasse da lei da remissão. Essa lei não foi baixada para beneficiar os nego ciantes, mas para aliviar as pressões da pobreza; e assim, se um g er chegasse a padecer necessidades, beneficiar-se-ia da generosa provisão de Deus. 15.4 Não haja pobre. Em outras palavras, em Israel não haveria pobreza abjeta, em que pessoas não teriam o bastante para comer. Eles gastariam todos os seus recursos pagando a dívida, e não teriam o que restasse para pagar por alimento. Isso concorda com o espírito dos dízimos, conform e tem os visto em Deu. 14.22 ss. Havia abundante provisão para os m em bros m enos afortunados da sociedade. Isso posto, a irresponsabilidade não estava sendo prom ovida. O homem que tivesse dívidas precisava observar seus acordos, saldando essas dívidas ao lon go do tempo. Mas, no fim do sétimo ano, o restante de sua dívida seria cancelado. O texto reconhece que algum as pessoas enfrentariam reversões, “má sorte”, en ferm idades e obstáculos inesperados, capazes de interferir com o ganho de di nheiro. Além disso, há pessoas com defeitos genéticos realm ente incapazes de ganhar a própria vida, os esmoleres, que têm de depender da caridade pública. Se cuidarmos dessas pessoas necessitadas, m ostrando-nos generosos com elas, então Yahweh cuidará de nós, conform e vem os dito enfaticam ente em Deu. 14.29, onde as notas oferecidas tam bém se aplicam aqui. A prim eira provisão foi a do próprio território; e então, na Terra Prometida, o dinheiro fluiria caudaloso com o o rio Amazonas, para benefício dos generosos. Não que o trecho de Deu. 14.29 também não prom eta sucesso em todos os empreendim entos, e não m era mente um retorno sob a form a de dinheiro. Lemos no livro de Atos (4.34) que prevalecia a graça divina; mas ninguém padecia necessidade premente. E o versículo 11 deste capítulo ensina-nos a verda de quando supõe que chegará um tempo em que a pobreza será totalmente elimina da, a despeito das provisões divinas. Visto que os pobres só desaparecerão de vez nos novos céus e na nova terra, a generosidade também nunca deve cessar. 15.5 Se apenas ouvires atentam ente a voz do Senhor. Tem os aqui uma convo cação à obediência. A legislação m osaica envolvia preceitos interm ináveis e intrincados, que, não obstante, precisavam ser obedecidos. Era m ister que hou vesse um especialista para conhecer e observar tantos preceitos. Entre esses preceitos havia aquelas leis hum anitárias cujo intuito era aliviar a pressão da pobreza. Assim é que a epístola de Tiago, no Novo Testam ento, toma esse tema que diz que a nossa espiritualidade deve incluir o alívio das necessidades hum a nas, porquanto isso faz parte inerente da espiritualidade autêntica. Ver o segundo capítulo de Tiago. Esse capítulo chama a lei de am or de “a lei real”, ou seja, a lei a ser seguida pelos reis espirituais (vs. 8). A religião pura busca aliviar o sofrim en to dos órfãos e das viúvas (Tia. 1.27). E esses sem pre foram grandes tem as do judaísm o. Ver no Dicionário o verbete intitulado Amor. 15.6 Emprestarás a muitas nações. A prosperidade de Israel seria tão notável que os hebreus não cuidariam som ente dos pobres da Terra Prometida, mas também socorreriam a outros povos. Israel estaria na vantajosa posição de em prestar a outros povos, sem nenhum a necessidade de tom ar empréstim os. Em outras palavras, a generosidade particular floresceria sob a form a de prosperidade nacional. Uma m oderna ilustração de tal experiência é o caso dos Estados Unidos da América. No fim da Segunda Guerra Mundial, esse país, embora contando com apenas a décim a parte da população do mundo, concentrava nove décimos do dinheiro do mundo! Uma razão óbvia dessa prosperidade era (e é) o programa missionário das igrejas evangélicas americanas. Sen/ir ao Senhor é cortejar as riquezas materiais, inclusive. A prom essa feita a Israel envolvia a soberania nacional. Israel não seria sujeitado a tributos ou ao domínio estrangeiro se não se esquecesse de cum prir a lei do amor. Mas um Israel m esquinho veria tropas estrangeiras a assaltar as suas fronteiras. Porém, uma generosa nação de Israel exerceria controle financeiro sobre outras nações. “A chave para o problem a da pobreza jaz em um serviço a Deus prestado sem reseivas. Reconhecer que todos são criaturas de um m esm o Criador, e agir de conform idade com os ditam es da misericórdia, equivale a não deixar espaço para a pobreza. A necessidade humana não é mera questão de sistem as e leis justos, mas uma questão de misericórdia e benignidade” (Henry H. Shires, in loc.).
DEUTERONÔMIO
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A provisão do perdão das dividas era apenas uma das obras de caridade. Esta passagem contem pla outros atos de caridade que aliviam a necessidade humana. O pagam ento de dízim os (ver Deu. 14.22 ss.) era um modo de doar a outras pessoas. É de presum ir que um homem que visse outro em necessidade, simplesmente doasse algo ao necessitado, não lim itando seus atos de am or às provisões específicas da lei. De modo geral, um hebreu poderia aplicar o espírito de amor e sentir-se livre para agir conform e seu coração o orientasse. O coração duro, por outra parte, im pediria a generosidade. Mas o homem espiritual sem pre seria dotado de um coração terno. Os sofrim entos do próximo seriam os seus próprios sofrim entos. Ele se sentiria inspirado a aliviar a necessi dade alheia, mediante a obsessão da generosidade. E, por sua vez, Yahweh mostrar-se-ia generoso para com ele. 15.8 ... lhe abrirás de todo a tua mão. A generosidade é a m edida de um homem. Sua m ão vive aberta, e seu coração é terno e disposio a dar. Desse modo, os famintos recebem tudo de que precisam . “Notem os como a exposição do autor penetra dentro da vontade e dos sentim entos dos credores. Ser obedien te, e, assim sendo, receber as bênçãos prom etidas por Deus, requer mais do que a mera aceitação da letra da lei. Somente um espírito livre e voluntário pode evitar o pecado quando o pobre solicita ajuda. Cf. II Coríntios 9.7” (G. Ernest Wright, in loc.). “Os afetos se punham em m ovim ento e uma mente disposta inclinava-se por dar com generosidade” (John GUI, in loc.). E lhe emprestarás. Essa frase talvez signifique que um homem orgulhoso geralmente se recuse a dar um presente, ou seja, se recuse a emprestar a outrem. Nesse caso, em prestem os dinheiro ao necessitado. E, mais tarde, esque çamos com pletam ente que o próxim o nos deve o empréstimo, fazendo com que o empréstimo se torne uma doação. A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta m ais e mais, ao que retém m ais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda. (Provérbios 11.24) 15.9 Não haja pensamento vil no teu coração. A opressão é o programa do homem de mão fechada. Muitos israelitas agiam assim, pensando no ano da remissão. Eles encontrariam meios de explorar tanto antes quanto durante aquele ano, para garantir que obteriam vantagens sobre as pessoas a quem estivessem explorando. O credor teria um coração de Belial, conforme alguns traduzem este texto. ‘Teria um coração ‘indigno’ e ‘insubmisso’” (John Gill, in loc.), ignorando os mandamentos de Yahweh. Esse tal teria “olhos malignos”, fixados sobre a pessoa que lhe devesse algum dinhei ro, oprimindo-a de tal modo que ela clamaria a Yahweh, pedindo misericórdia. 15.10 Livrem ente lhe darás. Quem doasse algo não deveria fazê-lo a contragosto, sem um espirito generoso. Até m esm o um homem ganancioso poderia consolarse diante da idéia de que, se estava dando, receberia recompensa da parte de Yahweh, conform e é dito enfaticam ente nos vss. 4 e 6. Cf. as bênçãos prometidas aos dizim istas (Deu. 14.22 ss.). Deus ama a quem dá com alegria.
já disse: “ É preciso prim eiro tira r a favela do coração de um hom em , antes de tira r o hom em da favela". Yahw eh, reconhecendo a perpetuidade da pobreza, exortou m ais ainda os abastados a que se m ostrassem liberais para com os necessitados. Neste m undo, jam ais chegará o tem po em que a generosidade será uma virtude obsoleta. Cf. Mar. 14.7, onde Jesus fez um a observação sim ilar. S em pre terem os conosco os pobres, os q uais nunca possuem m uito, mas m esm o assim conseguem sobreviver. M as tam bém haverá a n e ce ssid a de daqueles que passam fom e. Este ve rsículo reconhece a existência de am bas essas classes de pobres. A Escravidão e as Dívidas (15.12-18) A pobreza produzia escravos, m esm o entre os hebreus. A prática da escravi dão não era proibida, mas era regulam entada mediante certos principios hum ani tários. Um indivíduo ou uma m ulher hebreu, depois de ter servido com o escravo por seis anos, era deixado em liberdade, quando da chegada do ano sabático. Além disso, tal pessoa não podia ser despedida de m ãos vazias. Teria de haver algo com que a pessoa pudesse iniciar uma nova tentativa na vida. Ver os parale los em Êxo. 21.2-11 e Lev. 25.39-55. Cf. Jer. 34.8-16. Os críticos supõem que houvesse várias fontes de materiais sobre a questão, que o autor-edítor teria usado. Ver no Dicionário o artigo cham ado J.E.D .P.(S.) quanto à teoria das fontes múltiplas do Pentateuco. Sob circunstâncias ótimas, que nem sem pre eram conseguidas, os israelitas que se tornassem escravos eram tratados com o m em bros da fam ilia à qual ser vissem, não sendo nem sobrecarregados nem oprim idos. Mas nem sem pre se obtinham condições ótim as no estado de escravatura. V er no Dicionário o artigo intitulado Escravo, Escravidão. 15.12 ... te for vendido. Uma criança podia ser vendida como escrava por seu próprio pai. E um adulto podia até mesmo vender a si mesmo como escravo, usualmente com a finalidade de pagar dívidas, ou a fim de prover um lugar onde morar e comer, quando ele e sua família ficassem reduzidos a condições extremas. Ver Êxo. 21.2 quanto ao paralelo, cujas notas expositivas também se aplicam aqui. Ver as várias razões pelas quais um hebreu podia tornar-se escravo de outro hebreu, dentro da exposição sobre Êxo. 21.2. Um hebreu, contudo, não podia ser vendido com o escravo para um estrangeiro, embora isso acontecesse ocasional mente, na prática, apesar de contrário aos dispositivos da legislação mosaica. O sétimo ano, neste caso, não correspondia, necessariam ente, ao ano da remissão das dívidas. Aqui a alusão é ao sétimo ano da servidão de um hebreu. Seis anos da vida de um homem eram assinalados com o o período m áxim o em que um hebreu podia servir com o escravo. Na Babilônia, um nativo só podia servir cerca da metade desse tempo; m as de modo geral as leis dos hebreus eram mais humanitárias do que na m aioria das sociedades do m undo antigo. 15.13,14 Q uando de ti o despedires. O hom em liberado da escravidão tinha de ser liberado com um suprim ento suficiente para possibilitar-lhe um novo com eço, sem as agruras da necessidade. O seu senhor era um homem abastado, e isso porque Yahweh assim lho perm itira ser. Logo, cum pria-lhe dividir generosam en te com o ex-escravo, por ser Yahw eh a fonte de todas as coisas boas. Ver Tiago 1.17. Esse suprimento incluía animais, cereal e vinho, coisas básicas em uma sociedade agrícola. O ex-escravo já tinha sofrido o bastante. Agora tinha o direito de tentar um novo começo, mais razoável. O paralelo, em Êxo. 21.2 ss., menciona outras provisões relativas à fam ilia do homem, que o tivesse acom panhado em seu período de servidão.
(II Coríntios 9.7) Escreveu Jarchi que se deveria doar algo ao homem em necessidade, “mesmo que ele peça por cem vezes". Quem doa é alguém liberal e livre, pois é assim que Deus trata conosco. Cf. Pro. 11.24,25; Isa. 23.18; II Cor. 9.6-9. Ver também Mat. 6.3.
Tipologia. O pecador que é liberado da servidão ao pecado, por meio de Cristo, é equipado com bênçãos espirituais e materiais, de tal modo que possa ter um novo com eço em sua nova vida. 15.15
Mais bem -aventurado é d ar do que receber. (Atos 20.35) 15.11 N unca d eixará de haver pobres na Terra. A pobreza é um a realidade perm anente. À s vezes, por fa lta de o p o rtunidade; tam bém há defeitos g e n é ti cos que fazem a pessoa tornar-se incapaz; e não devem os esquecer a p re guiça que às vezes é inerente. Todos esses fa to re s garantem a algum as pessoas não prosperarem fin a n ce ira m e n te , apesar dos program as go ve rn a m entais de bem -estar social e das suas boas intenções. É conform e alguém
Lembrar-te-ás de que foste servo. O povo de Israel, em sua inteireza, estivera escravizado. Os filhos de Israel tinham sofrido opressão e necessidade. Mas Yahweh havia livrado (redimido) Israel dessa sorte deplorável. Israel deveria seguir o exemplo divino. Êxodo é o livro da redenção, um sím bolo de redenção em Cristo. V er no Dicionário o verbete intitulado Redenção. Jarchi (in loc.) lembra-nos de que Israel saiu da servidão ao Egito sobrecarre gado de coisas doadas pelos egípcios, incluindo jóias, prata, ouro e um grande despojo. Alguns supõem que tudo isso, na verdade, form asse um despojo, e não apenas doações feitas pelos egípcios. Seja com o for, Israel saiu do Egito abun dantem ente suprido de bens materiais. Esse m odelo deveria agora ser seguido, na alforria dos escravos hebreus. Ver Êxo. 12.35 ss.
DEUTERONÔMIO 15.16 Não sairei de ti. Tem os aqui o caso de um escravo voluntário. É incrível, mas até mesmo prisioneiros, que se acostum aram à vida de prisão, preferem ficar presos, em lugar de irem embora. Assim também , entre os hebreus, um escravo bem tratado podia preferir continuar com o escravo. Nesse caso, ele se tornava um escravo permanente, sendo m arcado na orelha com uma sovela, sinal que indicava a perm anência de seu estado. A história da escravatura, nos Estados Unidos da América, indica que havia tal coisa ali, mesmo quando a emancipação foi declarada. A diferença era que a lei não perm itia a continuação do estado de escravatura. Os ex-escravos, pois, tornavam -se em pregados. Na m aioria dos ca sos, porém, a condição de vida não ficara muito diferente, exceto pelo fato de que o ex-escravo estava livre para ir embora a qualquer mom ento que quisesse. 15.17 O paralelo dos vss. 16 e 17 deste capítulo no livro de Êxodo contém comentári os que também se aplicam aqui. O ato de furar o lóbulo da orelha de uma pessoa, com uma sovela, era sinal de que a pessoa se tinha dedicado como escravo perma nente. A “serva” referida neste versículo seria ou a mulher que o homem levara consigo para tornar-se escrava com ele, ou uma mulher que ele tinha adquirido como esposa, quando era escravo. Mas a mulher também poderia ser uma filha vendida à escravidão, por parte de seu pai. Presumivelmente, tal mulher também poderia escolher ficar. Mas se ela se fosse, então teria direitos iguais a um homem que recebesse a sua liberdade. O trecho de Êxodo 21.7 fornece detalhes sobre a questão que não são dados neste texto. Ao que parece, as mulheres apanhadas em furto não eram reduzidas à escravidão, conforme acontecia aos homens (ver sobre Êxo. 21.2), pelo que é provável que as mulheres mencionadas neste texto fossem membros da família do homem que se tinha deixado escravizar para sempre, ou então pessoas vendidas independentemente, mas não por razões criminosas.
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ia tudo para Yahweh e para os sacerdotes. Mas o “proprietário” dos anim ais participava da refeição comunal, uma vez que os devidos sacrifícios tivessem sido feitos, quando o sangue e a gordura já tivessem sido oferecidos a Yahweh sobre o altar (ver as notas em Lev. 3.17). O texto de Núm. 18.17 adiciona as “cabras” no tocante às leis que tem os aqui. Ver Êxo. 13.2,12,13 quanto a outras versões dessas leis, onde são dadas notas adicionais. 15.20 Com ê-lo-ás... tu e a tua casa. O indivíduo que trouxesse os anim ais ao santuário tinha o direito de participar da refeição com unal, e seus fam iliares dela participavam. É de presum ir que as ocasiões envolvidas fossem a Páscoa e a festa de Pentecoste, embora este texto não determine tal coisa. De ano em ano. Presum e-se que isso ocorresse durante uma das fe s tiv i dades anuais. V er Deu. 16.16. “Parece, pelo Talm ude, que os dízim os e as ofertas poderiam ser apresentadas em qu a lq u e r uma das três grandes festas a n u ais” (E llicott, in loc.). V er o artigo geral no D icionário, in titulado Festas (Festividades) Judaicas. A Páscoa, o P entecoste e o Tabernáculo eram as três festas nacionais que requeriam a presença física dos israelitas do sexo m asculino. No lugar. Ou seja, no santuário central, que tinha tom ado o lugar de todos os dem ais altares e lugares santos. Q uanto a isso, ver Deu. 12.5. Q uanto à “fa m ília ” que pa rticip a ria da refeição com unal, ve r Deu. 12.17,18. A lguns com entadores pensam aqui na “casa do sacerdote", mas isso não parece a jus tar-se ao presente texto. “ Ites. 19 e 20. A antiga lei do sacrifício dos filhotes prim ogénitos (Êxo. 13.2) foi adaptada de acordo com as exigências do santuário central (12.15-28)” ( Oxford A nnotated Bible, com entando sobre o versículo anterior).
15.18 15.21 Por metade do salário do jornaleiro. A escravidão era um bom negócio para o proprietário de escravos. Um escravo lhe custava apenas a metade do que ele teria de gastar com um empregado. Por essa razão, ele não deveria lam entar quando chegasse o tem po da remissão. Antes, deveria enviar forro o escravo, liberalmente e com boa atitude. O trecho de Jer. 34.8-16 m ostra-nos que havia muito abuso contra os escravos, pelo que aquilo que é recom endado neste texto com freqüência eram apenas ideais que nunca tinham cumprimento. Um homem que tratasse bem um seu escravo, dando-lhe a liberdade ao chegar o tempo certo e fornecendo-lhe o necessário para ele equilibrar-se na vida, poderia esperar pela bênção de Yahweh, conforme já foi dito por várias vezes antes desta. Ver os vss. 4 e 10 deste mesmo capítulo. Cf. as leis do dízimo, em Deu. 14.29. “... as leis demonstram que a primeira preocupação na história, em torno da condição dos escravos, e a primeira tomada de consciência foram acerca do erro envolvido no controle completo que alguém exercia sobre o destino de outra pessoa. É verdade que o privilégio da liberdade era estendido somente aos cidadãos hebreus; mas até mesmo isso foi um primeiro passo que ninguém mais havia tomado antes. Essa provisão revolucionária ilustra o poder do conhecimento que os hebreus tinham da natureza e do propósito de Deus, conforme é inferido no evento do Êxodo, exercido sobre a ética e os códigos legais da comunidade” (G. Ernest Wright, in loc.). Oferendas Feitas dos Rebanhos (15.19-23) As leis paralelas àquelas desta seção podem ser achadas em Êxodo 13.11-16; 22.29-30; Lev. 27.26,27; Núm. 18.15-18. As leis do Êxodo, conforme pensam os críticos, pertencem às fontes informativas J e E do Pentateuco. E as leis que aparecem em Levítico e Números pertencem à fonte informativa P(S). E a lei do presente texto é atribuída por eles à fonte informativa D. Ver no Dicionário o artigo chamado J.E.D.P.fS.) quanto à teoria das fontes informativas múltiplas do Pentateuco. Os filhotes primogênitos machos dos animais pertenciam a Yahweh e ao culto do tabernáculo (o segundo templo), como também destinavam-se ao sustento dos sacer dotes e levitas. Nos dias do templo, esses animais eram levados ao santuário central e comidos em um banquete sagrado, presumivelmente por ocasião da Páscoa ou do Pentecoste, quando todos os homens de Israel tinham de visitar a cidade de Jerusa lém. Animais com algum defeito podiam ser comidos em casa. Mas aqueles levados ao santuário central não podiam ter nenhum defeito (vs. 17), um padrão seguido em todos os sacrifícios. Quanto a isso, ver Lev. 22.20. Ver também Lev. 27.26. 15.19 Ver a introdução à seção, anteriorm ente. O dono dos rebanhos não era o verdadeiro proprietário dos filhotes primogênitos. Esses prim ogênitos pertenciam a Yahweh. Não podiam ser postos a trabalhar nas fazendas; e, no caso de ovelhas, elas não podiam ser tosquiadas. Antes, tinham de ser levadas ao santu ário central; e qualquer benefício ou riqueza que esses anim ais representassem,
Havendo nele algum defeito. A regra que proibia qualquer defeito em um animal oferecido, quanto a todos os sacrifícios oferecidos no santuário, está aqui em pauta. Este versículo tem certo número de paralelos. Anotei a questão em Lev. 22.20. Um animal im perfeito podia ser com ido em casa, como se fosse um animal de caça (Deu. 12.15; 14.4,5), mas não em algum a cerim ônia religiosa de qualquer tipo. O sangue do animal tinha de ser vertido no chão, e jam ais utilizado como alimento. Ver o trecho de Lev. 3.17, quanto às leis sobre o sangue e a gordura. Cf. Lev. 22.19-24 e Mal. 1.14. 15.22 Como do corço ou do veado. Havia certo número de anim ais lim pos que podiam ser com idos e que nunca eram usados nos sacrifícios. Ver Lev. 1.14-16, quanto aos cinco anim ais que podiam ser usados nos sacrifícios. Um animal imperfeito, pelo que não podia ser sacrificado, tornava-se com o um animal limpo; podia ser consum ido como alimento por uma família, mas não podia ser oferecido em nenhum sacrifício. Com er algo em casa não requeria que a pessoa estivesse cerim onialm ente limpa para tal propósito. Essa era também uma regra do santuá rio e das festividades naquele lugar. Ver no Dicionário o artigo chamado Lim po e Imundo. Cf. Deu. 12.15,22. 15.23 O seu sangue não comerás. O sangue nunca era perm itido como alimento entre os israelitas. No santuário, o sangue era derram ado à base do altar, e assim era dedicado a Yahweh. Em casa, o sangue era derram ado no chão, em honra a Yahweh, a Fonte de toda vida, embora não com o parte de um sacrifício formal. Ver Deu. 12.16,23,24, quanto àquelas regras e quanto a com entários mais deta lhados a respeito.
C apítulo D ezesseis As Três Festas: Páscoa, Pentecoste e Tabernáculos (16.1-17) A repetição é uma das características literárias do autor-editor do Pentateuco. Por isso mesmo neste ponto, uma vez mais, encontramos regras repetidas acerca das três principais festividades anuais dos hebreus. Ver no Dicionário o artigo geral intitulado Festas (Festividades) Judaicas, onde são descritas as três festivi dades m encionadas neste capítulo. O versículo 16 deste capítulo mostra-nos que os membros do sexo masculino de Israel tinham por dever religioso fazer-se presentes a essas três festividades, no
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lugar central de adoração, Jerusalém, onde também Salomão terminou por construir o templo. Todos os demais santuários tornaram-se ilegais. Os homens levavam até ali os seus familiares, sempre que isso era possível (ver Atos 2.9-11). Essas festivi dades eram maneiras pelas quais a nação de Israel manifestava sua devoção e unidade em torno da fé religiosa em Yahweh. Seu intuito era servirem de experiênci as jubilosas, e as bênçãos de Yahweh eram prometidas aos participantes. Ver Deu. 16.11,14,15 e cf. Deu. 12.7,12,18 e 14.26, quanto a detalhes semelhantes. A narrativa do livro de Deuteronôm io é apenas uma breve revisão dos acon tecimentos. As três festas anuais, para os hebreus, eram haggim, o que pode ser com parado com o haj dos islamitas, as peregrinações anuais a Meca. A primeira dessas festas, a Páscoa, com o também a terceira, a festa dos Tabernáculos, estavam ligadas ao êxodo e vieram a tornar-se com em orações históricas. _E a segunda, que era a festa das Sem anas, da Colheita ou das Primícias (ver Êxo. 23.16; 34.22), efetuava-se em honra ao proprietário divino da terra, a quem os hebreus davam uma oferta, de acordo com a m edida de suas bênçãos, na colhei ta daquele ano" (G. Ernest W right, in loc.). Os primórdios ou indícios prévios dessas festividades form alizadas já existi am nas celebrações da época da colheita, e alguns de seus elem entos foram incorporados nas festas form alizadas. “Deuteronôm io 16.1-1. O calendário festal (Êxo. 23.14-17; 34.18-24; Lev. 23; Núm. 28-29). A festa da Páscoa e dos Pães Asm os (Êxo. 12.1-27; 13.3-10; 23.15,18; 34.18,25; Lev. 23.5-8; Núm. 28.16-25)" (O xford Annotated Bible, com en tando sobre o primeiro versículo deste capítulo). 16.1 Guarda o mês de abibe. Quanto ao trecho paralelo, ver Êxo. 1 2 .2-2 7.0 mês de abibe tornou-se o primeiro m ês do calendário religioso, pelo que a festa da Páscoa era uma espécie de celebração de Ano Novo. Era nessa data, em um sentido bem real, que Israel renascia. A Páscoa era celebrada no décim o quarto dia do mês de abibe (nossos m arço-abril). O Anjo do Senhor passou p or sobre Israel, mas tirou a vida de todos os prim ogênitos do Egito. O povo de Israel foi livrado da servidão dos egípcios, visto que essa foi a última e mais terrível das pragas que caíram sobre o Egito, forçando o Faraó a deixar os filhos de Israel sair do país. Ver, quanto a detalhes completos, no Dicionário, o artigo geral intitulado Festas (Festividades) Judaicas, bem com o o verbete cham ado Dez Pragas do Egito. E nas notas sobre Êxodo 7.14 apresento um gráfico ilustrativo. Ver o tema do livram ento de Israel do dom ínio egípcio por parte do Senhor. Esse tema é repetido no livro de D euteronôm io por cerca de vinte vezes (ver principalmente Deu. 4.20). O poder de Deus é um poder remidor. Ver no Dicioná rio o artigo intitulado Redenção, onde são apresentadas tipologias.
O povo de Israel, ao sair apressadam ente do Egito, não foi capaz de ferm en tar a sua massa, o que mostra a conexão e as circunstâncias históricas. Mediante as celebrações anuais, Israel relem brar-se-ia de como Yahweh os tirara do nada para a redenção, na Terra Prometida. A festa da Páscoa/Pães Asm os nunca deveria ser esquecida. Servia de m emorial perm anente do Poder divino, que os tinha libertado. Ação de graças e fidelidade eram atitudes requeridas da parte do povo israelita, nessas comemorações. A festa da Páscoa e a festa dos Pães Asm os, embora originalm ente fossem duas festas separadas, acabaram unificadas em uma só. Ver Luc. 2.41; 22.7; Atos 12.3,4; João 19.14. Pão de aflição. Assim cham ado por causa de sua associação com os terro res sofridos por Israel no Egito. Esse pão era insosso, tal com o as experiências dos filhos de Israel no Egito tinham sido sem atrativos. Esse pão fazia-os lembrarse da servidão e das privações pelas quais tinham passado. 16.4 As regras dadas aqui têm seu p a ralelo em Êxo. 12.15,19 e 13.7, cujas notas devem ser consultadas. Toda carne que não fosse consum ida tinha de ser queim ada no fogo na m anhã seguinte. Era to ta lm e nte ob litera da pelas razões que apresento na exposição sobre Êxo. 12.10. A queim a dos fra g m e n tos com pletava o sacrifício. T endo fe ito isso, então podiam pro sse gu ir em sua jo rna d a com as bênçãos de Yahw eh. Fragm entos que fossem tra zid o s com eles deixariam o sacrifício incom pleto, p rofanando-o com circun stân cia s d e s favoráveis. N inguém poderia preparar um a m erenda fe ita com aquela carne santa. 16.5 O lugar central de adoração, o tem plo de Jerusalém , pôs fim a todos os demais santuários. Logo, seria um sacrilégio realizar qualquer form a de sacrifício, exceto no templo. Ver Deu. 12.5 quanto a isso e quanto às razões que explicavam as mudanças. Yahweh tinha dado a Terra Prometida aos hebreus. Uma vez ali, o Senhor escolheu um lugar para ser cultuado. Esse lugar substituiu todos os dem ais luga res de culto. A nação deveria ser unificada em torno do centro único de adoração. A Páscoa, até então, tinha sido observada em lares individuais, que atuavam como pequenos santuários. Mas a nova ordem de coisas elim inava tudo isso. Ver Deu. 12.15; 14.23; 16.2,11; 26.1,15. 16.6
De noite. A perm issão do Faraó para que Israel deixasse o Egito foi dada à noite, embora Israel só tenha iniciado o êxodo no dia seguinte. Ver Núm. 33.3,4. Ver também Êxo. 12.12,29-31,42.
Senão no lugar que o Senhor teu Deus escolher. Este versículo repete a idéia do santuário centralizado que com entei no versículo anterior, e onde são dadas referências paralelas no tocante àquela instituição histórica.
16.2
À tarde, ao pôr do sol. Ou seja, entre as duas tardes. Em outras palavras, o animal era sacrificado antes do pôr do sol, m as a própria festa era noturna. O Targum de Jonathan diz: “ ... e à tardinha, por ocasião do pôr do sol, com ereis do mesmo até o meio da noite” . Ver Êxo. 12.6 quanto ao trecho paralelo. O sacrifício, em um sentido bem real, marca o com eço da saída dos filhos de Israel do Egito, embora a ordem do Faraó quanto à saída tenha sido dada no momento mesmo em que a redenção começou.
A Páscoa, observada anualm ente por Israel, durante toda a sua m archa pelo deserto, agora estava sendo transferida para o santuário central, em Jerusalém. Logicamente, isso foi feito por antecipação, mas acabou ocorrendo na realidade. Yahweh-Elohim baixou as ordens acerca da festividade original, determ inan do a sua transferência. E o único Deus (o Eterno Todo-poderoso, de acordo com os nomes usados) foi honrado dessa maneira. Ver no Dicionário os artigos intitulados Deus, Nomes Bíblicos de; Yahweh e Elohim. Os anim ais que podiam ser sacrificados vinham dos rebanhos: touros e car neiros. Ver Núm. 28.19,24. Quanto às cinco espécies de anim ais que podiam ser sacrificadas, ver Lev. 1.14-16. Cf. II Crô. 30.21-24; 35.7-9. O animal apropriado para os sacrifícios era o carneiro; posteriorm ente, porém, outros animais passa ram a ser incluídos. O touro não substituiu o carneiro conform e alguns têm pensa do. O Targum de Jonathan distingue entre tipos de oferendas. O animal original era o carneiro. Outras oferendas chegaram a acom panhar o original, extraídas dos rebanhos, especialm ente no caso das ofertas pacíficas. No lugar. Ou seja, no local central de adoração que veio a substituir todos os demais santuários: o tem plo de Jerusalém . Quanto a essa “escolha” , feita por Yahweh, ver Deu. 12.5. 16.3 A circunstância que ditava que não se d e veria com er pão levedado a ca bou florescendo com o um a festa separada, a dos Pães A sm os. A lguns e stu d i osos supõem que essa fe sta já e xistisse, e acabou h istoricam ente associada à festa da Páscoa. V er no D icionário o artigo detalhado cham ado P ães Asm os. V er o trecho paralelo de Êxo. 12.15-20 e 13.3-7, quanto a m aiores in fo rm a ções.
16.7 Então a cozerás. Assim diz o term o hebraico, que os críticos atribuem à fonte informativa D. Mas a fonte inform ativa P(S) diz “assarás” . V er Êxo. 12.9. Talvez o autor tenha usado aqui a palavra em um sentido frouxo, “cozinhar'’. Isso não entraria em contradição com a ordem original, mas os intérpretes debatem entre si por causa da questão. Era proibido cozinhar o cordeiro sacrificial (Êxo. 12.8,9). Alguns supõem que outras oferendas, que vieram a acom panhar o ato de assar o cordeiro, fossem cozidas; mas não há com o solucionar com qualquer grau de certeza esse problem a nem m esm o é im portante acharm os uma solução para ele. A lgum as traduções dizem sim plesm ente “a ssar” , e assim solucionam aligeiradamente o problema. No lugar que o S en hor teu Deus escolher. E sse lugar, originalm ente, era a residência de cada hebreu; m as term inou sendo o sa ntuário central, conform e com entei no ve rsículo 5 deste capítulo, com referências. Q uando entrou em vig o r o único lugar de sacrifício, o povo passou a reunir-se ali; e, depois, cada qual voltava para o seu lar. O povo não retornava às suas tendas enquanto a cerim ônia inteira não tivesse term inado. V er I Reis 8.66; II Crô. 7.10. Diz o Targum de Jonathan: “e te voltarás pela m anhã, depois de term inada a festa, e irás para as cid a de s” . Jarchi diz que eles poderiam esperar até o segundo dia.
DEUTERONÔMIO 16.8 Seis dias comerás pães asmos. Essa festividade prolongava-se por seis dias, e o sétimo dia era um sábado santo em que havia uma assembléia solene. Em outros trechos é ordenado que o pão asmo deveria ser com ido por sete dias (ver Êxo. 12.15,19; 13.6,7). Alguns eruditos tentam harm onizar a questão, supon do que o ato de com er continuasse no sétimo dia, e que esse dia também fosse um sábado santo, um dia de solene convocação. Mas outros supõem que, em uma época posterior, houvesse algum as diferenças quanto ao m odus operandida festa. As diferenças podem sugerir desenvolvim entos históricos. Nenhum a obra farás. Isso era típico quanto aos dias de sábado, bem como no tocante a todas as festas que incluíam algum sábado especial no seu fim. Ver no Dicionário o verbete intitulado Sábado, que discute sobre a regra da suspen são de todo trabalho. Ver Êxo. 12.16 e Gên. 2.2,3. O sábado regular tornou-se o próprio sinal do Pacto Mosaico (ver as notas nos com entários de introdução do capítulo 19 de Êxodo). Mas em Cristo descansamos, e assim não temos mais necessidade alguma de dias especiais. Cf. Êxo. 31.13 ss.. Festa da Colheita (das Semanas; Pentecoste) (16.9-12) 16.9 A festa de Pentecoste, que se tornou tão fam iliar no cristianismo, visto que foi em um dia dessa festa que com eçou o m inistério especial do Espírito Santo, é o seu nome grego, adquirido entre os judeus nos tem pos helenistas. Na Palestina, a cevada am adurece no mês de abril, ao passo que a colheita do trigo só vem mais tarde. A festa de Pentecoste, originalm ente, ocorria no tempo da colheita da cevada, e parece ter sido uma festa de colheita. Veio a ser associada à outorga da lei, cinqüenta dias após a festa da Páscoa. Assim também, no cristianismo, veio a ser associada à descida do Espírito Santo, cinqüenta dias após a ressurrei ção de Cristo. Quanto à festa das Sem anas, ver o décim o versículo deste capítu lo, e também Êxo. 34.22. Quanto à festa da Colheita, ver Êxo. 23.16. Quanto ao dia das Primícias, ver Núm. 28.26, e cf. Êxo. 23.16 e 34.22. Quanto ao cálculo do tempo envolvido, ver Lev. 23.15,16. Visto que era celebrada no qüinquagésimo dia após o com eço da colheita, veio a tornar-se conhecida com o Pentecoste. Ver sobre esse term o no Dicionário, onde ofereço um artigo detalhado. Ver também sobre Festas (Festividades) Judaicas, onde são acrescentados detalhes. É de presum ir-se que, originalm ente, sete sem anas (cinqüenta dias) tenham sido fixa das, para que uma colheita pudesse ser com pletada antes da celebração. O tempo da colheita, na Terra Prometida, variava de acordo com as várias regiões, pois quanto menor fosse a tem peratura média, mais tardia se fazia a colheita. Os meses envolvidos eram correspondentes aos nossos março-abril (começo), ao fim de maio ou com eço de junho (fim). O term o Pentecoste está baseado na palavra grega para “cinqüenta”, usada na Septuaginta, em Lev, 23.16. 16.10 O sentido deste versículo é mais bem esclarecido no versículo 17. Os hebreus foram instruídos a dar uma oferta voluntária de acordo com a medida em que Yahweh lhes tivesse dado a colheita. Não foi fixada nenhum a porcentagem espe cífica, mas esperava-se a liberalidade. Cf. Deu. 15.14. Talvez Paulo tivesse em mente este versículo, ao afirm ar qual o padrão cristão quanto às dádivas (I Cor. 16.2). As doações devem ser de acordo com a prosperidade de cada um; e entendem os que toda prosperidade é conferida pelo Senhor (ver Tia. 1.17). Den tro do contexto cristão, uma porcentagem de m enos de dez por cento é uma proporção pequena.
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a circular, em vez de serem apenas acum uladas. Escravos, mulheres, crianças e órfãos, como também os levitas, seriam todos beneficiados. Essas eram, geral mente, as pessoas dependentes naquela sociedade. Sempre será m elhor dar do que receber (Atos 20.35); mas as experiências da vida perm item que experim en tem os am bos os lados dessa m oeda. Cf. este versículo e a lista de seus beneficiários com Deu. 14.21; 16.14; 24.19-21. Tipologia. O Espírito Santo foi dado no Pentecoste cristão, cinqüenta dias após a morte do Senhor Jesus; e Ele propagou as riquezas espirituais entre todos. Ver o segundo capítulo do livro de Atos. O próprio Espírito Santo é a mais liberal provisão divina para o Seu povo, visto que Dele nos chegam todos os dons e promessas, sendo Ele o agente de tudo quanto nos é oferecido pela missão de Cristo. 16.12 Lembrar-te-ás de que foste servo. Temos ai a grande motivação do povo de Israel. Yahweh interessa-se pelo bem-estar dos homens. Ele demonstrou isso ao libertar Israei da servidão no Egito, um tema repetido por cerca de vinte vezes no Deuteronômio. Quanto a isso, ver as notas em Deu. 4.20. Israel sofrera persegui ções e privações quando estava no Egito. Mas Yahweh foi generoso e propiciou um escape, e, em seguida, um território pátrio, a saber, a herança estipulada dentro do Pacto Abraâmico (ver as notas a respeito, em Gên. 15.18). Essas bênçãos deveri am atuar como motivos para o povo de Israel mostrar-se generoso com os membros menos afortunados e dependentes da sociedade, como aqueles alistados no versículo anterior. Cf. Deu. 15.15, onde encontramos uma declaração similar. Estes estatutos. Leis bem claras e definidas foram dadas para governar as festividades descritas neste capítulo; e esses regulam entos requeriam generosi dade, e não mera aderência às leis referentes aos sacrifícios. Tipologia. “Coisa algum a encoraja tanto a realização de boas obras com o a consideração de nossa espiritual e eterna redenção por meio de Cristo (I Cor. 6.19,20; Tito 2.14; I Ped. 1.18 ss.)” (John Gill, in loc.). A Festa dos Tabernáculos (16.13-15) Ver no Dicionário os artigos intitulados Tabernáculos e Festa (Festividades) Judaicas, quanto a informações completas sobre essa festa. Os trechos de Êxodo 23.16 e 34.22 retratam essa festa como uma assembléia e peregrinação. Devia ser celebrada no fim do ano, ou seja, durante o outono, em consonância com o antigo calendário agrícola. Em Levítico 23.33-43 essa festa é chamada de tabernáculos. O tempo de sua celebração era do décimo quinto ao vigésimo primeiro dia do sétimo mês do calendário religioso. Era uma festividade de ação de graças de outono. As tendas nas quais Israel residia temporariamente, a fim de relembrar os rigores da experiência no deserto, eram feitas com ramos e folhagem (ver Lev. 23.40). E assim, pelo menos durante aquela semana, eles se humilhavam. Isso os ajudava a considerar a generosidade de Yahweh, que os tirara da condição de penúria e necessidade. O mês de tishri (nossos setembro-outubro) era o mês dessa observân cia (ver Lev. 23.34,39). Essa festa era uma das três festividades (Páscoa, Pentecoste e Tabernáculos) que requeriam peregrinações de todos os varões israelitas até ao santuário central, em Jerusalém. Se possível, as famílias também deveriam ir, pelo que a comunidade inteira acabava envolvida. Deveria ser uma ocasião jubilosa, conform e vem os nos versículos 14 e 15 deste capítulo. Os hebreus alegravam -se na provisão de Yahweh; e tam bém se alegravam ao com partilharem uns com os outros. A m edida de um homem é a sua generosidade. Ver no Dicionário o artigo Amor. 16.13
Ofertas voluntárias. No hebraico, missah, termo usado somente aqui em todo o Antigo Testamento. A idéia é a de uma oferenda suficiente ou proporcional. Mas a porção apropriada foi deixada a cargo da consciência iluminada de cada um. Cf. Êxo. 34.20. Os vss. 16 e 17 fazem essa ordem aplicar-se a todas as três festas. Os sacrifícios oferecidos nessa ocasião eram dois pães a serem movidos diante do Senhor, sete cordeiros, um touro jovem e dois carneiros como oferta queimada, juntam ente com as ofertas de cereal e de libações. Ver Lev. 23.17-19. Além de tudo isso, havia as ofertas voluntárias. 16.11 A legrar-te-ás. As celebrações deviam ser assinaladas pelo regozijo, um ele mento freqüentem ente enfatizado em conexão com o sistema de sacrifícios. Os sacrifícios eram ocasiões de júbilo. Yahweh se m ostrara generoso, dando aos israelitas motivos para se sentirem felizes com as provisões que tinham recebido. Ver sobre Deu. 12.7 quanto à alegria envolvida. Um Tempo de Generosidade. Yahweh é generoso; e os beneficiários de Sua generosidade também precisam ser generosos. As riquezas deveriam ser postas
Por sete dias. Essa festa dava a Israel a oportunidade de expressar alegria e ação de graças. Uma sociedade agrícola podia dedicar tem po a celebrações. As pessoas não precisavam ir ao trabalho todos os dias, em certos períodos do ano. Ver Lev. 23.33-43 quanto a uma com pleta descrição das atividades próprias des sa festa. "A colheita da cevada com eçava na Páscoa, e a colheita do trigo, no Pentecoste. Antes do com eço da festa dos Tabernáculos, term inavam a vindim a e a colheita das azeitonas, pelo que todos os outros frutos de verão já estavam colhidos” (John Gill, in loc.). Assim sendo, todo o povo de Israel aproveitava o tempo para regozijar-se diante da abundância que a vontade de Deus tinha provi do para eles. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! 16.14 A legrar-te-ás. Essa nota é repetida. Ver Deu. 12.7 e 16.11. Essas festivida des eram ocasiões alegres, e não meras realizações de dever, de m istura com sacrifícios. Disse-me um amigo judeu; “Os hebreus eram um povo de vinho e de canção”. O Targum de Jonathan alude aos instrum entos m usicais empregados
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nessas ocasiões, como o pífaro e a trom beta. Ver no Dicionário o artigo chamado Música, instrum entos Musicais. Cf. Lev. 23.42,43. Israel celebrava seu livramento da servidão egípcia e lem brava seus anos de peram bulação no deserto habitando temporariamente em tendas. Agora estavam habitando na Terra Prometida, em boas residências. 16.15 Sete dias celebrarás. Essa idéia é repetida (ver o vs. 13), como também a idéia da alegria (ver o vs. 14). A virtude da generosidade fazia parte do quadro, visto que assim todos os necessitados recebiam cuidados (vs. 14), que se junta vam às festividades. Isso repete elem entos que já tinham aparecido no versículo 11 deste capítulo. Ninguém ficava de fora. Ninguém ficava faminto. Aben Ezra m enciona a prosperidade de que eles gozaram em tempos poste riores, e que não envolvia apenas produtos agrícolas. Os negociantes também prosperavam; os negócios corriam bem; o com ércio florescia; artes e ocupações de toda variedade atraíam muito dinheiro. Todos, pois, faziam uma pausa para se alegrarem em meio à abundância. Havia um oitavo dia, mencionado em Lev. 23.36 e Núm. 29.35, mas sete dias são m encionados em Lev. 23.3 e Núm. 29.32. O oitavo dia era tratado com o uma parte do todo, e podia ser m encionado com o tal, ou podia ser m encionado separa damente, como uma espécie de fim de festividades. Sumário: As Peregrinações Anuais (16.16,17) 16.16 Cf. Êxodo 23.17 e 34.23. Deuteronôm io sim plesm ente repete a antiga lei, m as agora ela é aplicada às peregrinações até o santuário central, em Jerusalém, o lugar escolhido por Yahweh (ver Deu. 12.5). “... todos tinham a obrigação de comparecer, exceto os surdos, os cegos, os alienados mentais, as crianças... as mulheres, os servos, os não-livres, os aleija dos, os enfermos e os idosos que não podiam suster-se de pé” (Mishn. Chagigah. cap. 1, sec. 1). A observação de que ninguém deveria ir de mãos vazias refere-se à obriga ção de realizar os sacrifícios apropriados e levar as oferendas voluntárias adequa das. Quanto a isso, ver o décim o versículo deste capitulo. O vs. 17 repete a questão. As m ãos tinham de estar cheias, e não vazias, naquelas ocasiões (as três festas). 16.17 Cada um oferecerá na proporção em que puder dar. Estão em pauta as ofertas voluntárias, a respeito das quais anotei nos versículos 10 e 11 deste capítulo. A quantidade a ser doada não foi fixada em lei, mas o homem sábio mostra-se generoso.
bem treinados na lei mosaica, conhecidos por sua sabedoria e santidade, homens de sólidos conhecimentos. Alguns deles eram aptos nas artes e nas ciências, embora isso não fosse um dos pontos fortes dos israelitas. M aim ônides {Sanhedrin, cap. 10) fornece-nos uma descrição apenas bosque jada de tempos posteriores: havia o grande Sinédrio, com posto por setenta e um homens, que se reuniam no santuário central; dois tribunais de vinte e três ho mens, um que se reunia à entrada do átrio e o outro à entrada da casa. E em cada cidade com cento e vinte habitantes ou mais, vinte e três juizes eram nomeados com o oficiais locais, que operavam com o um sinédrio secundário. Nas aldeias com cento e vinte habitantes ou menos, três juizes eram nomeados para m anter a ordem e legislar de acordo com os ditam es da lei mosaica. 16.19 Havia três diretrizes que deviam ser observadas por todos os juizes: 1. A justiça não podia ser pervertida. A lei precisava ser seguida estritamente, sendo aplicada a todos, sem nenhum a distinção. Os juizes precisavam conhe cer a lei de modo perfeito, seguindo-a de perto. 2. Nenhuma parcialidade podia ser dem onstrada, capaz de favorecer ricos e poderosos e injustiçar a fracos e pobres. As circunstâncias externas precisa vam ser ignoradas. Amizades e relações de fam ília não podiam interferir em nenhum julgamento. Conform e escreveu Jarchi, as sentenças tinham de ser baixadas “sem favor ou afeto". 3. Subornos eram considerados uma desgraça, e não podiam fazer parte dos processos legais. As peitas cegam a justiça, conform e diz o texto. Até os sábios se deixam perverter pelo suborno. Causas justas ficam assim anula das, ao passo que causas injustas podem acabar prevalecendo. Os judeus costum avam dizer que, se um juiz aceitasse subornos, o poder divino não o deixaria morrer sem que prim eiro ficasse cego, para que a sua condição física se equiparasse assim com a negridão de seus atos. Lemos assim na Mish. Peah., cap. 8, sec. 9. Quanto ao trecho paralelo a este, mas que é um tanto mais elaborado, ver Êxo. 23.6-9. 16.20 A justiça seguirás, som ente a justiça. Tem os aqui o princípio fundam ental. A lei está sempre ao lado daquilo que é correto. G uardar a lei com o indivíduo particular, ou então com o juiz adm inistrador da justiça, era algo que conferia vida. Sobre como a lei é uma fonte de vida, ver as notas sobre Deu. 4.1; 5.33 e 6.2. “A justiça estrita, e nada mais" (John Gill, in loc.). A continuação do povo de Israel, na Terra Prometida, dependia disso. Os primitivos habitantes da região tinham sido expulsos dali por motivo das suas iniqüidades (ver Gên. 15.16). Outro tanto poderia suceder a Israel, o que, de fato, acabou sucedendo. Ver no Dicioná rio o artigo cham ado Cativeiro (Cativeiros). Parte do poder doador de vida da lei deveria continuar para preservar e abençoar a Israel, em sua existência na Terra Prometida.
Os Oficiais e Seus Deveres (16.18-22) Algumas Leis Pertinentes à Adoração (16.21— 17.7) No que tange ao período antigo do judaísm o, não dispom os de muita infor mação no tocante ao sistema judicial de Israel. Supom os que o sistem a incluísse os principes das tribos, os anciãos, os chefes dos conselhos locais, os oficiais subordinados, os escribas e os escrivães. Não som os inform ados acerca de como eles eram escolhidos; mas deve ter havido algum a espécie de consentimento local por parte do povo envolvido. Retratar a época de Moisés é fácil. Ele era o porta-voz de Yahweh; Arão, o sum o sacerdote, era a mão direita de Moisés; os sacerdotes cuidavam do culto no tabernáculo. Príncipes tribais encabeçavam os conselhos dos anciãos. Mas não fica claro com o isso se desenvolveu no período que se seguiu de imediato. A lei sem pre foi a base da legislação de Israel. Ver Deu. 1.15-18 e cf. Êxo. 18.13-27, quanto ao período antigo. Neste texto encontra mos duas categorias, os ju ize s e os oficiais, provavelm ente term os genéricos para um sistema que não foi descrito com detalhes. Talvez os juizes fossem os cabe ças dos conselhos locais de anciãos. Nesse caso, os oficiais seriam os funcioná rios secundários, encarregados de certa diversidade de funções. 16.18 A nação de Israel inteira deveria dispor de juizes e oficiais. A fonte de toda autoridade era Yahweh. Era Ele quem apontava os dirigentes, embora não seja mos inform ados sobre como as ordens divinas eram transm itidas. Algum tipo de assentimento popular deve ter estado envolvido. “Os juizes nom eados em cada cidade provavelmente eram membros do conselho de anciãos da cidade (os anciãos funcionavam com o um corpo judicial; cf. Deu. 19.12)” (Jack S. Deere, in loc.). Os oficiais provavelm ente eram subordinados àqueles, funcionando como escrivães ou secretários, e ocupando certa variedade de tarefas secundárias, efetuadas com autoridade. Com a passagem do tempo, uma corte suprema, o Sinédrio (ver a esse respeito no Dicionário), foi-se desenvolvendo. Os juizes precisavam ser
Encontramos aqui um conjunto de leis miscelâneas que não têm relação com o contexto. Mas estão ligadas à seção de Deu. 12.1-14.21. Podemos afirm ar que essas leis faziam parte da responsabilidade dos juizes que figuram na seção anterior, e isso envolve uma verdade reconhecida pelos estudiosos. A seção proíbe qualquer tipo de sincretism o. O yahwísm o precisava ser mantido puro, sem a administração de m isturas com conceitos pagãos, exportados pelos povos vizi nhos de Israel. 16.21 Não estabelecerás poste-fdolo. Em outras palavras, uma árvore ou coluna asherah, representação da deusa Aserá, deusa da fertilidade e consorte de Baal. Alguns, em seu sincretism o, levantavam esses sím bolos pagãos perto do altar de Yahweh, o que era uma abominação aos olhos do autor sagrado, e com toda a razão. O term o hebraico asherah também significa bosque, pois os pagãos usa vam tais lugares para ali efetivarem o seu culto idólatra, com o tam bém era o caso dos cham ados lugares altos (ver a respeito no Dicionário). Cf. Deu. 7.5 e Êxo. 34.13. Os israelitas não podiam tolerar a continuação de nenhum a instalação religiosa dos povos cananeus. 16.22 Nem levantarás coluna. Algumas versões dizem aqui imagens em geral. Mas outras versões m ostram-se mais especificas: colunas pagãs. Eram pedras sagradas, postas de pé, que sim bolizavam a fertilidade masculina. Ver Deu. 7.2; 12.3 e Êxo. 34.14 quanto a maiores inform ações. O autor estava aludindo a tipos específicos de idolatria; mas ele queria que entendêssem os qualquer m anifesta
DEUTERONÔMIO ção da idolatria. Ver no Dicionário o verbete intitulado Idolatria, bem como Êxo. 20.3,4 e suas notas expositivas, a respeito do segundo mandamento.
C apítulo D ezessete Castigo da Idolatria, Obediência à Autoridade, Eleição e Deveres de um Rei (17.1-20) Este texto faz parte da seção iniciada em Deu. 16.21, ou seja, leis miscelâne as, essencialmente desligadas do contexto, mas vinculadas ao material que figura em Deu. 12.1-14.21. V er os com entários referentes ao versículo 21 do capitulo 16. Toda idolatria devia ser evitada (ver Deu. 16.21,22), e uma adoração pura, aos moldes da legislação mosaica, deveria ser m antida. Desse modo, prosperaria o yahwismo, embora os israelitas vivessem cercados por povos pagãos. Isso era im prescindível para que Israel pudesse florescer na Terra Prometida. 17.1 Não sacrificarás ao Senhor teu Deus. Temos neste versículo uma lei geral que se aplicava a todos os sacrifícios de animais. Deu. 15.1 aplica essa regra, com algumas particularidades. Ver também Lev. 22.17-25 e Mal. 18. Apresentei notas expositivas detalhadas em Lev. 22.20. Ver igualmente Lev. 4.3; Êxo. 12.5 e 29.1. Era um insulto trazer até o altar de Yahweh um animal defeituoso ou doente. O indivíduo que ousasse fazer tal coisa seria “amaldiçoado”, conforme lemos em Malaquias 1.14. 17.2 Que proceda mal. A primeira declaração é geral. Está em vista qualquer desobediência à lei de Moisés. Tal desobediência seria um tipo de rebeldia dentro do acam pam ento de Israel. A m aldade praticada seria uma violação do Pacto Mosaico (ver as notas na introdução ao capítulo 19 de Êxodo). E isso, por sua vez, seria uma violação do Pacto Abraâm ico (ver as notas em Gên. 15.18). Ver também, no Dicionário, o artigo geral sobre Pactos. Naturalmente, o pecado prin cipal em vista é a idolatria, conform e vem os nos versículos seguintes. Transgredindo a sua aliança. Os vss. 2-7 dem onstram que a pena im posta contra a prática da idolatria era a m esm a im posta a quem encorajasse outros a praticá-la (ver o capítulo 13 de Deuteronômio). A pena era sem pre a punição capital.
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17.5 Então levarás o homem ou a m ulher. Se a denúncia fosse verdadeira, então tanto os que praticavam com o os que prom oviam a idolatria tinham de ser levados às portas da cidade e apedrejados até m orrerem. V er no Dicionário o verbete intitulado Apedrejamento. Os intérpretes diferem quanto ao sentido da palavra aqui traduzida como “portas”. Seriam as portas do Sinédrio, onde tivera lugar o julgam ento (ver os com entários do Targum de Jonathan). Outros pensam que seriam as portas da própria casa do indivíduo, onde tam bém ele tinha pratica do a idolatria (conform e Jarchi). Mas tam bém se interpretava com o as portas da cidade. Ou se um homem vivesse em um lugar dom inado pela idolatria, então o réu era executado na porta do Sinédrio, onde Israel exercia jurisdição. A execu ção era pública, a fim de m ostrar que nenhum a pessoa, homem ou mulher, estava isenta da severidade da lei, que havia sido quebrada em meio a tão grande rebeldia. 17.6 Por depoimento de duas ou três testemunhas. As testemunhas tinham de ser, no mínimo, duas, ou idealmente três ou mais. A investigação feita (vs. 4) descobriria as testemunhas apropriadas. Nenhum homem podia ser executado sem a investigação e as testemunhas aptas que fossem descobertas. Nenhum caso podia ser resolvido se houvesse uma única testemunha, pois esta, por várias ra zões, poderia estar mentindo sobre a questão. Ver a proibição contra uma única testemunha, em Deu. 19.15. O trecho de Deu. 19.16 reconhece que testemunhas falsas poderiam apresentar-se, dispostas a querer destruir um rival ou um inimigo, por razões particulares. Os juizes deveriam inquirir as testemunhas para garantir a veracidade de seu depoimento. Os próprios juizes deveriam fazer investigações diligentes (Deu. 9.18). O homem que prestasse falso testemunho seria executado, e assim receberia o tratamento que tentara impor ao homem inocente (ver Deu. 19.19). Isso faria todo o povo de Israel temer, e possíveis falsas testemunhas hesitariam em agir (Deu. 19.20). Ver no Dicionário o artigo chamado Punição Capital. 17.7 A mão das testem unhas. Ou seja, as testem unhas seriam as primeiras pessoas a lançar pedra, iniciando assim o processo de apedrejamento. Portanto, as testem unhas precisavam ser muito sérias quanto à questão, pois ajudariam a matar os idólatras, ao tomarem a iniciativa na execução. A com unidade inteira, talvez por meio de representantes, tom aria parte na execução a fim de dem ons trar, daquela m aneira terrível, o repúdio à idolatria em Israel, e não som ente por parte de alguns cidadãos. A idolatria era um mal que precisava ser expurgado de form a definitiva em Israel. Ver Deu. 13.5.
17.3 Cf. Deu. 12.32-13.18, onde encontramos o ultimato contra a idolatria, que esta passagem (vss. 3-7) relata de modo m ais abreviado. Este terceiro versículo condena a adoração ao Sol, à Lua e às estrelas dos pagãos, advertindo Israel contra qualquer tipo de veneração dessa natureza. Este versículo tem paralelo em Deu. 4.1, onde forneci abundantes notas que se aplicam aqui também. É uma distorção adorar a criatura, em lugar do Criador, conform e Paulo nos lembrou em Romanos 1.20 ss. Os teólogos históricos dizem -nos que a adoração às divinda des astrais foi pesadamente introduzida em Israel nos séculos VIII e VII A. C., embora já houvesse vestígios disso desde tem pos mais antigos. “Esta seção (vss. 2-7) difere levem ente da terceira seção, do capítulo 13. Ali, a pena é dirigida contra os m estres idólatras, sem im portar se fossem profetas, indivíduos particulares ou com unidades em Israel. Neste ponto, a pena de morte é baixada contra todo indivíduo, hom em ou mulher, que fosse achado culpado do ato de adorar qualquer outro 'deus' além de Yahweh. Encontram os vestígios dessa lei no pacto feito durante o reinado de Asa (li Crô. 15.13)” (Ellicott, in loc.). Cf. a m ensagem do livro de Jó, que alude a essa forma de idolatria como negação do Deus soberano (Jó 31.26-28). Ver também II Reis 21.3; 23.4 e Isa. 1 .1 2 .
17.4 Então indagarás bem. Era mister fazer investigação. Nenhuma pessoa podia ser condenada à morte sem a devida investigação e sem que houvesse testemunhas idôneas. V eros paralelos em Deu. 13.12-14 e 19.15 ss., que enfatizam a necessidade de investigar e achar provas. As notas ali aplicam-se também aqui. Era mister que houvesse pelo menos duas testemunhas oculares (ver o vs. 6 deste capitulo) Abom inação em Israel. Está em pauta qualquer pecado perverso, bizarro. Mas a verdade é que a idolatria é considerada sem pre por esse prisma na Bíblia. V e ra s notas sobre Deu. 13.14. As notas dadas ali fornecem -nos várias referênci as quanto ao uso desse vocábulo.
Assim elim inarás o mal do meio de ti. No hebraico, literalmente, temos aqui a idéia de “consumir” , uma palavra cuja raiz significa “queim ar” . Essa pala vra, taberah, um derivativo, significa “queim ar” . A palavra aqui usada, b a ’ar, quer dizer “acender” , “lançar fogo a”, ou seja, consum ir algum a coisa a fogo. A Corte Suprema (17.8-13) Ver o trecho de Deu. 16.18 ss. quanto aos juizes e oficiais, elem entos im por tantes do sistema judicial no antigo Israel. Mostro ali com o se desenvolveu esse sistema, e como vários sinédrios vieram à existência, incluindo o Grande Sinédrio e o Sinédrio Secundário. Cf. Deu. 1.17. “Moisés fez provisão para a atuação de juizes futuros na Terra Prometida, sim ilar àquilo que foi provido para juizes no tempo das vagueações pelo deserto (ver Deu. 1.17). Se algum juiz sentisse que um caso era difícil por demais para ele decidir, ele poderia levar a questão a um tribunal central, que consistiria de sacer dotes e do juiz oficiante, o qual seria estabelecido no local central do santuário central... As decisões desse tribunal superior não teriam apelação" (Jack S. Deere, in loc.). Esta passagem é uma continuação lógica do trecho de Deu. 16.18-20. Propi ciava um avanço legislativo, pois criava um tipo de Corte Suprema, o primeiro Grande Sinédrio, composto de sacerdotes levitas e de juizes leigos (cf. Deu. 19.17). “De conform idade com II Crônicas 19.5-11, Josafá, rei de Judá, durante a segunda metade do século IX A. C., instituiu uma reform a no judiciário de Israel, estabelecendo um tribunal em Jerusalém que baixasse os julgam entos do Se nhor. Esse tribunal com punha-se de levitas, sacerdotes e oficiais leigos. O sum o sacerdote era o presidente desse tribunal, quando se tratava de questões eclesiásticas, e um leigo era o presidente em todas as questões seculares (ou seja, quanto às questões do rei). A natureza desse tribunal fundado por Josafá c o rre s p o n d ia p re c is a m e n te à q u ilo q u e tin h a re c o m e n d a d o o liv ro de D euteronôm io'’ (G. Ernest W right, in loc.). Não sabem os dizer quão de perto esse m odelo foi seguido na nação do norte, Israel, visto que Josafá era rei da nação do sul, Judá.
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17.8 Quando algum a cousa te for difícil dem ais em juízo. As causas por de mais difíceis para algum juiz local podiam ser levadas à apreciação do tribunal central de Jerusalém, conform e ficou descrito na introdução a esta seção. É dada aqui uma lista representativa de casos que poderiam estar envolvidos: homicídio, direitos legais, injúrias e ofensas ocorridas por motivo de assaltos e furtos. Os homicídios, ou seja, “entre caso e caso de homicídio” , o assassinato propositado, e não homicídio involuntário (ver Deu. 19.1-13; Êxo. 21.12-14). Os casos entre “demanda e demanda”, ou seja, atos de ludibrio e de desfalque ou extravio (ver Êxo. 22.1-15). Tam bém havia casos “de violência” , com o seqüestras etc. (ver Êxo. 21.18-34). Todos os atos de tal natureza produziam controvérsias insolúveis, acom panhadas de interm ináveis acusações de acusações e contra-acusações. Um juiz local sentir-se-ia avassalado diante de casos assim, e teria de submetêlos à apreciação do Tribunal Supremo, em Jerusalém . Cf. Deu. 16.18-20.
porém, mais provavelm ente é a correta. Ainda outros estudiosos pensam que a palavra deva ser com preendida no plural: os juizes do tribunal supremo. Eliminarás o mal de Israel. Ver sobre isso no sétimo versículo deste capítulo. Haveria um expurgo p o r meio do fogo — esse é o sentido da expressão metafórica. 17.13 Neste versículo vem os a severidade da lei. Não se hesitava em executar até mesmo um juiz local, que não cum prisse o que se tinha considerado reto. Essa execução agiria com o uma m edida preventiva, capaz de fazer todo o povo de Israel temer. Em Israel, a justiça era imediata e terrível. Isso pode ser contrastado com nossos sistemas m odernos, que podem envolver anos para que um simples caso de homicídio seja julgado. “ Isso fazia o im pério da justiça tornar-se dotado de máxima importância na Terra Prometida, ajudando a im pedir a anarquia” (Jack S. Deere, in loc.).
17.9 E te anunciarão a sentença do juízo. A decisão cabia, nos casos de apelação, ao tribunal central. Ver os detalhes da com posição do Tribunal S upre mo, nas notas introdutórias a esta seção, antes dos com entários sobre o versí culo anterior. Cf. o presente versículo com Núm. 27.15-21. O últim o parágrafo daquelas notas diz-nos exatam ente de que m aneira o rei Josafá im plem entou as ordens dadas nesta passagem . O juiz, neste caso, é um a alusão ao Sumo Sacerdote. Além dele, lem os sobre os levitas e os sacerdotes, bem com o de um leigo, o qual só passou a atuar em tem pos futuros, talvez sem nenhum a anteci pação neste texto. A lguns eruditos vêem na palavra ju iz aqueles que seriam nomeados, os ju ize s referidos no livro de Juizes. M as outros estudiosos pen sam que o autor estava olhando para o que ocorria no santuário central, onde o Sum o Sacerdote atuava com o presidente. Até aquele tem po, um “ju iz” seria alguém com o Josué, que tom ou diretam ente o lugar de M oisés, no com ando suprem o. D iferentes periodos da história tiveram diferentes expressões acerca das leis gerais, outorgadas aqui. A Oxford A nnotated Bibie emite a seguinte opinião sobre este versiculo: “Os sacerdotes levitas eram aqueles que operavam no santuário em distinção aos levitas das cidades. O juiz talvez fosse o principal juiz leigo (ver Deu. 19.17). Um dos sacerdotes (vs. 12) era o principal juiz eclesiástico. O tribunal estabelecido por Josafá com punha-se de juizes leigos e clericais (II Crô. 19.5-11)”. 17.10 O mandado da palavra que te anunciarem. A decisão final vinha da parte do Tribunal Supremo. E então o juiz, bem como todos os envolvidos, estavam absoluta mente obrigados a obedecer à decisão baixada por aquela corte. Não havia apelos diante dessa decisão superior. Os juizes locais tanto precisavam acatar as decisões do tribunal superior como tinham de executá-las. Não lhes era dado repensar a questão por sua própria conta, chegando assim a uma decisão diferente. 17.11 Segundo o m andado da lei que te ensinarem . Este versículo reforça a ordem baixada no versículo anterior. Note o leitor as várias funções da ordem dada. O tribunal superior: 1. baixava uma ordem; 2. provia uma decisão; 3. pro nunciava-se. A reação que se exigia da parte de um juiz local era: 1. não desviarse do que lhe fora ordenado fazer; 2. cum prir a ordem. Se esse juiz local não obedecesse, seria executado (vs. 12).
E jamais se ensoberbeça. No hebraico, essa palavra é zadown, que signifi ca “de maneira arrogante” , “de m aneira orgulhosa” . A m edida disciplinar hum ilha ria os homens e fá-los-ia temer. Regras para os Reis (17.14-20) O governo de Israel com o uma teocracia, e sua organização com o uma confederação de tribos, inaugurada em Siquém (ver Josué 24), eram estranhos ao conceito de reinado. As nações em volta é que tinham o reinado com o modo de governo. Ver Juí. 8.22,23 quanto à rejeição do governo por reinado em Israel. Os reis reivindicam autoridade absoluta e isso detrataria a autoridade de Yahweh (ver I Sam. 8.4-22). Mas por m otivo de segurança nacional, Israel sentiu-se forçado eventualm ente a mudar suas idéias. Os ataques contínuos de adversários militarm ente mais poderosos tornaram aconselhável, de acordo com a mentalidade popular, centralizar a autoridade civil na form a de reinado, mediante a qual foi facilitada a form ação de um exército perm anente, com posto por elem entos de todas as tribos. O resultado desse tipo de governo foi que um homem ficava forte demais, e os seus vícios chegavam a caracterizar um povo inteiro. Naqueles dias, tal como hoje, a idolatria era um mal constante. Se o próprio rei fosse um idólatra, ou, pelo menos, se fosse negligente no com bate à idolatria, que poderia fazer o povo? Vozes contrárias, geralm ente dos profetas, eram abafadas. A passagem à nossa frente é a única, em todo o Pentateuco, que trata da questão de um rei, o que serve de indicação do fato de que as form as básicas da legislação dos israelitas já estavam estabelecidas, em sua essência, antes m esm o do início da m onarquia. Deus fez uma concessão ao povo de Israel, quanto ao seu desejo de te r um rei. M as isso não fazia parte da ordem original. O modo anterior de governo, com posto por sacerdotes e juizes, não dispunha da centralização necessária para defender uma nação unida, o que, até certo ponto, explica o desejo de m udança na form a de governo. O livro de Juizes m ostra-nos que essa form a de governo caiu em desastre por causa das iniqüidades tanto dos ju ize s quanto do próprio povo. Por essa razão, um novo siste ma foi eventualm ente form ado, m as tam bém acabou caindo em desastre. 17.14
Quando entrares na terra. Este versículo salta por cim a de todo o período dos Juizes, contem plando o futuro, quando seria eventualm ente estabelecida outra form a de governo, a saber, a m onarquia. O período dos Juizes cobriu cerca de trezentos anos; e durante esse tem po ocorreram sete apostasias e 17.12 sete servidões a sete nações pagãs. O livro de Ju ize s fa la em cerca de treze homens que foram levantados para soerguer Israel em um período de declínio e O homem, pois. A alusão é ao juiz local, que havia submetido uma decisão desunião, que com eçou depois da m orte de Josué. Esse livro retrata essencial difícil à consideração do suprem o tribunal. Ele tinha a obrigação de executar a m ente um quadro de m iséria e fracasso, com algum ocasional lam pejo de luz de ordem superior. É de presum ir-se que aqueles que estivessem envolvidos com vitória. ele também precisavam seguir a decisão. Mas, se recusassem -se a obedecer, ou Os críticos supõem que esta seção acerca de reis em Israel seja anacrônica, tivessem o poder de distorcer a concretização da sentença, também seriam exe e que tivesse sido redigida já dentro do tempo da monarquia, talvez até com o uma cutados. Mas não parece ser essa a consideração deste versículo. apologia, e não centenas de anos antes, com o uma profecia do que acabaria por Os sacerdotes que tom avam a decisão faziam-no no lugar de Yahweh, e acontecer, muito adiante, no futuro. estavam revestidos de Sua autoridade, pelo que era crim e sério não obedecer. O Em certo sentido, esta seção assem elha-se à exposição platônica do reisacerdote (talvez o sumo sacerdote) tom ava sobre si mesmo a necessidade de filósofo, o monarca ideal concebido por Platão. baixar a decisão, em um sentido oficial, para os juizes locais. Ele agia “para servir A prom essa de um rei futuro foi dada pelo próprio Yahweh, e neste versículo ao Senhor”, pelo que recebia Sua sabedoria para que soubesse o que fazer, além nada podemos perceber que seja contrário à aspiração de uma monarquia. A l de que tinha recebido autoridade para executar a decisão, com base na autorida guns intérpretes supõem que houvesse dois partidos em Israel, um a favor e outro de divina. contra a monarquia, e que esta seção é uma espécie de apologia dos favoráveis à monarquia. A prom essa de Yahweh serviria de base da filosofia deles. Mas outros Juiz. Provavelmente está em pauta o juiz do tribunal supremo, que baixara retrucam que essa prom essa foi firmada com o uma concessão, e não com o “a ordens a um juiz local. Mas alguns estudiosos pensam estar aqui em foco o juiz m elhor coisa a ser feita em Israel”. Essa é uma tentativa de reconciliar os dois local, cujas ordens, embora baixadas, não tivessem sido cum pridas. Aqueles que partidos, e talvez baldada. “Os judeus consideraram isso com o uma ordem para se rebelassem contra a autoridade superior seriam executados. A primeira idéia, que fosse estabelecido um rei sobre eles; ao passo que era apenas uma permis-
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DEUTERONÔMIO são, caso eles desejassem um rei e resolvessem que teriam um monarca, confor me Deus previra o que fariam ” (John Gill, in loc.). Tipologia. O rei ideal servia de tipo de Cristo, o Rei dos reis. 17.15 Eis as qualificações do rei ideal, em Israel: 1. Ele teria de ser escolhido por Yahweh. Tal com o em todas as coisas que sucediam em Israel, supunha-se que um rei haveria de guiá-los corretamente. A escolha, eventualm ente, recairia sobre a fam ília de Davi, por meio de quem a m onarquia prosseguiria, até o surgim ento do Rei-Messias. 2. Ele teria de ser um hebreu nato, e não um estrangeiro. Teria de ser um irmão que guardasse no coração os m elhores interesses da nação, não perm itindo a im posição de potências estrangeiras sobre a Terra Prometida. Cf. os vss. 14,15 deste capítulo com I Sam. 8.5-9,19,20. O rei teria de ter sido criado em Israel, alguém que conhecesse e praticasse as tradições do povo desde a infância e que, presum ivelm ente, fosse hom em bem versado na fé de Israel. Seria um líder espiritual e religioso de um povo distinto, razão pela qual tinha de ser um deles. 17.16 Prosseguem aqui as qualificações de um futuro rei ideal de Israel: 3. Ele não deveria m ultiplicar cavalos. Vários reis de Israel e Judá desobedece ram a essa regra, preferindo im itar os m onarcas pagãos. O exército de um rei em Israel teria de ser form ado por infantes, e não por cavaleiros, com seus cavalos e carros de combate, e suas máquinas de guerra. Isso faria autom ati camente o exército de Israel ser mais fraco que o exército de outras nações. Mas parece que era precisam ente isso que o Senhor queria. Um Israel militarmente mais fraco teria de depender mais de Yahweh. Depender de Yahweh era mais im portante do que ter um exército superior, de acordo com o ponto de vista do autor sagrado. Cf. os vss. 16,17 com I Samuel 8.11-18. Essa referência adverte contra as muitas exigências impostas por um rei: seu exér cito, que gastaria muitos recursos da nação, a corte luxuosa do rei e a drena gem contínua dos recursos naturais e hum anos da nação. 4. Não era permitida nenhum a volta ao Egito. Isso fatalm ente sucederia se o rei m ultiplicasse cavalos. Pois ele teria de obter muitos deles no Egito. Em breve estaria buscando o favor do Faraó e firm ando alianças com ele. Destarte, Israel acabaria ficando em uma situação de dependência econômica, em subs tituição à servidão física em que estivera no passado. O retorno ao Egito incluiria outras coisas, além dos cavalos: arm amentos, com ércio e troca de hábitos culturais estariam incluídos, tudo contra os ditames da vontade ex pressa de Yahweh. 17.17 Prosseguem aqui as qualificações recom endadas a um futuro rei de Israel: 5. Contra uma poligam ia exagerada. O caso de Salomão talvez estivesse na mira do autor sagrado (se a idéia dos críticos estiver certa), o qual atribuiu esta seção ao período de monarquia, e não a um tempo mais de trezentos anos antes. Talvez a regra tivesse certo aspecto sexual. Não é bom, moral ou espiritualmente, que um homem tenha muitas m ulheres. Mas a principal ques tão que essa regra procurava evitar era o antigo tema da idolatria. Muitas esposas significariam muitas influências; e muitas influências incluiriam algu mas que levariam à prática da idolatria, que fosse praticada pelas mulheres do rei. Foi precisam ente isso que aconteceu no caso de Salomão. Ver Nee. 13.26 quanto a um com entário sobre o erro de Salomão. Ver também I Reis 11.3,4. Havia uma noção com um, entre os intérpretes judeus, de que a um rei deveri am ser perm itidas dezoito m ulheres, mas não mais do que isso (Maimônides, Hilchot Melachim, sec. 2; Talm ude Bab. Sanhedrin, foi. 21.1; Targuns de Jonathan e de Jarchi, sobre este texto). A cristianização do texto, fazendo o versículo com bater qualquer form a de poligam ia, é anacrônica e absurda. Em Israel, a filosofia de um homem e uma m ulher form ava um princípio solida mente firmado. Contudo, a idéia de muitas mulheres para um homem parece atrativa para muitos. 6. Não deveriam os reis ju n ta r ouro e prata. Israel esperava que seus reis fos sem homens ricos e poderosos. Mas certos limites teriam de ser observados. O rei deveria cuidar de im portantes questões nacionais. Ele não poderia ficar juntando riquezas m ateriais conform e fazem os ricos. O ideal judaico era que os bens do rei deveriam ser suficientes para todas as despesas de sua corte, incluindo salários dos servos, atendentes etc.; o bastante para a manutenção da adoração sagrada, efetuada no templo; o suficiente para m anter uma vida confortável, e também para fazer guerra. Todavia, um rei de Israel não deveria usar de exagero no tocante à questão das riquezas pessoais e da amplidão de seu tesouro pessoal. A essência dessa idéia foi dada por M aim ônides em H ilchot Melachim, cap. 3, sec. 4. Cf. Pro. 30.8,9.
17.18 Prosseguem aqui as qualificações recom endadas da parte dos reis de Israel: 7. Instrução nas Escrituras. Um rei de Israel deveria dispor a toda hora de uma cópia das leis acerca do rei ideal, lendo-a com freqüência e seguindo-a bem de perto. Tam bém deveria tornar-se profundo conhecedor da legislação mosaica, a fim de que pudesse ser um homem espiritual, e deveria ser prati cante de sua fé, a fim de servir de exem plo para Israel. A lguns pensam que as palavras “desta lei" se referem ao livro de Deuteronôm io, uma repetição da lei, que poderia equipar o monarca no conhecim ento dos requisitos divinos, a fim de contribuir para a im plem entação de tudo quanto se esperava de qualquer cidadão hebreu, sobretudo de um líder do povo de Israel. A menção aos sacerdotes e levitas sugere que eles custodiavam os escritos sacros, podendo agir com o bibliotecários do rei. Talvez a passagem relativa aos reis tenha sido uma adição do editor ao livro original. Ver II Reis 22 e 23. Um livro da lei foi achado nos tempos de Josias, livro esse que se tornou a base da reforma religiosa por ele instituída. Isso significa que os sacerdotes e levitas falhavam vez por outra em seu papel de guardiães dos livros sagrados. Este versículo m ostra-nos que o rei, em bora fosse civil, deveria receber orientação religiosa. Os livros sagrados deveriam fazer parte da vida diária de um m onarca hebreu. Havia líderes religiosos que poderiam garantir tal resulta do. Talvez tenham os aqui os prim órdios do rabinado, conform e alguns supõem . Os rabinos estudavam m inuciosam ente a lei, em sua inteireza, e faziam provi sões elaboradas tendentes à sua observância quanto a todas as facetas da vida. 17.19 Prosseguem neste versículo os requisitos impostos aos reis de Israel: 8. Leitura e estudo diário das Escrituras. O rei tam bém era um discípulo, um aprendiz. Era m ister que ele aprendesse a tem er a Yahweh; pois ele teria de aprender a guardar todos os mandam entos, com todas as suas complicações. Ver a tripla designação da lei, nas notas sobre Deu. 6.1. Os m onarcas de Israel deviam ser versados nos m andam entos, nos estatutos e nos juízos da lei; e só podiam tornar-se eficientes quanto a isso, mediante um esforço con centrado de estudo e aplicação. Ver Deu. 10.12,13, quanto aos deveres de todos os m em bros da com unidade de Israel: 1. Temor. 2. Reta conduta. 3. Amor. 4. Prestação de serviços. 5. Guarda dos mandamentos. 17.20 Term inam aqui as exigências relativas às virtudes que deveriam exibir os m onarcas de Israel: 9. Humildade. Embora fosse um m onarca, um rei de Israel seria m antido em atitude de humildade por meio do estudo e da prática dos princípios da lei, tanto diante de Yahweh com o diante de seus súditos. Se ele am asse confor me lhe tinha sido ordenado (ver Deu. 6.5), não perseguiria nem abusaria de ninguém. Se ele servisse, não exigiria tanto em ser servido. Se ele temesse, não procuraria prejudicar a outras pessoas. Se ele obedecesse, não teria de ser repreendido pelos profetas e sacerdotes, a fim de que voltasse à prática da conduta correta. E também não se desviaria nem para a direita nem para a esquerda quanto às práticas idólatras, nem entraria em alianças ilegais com potências estrangeiras. De sorte que prolongue os dias no seu reino. Uma prom essa feita aos m onarcas de Israel. Pessoalmente, o rei teria vida longa e prosperidade, e, por sua vez, assim também sucederia aos seus fam iliares e aos seus súditos. Tratase da mesma prom essa geral dada a todos quantos obedecessem à lei. Ver o conceito da vida mediante a obediência à lei, com entada nos trechos de Deu. 4.1; 5.33 e 6.2. E seus filhos. Essas palavras indicam que a monarquia israelita seria here ditária, o que se viu, eventualm ente, na fam ília de Davi. O Rei-M essias veio dessa linhagem, tendo sido esse o cum prim ento m ais pleno dessa promessa. Cf. esta passagem com a referência a “príncipes” (reis futuros da restaurada linhagem de Davi), em Ezequiel 45.7-9.
C apítulo D ezoito Os Sacerdotes, as Práticas Proibidas e a Promessa de um Profeta (18.1-22) Os vss. 1-8 tratam de regras concernentes aos sacerdotes e aos levitas. Nem os sacerdotes, que vinham dentre os levitas, nem a própria tribo de Levi, que se tinha tornado uma casta sacerdotal, receberam herança alguma sob a form a de
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territórios. A herança deles era o próprio Yahweh; a maior espiritualidade que teriam, na qualidade de líderes religiosos, era o culto no templo central, em Jerusalém. Em outras palavras, a herança deles era de natureza espiritual, e não material. Os sacerdotes e os levitas deveriam ser sustentados pelas demais tribos, mediante dízimos e ofertas. Ver Deu. 12.12 ss. Uma vez na Terra Prometida, receberam cidades e as áreas imediatamente adjacentes a elas, onde podiam ocupar-se na criação de gado e na agricultura (ver as notas em Núm. 35.1, com um gráfico ilustrativo). Ver Núm. 1.47 quanto à lei da não-herança no tocante aos levitas. Quarenta e oito cidades foram separadas para eles (ver Núm. 35.1-8; Jos. 21.1-42). Ver as provisões para os sacerdotes e levitas, ordenadas em Deu. 14.28,29 e 16.10,11. Ver no Dicionário os artigos gerais cham ados Levitas e Sacerdotes e Levitas. 18.1 A introdução geral a este capítulo presta inform ações que cobrem todos os itens deste versículo. “ Essa lei aplica-se a toda a tribo de Levi (ver Êxo. 28.1-5), ou seja, aos levitas que oficiavam no santuário central (“os sacerdotes, filhos de Levi”, Deu. 21.5), bem com o àqueles que operavam com o mestres nas cidades (ver Deu. 12.18,19; 14.27-29). Desse modo, o livro de Deuteronôm io adiciona outra qualificação à legislação cabível aos sacerdotes, que tinha sido anterior mente distinguida somente entre os levitas aarônicos que oficiavam diante do altar e outros levitas que eram m eros assistentes no santuário (ver Núm. 18)” (O xford Annotated Bible, com entando sobre este versículo). As provisões acerca deles são mencionadas em Deu. 14.28,29 e 16.10,11. 18.2 Não terão herança no meio de seus irmãos. Ver Núm. 1.47 ss. e o artigo geral, no Dicionário, sobre Levitas. Em lugar de uma herança material, eles tinham uma herança espiritual: o próprio Yahweh e daí o culto sagrado, primeiro no tabernáculo e, mais tarde, no templo de Jerusalém. Ademais, eles tinham deveres nas cidades, os quais incluíam um ministério de ensino. Também dispunham de quarenta e oito cidades, com suas áreas adjacentes, que usavam na agricultura e na criação de gado. Mas o grosso do sustento deles vinha dos dízimos e das ofertas. (Ver Núm. 35.1-8 e Jos. 21.1-42). É verdade (embora seja curioso) que os levitas, nas passagens que tratam de provisões, eram classificados juntam ente com os pobres, pois, eram comparativamente puros e dependentes do resto do povo de Israel, quanto ao seu sustento. Esse princípio passou para o ministério cristão, com freqüência com o acompanhamento do “efeito da pobreza”. Ver I Cor. 9.8 ss. Ver Números 18-20 quanto a um versículo paralelo aos vss. 1 e 2 deste capítulo, onde tam bém são oferecidos outros com entários úteis. Ver também os vss. 21 ss. daquele capítulo, quanto aos dízim os e outras provisões. 18.3 Os vss. 3,4 revisam a parte dos sacrifícios e das primícias que compunham parte do sustento dos sacerdotes. Os holocaustos (ver a respeito no Dicionário) requeriam que os animais oferecidos fossem totalm ente consum idos a fogo. Mas havia outras oferendas cujas partes era perm itido que os sacerdotes consum is sem. Mas o sangue e a gordura sem pre eram sacrificados sobre o altar de bronze (ver Lev. 3.17). Ver Lev. 3; 7.28-36 e Núm. 18.18,19 quanto a regulamentos acerca das porções dadas ao m inistério. A oferta de com unhão (Lev. 3) era a oferenda mais com umente feita, incluindo porções oferecidas a Deus, bem como aos sacerdotes e ao povo em geral. A espádua, as queixadas e o bucho. O ombro era sem pre o direito, confor me também acontecia a outros povos em Canaã. Isso ficou com provado mediante a descoberta de um tem plo cananeu da era do Bronze Posterior, em Laquis, associado a uma valeta repleta de ossos exclusivam ente do ombro direito. Este versículo acrescenta as queixadas e o bucho, detalhes nunca m encio nados algures como porções que cabiam aos sacerdotes. As queixadas talvez incluíssem a cabeça inteira, ao passo que o bucho incluiria os intestinos e o estômago, elem entos muito prezados pelos antigos na alimentação. Aristófanes, em Equites, ato 1, sec. 3, par. 307, refere-se ao bucho com o um alimento delicio so. Jarchi e Aben Ezra disseram que a cabeça inteira era dada aos sacerdotes. 18.4 As prim ícias. Ver Êxo. 22.29. Os levitas também recebiam uma parcela dos produtos agrícolas produzidos na terra. Eles recebiam dízim os sob a form a de cevada, trigo, uvas e azeitonas, e, presum ivelm ente, tam bém de outros produtos agrícolas. Adem ais havia as ofertas de cereal, das quais eles também recebiam uma parte, uma vez que fossem oferecidas a Yahweh. Quanto aos vários tipos de ofertas, ver Lev. 7.37. Ver as notas sobre as ofertas de cereais, em Lev. 6.14-18, com detalhes adicionais em Lev. 2.1-16. Ver no Dicionário o artigo geral intitulado Sacrifícios e Ofertas. Sob III D.2.b, apresentei notas sobre as ofertas de cereais. Ver também o verbete cham ado Primícias.
O couro dos anim ais tam bém ficava com os sacerdotes, para o fabrico de vestes e outros produtos úteis. A m aioria dos intérpretes, entretanto, neste ponto, com preende a frase com o “as primícias da lã”, ou seja, os sacerdotes recebiam parte da lã que era tosquiada das ovelhas. Com essa lã eram feitas peças do vestuário. Se essa é, realmente, a referência, então tem os aqui o único lugar onde esse item é m encionado em todo o Pentateuco. 18.5 Porque o Senhor teu Deus o escolheu. Essa era a razão do tratamento conferido aos sacerdotes, servos de Deus que mereciam ser sustentados pelos membros das dem ais tribos de Israel. Os sacerdotes tinham uma m issão divina a cumprir, e precisavam da ajuda dos outros para poderem desem penhar o seu papel. Outrossim, os sacerdotes serviam a todos os dem ais israelitas no campo religioso, pelo que mereciam o que recebiam. A tribo de Levi foi separada exata mente com esse propósito, pelo que esse serviço passava, perpetuam ente, de pai para filho. Os levitas não deveriam ser esquecidos (ver Deu. 14.27). Quem deles negligenciasse acabaria sendo esquecido, conform e vem os naquele versículo. O Novo Testam ento am pliou esse conceito sacerdotal, para que todos os crentes fossem incluídos (ver I Ped. 2.9), em bora isso não queira dizer que um ministério distinto deva ser eliminado entre os crentes. Até hoje há ministros do evangelho, que vivem do seu ministério. Em Cristo, porém, term inou o antigo sacerdócio levítico. V er Heb. 7.11-19. Cristo incorporou em Si m esm o todas as funções dos sacerdotes, e, de fato, todas as som bras projetadas pela dispensação legal. Cristo tornou-se o Sumo Sacerdo te do Novo Pacto. Ver Heb. 2.17,18; 4.14-5.10; 6.9-7.28. E todo crente passa a fazer parte dessa família sacerdotal (ver Heb. 2.10-13). 18.6,7 “Vss. 6-8. Os levitas que residiam nas cidades, cujo papel anterior fora m uda do devido à centralização da adoração, podiam participar dos cultos do santuário central. Essa provisão, porém, m ostrou ser im praticável nos tem pos de Josias (II Reis 23.8,9)" (O xford A nnotated Bible, com entando sobre o versículo sexto deste capitulo). Aqueles que quisessem cooperar com os sacerdotes no santuário cen tral tinham todo o direito de assim o fazer. Ali, não seria um sacerdote, mas desem penharia algum papel de assistente (ver I Crô. 23.28-32). 18.8 Os levitas que viessem de uma das cidades dos levitas (quarenta e oito ao todo), a fim de servirem no santuário central, tinham o direito de receber o mesmo apoio de qualquer outro levita que ali já estivesse adm inistrando. Isso seria verda de, m esm o que tivesse recebido dinheiro com a venda das possessões de sua família (cf. Lev. 25.32-34), antes de ter-se m udado para Jerusalém . Apesar de sua fonte de renda particular, ainda assim tinha o direito de receber sustento regular como um levita. Os levitas não recebiam herança, m as podiam com prar casas e campos, e possuíam bens pessoais de grande valor. Nos tem pos de Eleazar e Itamar, havia apenas oito turnos de levitas, que se revezavam no serviço presta do. Mas nos dias de Davi, havia vinte e quatro desses turnos. Ver Luc. 1.8. “ Esses sacerdotes do interior podiam participar de todos os sacrifícios da festa, excetuan do os que pertencessem ao turno que estivesse operando naquela sem ana" (John Gill, in loc.). Regras Atinentes aos Profetas e ao Culto (18.9-22) Um verdadeiro profeta não se envolvia em cultos alternativos que fizessem m istura com o yahwism o. Deus tornava a sua vontade conhecida não m eramente através dos Livros Sacros, mas tam bém através das experiências místicas, como as visões e os sonhos, bem com o através de certos m étodos de adivinhação. Israel tinha métodos próprios e aprovados de adivinhação, conform e se vê no artigo do Dicionário sobre esse assunto. Os próprios apóstolos cristãos lançaram sortes para escolher um discípulo que substituísse a Judas Iscariotes no apostolado, usando certa form a de adivinhação. Ver Atos 1.15 ss.. Isso posto, o princípio de adivinhação não era tido com o errado em si mesmo, contanto que não envolvesse práticas pagãs, nem algum aspecto de algum culto alternativo, idólatra. E, natural mente, havia form as de adivinhação que eram vedadas por serem más e perigo sas em si mesmas. O politeísm o estribava-se em uma série com plexa e inum erável de supersti ções e práticas mágicas. As m assas populares deleitavam -se nessas coisas. A mágica pagã aparece na Bíblia com o um a abom inação. Tinha suas form as variegadas de culto que ameaçavam o yahwism o, pois sem pre envolviam práticas idólatras. Mediante o uso das artes mágicas, os hom ens procuravam m anipular seus deuses, forçando-os a conceder-lhes favores. Os sacrifícios infantis visavam honrar os deuses falsos; mas também eram usados com o meios de predizer ou m anipular o futuro, além de tentarem criar circunstâncias favoráveis quanto ao presente.
Não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; de sorte que prolongue os dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel. Deuteronômio 17.20
Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força. Deuteronômio 6.4-5
ODE AO DEVER
Filho severo da Voz de Deus! O Dever! Se a esse nome tu amas, Que és uma luz que guia, uma vara Que castiga a quem erra, e reprovas; Tu, que és vitória e lei, Quando se atiçam os terrores vazios; Das vãs tentações tu libertas; E acalmas a contenda cansativa e a débil humanidade! A uma função mais humilde, Poder tremendo! Eu conclamo; eu mesmo me entrego À tua orientação, nesta hora; Oh, que minhas fraquezas tenham fim! Dá para mim, sábio e humilhado, O espirito da abnegação; Dá-me razão da confiança; E na luz da verdade, eu, teu escravo, deixa-me viver! William Wordsworth
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18.9 Quando entrares na terra. Uma vez que os hebreus entrassem na Terra Prometida, que era a herança concedida a Abraão e seus descendentes por meio do Pacto Abraâm ico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18), encontrariam uma incrível teia de cultos pagãos. O homem, dotado de mente curiosa, examinaria tais coisas, e term inaria praticando algum as delas, provavelm ente fazendo um sincretismo com o yahwism o. E isso term inaria em uma mescla abominável de idéias religiosas. O term o “abom inação”, anotado em Deu. 13.14, era usado com freqüência com o sinônimo de “idolatria” . Ver o artigo geral sobre esse assunto, no Dicionário. “A dependência a essas práticas indicava uma falha paralela na entrega confiante da própria vida ao Senhor. Aqueles que conhecem bem o ocultismo e a possessão demoníaca rapidam ente chegam a ponto de pôr em prática as coisas mencionadas nos versículos 9 a 14 deste capítulo, e isso tem levado muitos à servidão aos dem ônios” (Jack S. Deere, in loc.). Não devemos confundir as ciências psíquicas legítimas, como a parapsicologia, com o ocultismo. É tão legítimo pesquisar a natureza psíquica do homem como o é pesquisar a biologia. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o verbete cham ado Parapsicologia, quanto a distinções que precisam ser feitas entre essas duas coisas. O homem é uma psique (uma alma), e a antropologia filosófica interessa-se pelo estudo, teológico e científico, da natureza espiritual do homem. Isso nada tem que ver com o ocultism o, ainda que certas pessoas, ignorando a questão, cham em de ocultism o tudo aquilo que não entendem. 18.10 0 seu filho ou a sua filha. Está aqui em destaque o sacrifício infantil. Ver no Dicionário o artigo detalhado intitulado Moleque, Moioque. Cf. Deu. 12.29-31, onde dou inform ações adicionais. Havia práticas drásticas que visavam a agradar os deuses e obter favores tanto para o presente quanto para o futuro. Ver também Lev. 18.21; II Reis 16.3; 21.6; Jer. 7.31; 19.5; 32.35. Adivinhação. Ver o Dicionário quanto a esse título. Israel praticava certas form as aprovadas de adivinhação, que não envolviam nenhum a idolatria. Mas os mesm os modos, se envolvessem idéias próprias da idolatria, já se tornavam abo minações, pois serviam às divindades pagãs e procuravam sua orientação e favor. O term o hebraico correspondente, qasam, significa “dividir” , ou seja, exam i nar e interpretar presságios que dividiriam o falso do verdadeiro, o “sim ” do “ não” . Cf. Jos. 13.22; I Sam. 6.2; 28.8; II Reis 17.17; Isa. 3.2; 4.25; Jer. 27.9; Eze. 13.6,9; Miq. 3.6,7,11 e Zac. 10.2. V er no Dicionário o artigo intitulado Magia e Feitiçaria. O bservadores dos Tem pos. A nossa versão portuguesa diz “prognosticador” , ou seja, aqueles que tentavam predizer o futuro por meio de m étodos pagãos e idólatras. Sabemos, mediante o estudo dos sonhos, que o conhecimento prévio é comum para a mente humana. Tem os entre trinta e cinqüenta sonhos a cada noite, e todo o nosso futuro, com aquilo que é ou não é importante, acha-se ali retratado. Os sonhos com o que lem bram à pessoa qual seja o seu futuro. Logo, tentar prever o futuro não é um erro em si mesm o. Os profetas hebreus previam o futuro. O que a Bíblia condena é a m anipulação de m eios pagãos, aquelas coisas e aqueles m odos que tendiam por levar as pessoas à idolatria e tinham por intuito dar um vislumbre do futuro. Em outras palavras, o conhecim ento prévio idólatra é o que a lei mosaica condenava. Cf. Lev. 19.26. O mais provável é que a astrologia (ver a respeito no Dicionário) tam bém estivesse debaixo dessa condenação. Agoureiro. Algumas versões dizem aqui “encantador” . Cf. Gên. 44.5. Talvez devam os pensar aqui no encantador de serpentes. Vários intérpretes falaram sobre o sistema complexo de “presságios” que os pagãos observavam em cone xão com essa questão. Muitas coisas eram reduzidas a “presságios” ou “sinais", e esse sistema era mesclado com toda a form a de superstições. Ver no Dicionário os artigos intitulados Encantador e Encantam ento. O term o hebraico envolvido é menachesh, que transm ite a idéia de “olhar atentam ente” . Feiticeiro. Ver no Dicionário o artigo intitulado M agia e Feitiçaria. No hebraico tem os o term o yiddeoni, um “sábio”, ou seja, alguém que, por meio de encanta mentos, procura realizar os seus desejos. 18.11 Encantador. Ver no Dicionário os artigos cham ados Encantador e E ncanta mento. No hebraico tem os os vocábulos chober e chaber, que indicam alguém que lança sortes e encantamentos. O sentido literal significa “dar nós” , fornecendo a idéia de alguém que amarra outras pessoas por meio de suas artes mágicas ou murmúrios.Necrom ante. Ver no Dicionário o verbete assim cham ado, bem com o as notas expositivas sobre Lev. 19.31.
Mágico. No hebraico, mechashshep, ou seja, aquele que usava drogas, er vas, perfumes etc., nas suas artes mágicas. Algum as traduções dizem aqui “fe iti ceiro". Está em pauta a mágica praticada por meio de encantam entos e drogas. Ver no Dicionário o artigo cham ado Magia e Feitiçaria. É preciso observar a distinção entre o necrom ante e o “m édium ” , ou com aquele que tratava com os espíritos familiares. Am bos podiam consultar os m or tos, de tal modo que os term os podiam ser usados com o sinônimos. Os espíritos humanos de pessoas mortas não eram os únicos alvos dessas práticas. No m un do dos espíritos há m uitos habitantes, e podem ser feitos contatos com vários tipos de seres. Algumas vezes isso acontece de form a espontânea. E até as pessoas mais espirituais às vezes recebem a visita do espírito de algum amigo ou ente querido, que já havia morrido. O que é aqui condenado é a “tentativa propo sitada" de entrar em tais contatos, tentando obter inform ações da parte de tais seres. Isso estava envolvido nos ritos pagãos e na adoração idólatra. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo cham ado Espiritismo. Nossas form as religiosas devem ir mais alto do que o mero contato com os espíritos dos mortos, ainda que algumas vezes, espontaneam ente, isso possa acontecer. Sobrevivência Diante da Morte Biológica. Por outro lado, a menção à consulta aos espíritos, neste versículo, provavelmente demonstra que o autor sagrado cria na vida pós-túmulo, onde a alma dos homens mortos continua vivendo. Mas isso já não é uma doutrina do Pentateuco, embora haja alguns indícios ao longo do caminho. O homem foi criado segundo a imagem de Deus (ver Gên. 1.26,27), e isso inclui a espiritualidade do ser humano, mostrando que este não é apenas matéria. Além disso, Deus é chamado de Deus dos espíritos, em Núm. 16.22 e 27.16. Parece que havia uma crença primitiva e ainda indefinida que não tinha muito que ver com a ministração da fé religiosa. O Pentateuco nunca ameaça os desobedientes com o castigo após a morte; nem promete a vida eterna aos obedientes, após a morte. Essas doutrinas começaram a desenvolver-se somente nos Salmos e nos Profetas, e continuaram seu desenvolvimento durante o período intertestamentário de quatro centos anos. Depois reapareceram nos livros apócrifos e pseudepígrafos. E, final mente, já no Novo Testamento, é que nos foram dadas melhores definições a respeito. Ver no Dicionário os verbetes chamados Imortalidade e Alma. Na Enciclo pédia de Bíblia, Teologia e Filosofia há vários artigos que versam sobre o tema da Imortalidade, incluindo estudos do ponto de vista científico. 18.12 Abom inação ao Senhor. Todas as form as de culto, m encionadas anterior mente e m isturadas com práticas idólatras, eram “abom ináveis” aos olhos de Deus. Ver sobre o termo abom inação as notas em Deu. 13.14. Todas essas práticas afastavam os homens para longe de Deus. Os sistem as que usavam de sincretism o do yahwism o com práticas pagãs e idólatras eram prejudiciais. As sete nações cananéias que tinham habitado na terra de Canaã foram expulsas dali por causa da m ultiplicidade de seus pecados (ver Gên. 15.16). E outro tanto sucederia a Israel, se eles imitassem as práticas pagãs dos cananeus. E isso, de fato, acabou acontecendo, nos cativeiros. V er no Dicionário o artigo intitulado Cativeiro (Cativeiros). Ver Lev. 18.24-28 quanto a algo similar, embora haja alu são a um conjunto diferente de pecados. Ver a lista das nações cananéias que foram expulsas do território, em Êxo. 33.2 e Deu. 7.1. 18.13 Perfeito serás. A perfeição na fé em Yahweh não permitiria que os hebreus tivessem uma fé sincretista. A legislação m osaica representava um avanço, e este não podia ser anulado por meio de m isturas com idéias pagãs de qualquer sorte. Ver as várias características que os homens espirituais precisam ter, nas notas sobre Deu. 10.12,13. Todas essas características giram em torno da lei mosaica. 18.14 Estas nações. As sete nações cananéias precisavam ser expelidas da terra de Canaã, porquanto tinham praticado abominações aos olhos de Deus, das quais o autor sacro repetiu apenas duas, que são representativas, ou seja, “prognosticadores” e “adivinhadores”. Se os hebreus seguissem o mau exemplo dado pelos cananeus, então compartilhariam da sorte deles. Yahweh-Elohim (o Eterno Todo-poderoso; ver no Dicionário o artigo chamado Deus, Nomes Bíblicos de) tinha proibido quaisquer atos de iniciação pagã e de sincretismo religioso. Como é claro, isso visava ao benefício de Seu povo, e não ao prejuízo deles, e não tinha por alvo meramente restringir a liberdade de expressão dos israelitas. E qualquer coisa que estivesse em falta na fé deles, seria suprida pelo futuro Profeta, Alguém semelhante a Moisés, que viria aperfeiçoar a fé (ver o versículo seguinte). Os Profetas e a Profecia (18.15-22) A instituição original dos profetas e da profecia pode ser traçada a partir de Horebe (Monte Sinai) e de Moisés, que não era apenas sonhador de sonhos, mas
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DEUTERONÔMIO alguém com quem Yahweh falava face a face (ver Deu. 34.10). Por meio dele, Yahweh falava tam bém ao povo de Israel face a face (Deu. 5.4). A passagem à nossa frente é a única, em todo o Pentateuco, que estabelece a profecia como uma instituição. “A profecia, tal com o outras instituições dos israelitas, estava baseada em um incidente histórico, que serviu com o precedente de todo o costu me subseqüente” (G. Ernest W right, in loc.). Profecias Messiânicas. Muitos estudiosos interpretam aqui “o Profeta” como Cristo, o segundo Moisés, o qual inauguraria um novo sistema, tal como Moisés inaugurara o antigo sistema. Mas há quem pense que devem os entender qualquer profeta que se seguiria a Moisés, dentro da tradição profética agora estabelecida, que imitaria a Moisés, o cabeça da fraternidade dos profetas. Mas haveria um Profeta divinam ente impulsionado, com o Moisés o tinha sido, e assim a vontade de Deus tornar-se-ia conhecida. Não haveria necessidade de os hebreus apela rem para os artifícios dos pagãos, alistados nos versículos 10 e 11 deste capítulo, ou seja, adivinhações, encantamentos, invocação de espíritos do mundo dos m or tos etc., para que pudessem conhecer a vontade de Deus. Antes, a vontade de Deus seria dada através da tradição profética, adicionada à lei. “O Último Profeta, sem elhante a M oisés (ver Deu. 18.15,18), é Jesus Cristo, aquele que proferiu as palavras de Deus e proveu libertação espiritual ao Seu povo. Nem mesmo Josué poderia ser com parado a Moisés, pois ‘nunca mais se levantou em Israel profeta algum com o Moisés' (Deu. 34.10)” (Jack S. Deere, in loc.). Ver os com entários do Novo Testam ento a esse respeito, em Atos 3.22,23 e João 1.21. Cf. Gên. 49.10-12 e Núm. 24.17-19 quanto a outras claras predições m essiânicas.
maiúscula, o que já injeta na tradução uma interpretação messiânica. Mas outras dizem “profeta", com inicial minúscula, dando a entender m enos do que o Messi as. Ele viria dentre os hebreus. Jesus, o Cristo, pertence à linhagem de Davi, cumpriu esse aspecto da profecia. V er as genealogias de Cristo em Mat. 1.1-17 e Luc. 3.23-38. Yahweh seria a fonte de Sua inspiração, dando-Lhe as palavras que Ele proferiria, tal como tinha sido a fonte inspiradora de Moisés. O Segundo Moisés seria maior do que o primeiro, e entregaria ao povo a Nova Lei, tal como Moisés havia dado a Antiga Lei. Em cuja boca porei as m inhas palavras. Cf. Jer. 1.9; 5.14; 20.8,9. Um profeta fala em nom e do Deus A ltíssim o. É por isso que os profetas dizem: “Assim diz o S enhor” . O au tor sacro contrastou aqui a m ensagem divinam ente inspirada com a m ensagem falsa dos observadores dos astros, dos adivinhos, dos feiticeiros etc., sobre os quais lem os em Deu. 18.10 ss.. A m ensagem divinam ente inspirada reveste-se de autoridade, mas não a m ensagem dos falsos profetas. A m ensagem divina prom ove o yahw ism o; a m ensagem falsa prom ove a idolatria. 18.19 Disso lhe pedirei contas. Os ouvintes da palavra de Deus têm responsabili dade. O gênio criativo requer a atenção dos homens. Ninguém pode ignorar o Cristo e a Sua missão. Os homens têm de fazer uma escolha. E nisso está envolvida uma responsabilidade pessoal. Se a m ensagem divina for rejeitada, ou mesmo negligenciada, haverá o juízo divino correspondente, porquanto a m ensa gem vem de Yahweh, e não da vontade de algum profeta.
18.15 O Senhor teu Deus te suscitará. Tem os aqui alusão à origem divina da chamada do grande Profeta. Esse Profeta daria continuidade à linha profética mosaica, e não lhe faria oposição. Ele sairia dentre Israel, porquanto seria um hebreu nativo. Requereria a atenção do povo de Israel, tal e qual fez Moisés. Os intérpretes judeus pensaram em vários candidatos: Josué, Jerem ias ou Davi; ou m esm o a linhagem profética que daria continuação ao yahwismo. Alguns intérpretes evangélicos m odernos não pensam estar em pauta a visão messiânica; mas outros opinam em favor dessa visão. Favorável a essa visão m essiânica destaca-se o fator da singularidade de Moisés e do Profeta que viria. Ver Deu. 34.10-12 e cf. João 6.14; Atos 3.22 e 7.37. Ver também Mat. 17.5. Sem elhante a mim. Ou seja, dotado de um m inistério pleno, que ultrapas sasse o ministério dos profetas comuns, porquanto Ele seria profeta, mediador, rei, cabeça de todo um povo remido, m ediador do Novo Pacto, o qual é superior ao A ntigo Pacto... 18.16 Para que não morra. O povo de Israel tinha ficado am edrontado no Sinai, e queria ter uma folga diante de Moisés e seus terrores. E Yahweh lhes proporcio nou a petição. O Sinai e seus terrores não se repetiriam. Mas nem por isso cessariam os m ovimentos do Espírito de Deus. Muito pelo contrário, haveria um movimento ainda maior de Deus, embora desacom panhado dos terrores. Ver Heb. 12.18 ss.. “O cristianismo está para sem pre atrelado àquela revelação divina que com e çou entre o povo hebreu e culminou na vida e no ministério do Homem de Nazaré... Nenhuma teologia ou cristologia pode ser veraz se se desprender de suas am ar ras históricas” (Henry H. Shires, in loc.). Moisés é considerado a fonte originária da profecia bem com o o protótipo de todos os verdadeiros profetas (cf. Deu. 34.10,11). 18.17 Falaram bem. Os israelitas tinham falado com sabedoria porque Yahweh não tinha intenção de repetir as cenas aterrorizantes do Sinai. A tradição profética daria continuidade aos poderes e à essência transform adora, mas sem o acom pa nhamento de fumaça e fogo. Ver Deu. 5.28 quanto à prom essa dos hebreus de que eles obedeceriam à mensagem transm itida em meio a cenas espantosas. Os hebreus tinham ouvido essa mensagem e prom etido obedecer; assim sendo, “falaram bem ”. Se fossem mesmo obedientes, então o Messias adicionaria uma nova dimensão à fé deles. Cf. este e o versículo anterior ao trecho de Deu. 5.23 31. Este texto repete a essência daquela passagem. Os filhos de Israel não queriam ver a repetição daquela cena dantesca; Israel prometeu guardar os m an damentos baixados naquela ocasião temível. 18.18 Suscitar-lhes-ei um profeta. Este versículo reitera o versículo 15 deste capítulo, com algumas adições. Algum as versões dizem aqui "Profeta” , com inicial
Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem divinam ente os advertia sobre a Terra, m uito m enos nós, os que nos desviam os daquele que dos céus nos adverte. (Hebreus 12.25) Cf. João 5.43; 7.16 e Luc. 19.27,44. O Targum de Jonathan diz aqui: “Dele eu requererei a minha palavra, ou me vingarei dele” . 18.20 Porém, o profeta que presum ir de falar. Os profetas falsos ansiavam por falar em nome de Yahweh, em bora não tivessem recebido Dele nenhum a m ensa gem. É provável que o autor sacro estivesse pensando no trecho de Deu. 18.10 ss. Os sábios, os encantadores etc. procuravam criar uma m ensagem divina, com posta por uma m escla de idéias religiosas pagãs com idéias bíblicas, e então apresentavam essa mensagem com o se representasse a vontade e o m andam en to de Yahweh. Mas o Senhor havia estabelecido uma tradição profética autêntica, com eçando pela m issão de Moisés. E dela ninguém pode desviar-se, se quiser ser profeta legítimo. Os profetas falsos, que se desviassem dessa linha mosaica, deveriam ser executados. E isso poderia ocorrer pelo poder divino, através de alguma enfermidade ou acidente. Ou então pela punição capital (legal), com o o apedrejamento. A Israel cabia executar os profetas falsos. V er no Dicionário o artigo intitulado Falsos Profetas. Um verdadeiro profeta segue a tradição de Moisés, mostrando-se adversário figadal de qualquer form a de idolatria. Mas os profetas falsos induzem à idolatria. Ver sobre a profecia falsa em Jer. 23.9-32 e o capítulo 13 de Ezequiel. Nem sem pre é fácil distinguir entre o verdadeiro e o falso. O autor sagrado apresenta as “credenciais históricas” com o um sinal distinto. Era m ister que fossem seguidas as antigas tradições mosaicas. Outro teste era o da idolatria. Nenhum profeta autêntico jam ais haveria de prom over a idolatria. Ver as notas sobre os versículos 21 e 22, deste capítulo. Um profeta falso poderia ser morto por apedrejam ento ou à espada (Targum de Jonathan), embora a m aioria dos intérpretes prefira pensar aqui em execução por estrangulam ento, mediante o garrote (M ishna Sanhedrin, cap. 10, sec. 1; Bartenora, sec. 5, e Jarchi, in loc.). 18.21,22 Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou? Tem os aqui algu mas instruções sobre com o subm eter a teste os profetas. Um israelita perguntaria em seu coração: “Este homem é um verdadeiro profeta, ou não?” . Então, com base nessa pergunta hipotética, o autor sagrado apresenta-nos vários testes, nos seis pontos seguintes: 1. Um profeta verdadeiro precisava seguir a tradição m osaica (vss. 15 e 18). 2. Tinha de ser um hebreu (vss. 15 e 18). 3. Como tal, não podia anunciar uma m ensagem que m isturasse elem entos do yahwism o e da idolatria pagã (vss. 10 ss.).
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4. Ele seguia a linhagem da tradição profética, iniciada por Moisés. Assim sendo, não seria um sábio, um encantador, um prognosticador etc. (vss. 10 ss.). Pelo contrário, seria um tradicionalista quanto às suas profecias, e não um inova dor. 5. Jesus ensinou uma regra: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mat. 7.16). O homem que estivesse seguindo a linha traçada por Moisés falaria de acordo com os mandam entos de Yahweh e teria uma conduta condizente, obedecen do ao Senhor, e não aos deuses falsos. Ele m esm o obedeceria aos m anda mentos do Senhor. Seria um homem espiritual de acordo com os moldes mosaicos. 6. As suas profecias sobre o futuro (uma das funções do oficio profético) teriam cumprimento. Fica entendido que, se essas profecias não tivessem cum pri mento, então aquele seria um profeta falso, que tinha falado com presunção, arrogância e orgulho, sem a autorização de Yahweh. Tal homem não devia s e r temido, posto que se apresentasse com o se fosse uma grande figura. Cf. Deu. 13.1 ss.. Existem falsos profetas e sonhadores, os quais precisam ser testados e rejeitados. Pois fazem os hom ens desviar-se do reto cam inho do Senhor (Deu. 13.4). Esses profetas falsos precisam ser executados, de acordo com a lei (ver Deu. 13.5). Ver tam bém Jer. 18.7-10; 28; Jer. 23.9-32; I Reis 22.26 28 e o capitulo 13 do livro de Ezequiel. “Essas palavras sum ariam o problem a perene da nação de Israel sobre como distinguir entre os verdadeiros porta-vozes de Deus e o grande número de indiví duos que falavam falsidades em Seu nom e” (G. Ernest W right, in loc.).
C apítulo D ezenove As Cidades de Refúgio (19.1-21) Temos aqui uma nova seção que incorpora certa variedade de leis que não seguem nenhum a ordem de apresentação especial. Há leis sobre o homicídio (vss. 1-13), sobre o furto (vs. 14) e sobre o falso testem unho (vss. 15-21). O livro de Deuteronôm io é uma repetição da lei mosaica. Tem os aqui m ateriais que foram desenvolvidos em outros lugares, mas que agora são reiterados quer para efeito de ênfase, quer, talvez, por ocasião de algum a fonte inform ativa diferente. 19.1 Quando o S enhor teu Deus. Encontramos aqui algum as condições de vida na Terra Prometida. O autor sagrado considerava as condições futuras que have ria na Terra Prometida, depois que fosse conquistada pelo povo de Israel. Certas leis teriam de prevalecer a fim de evitar o caos. O território tinha sido dado como herança a Abraão e seus descendentes, através do Pacto Abraâm ico (ver as notas de sum ário em Gên. 15.18). Tendo sido dada assim, essa herança precisa va ser conservada em sua dignidade. Som ente a legislação mosaica poderia garantir essa dignidade. A s sete nações cananéias que foram expelidas dali (ver as notas em Êxo. 33.2 e Deu. 7.1) não observavam a vontade de Yahweh, sendo essa a verdadeira razão pela qual tinham sido expelidas (ver Gên. 15.16). Israel precisava ser uma nação distinta (ver Deu. 4.4-8). Israel distinguia-se porque possuía e praticava a lei. Isso tornava a nação mais sábia. Essa sabedoria era aplicável a vários pontos particulares, conform e salienta este capitulo. 19.2 Três cidades separarás. Era m ister distinguir o hom icídio voluntário do hom icídio involuntário. Mas, m esm o que um homem tivesse tirado a vida de outro por puro acidente, sem nenhum a m alicia, deveria ir para o exílio, em uma das cham adas “cidades de refúgio” . E som ente quando o sum o sacerdote vi gente m orresse é que ele poderia transitar livrem ente na sociedade, conform e fazia antes do trágico incidente. Este versículo m enciona as três cidades de refúgio que foram determ inadas na Transjordânia, a fim de acolher os que m atassem alguém de m odo acidental. V er Deu. 4.41-43, quanto aos regulam en tos a respeito. M ais três cidades, estas no lado ocidental do rio Jordão, também tinham sido m arcadas com o m esm o propósito, segundo vem os em Núm. 35.9 34. Destarte, o total das cidades de refúgio era seis. A presentei nas notas sobre Números 35.1 um gráfico que ilustra a localização dessas seis cidades. Quanto a detalhes com pletos sobre essa questão, ver o artigo detalhado do Dicionário, intitulado C idades de Refúgio. As seis cidades de refúgio representavam uma provisão legal para lim itar a ação do vingador do sangue, o qual, de acordo com a lei, tinha a perm issão de matar àquele que tivesse matado um seu parente. O capitulo 35 de Números conta a história inteira. Ver no Dicionário o artigo cham ado Vingador do Sangue, no que tange a detalhes. Q uando Israel deixou de ser uma sociedade nômade para tornar-se uma sociedade agrícola, certas leis precisaram sofrer uma revisão. E aqui temos um desses casos. Os vingadores do sangue precisavam ser lim ita dos em sua ação.
19.3 Preparar-te-ás o cam inho. As seis cidades precisavam ser devidam ente preparadas. As estradas que conduzissem a elas teriam de ser claram ente demarcadas, para facilitar a fuga dos que tivessem cometido homicídio involuntário. Como é óbvio, muitos assassinos tentariam também fugir para as cidades de refúgio. Mas todos os casos precisavam ser julgados, com o depoim ento de testem unhas habilitadas, para que fosse determinada a verdade em cada caso individual. Ver Núm. 35.12,24. “Miklot! M iklotl”, isto é, “ Refúgio! Refúgio!” , estava escrito nessas estradas que conduziam às cidades de refúgio, e cada encruzilha da também tinha essa indicação. As seis cidades (três na Transjordânia e três do outro lado do Jordão, no lado ocidental do país), estavam distribuídas pelo país de m aneira bastante razoável, para que o réu pudesse fugir para a cidade mais próxim a de onde ele se encon trava, e assim tivesse uma boa chance de escapar do vingador do sangue. Havia provisões para manter em bom estado essas estradas (Mishna Shekalim, cap. 1, sec. 1). Essas estradas eram construídas bastante largas e sem muitos obstáculos. O capítulo 20 do livro de Josué registra a im plem entação da ordem acerca das seis cidades de refúgio. 19.4 Aquele que sem o querer ferir o seu próxim o. O “homicídio involuntário” podia ocorrer por ignorância ou acidente, sem que houvesse ódio entre o réu e a vítima. O trecho de Núm. 35.16-20 nos dá indicações sobre um homicídio voluntá rio; e os vss. 22,23 nos m ostram o que se deveria reputar com o homicídio involuntário. Em todos os casos, era m ister que houvesse um julgam ento justo, que determinasse o que, realmente, tinha sido com etido (ver Núm. 35.12,24). O homicídio involuntário norm alm ente ocorria sem que houvesse nenhum preceden te de ódio entre as pessoas envolvidas. Ocorria devido a algum acidente, envol vendo amigos, conhecidos e até acidentes de trabalho. 19.5 E atingir o seu próxim o. Este versículo fornece-nos um breve exem plo de com o poderia ocorrer um hom icídio involuntário. Trata-se de um acidente de trabalho. O ferro de um m achado escapulira de seu cabo. Houve então uma tragédia, mas não em resultado de planejam ento ou ódio. O homem que m atara seu próxim o poderia ser culpado ou não de negligência. A negligência óbvia era punida por meio da m orte, em alguns casos. V er Êxo. 21.29. Cf. Núm. 35.2,23, onde são descritas outras ocorrências possíveis de hom icídio involuntário. Juntar lenha em um bosque era direito de todos os cidadãos de Israel. Dois homens tinham saído para buscar lenha. Então houve um acidente. O causador poderia ser acusado de homicídio. A fim de evitar o vingador do sangue, ele precisava fugir imediatam ente para a cidade de refúgio mais próxima. Ali, o julga mento estabeleceria a sua inocência e o vingador do sangue não poderia atingi-lo. 19.6 O vingador do sangue. Este perseguiria o homem que tivesse matado aci dentalmente um seu parente. O vingador do sangue tinha não som ente o direito, mas até mesmo o dever de assim o fazer, visto que se tratava de uma antiga lei, que dizia respeito aos homicidas. O vingador do sangue era o executor oficial mente nomeado. Ninguém tinha o direito legal de tentar im pedi-lo em sua ação. Portanto, o réu tinha de fugir, mesmo que tivesse matado outrem por puro aciden te. V er no Dicionário o artigo cham ado Vingador do Sangue, quanto a completos detalhes a respeito dessa antiga lei e costume. Essa lei buscava fazer Justiça. Por isso é que tinham sido estabelecidas cidades de refúgio. A justiça da época não se assem elhava à justiça moderna, que é muito lenta. Visto que um hom icida involuntário era exilado por causa de seu “crim e”, sua vida não podia ser-lhe tirada. Mas seus fam iliares ficavam para trás, algumas vezes durante muitos anos. Isso envolvia uma separação cruel. Naturalmente, há leis melhores que a das cidades de refúgio. Ao m enos, porém, essa lei representava uma m elhoria em relação ao conceito do vingador do san gue. Ver as notas sobre o quarto versículo deste capítulo. 19.7 Três cidades. Ou seja, além daquelas três cidades que já tinham sido estabelecidas na Transjordânia, visto que o caso que estava sendo descrito teria ocorrido no território além do Jordão, ou seja, na parte ocidental do país (ver o primeiro versículo deste capítulo). Três dessas cidades já haviam sido estabelecidas na Transjordânia (ver Deu. 4.41-43). O capítulo 35 do livro de Números cita somente um total de seis cidades, e com isso concorda o capítulo 20 de Números. Alguns pensam que, no nono versículo deste capítulo, fica entendido que haveria um total de nove cidades de refúgio; mas isso é contra tudo quanto dizem as tradições a respeito.
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Se o Senhor teu Deus dilatar os seus limites, isso poderia ocorrer quando a conquista do território prom etido tivesse term inado. Então os filhos de Israel precisariam de seis cidades, e não apenas de três. Este versículo leva-nos de volta ao prim eiro versículo deste capítulo, cujas notas se aplicam também aqui. Israel aproveitaria, para isso, cidades e lares já prontos, com uma grande área ao redor, dedicada à agricultura e à criação de gado. Na “terra de Abraão” era m ister resguardar a boa ordem; e parte dessa ordem era a provisão em favor daqueles que tivessem com etido homicídio involuntário. Quanto às dim ensões da Terra Prometida, ver no Dicionário o artigo intitulado Pacto Abraâmico, bem como as notas expositivas em Gên. 15.18. Q uanto às prom essas feitas aos patriarcas, ver Gên.15.18,19; 26.3,4; 28.13,14.
Alguém que aborrece a seu próxim o, e lhe arm a ciladas. Este versículo encerra um breve sum ário de assassinato real, e como isso poderia chegar a ocorrer. Cf. Núm. 35.16-21 quanto a um sum ário um pouco mais extenso de possíveis casos e tipos de assassinato. Este versículo é grosso m odo um paralelo da afirmação constante em Números 35.20. O com entário de Rashí sobre este versículo é instrutivo: “ M ediante o ódio, ele vem e se põe à espreita. Assim , torna-se verdade que, quando um homem transgride um dos m andam entos m ais leves, ele pavim enta o cam inho para transgredir algum m andam ento m ais im portante. Logo, depois de quebrar o m andam ento que diz ‘Não odiarás', ele acaba com etendo assassinato” . Tem os aí a verdade das palavras de João, que disse: “Todo aquele que odeia a seu Irmão é assassino" (I João 3.15).
19.9 19.12 Acrescentarás outras três cidades além destas três. Se este versículo for entendido conforme está escrito, sem levarm os em conta o trecho de Deu. 4.41 43, então pode dar a Impressão, pelo m enos para alguns, que um total de nove cidades de refúgio tinha sido ordenado. Isto porque as seis cidades de refúgio deste versículo parecem referir-se àquelas do lado ocidental do rio Jordão. Ou então o autor sacro presumiu que nos lem braríam os da provisão anterior, referin do-se frouxam ente às três cidades anteriores, além de m ais três. John Gill expli cou que nove cidades ao todo foram realmente determinadas, e que esse é o sentido claro do versículo que ora com entam os. Porém, eventualm ente apenas seis cidades acabaram sendo designadas. Dessarte, seis foi o número real delas, embora o número ideal fosse nove, um total jam ais atingido. Há um curioso com entário de M aim ônides (H ilchot Rotzeach, cap. 8, sec. 4), que alude a m ais três cidades de refúgio, que seriam acrescentadas nos dias do Messias. Tipologia. Os intérpretes cristãos, e até m esm o alguns judeus, conform e já vimos, vêem algo de m essiânico nessa questão das cidades de refúgio. Jesus, o Salvador, veio para ser o refúgio das alm as fugitivas do m undo inteiro (ver João 3.16), para ser a propiciação pelos pecados de todos os homens (ver I João 2.2). Ver no Dicionário o artigo cham ado C idades de Refúgio, onde essa tipologia é desenvolvida. O R esultado do Amor. Ver Deu. 6.5, quanto à Lei do Amor, prim eiram ente a Yahweh, e então àqueles que são S eus filhos. A provisão das cidades de refúgio era uma das m anifestações dessa lei. V er no Dicionário o verbete intitulado Amor. O am or provê certa m aneira de andar, certa conduta. Fazer provisão para os casos de hom icídio involuntário era, pois, parte de um andar justo. Cf. Jer. 32.39,40. Restauração Final. A lguns intérpretes judeus viam nesta passagem uma prom essa de restauração futura, quando Israel, tendo fugido para lugares de refúgio, seria restaurado por um ato do am or divino. Ver Dan. 12.12 e Apo. 12.13-16. Além disso, a adição de m ais três cidades, alcançando assim um total de nove, era interpretada com o dependente da conquista eventual de todo o território que Deus tinha prom etido a Abraão, em bora esse alvo nunca tenha sido atingido. Se m ais terras fossem acrescentadas, então m ais três cidades de refúgio teriam sido adicionadas. Isso significaria que o Pacto Abraâm ico, fin a l m ente, teria tido plena concretização. Israel não antecipava o fim da instituição das cidades de refúgio, e assim criou várias doutrinas paralelas em redor da questão.
Enviarão a tirá-lo dali. Um homem que tivesse morto a outro, mediante assassinato real ou mediante homicídio involuntário, precisava fugir do vingador do sangue, indo para algum a cidade de refúgio. Mas a história não term inava aí. Era m ister que passasse por um julgam ento, com a presença de testem unhas idôneas, a fim de que a justiça fosse servida. Este versículo tem paralelo no trecho de Números 35.12,24,25. Porém, m esm o que viesse a ser declarado ino cente (era um homicida involuntário, e não um assassino real), ainda assim teria de perm anecer na cidade de refúgio onde se tinha abrigado até a morte do sumo sacerdote vigente. Em outras palavras, ele ficaria em seu exílio. Isso posto, é claro que um homicídio involuntário era considerado um crime, embora de menor gravidade do que um assassinato real. M eus com entários sobre o livro de Núme ros fornecem detalhes sobre o julgam ento (o qual poderia ocorrer tanto na cidade de refúgio com o na cidade onde o réu m orava), pelo que esses detalhes não reaparecem aqui. Mas o Indivíduo considerado culpado seria entregue às mãos do vingador do sangue, e a execução privada teria lugar. 19.13 Não olharás com piedade. Se um homem fosse considerado culpado de assassinato real, não se podia usar de piedade para com ele. E ao que parece, as antigas leis de Israel não dispunham de provisão para penas secundárias, em face de circunstâncias m itigadoras. Perm itir que a culpa do sangue continuasse em Israel era tido com o algo que poluiria o território inteiro, e não apenas um Indivíduo. E a Terra Prometida teria de ser purificada mediante a execução do assassino, uma atitude totalm ente diversa daquilo que se vê na grande maioria dos países m odernos, onde qualquer tipo de crim e atroz é tolerado, havendo pouco ou nenhum castigo. “A guarda da lei era a m aneira de im pedir que o território ficasse contam ina do. A punição capital era necessária em casos específicos a fim de expurgar o mai do meio da nação. Cf. Deu. 12.32-13.18” (G. Ernest W right, in loc.). Ver especialm ente o trecho de Núm eros 35.33,34 quanto ao paralelo atinente ao derram am ento de sangue inocente, que poluiria a terra. Furto de Propriedades A lheias (19.14) 19.14
19.10
Não mudes os marcos do teu próxim o. Este versículo isolado traz à nossa atenção uma antiga lei que protegia a propriedade privada. A m udança dos marcos, em proveito próprio, am pliando assim o terreno de quem com etia esse crime, prejudicava o próxim o, que assim perderia algum território. Isso era algo estritam ente proibido. V er tam bém Isa. 5.8; Jos. 5.10; Jó 24.2; Pro. 22.28 e 23.10.
Para que o sangue inocente se não derram e. O autor volta agora a sua atenção para incidentes de a ssassinato real. E assim segue aqui o padrão do capítulo 35 do livro de N úm eros, onde há regras acerca tanto do hom icídio involuntário quanto acerca do a ssassinato real. V er Núm. 35.16 ss. quanto a casos de assassinato, e com o esses casos poderiam acontecer, além de sinais típicos. Se um vin g ad o r do sangue chegasse a m atar um hom icida involuntário, isso seria assassinato. M as o au tor sacro tam bém preocupou-se com outros tipos. O “ sangue in o cen te ” seria derram ado, e esse seria o caso se o vin g ad o r do sangue chegasse a re a liza r o seu papel, antes que o réu tivesse tido tem po de ch e g a r a um a das cidades de refúgio. A provisão das cidades de refúgio, pois, visava ju sta m e n te Im pedir que isso sucedesse. “S an gue Inocente” tam bém podia ser derram ado por outras form as de assassinato, e esse sangue poluiria a Te rra Prom etida. Israel a cabaria tornando-se cu lp a do de sangue, e os juízos de Y ahw eh sem dúvida sobreviriam . P ortanto, foram providos asilos, a fim de que a culpa de sangue fosse reduzida ao m áxim o possível.
Que os antigos fixaram . Mui provavelm ente uma referência ao loteamento original de terras às fam ílias de Israel, ou seja, o estabelecim ento da herança que cabia a cada família de Israel, quando a Terra Prometida foi dividida, após a conquista. Ver Jos. 18.1-10. Notem os com o o autor sacro esqueceu, m om entane amente, que ele estava apresentando o seu material com o predição do que iria acontecer (ver Deu. 19.1). Mas agora ele olhava de volta para os “tem pos anti gos”, quando o território havia sido dividido. Foi com o se ele tivesse dito: “ Essas divisões originais precisam ser respeitadas” . Os estudiosos conservadores, que requerem harm onia a qualquer preço, pensam que observações com o a deste versículo são adições escribais posteriores. A literatura extrabíbüca alude à prática da mudança de marcos, o que era equivalente ao furto de terras. Nos escritos de Tibullus, lemos: “ Reverencia cada pedra antiga, adornada de flores: elas limitam os cam pos ou apontam para os cam inhos duvidosos” (Eleg. lib. i. E.l. vs. 11). Juvenal referiu-se ao safado que o estava vexando ao m udar de posição os m arcos sagrados dos seus limites (Sat. xví. vs. 36).
Assassinato (19.10-13)
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Sobre o Falso Testem unho (19.15-21)
19.19
19.15
Assim exterm inarás o mal do meio de ti. O próprio Yahweh cuidaria para que os tribunais de justiça de Seu povo não falhassem. Se alguma testem unha falsa fosse descoberta pelas investigações, então tal indivíduo sofreria exatam en te o castigo que tinha esperado infligir sobre seu vizinho ou conhecido inocente. A questão era levada “perante o Senhor” (vs. 17), porquanto era o tribunal do Senhor e os juizes do Senhor estavam julgando o caso. Sua presença, invisível mas real, seria garantia absoluta da justiça. O castigo poderia tom ar a form a de uma multa, de açoites, da perda de um dos membros do corpo, ou então de execução por apedrejamento, estrangula mento, execução na fogueira ou morte à espada. As testem unhas falsas seriam sujeitadas a uma dessas punições, sem importar qual delas tivesse sido planeja da para o homem falsamente acusado.
Pelo depoim ento de duas ou três testem unhas. Esse múltiplo testemunho concorria para a preservação da justiça. A lei m osaica era severa, e por muitas vezes requeria a punição capital, devido a crim es que na cultura m oderna não seriam castigados tão severamente. Uma testem unha falsa poderia tentar eliminar um adversário prestando um testem unho falso: “Meu vizinho estava adorando um ídolo!” . A fim de impedir tão ultrajante conduta, pois, foi estabelecida a lei das “duas ou mais testem unhas” . Desse modo o perjúrio, embora não fosse eliminado de todo, pelo m enos era grandem ente reduzido. Já vimos essa lei em Deu. 17.6. As notas oferecidas ali aplicam -se também aqui. O depoim ento de testemunhas precisava ser investigado. Os juizes e os tribunais locais não deveriam aceitar passivam ente os caprichos desonestos dos homens. Juizes inquiririam as teste munhas. E as testem unhas falsas deveriam ser executadas (Deu. 19.19). Isso lançaria o tem or no coração de todos, dificultando o pecado de perjúrio. “O uso veraz da língua, ao evitar a todo o transe a calúnia e a acusação falsa, é um dos princípios centrais da ética bíblica, sendo esse pecado condenado no nono m andam ento da lei. Aqui esse principio foi expresso em linguagem leal, para uso nos tribunais (cf. Êxo. 23.1; Lev. 19.11-18)” (G. Ernest Wright, in loc.). As testem unhas não podiam prestar seu testem unho por meio de cartas, nem podiam enviar representantes. Era m ister que com parecessem pessoalmente, a fim de serem inquiridas pelos juizes. E se houvesse o envolvim ento de algum idioma estrangeiro, não podia haver um intérprete entre as testem unhas e os juizes. As testem unhas tinham de encarar os juizes. Cf. Núm. 35.30. 19.16 Q uando se levantar testem unha falsa. É de presum ir-se que os casos com plicados fossem subm etidos à apreciação da Corte Suprem a, que funciona va no santuário central, em Jerusalém . V er Deu. 17.18 ss.. O lu g a r determ inado por Yahweh com o o santuário central tam bém abrigaria o Tribunal Superior, que julgaria os casos m ais difíceis. Israel dispunha de severas leis de retaliação, com o olho por olho e dente por dente (vs. 21), e isso precisava ser regulam en tado com m edidas extrem as, m ediante investigação e depoim ento de testem u nhas oculares, para que houvesse sem pre julgam entos justos. Leis severas exigiam uma justiça estrita.
19.17 Então os dois homens. É provável que tenham os aqui a descrição daqueles entre os quais tivesse surgido alguma pendência, no santuário central; mas, se um concílio local estivesse envolvido, então deveriam prevalecer as mesmas regras de justiça. Ver sobre os sacerdotes e juizes em Deu. 17.8-13, onde o santuário central está em pauta. O vocábulo no singular, “juiz” , que ali aparece (vs. 9), talvez seja uma referência ao sumo sacerdote, que era o juiz supremo em Israel. A passagem de Deuteronômio 17.8-13 aborda a Corte Suprema, e nas notas expositivas a res peito, dou informações acerca dos oficiais que operavam ali, bem como dos tribu nais secundários. Ver também Deu. 16.18 ss.. Nesse versículo 18 dou informações específicas sobre a estrutura dos antigos tribunais de Israel. Homens. Mulheres não podiam servir de testem unhas. V er Bartenora, sec. 5. Esse mesmo docum ento antigo assevera que tanto as testem unhas quanto os acusados tinham de dar e ouvir o testem unho estando de pé. Perante o Senhor. Assim foi dito porque o tribunal e suas regras de ação tinham sido estabelecidos por ordem divina. Deus era o observador silente que acom panhava o processo inteiro de justiça, e a Sua presença inspiraria os juizes a im por uma justiça estrita. O com parecim ento pessoal era uma necessidade. Ninguém podia escrever uma carta ou enviar um seu representante. Ver o fim dos com entários sobre o versiculo décimo quinto deste capitulo. Diante dos sacerdotes e dos juizes. Ver as explicações a respeito nas notas sobre Deu. 16.18. 19.18 Os juizes indagarão bem . Investigações criteriosas faziam parte do dever dos tribunais, em Israel. N inguém podia m ostrar-se frívolo, nessas ocasiões. Com freqüência, a punição capital era o fim do julgam ento. O Targum de Jonathan refere a um exam e e interrogatório com pleto das testem unhas. Ver Deu. 17.4, quanto à expressão “indagarás bem ” . Ver tam bém Deu. 13.12-14 e 17.9. O trecho enfatiza a questão. Não se perm itia testem unho por “ouvir dizer” , em Israel.
19.20 ... o ouçam e temam. Aqueles que sobrevivessem ao incidente (como a família do homem que tinha com etido perjúrio), bem com o a população em geral, que ouvisse falar sobre o caso, temeriam, desencorajando o crime de perjúrio. E embora isso não eliminasse o m al das testem unhas falsas, essa prática odiosa ficaria grandem ente reduzida. 19.21 Não olharás com piedade. A severidade da lei tinha de prevalecer, a fim de que a justiça fosse eficaz. A lei era posta em vigor no espírito de “olho por olho e dente por dente”, ou seja, retaliação segundo a gravidade do crime. Essa é a chamada lex talionis (ver a respeito no Dicionário). Ver Êxo. 21.24,25 quanto a uma expressão mais pormenorizada dessa lei. As notas oferecidas ali também aplicam-se aqui. Ver igual mente Lev. 24.17-22. Essa lei tanto limitava a vingança quanto a exigia, e isso em termos precisos. Em tempos posteriores, as mutilações foram proibidas como uma forma de justiça, sobretudo no caso de acidentes que tivessem resultado em alguma mutilação. Ver Deu. 25.11,12, quanto à lei em sua forma original. O escravo que perdesse um olho recebia sua liberdade (ver Êxo. 21.26). Jesus não permitiu a aplica ção dessas leis sobre uma base pessoal (ver Mat. 5.38-42). Punição Capital. As pessoas que não concordam hodiernam ente com esses princípios legais salientam que os crim es sérios não são dim inuídos diante da punição capital. Mas se isso exprime uma verdade ou não, não podem os olvidar que também há uma lei ou justiça da vingança justa. A lguns crim es m erecem a pena de morte, sem im portar se a m esm a reduz ou não a taxa de criminalidade. Ver no Dicionário o artigo cham ado Punição Capital.
C apítulo V inte As Leis da Guerra (20.1-20) Paralelos desta passagem encontram -se em Deu. 2.24-3.11; 7.1-11; 21.10 14; 23.9-14; 24.5 e 25.17-19. A contínua repetição desse tem a m ostra quanta im portância se dava a ele, no tem po em que o povo de Israel conquistou a Terra Prometida. Uma guerra santa ocorre quando Deus está por trás dela e determina as regras que a governarão. Deuteronôm io é o livro da repetição da lei, e esse caráter continua nesta passagem , a qual, entretanto, apresenta algum material novo, que não pode ser encontrado no resto do Pentateuco. 20.1 O Senhor teu Deus... está contigo. O mesmo Deus Yahweh que tinha tirado o povo de Israel do Egito (um tem a reiterado por cerca de vinte vezes no Deuteronômio: ver as notas em Deu. 4.20) dar-lhes-ia a vitória na Terra Prom eti da, sobre forças militares superiores. Um rei em Israel não deveria multiplicar cavalos (ver Deu. 17.16), o que significa que o exército de Israel, essencialmente com posto de infantes, seria inferior aos exércitos dos povos que empregavam cavalos e carros de combate. A lição é que os filhos de Israel deviam depender de Yahweh. As batalhas deles não seriam determ inadas som ente pelas forças em armas (ver Isa. 31.1-3; Osé. 14.3). Ver Deu. 2.24 ss., onde Israel viu-se forçado a com bater pela primeira vez, com o preparação para a conquista da Terra Prometi da em geral. Ver Deu. 7.1, onde as sete nações cananéias, que deveriam ser expelidas da terra de Canaã, tinham forças militares superiores às de Israel. Mas Yahweh é que as feriria (ver o versículo seguinte). Cf. tam bém Deu. 21.10-14; 23.9-14 e 26.17 ss. Yahweh-Elohim, o Eterno Todo-poderoso, garantiria o sucesso na guerra. V er no Dicionário o artigo intitulado Deus, Nom es Bíblicos de.
DEUTERONÔMIO “A premissa de uma guerra santa, arraigada nas antigas experiências no deserto, provia a base da com preensão do Deuteronôm io sobre a conquista (Deu. 2.33-35; 3.3-7,18,22; 7.1-5; 11.22-25)” (O xford Annotated Bible, com entando so bre este versículo). Os habitantes da terra de Canaã tinham perdido o direito ao seu território, por motivo de iniqüidade (ver Gên. 15.16). Agora, chegava a vez dos israelitas. Mas Israel, eventualmente, tam bém haveria de perder a Terra Prometida, e pela m es ma razão. Ver no Dicionário o verbete cham ado Cativeiro (Cativeiros).
20.2 O sacerdote. A classe sacerdotal de Israel desem penhara um papel p ri mordial nas batalhas, em bora não brandisse nem lança nem espada. Um sacer dote proclam aria form alm ente a abertura das hostilidades e avançaria à frente do exército. “Durante a guerra dos M acabeus, os judeus reviveram a antiga ideologia da guerra santa, conform e ficam os sabendo pelo rolo do M ar Morto, intitulado ‘G uerra Entre os Filhos da Luz e os Filhos das T re vas’. Nesse docu m ento tam bém ficou escrita uma regra que dizia que o sacerdote principal dirigiria a palavra ao exército, no com eço da batalha, onde as palavras da proclamação diferem um tanto das palavras do livro de Deuteronôm io” (G. Ernest W right, in loc.). A arca da aliança era transportada até o cam po da batalha, porque ela representava a presença de Yahw eh com o exército de Israel (ver Jos. 6.13 ss. e I Sam. 4.3 ss.). 20.3,4 Não tenhais medo, não trem ais. Não havia mesmo razão para tem or e tremor, porque era Yahweh quem ia à frente dos soldados israelitas, conferindolhes proteção e vitória. Novamente encontram os o nome Yahweh-Elohim, confor me se vira no primeiro versículo deste capítulo. Ver o artigo sobre os nomes divinos, ali mencionado. “A falta de confiança na capacidade de Deus de lutar por eles (Deu. 1.30; 3.22) afetaria a força de vontade deles, pelo que se desanim ari am” (Jack S. Deere, in loc.). A prem issa de uma guerra santa é que não era pela habilidade humana, empreendim ento e força dos homens que se determinava o resultado de uma batalha, e, sim, por meio da presença de Yahweh. Ver o quinto capítulo do livro de Juizes. O choque dos escudos, os gritos de guerra, o sonido das trombetas, os gemidos de dor, sons esses que costum am acom panhar as batalhas antigas, lançariam o pânico em todos aqueles que duvidassem da pala vra do sacerdote. Isentos da Guerra (20.5-9) 20.5 Os oficiais falarão ao povo. Os oficiais do exército separariam certos homens que ficariam dispensados do serviço m ilitar, pelo m enos durante algum tempo. Este versículo fornece-nos a prim eira regra: um hom em que tivesse construído uma casa, m as ainda não tivesse residido nela, não precisava entrar na batalha. O Targum de Jonathan ajunta que a palavra aqui traduzida por “consagrou” quer dizer que ele ainda não tinha com pletado a casa. Talvez esteja em pauta a afixação da m ezuzah ou escrito bíblico sobre as vergas da porta. Ver Deu. 11.20 quanto a explicações a esse respeito. Partes da lei eram inscritas e ali afixadas. E assim a casa seria dedicada para que se m orasse nela. Jarchi interpreta esse versículo com o se apontasse para o com eço da m oradia em uma nova casa. Josefo, por seu lado, afirm ou que o homem ainda não teria vivido na casa por um ano inteiro (Antiq. 1.4, cap. 8, sec. 41). Melech fala de uma festa que era efetuada a fim de consagrar uma casa, para que com eçasse a servir de residência. A ntes de tudo, era com ida uma refeição dedicatória no interior da casa, e então a fam ília podia m udar-se. Não seria justo um homem construir uma casa, correr para a guerra, ser morto em batalha e deixar sua esposa e seus fam iliares vivendo ali. Essa regra refletia certa m edida de m isericórdia. A ssim tam bém , por três anos um homem não podia com er das uvas de uma vinha nova.
20.6 Qual o homem que plantou uma vinha...? Tem os aqui a segunda regra. Quem tivesse plantado uma vinha, mas nunca tivesse experimentado de suas uvas, estava isento de ir à guerra. Isso tam bém era uma certa m edida de m iseri córdia, estética em seu caráter. Haveria algo de estranho em outras pessoas comerem e beberem da vinha daquele homem, o qual nunca tirara proveito dela, embora ele a tivesse plantado e a tivesse cultivado. Durante três anos não se podia com er de uma vinha nova. E então, o fruto do quarto ano era dedicado a Yahweh. Portanto, som ente as uvas do quinto ano de produção eram consum idas pelo dono da vinha. Um homem, depois de ter esperado por todo esse tempo, a fim de extrair benefício de sua vinha, podia ficar naquele quinto ano, isento dos deveres militares. Ver Lev. 19.23 ss. Havia festas que celebravam o com eço do
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consum o das uvas, tal com o no caso de casas (ver o versículo anterior). E o homem em foco tinha de estar presente para participar das celebrações. 20.7 Qual o homem que está desposado...? Tem os aqui a terceira regra. Era im portante para um hebreu ter posteridade e herança para deixar para os seus descendentes. Ele precisava contar com um herdeiro que desse prosseguimento à sua linhagem. Mas, se ele m orresse logo após ter contraído matrim ônio, como poderia gerar filhos? Isso deitaria por terra esses im portantes propósitos sociais. Um homem já noivo não podia ir à guerra, pois arriscava-se a deixar sua futura esposa como uma viúva. Adem ais, era-lhe conferido o direito de desfrutar de um casamento recente, sem ter de enfrentar os empecilhos da guerra. Não seria correto que outro homem ficasse com a noiva dele, enquanto seus ossos jazes sem a secar, no sepulcro. Tal homem estava isento do serviço militar pelo espaço de um ano (ver Deu. 24.5). Mesmo que estivesse em guerra, Israel não deveria perturbar as “coisas novas” sobre as quais sua sociedade estava sendo perpetra da e avançava. Por conseguinte, casas novas, vinhas e esposas tinham prece dência sobre as guerras, as quais, afinal de contas, eram continuas. Os homens isentos de uma guerra logo teriam oportunidade de participar de outra, quando outros israelitas estariam com eçando coisas novas, por sua vez. A guerra não tinha prioridade total sobre as questões domésticas. As conseqüências da deso bediência incluiriam sofrer as próprias coisas evitadas neste versículo. Ver Deu. 28.30 e seu contexto. Homero (Ilíada, l.ii. vs. 100) descreveu com eloqüência o caso de Protesilau, o qual, por causa da guerra foi obrigado a abandonar sua esposa e uma casa por terminar. Sua sorte miserável foi ter sido morto antes que pudesse voltar para casa. 20.8 Qual o homem medroso...? Essa é a quarta regra. Aqueles que se mostrassem tão tímidos que seriam inúteis na guerra, também eram isentados de servir no exército. Talvez fossem chamados de covardes; talvez não. Mas a presença deles no campo de batalha serviria apenas de empecilho. Temos um exemplo da aplicação desta quarta regra, em Juizes 7.3. O exército de Gideão viu-se reduzido de trinta e dois mil para dez mil homens, quando os temerosos foram mandados de volta para casa. Mais de dois terços de seu exército voltaram para casa, por motivo de medo! A covardia era reputada um problem a espiritual, visto que o indivíduo m edro so não confiava em Yahweh com o deveria. Uma guerra santa deveria ser desfe chada com um grupo de homens seletos e corajosos, e não por homens debilita dos pelo medo, pois isso só com plicaria as coisas por ocasião de entrarem em ação. Yahweh conduziria um bando m enor ao sucesso na guerra, ao passo que um grupo maior de soldados, cheios de problem as, não perm itiria que a batalha se desenrolasse a contento. Deserções, no meio de uma batalha, criariam muito mais problemas do que se o número de soldados fosse menor, mas nenhum deles desertasse. A vitória era um problem a de Yahweh, visto que uma guerra santa estaria sendo travada. 20.9 Designarão os capitães. Uma vez feita a seleção dos soldados, e depois de o sacerdote haver completado as suas instruções, o palco estava armado para a organização das tropas em companhias ou divisões. Capitães encabeçariam as divisões. Entre os deveres dos comandantes, destacava-se o de não permitir novas deserções. E agora, qualquer um que tentasse desertar teria decepadas as suas pernas (Mishna Sotah, sec. 6). Porém, é possível que essa regra tenha pertencido a um período posterior. Não somos informados sobre o número de homens em cada companhia. Mas podemos supor que isso dependesse do tamanho do exército e da ocasião envolvida. Em I Samuel 17.18 achamos companhias de mil homens cada, sendo presumível que sobre cada uma dessas unidades houvesse um capitão. O Cerco de uma Cidade (20.10-18) Ver as notas de introdução no com eço deste capítulo vigésimo, no que concerne a com entários sobre uma guerra santa, e sobre paralelos em outros trechos do Pentateuco. Aqui são descritos dois casos de cidades que estariam sendo cercadas. As cidades distantes, fora da Palestina (vss. 1-15), seriam trata das com mais liberalidade. Seus habitantes poderiam ser reduzidos a pagar tribu to; tratados poderiam ser feitos com essas cidades etc. Mas uma severidade extrema poderia ser aplicada, se houvesse resistência. Em um segundo caso (vss. 16-18), haveria uma cidade dentro das fronteiras da Palestina, a Terra Pro metida. Nesses casos, a palavra de ordem era destruição absoluta. Isso evitaria qualquer retaliação, bem como problem as futuros, com o idolatria por infecção, contra-ataques etc. Essas cidades eram oferecidas em holocausto a Yahweh, sendo totalm ente consum idas a fogo. Nem m esm o despojos eram aproveitáveis, nessas localidades. No sétimo capítulo do livro de Josué, a história de Acã provê um exemplo de cidade do segundo tipo. O term o hebraico para holocausto, ou
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seja, uma destruição absoluta, é hrm, um term o especial que indica guerra santa. A cidade assim oferecida a Yahweh tornava-se um tabu santo, um holocausto cujo destino era ser totalm ente consum ido a fogo. Não era perm itida nenhuma m odalidade de sincretism o religioso.
20.10 O ferecer-lhe-ás a paz. O versículo 15 deste capítulo m ostra-nos que está em pauta uma cidade distante, que não pertencia às “cidades destes povos”, ou seja, das sete nações cananéias que habitavam na Palestina e que tiveram de ser expelidas dali. Ver Êxo. 33.2 e Deu. 7.1. No caso de uma dessas cidades distan tes, os filhos de Israel podiam propor condições de paz, além de outras coisas, descritas nos versículos seguintes. Uma cidade assim distante não poderia conta minar Israel com sua idolatria, servindo de fator am eaçador em suas fronteiras. “Não conforme fizeram os filhos de Dã, que massacraram os habitantes de Laís, sem o menor aviso (ver Juí. 18.7,28). Mesmo nas guerras dirigidas por Josué, houve cidades que foram poupadas pelos israelitas (Jos. 11.13)" (Ellicott, in loc.). 20.11 Será sujeito a trabalhos forçados. O oferecim ento de p a z incluía tornar a cidade conquistada um vassalo, sujeita a pagar tributos a Israel. Mas podia viver em paz. É provável que alguns dos habitantes de tais cidades fossem reduzidos a escravidão, o que fica subentendido nas últimas palavras deste versículo, “e te servirá” . Quanto a isso, ver o nono capítulo do livro de Josué. Ver também II Reis 3.4 quanto ao tributo imposto a lugares assim. Os moabitas, os sírios e os edomitas tornaram -se servos de Davi (ver II Sam, 8.2,6,14). 20.12 Então a sitiarás. Caso uma cidade distante oferecesse resistência, não acei tando as condições de paz propostas por Israel, m encionadas no versículo anteri or, então a cidade seria cercada, e isso com toda a severidade. Tal cidade seria tratada com quase tanta severidade quanto uma cidade que estivesse dentro das fronteiras da Palestina. Ver Núm. 31.7 ss. quanto a um exem plo do que acontecia em casos assim. Regras posteriores ditavam que essas cidades seriam cercadas por três lados. O quarto lado era deixado aberto, a fim de que quem quisesse deixar a cidade pudesse fazê-lo apressadam ente, reduzindo assim o esforço dos israelitas para conquistarem a cidade. 20.13,14 Todos os do sexo masculino. Os habitantes m asculinos da cidade distante que resistisse a Israel eram executados; mas as mulheres e crianças eram incor poradas em Israel, e tudo quanto tinham podia servir de despojos. Mulheres, crianças, anim ais domesticados, ouro, prata, m ercadorias, utensílios domésticos, ferram entas agrícolas e de com ércio - isso tudo serviria para aum entar as rique zas materiais e o poder de Israel, tornando-o m ais forte com o nação. As mulheres e as crianças da cidade conquistada seriam treinadas nos cam inhos da fé dos hebreus e da legislação mosaica. 20.15 Todas as cidades que estiverem mui longe de ti. Este versículo, que vem no fim da discussão, define quais cidades deveriam ser tratadas com alguma dose de misericórdia. A saber, as cidades distantes, que não pertenciam a nenhu ma das sete nações cananéias que habitavam na Palestina, conform e expliquei nos com entários sobre o versículo 15. Povos com o os moabitas, os edomitas, os amonitas e os sírios estariam incluídos nessa classificação. V er II Sam. 8.2,6,14. 20.16,17 Porém, das cidades destas nações. Os versículos 16 a 18 deste capítulo mostram a cidade do segundo tipo, que deveriam ser cercadas, a saber, aquelas que ficavam dentro das fronteiras da Palestina, as sete nações cananéias que precisavam ser expelidas dali. No versículo 17 temos uma lista que inclui seis das sete nações. A nação que foi omitida é a dos gigaseus. Mas a lista de Deu. 7.1 inclui todas as sete nações; e a lista de Êxo. 23.23 faz a mesma omissão. É provável que não tenha havido nenhum motivo especial para essa omissão. As listas simplesmente variavam um pouco. Ver Êxo. 33.2 e Deu. 7.1 quanto a uma exposição acerca dessas sete nações. Quase todos esses nomes aparecem como verbetes no Dicionário. O hrm, tam bém conhecido com o banim ento, tabu, ou holocausto a Yahweh, era para ser aplicado a ta is povos. Se nada restasse deles, então não p o d e ri am contam inar o povo de Deus com a id o la tria e os seus costum es pagãos. E nem poderiam , recuperando suas forças, fa ze r m ais tarde um contra-ataque. Certa M edida de Misericórdia. Jarchi e outros intérpretes judeus dizem que exceções a uma m atança total poderiam ocorrer se as pessoas se arrependes
sem, abandonando suas práticas idólatras e convertendo-se à fé dos hebreus. As condições im postas pelos filhos de Israel incluíam estes pontos: 1. Que renunci assem à sua idolatria. 2. Que se sujeitassem à lei e à fé de Israel. 3. Que pagassem um tributo anual. O trecho de II Crônicas 8.7 mostra que representan tes dessas nações foram poupados, em bora tivessem de pagar tributo e se tor nassem vassalos de Israel. E isso sucedeu nos dias de Salomão. E assim ele não se sentiu na obrigação de efetuar aniquilam ento total dessas nações. A ordem baixada quanto a esse modo de proceder provinha do próprio Yahweh-Elohim, por quem a guerra santa tinha sido decretada. Ver no Dicionário o artigo intitulado Deus, Nomes Bíblicos de. 20.18 Para que não vos ensinem a fazer. A razão principal para o aniquilamento total dos pagãos era impedir que suas práticas pagãs fossem absorvidas pelos novos habitantes. Ver no Dicionário o verbete intitulado Idolatria, como também as notas sobre o segundo mandamento, em Êxo. 20.3,4. Ver Gên. 15.16, no que concerne à predição, associada ao Pacto Abraâmico, sobre a necessidade de limpar a terra de seus antigos habitantes, porquanto a taça de iniqüidade deles estava agora cheia. E o povo de Israel também seria exilado da Terra Prometida quando sua taça de iniqüida de se enchesse. Ver no Dicionário o artigo intitulado Cativeiro (Cativeiros). As suas abominações. No hebraico temos aqui um termo muito forte, usualmen te usado para descrever a idolatria. Dei notas expositivas a respeito em Deu. 13.14. O mesmo Yahweh-Elohim que baixara a ordem de iniciar a guerra santa ficaria ofendido se o povo de Israel fosse contam inado com as práticas idólatras das nações cananéias. O Senhor seria forçado a agir contra Israel, caso eles fossem contam inados pela idolatria dos cananeus. Portanto, essa doença espiritu al precisava ser obliterada. V er Salm o 106.34-42. Esse texto descreve os péssi mos resultados se as ordens de Yahweh não fossem cum pridas conform e fora exigido. Cf. Lev. 18.24-28 e 20.23 quanto às abom inações dos povos pagãos. Acerca das Árvores (20.19,20) 20.19,20 Temos aqui uma breve seção parentética, vinculada às ordens divinas acerca das cidades a serem assediadas pelos israelitas (vss. 10-18 deste capítulo). Era tradicional que os exércitos antigos arrasassem a área a ser invadida, desnudan do-a de toda a sua vegetação. A m adeira das árvores geralm ente era usada para efeitos de aquecimento, para cozinhar os alim entos e para construir máquinas de assédio. Assim, por razão de pura crueldade, a população de uma cidade cercada era privada de uma de suas fontes de alim entação e construção. Uma provisão humanitária é determinada aqui. As árvores produtoras de alimen tos não podiam ser cortadas, nem como ato de ódio nem como ato de crueldade, e nem para prover madeira para fabricar instrumentos de guerra ou baluartes. As árvo res são fontes de vida e devem ser respeitadas. Ademais, depois que Israel tivesse conquistado aquelas regiões, haveria de precisar daquelas árvores. Essa é uma sabe doria antiga, que nos tempos modernos continua sendo negligenciada por muitos, por causa da ganância e maldade dos homens. A guerra devia ser desfechada contra os homens, e não contra as árvores, o que é uma ironia, sem dúvida alguma. “A destruição de árvores em torno de Jerusalém foi uma característica notável da guerra contra os romanos” (Ellicott, in loc.). No território pertencente a Israel havia muitas flores antigas, que hoje em dia desapareceram inteiramente, ficando a terra desnuda. Práticas dessa ordem exibem desrespeito para com a criação divina. Tipologia. As árvores da retidão, das qualidades morais e espirituais, não devem ser destruídas. Essa é a plantação cultivada pelo Senhor, e deve ser respeitada. Ver Mat. 3.10; 15.13 e Isa. 60.13. “É uma crueldade diabólica adicionar, às m isérias da guerra, os horrores da fome. Mas é o que acontece onde as árvores do cam po são derrubadas, os diques são quebrados para alagar a terra, as vilas são incendiadas e as colheitas são estragadas de propósito. Quão execrável é a guerra! Esse é o elemento subversivo de todas as caridades da vida” (Adam Clark, in loc.).
C apítulo V inte e Um Regulamentos Gerais (21.1— 26.19) Expiação por Hom icídios Não-solucionados (21.1-9) Em Israel, com o é lógico, nem todos os hom icidas eram apanhados e execu tados, tal com o acontece nas sociedades modernas. A lei m osaica m ostrava-se muito sensível diante do perigo de a terra ser poluída por meio de sangue inocen
DEUTERONÔMIO te. Por isso mesmo, foi instituído um ritual de purificação, para impedir a polução da terra, visto que uma vez poluída, a terra ficava sujeita à m aldição de Yahweh. Ver Deu. 19.10,13 quanto ao poder poluidor do sangue inocente, que ameaçava o bem-estar até da nação inteira. Fazia parte da responsabilidade da comunidade impedir o desprazer de Yahweh e buscar fazer expiação por todos os crimes com etidos, mesmo que o assassino nunca chegasse a ser apanhado. Mas a justiça divina haveria de apanhá-lo, m ais cedo ou mais tarde, pois Yahweh sabia tudo sobre a questão e não perm itiria que term inasse sem o reparo apropriado. Ver no Dicionário o verbete R eparação (Restituição). Yahweh cuidaria da repara ção. O homem deveria cuidar da expiação. Na Inglaterra, no século XIX, eram passadas multas aos distritos onde tives sem ocorrido homicídios não-resolvidos, a fim de que os oficiais locais envidassem todos os esforços possíveis no solucionam ento dos crimes. Nos casos de “crim es secretos” , uma só testem unha ocular era suficiente para levar às barras dos tribunais o culpado. 21.1 Se achar alguém m orto. Uma pessoa assaltada era achada morta no cam po. Talvez algum a discussão tivesse acontecido, e o resultado fora um assassinato. Ou então talvez houvesse uma antiga desavença, e o assassino tivesse planejado e executado o seu plano, no m om ento apropriado. Este versículo fala em um “cam po” , onde a vítim a fora encontrada. Mas isso é ape nas um exem plo. Mas com o é claro, tam bém seria possível que um cadáver fosse encontrado a flutuar à superfície de um lago, pendurado em uma árvore etc. Mas as regras a serem obedecidas eram sem pre as m esm as. O que não m udava era que o hom em tinha sido assassinado; ninguém tinha visto o ato; nenhum a investigação tinha descoberto o culpado. Portanto, o hom icídio não fora resolvido; a terra estava poluída com sangue inocente, e agora precisava ser purificada. Ver a introdução a este capítulo, que fornece inform ações gerais a respeito de questões dessa natureza.
21.2 Medirão a distância até às cidades. Os oficiais locais, anciãos e juizes, incluindo os sacerdotes e os governantes seculares, seriam chamados ao local do crime. O primeiro dever deles seria determinar qual cidade ficava mais próxima do local do crime. Naquele lugar, pois, seria efetuada a expiação apropriada. Alguns intérpretes judeus pensavam que esses anciãos e juizes viriam do Grande Sinédrio, em Jerusalém, que investigariam, antes de todos, a questão, e então entregariam o caso aos cuidados das autoridades locais (ver o versículo seguinte). A Mishna (Sotah, cap. 9, sec. 2) diz-nos que três representantes do Grande Sinédrio eram enviados para fazer investigações. E outros supõem que os oficiais em pauta fos sem aqueles da cidade mais próxima do local do crime, mas que então, se se descobrisse que havia alguma cidade ainda mais próxima, o processo era transferi do para esta última (conforme pensava Aben Ezra). Talvez, ambos os tipos de investigação acabassem ocorrendo. Todavia, as cidades que ficavam distantes de Jerusalém cuidavam sozinhas dos casos, pois seria impraticável enviar pessoal de Jerusalém, por causa das grandes distâncias envolvidas. Os trechos de Deuteronômio 17.18 e 21.5 falam dos atos do santuário central, o que, provavelmente, incluía o dever da passagem presente, pelo m enos nos casos onde isso fosse possível. 21.3 Tom arão uma novilha da manada. Esse animal nunca deveria ter sido sujeitado a jugo. Ele seria morto, pois o homem também fora morto, pelo que o abate do animal identificaria os dois, um com o outro. O sangue da novilha era derramado, e, mediante uma espécie de ato vicário, a terra era purificada do sangue inocente da vítima assassinada, que estava poluindo a terra. Todo homem presente declararia a sua inocência quanto ao assassinato que tinha sido com eti do. Yahweh cuidaria então do assassino, para que ele não escapasse incólume. Mas o ritual declararia inocência diante de Yahweh, rogando-Lhe assim que náo julgasse a terra por causa do sangue inocente que fora violentamente derramado. Nenhum crime é uma questão individual. Polui a com unidade inteira, pelo que toda a com unidade deveria cuidar da questão. A quebra do pescoço da novilha sim bolizava o fato de que o crime merecia a pena capital; mas era a novilha que sofria por isso. Assim sendo, era feita a justiça, pelo m enos até onde era possível ao homem m anipular a questão. O resto era deixado aos cuidados de Yahweh, o qual, sabedor de quem praticara o crime, providenciaria para que o culpado viesse a sofrer um acidente, apanhasse uma doença fatal etc. 21.4 A trarão a um vale. Um vale estéril, não cultivado, era o lugar apropriado para a novilha ser abatida. A novilha não se tinha multiplicado; o vale era infrutífe
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ro; o assassino não havia pe rm itid o que sua vítim a vivesse um a vida frutífera: tudo era estéril. T alvez seja esse o sim bolism o e nvolvido. E o vale sim bo liza va com o uma terra poderia to rn a r-se estéril se os h abitantes de um a região não se resguardassem devidam ente contra o crim e, d eixando que a terra ficasse poluída. Tipologia. Jesus Cristo veio ao m undo estéril a fim de que este produzisse fruto, o que não poderia te r acontecido de outra m aneira. A novilha inocente, que não tivera tido tem po para dar prosseguim ento à vida, sim bolizava o ino cente Jesus, o qual, m ediante a Sua m orte na cruz, purificou a terra de sua culpa. 21.5 Os sacerdotes, filhos de Levi. Os levitas (ver a respeito no Dicionário) convocados por Yahweh oficiariam todas essas cerim ônias sagradas. A bênção seria derramada sobre o povo por meio deles, e Israel continuaria sendo abenço ado, pois a culpa pelo sangue teria sido obliterada pelo ritual. Eles tinham o poder, conferido divinam ente, para resolver disputas, controvérsias e situações com plica das. E dentro de seus deveres estava a questão de solucionar o problem a da polução da terra. Isso havia resultado de controvérsias, golpes e ferim entos, após o que o assassino tinha conseguido fugir, sem ser identificado. Mas Yahweh cuidaria disso. “Esse ritual, até certo ponto, é sim ilar àquele retratado em Números 19.2-10 (cf. também Lev. 14.4-7). Nesse caso, o animal sacrificado tom ara o lugar do crim inoso (ver Lev. 1.4). Os sacerdotes, filhos de Levi, ou seja, os sacerdotes levitas do santuário central, e não os levitas que residissem na cidade (ver Deu. 18.1), oficiariam ” (O xford Annotated Bible, com entando sobre os versículos 4 e 5 deste capítulo). Ver também Deu. 17.8-11. 21.6 Os anciãos desta cidade. Ou seja, aqueles que viviam na cidade mais próxim a do local do crime. Esses lavariam suas mãos por sobre a novilha, depois que ela tivesse sido decapitada. E isso sim bolizava a inocência, tanto deles quan to de toda a terra, livrando-a assim da culpa pelo sangue. Ver Sal. 26.6 e Mat. 27.24. Algumas fontes inform ativas judaicas fornecem -nos uma descrição da cena do ritual, o qual ocorria perlo de uma corrente de água. A água usada para a lavagem continuava seu curso, e o sangue do sacrifício era levado para longe. Alguns intérpretes cristãos vêem aqui um sím bolo do sangue de Cristo, o qual purifica a terra. Ver no Dicionário os artigos cham ados Sangue, Expiação e Expi ação pelo Sangue. E na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, ver o verbete intitulado Expiação pelo Sangue de Cristo. 21.7 As nossas mãos não derram aram este sangue. Aqueles que tivessem efetuado o rito determinado não haviam derram ado sangue inocente. Por conse guinte, estavam inocentes em todos os aspectos. Eles não estavam protegendo o assassino desconhecido. E assim , a nação toda estava inocentada por Deus, excetuando, com o é claro, o assassino que tinha escapado à detenção. E agora, Yahweh teria de fazer justiça diretam ente com o culpado. O ritual confirm ava a inocência do povo através das palavras ditas pelos anciãos da cidade, e a terra ficava livre da culpa pelo sangue. O ato de sacrifício da novilha, acom panhado pelas palavras dos anciãos, efetuava a expiação. E Yahweh não retaliaria contra Israel por causa da culpa pelo sangue inocente. Os anciãos incorporavam em si mesmos, simbolicamente, todo o povo de Israel. E todos eram assim beneficia dos. 21.8 Sê propício ao teu povo Israel. Os anciãos precisavam clam ar a Deus, pedindo m isericórdia, pois, se a terra ficasse poluída pela culpa pelo sangue inocente, certam ente Yahweh haveria de descarregar um juízo severo contra toda a nação. Ver o trecho de Deuteronôm io 19,10,13 quanto ao poder poluidor de sangue inocente derramado, capaz de am eaçar de juízo divino a nação de Israel inteira. Logo, fazia parte das responsabilidades da com unidade e dos sacerdotes impedir que Yahweh descarregasse Sua justa ira contra o povo. A expiação tinha de ser feita com esse propósito. Os Targuns de Onkelos e Jonathan deduzem que essas palavras fossem proferidas pelos sacerdotes. Mas outros intérpretes preferiram supor que fossem ditas pelos anciãos da cidade mais próxima. Nossa versão portuguesa opta por esta segunda posição. Fosse como fosse, o fato é que orações intensas eram feitas, im plorando pela m isericórdia divina. Um ponto interessante é que fontes informativas judaicas deixam claro que, se o assassino, até então não-identificado, chegasse a ser descoberto depois daqueles ritos, ainda assim seria executa do (ver Mishna H iichot Rotzeach, cap. 9, sec. 7).
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21.9 Assim elim inarás a culpa pelo sangue inocente. Este versículo é um sumário. Agindo assim, o povo de Israel “elim inaria” toda culpa pelo sangue de seu território, e Yahweh não im poria juízo, apesar do fato de que o assassino tinha conseguido escapar, pelo m enos até onde os homens pudessem fazer algu ma coisa. Yahweh cuidaria do resto, im pondo uma justiça privada contra o culpa do, contanto que os filhos de Israel cum prissem os ritos determinados. Alguns estudiosos criticam o rito, com o se ele envolvesse artes mágicas. É verdade que todos os ritos podem ser assim em pregados, mas parece que os israelitas agiam por puro espírito de obediência, com o uma purificação simbólica. Yahweh é apre sentado como quem respeita símbolos, quando os homens nada tem de mais sólido para Lhe oferecer. Tratam ento a M ulheres Cativas (21.10-14) Uma guerra santa produzia grande número de mulheres viúvas, pois seus maridos teriam morrido em batalha. Isso era o caso especial em guerras efetuadas contra cidades que ficavam fora das fronteiras da Palestina. Ver Deu. 20.10-18 e, particularmente, os vss. 10-15 desse capítulo, que abordam tais lugares. A ordem baixada por Yahweh era a de que todos os hom ens da cidade conquistada fos sem mortos, mas os filhos de Israel poderiam ficar com as mulheres, as crianças, os anim ais domésticos e todas as riquezas m ateriais (vs. 14). Mas as cidades que ficavam dentro das fronteiras da Palestina sim plesm ente tinham todos os seus habitantes mortos, em uma terrível obliteração (vs. 16). E assim, se enquanto as árvores eram poupadas, as pessoas não o eram (vss. 19,20). A seção à nossa frente regulamentava a questão das mulheres capturadas em batalha. Como é óbvio, elas seriam incorporadas à vida sexual e aos casam entos da comunidade israelita, tornando-se pessoas que seguiam a fé dos hebreus, tal como sucederia a seus filhos. Era m ister que houvesse regras divinas para guiar o procedimento a ser seguido quanto a tais questões. 21.10 Quando saíres à peleja. Yahweh tinha ordenado a guerra santa, e Ele mesmo tinha conferido a vitória. Prisioneiros de guerra eram feitos. Mas esses prisioneiros com por-se-iam som ente de m ulheres e crianças. Israel não podia tom ar homens cativos, nem m esm o com o propósito de reduzi-los à servidão, o que era uma prática comum no m undo antigo.
21.11 Uma mulher formosa. Os homens de Israel estavam proibidos de casar-se com mulheres cananéias, ou de qualquer das sete nações que haviam ocupado a Palestina antes deles (ver Deu. 20.16-18). Dessa maneira, pois, impedia-se a ado ção de costumes pagãos, incluindo a prática da idolatria. Mas mulheres de outras nações, como moabitas, sírias e edomitas, eram aceitáveis para efeito de matrimô nio, contanto que fossem incorporadas à com unidade hebréia e adotassem a fé em Yahweh. Ver Deu. 7.1,3,4, quanto a outras proibições contra os filhos de Israel casarem-se com mulheres nativas da Palestina. Naturalmente, havia inúmeras ex ceções, pois Israel nunca obedecia a essas regras de form a muito obediente. Mulheres Bonitas. Entre as pessoas cativas de guerra, haveria pelo menos algumas mulheres bonitas. Visto que a poligamia era a regra vigente, tanto homens solteiros quanto casados estariam cobiçando tais mulheres. O homem que quisesse ficar com uma mulher teria de contrair matrim ônio com ela. Não eram permitidas a violação e a promiscuidade, embora, novamente, houvesse muitas exceções. O povo de Israel não obedecia rigidamente às suas próprias regras de conduta.
Então ela recebia roupas novas, sím bolo da nova vida que ela estava adotan do. Muitos intérpretes judeus supõem que muitas mulheres vestiam -se com seus melhores trajes, a fim de atrair a atenção de seus captores, para que assim tivessem melhores chances, embora seus maridos tivessem sido m or tos em batalha. 4. A m ulher ficava encerrada na casa de seu futuro marido. Um casamento estava prestes a ocorrer, e assim não deveria ficar vagueando e tentando seduzir outros homens. Outrossim, podem os im aginar que ela também estava sendo protegida. Nem todo homem lá fora estaria interessado em casamento. Sem dúvida havia muitos estupros secretos de m ulheres cativas. A lguns escri tores antigos chegaram a falar do direito que tinha um soldado a uma mulher estrangeira, por uma vez, sem que isso arcasse com nenhum a responsabilida de. (Assim lemos em H ilchot Melachim, cap. 8, sec. 2.) 5. A perm anência da mulher, na casa de seu futuro marido, perdurava por um mês. Esse era um período de preparação para o casamento, conform e ficou sugerido nos pontos anteriores, embora também fosse um período de luto quanto aos entes amados que ela tivesse perdido na guerra. Presumivelmente, esse seria tempo suficiente para ela esquecer-se do passado. Um m ês era o tempo usual para que se lam entasse os mortos (Núm. 20.29 e Deu. 34.8). Se todas essas condições fossem preenchidas, o homem então poderia ca sar-se com a m ulher cativa. Porém, se o homem m udasse de idéia durante esse período, não estava obrigado a prosseguir até a cerim ônia do casamento. E mesmo que tivesse chegado a casar-se com a mulher, não tinha obrigação de continuar casado com ela, sem im portar as razões que pudesse ter para deixá-la (vs. 14). 21.14 E, se não te agradares dela. Este versículo dá a entender que o casamento tinha ocorrido, mas, após algum tempo (que não foi determinado), o homem poderia dissolver a união. Ele não tinha nenhum a obrigação de continuar casado com a mulher, nem havia condições para ele desfazer o laço. O homem sim ples mente tinha m udado de idéia. Porém, se chegasse a dissolver o casamento, não poderia vendê-la como escrava para outro homem. Portanto, tem os aqui um jogo de leis relativam ente humanas, pelo m enos superior às práticas pagãs, no tocante ao casamento com m ulheres cativas. Alguns estudiosos pensam que a mudança de idéia do homem deveria ter ocorrido “antes” da consum ação do matrim ônio. É possível que isso reflita a verdade do caso, mas a outra idéia parece mais correta, pelo que desfruta do apoio da m aioria dos com entadores judeus. Uma vez dissol vido o casamento, a m ulher estava livre, e podia continuar a sua vida, talvez até casando-se de novo, se assim preferisse fazer. Leis sobre a Poligamia e as Heranças (21.15-17) Maom é perm itiu que seus adeptos tivessem até cinco mulheres, mas exigiu que fossem tratadas com igualdade. Alguém já observou que isso, na realidade, é uma lei em favor da m onogam ia, visto que é im possível alguém cum prir essa condição de igualdade de tratamento. A breve seção que passam os a com entar pressupõe que a poligam ia resultasse em um tratam ento diferenciado dado às esposas, pois uma seria am ada e as dem ais desprezadas. E os filhos nascidos das mulheres mais favorecidas tam bém tenderiam por receber um tratam ento diferenciado. As regras que se seguem, pois, visavam a im pedir esse tipo de discrim inação. As regras como que diziam, na realidade: “Trata tuas m ulheres de modo diferente, se assim quiseres; mas trata teus filhos sob condições iguais, obedecendo às leis regulares das heranças” . Assim , o tratam ento conferido às mulheres era diferenciado; mas os filhos eram todos tratados da mesma maneira, obedecendo às leis regulares relativas às heranças. Um filho primogênito conti nuaria sendo o filho primogênito, recebendo dupla porção da herança, m esm o que não fosse filho da esposa favorita.
21.12,13 21.15 Preparação para o C asam ento: 1. A mulher cativa, desejada com o esposa, era escolhida, e, sem dúvida, havia barganhas entre os homens, bem com o disputa, pelas realmente belas. O texto não nos mostra com o essas disputas eram resolvidas. Fosse como fosse, um homem escolhia e adquiria uma mulher. 2. A m ulher tinha sua cabeça rapada, e suas unhas eram aparadas. Isso sim bo lizava “a perda da antiga vida e identificação”. Para a mulher, isso representa va uma “hum ilhação” , pois os cabelos longos eram m uito prezados no Oriente Próximo e Médio. Tais coisas tam bém serviam de preparações psicológicas para a nova identidade. Alguns intérpretes falam em estragar a beleza da mulher. Sua beleza antiga havia term inado; e agora haveria de adquirir uma nova beleza, pertencente exclusivam ente a seu marido. Sua nova identidade incluía instruções quanto ao yahwism o, abandono da idolatria e adoção da legislação e dos ritos mosaicos. 3. As vestes antigas da m ulher eram jogadas fora, talvez até queimadas, o que servia como outro sím bolo de que ela estava abandonando sua vida antiga.
Uma a quem ama, e outra a quem aborrece. O ideal original, quanto ao casamento, era o da m onogamia. Mas a poligam ia acabou sendo a prática gene ralizada. Ver no Dicionário os artigos cham ados Monogam ia e Poligamia. A poli gamia, contudo, apesar de suas desvantagens, contava com norm as que busca vam proteger os direitos das mulheres. Assim, uma segunda mulher seria m elhor do que uma mulher só, reduzida a um objeto de prazer sexual, sem o envolvimento nem de responsabilidades nem de direitos. Todas as sociedades, na prática, são polígam as, m as sem os direitos conferidos pela instituição do casam ento monogâmico. Assim sendo, embora Jesus tenha mostrado o ideal (ver Mat. 19.4,5), a sociedade judaica há muito se tinha tornado poligâm ica. Essa condição, com o é lógico, produz os seus próprios problem as, e sempre haverá, de acordo com esse sistema, alguma primeira, segunda ou terceira esposa que é negligenciada e sen/e de alvo de abusos, A natureza humana corrom pe tudo. Este versículo fala sobre uma esposa amada, e outra, desprezada. As pesso as e as circunstâncias m udam. Uma esposa querida pode vir a tornar-se um
DEUTERONÔMIO entrave e um objeto desprezado. Além disso, um indivíduo pode casar-se com uma pessoa que, realmente, não lhe seja com patível. Não é para adm irar que, dentro do casamento poligâmico, haja tantas diferenças de tratam ento conferido às esposas. Brigham Young, um grande pioneiro americano, líder dos mórmons, tinha nada m enos que trinta e duas esposas, de acordo com a contagem de alguns estudiosos, ou dezenove, de acordo com outros cálculos. A maioria delas ficava em uma espécie de edifício longo, com muitos quartos (dormitórios), que era chamado e continua sendo conhecido com o “a casa das abelhas”. Até hoje essa construção pode ser vista no centro de Salt Lake City, no estado am ericano de Utah. No entanto, ele tinha uma esposa favorita, que vivia em uma casa separada, em um lugar diferente da cidade. E somos inform ados de que ele passava em com panhia dela a maior parte do tempo. Poderia facilm ente acontecer, conform e vem os neste versículo, que o filho primogênito de um homem tivesse nascido de uma esposa desprezada ou negli genciada. E isso criava um problem a de herança. O texto que ora comentamos requer uma adesão estrita às leis da primogenitura. Ver no Dicionário o verbete chamado Primogênito. 21.16,17 No dia em que fizer herdar a seus filhos. Provavelmente era doloroso um homem ter de dar uma herança m enor a um filho da esposa “amada". Podemos supor que esse filho fosse também o favorito. Além disso, um filho da mulher que era aborrecida por seu marido teria m enos prestígio, se é que também não fosse aborrecido, como o era a sua mãe. Mas a lei da prim ogenitura determinava que a um filho primogênito fosse dada dupla porção da herança. Todavia, a lei como que preceituava: “Que o pai sofra a sua dor. O que ele não pode fazer é desviarse das normas baixadas pela legislação m osaica” . A lei protegia os direitos de um filho primogênito, e não perm itia que sentim entos e com plicações m atrimoniais interviessem, alterando ou dim inuindo esses direitos. Quanto à dupla porção de term inada para um filho primogênito, ver o primeiro dos dois pontos do artigo referido. É verdade que o direito de prim ogenitura podia ser transferido (ver Gên. 21.1-21; 25.31,32). Mas este texto não aborda esse aspecto da questão, nem provê espaço para tanto. Disse Jacó a José: “ Dou-te de mais que a teus irmãos um declive montanhoso, o qual tomei da mão dos amorreus com a minha espada e com o meu arco” (Gên. 48.22). Cf. II Reis 2.9. Cumpre-nos lem brar que deveres mais pesados recaíam sobre um filho primogênito. Ademais, ele era o primeiro produto do vigor físico de um homem, pelo que, pelo m enos sim bolicamente, estava acima de outros filhos. Textos como a Mishna Bava Bathra, cap. 8, sec. 5, exibem uma adesão radical à lei da dupla porção que era direito dos filhos primogênitos. Tipologia. Jesus, o Cristo, é o Filho prim ogênito do Pai, o primeiro em uma longa linha de filhos amados. Ver a terceira seção do artigo do Dicionário, intitulado Primogênito, quanto a esse tipo simbólico. “Na antiguidade acreditava-se que os direitos de um filho primogênito eram inalienáveis (ver Gên. 25.29-34). Essa lei situava esse direito acima de qualquer preferência ou rivalidade no seio da fam ília” (O xford Annotated Bible, comentando sobre o versículo 16 deste capítulo). Um Filho Desobediente e Rebelde (21.18-23) Os estudos no campo da genética têm demonstrado que, quando um filho se torna um homem de bem, seus pais deveriam receber m enos crédito por isso do que geralmente recebem. E, quando um filho se torna um homem errado, seus pais deveriam ser considerados m enos culpados do que geralmente sucede. Grandes são as questões envolvidas nisso de genética racial e familiar, que nem sempre o treinamento familiar, por melhor que seja, consegue alterar. Um indivíduo traz consi go uma tremenda bagagem, que é a herança da raça, e não meramente de seus pais. Essa herança inclui até mesmo atitudes morais; e, se essas atitudes forem perversas, todo o treinamento dado pelos pais pode não surtir grande efeito contrá rio. Naturalmente, há de ser levado em conta o poder de Deus, mas também há o fator do livre-arbítrio humano, que Deus permite que opere, a fim de que o desenvol vimento espiritual seja algo genuíno, e não somente uma imposição robotizada. Os estudos sobre a crim inalidade têm m ostrado, mui definidam ente, que existe aquilo que tem sido cham ado de m ente crim inosa. É provável também que estejam envolvidos defeitos genéticos em tudo isso. Aqueles que acreditam em reencarnação supõem que uma genética defeituosa possa ser criação de vidas passadas. Mas sem im portar esse conceito, o fato é que uma pessoa chega a este m undo com suas qualidades essenciais, boas e más. O desenvol vim ento espiritual pode transform ar e aprim orar; m as o m ais com um é que a antiga bagagem genética acabe predom inando na vida. Assim sendo, apesar de ser sem pre consternador para um hom em bom te r um filho mau, ao qual procu ra treinar quanto aos cam inhos espirituais, o hom em bom deveria relem brar que seu filho é tam bém produto do gênero humano, e que o gênero hum ano está caído no pecado. Existem m uitos defeitos espirituais na raça hum ana que, com freqüência, acabam neutralizando todo e qualquer treinam ento recebido no lar.
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G êm eos separados por ocasião do nascim ento e criados por fam ílias diferentes, e em diferentes áreas geográficas, a despeito de tudo isso, acabam vivendo vidas notadam ente sem elhantes. Eles chegam m esm o a com prar autom óveis da m esm a cor, a casar-se com cônjuges do m esm o nome, e seus filhos rece bem nom es idênticos. Há m istérios envolvidos nesses casos, e dispom os de evidências para crerm os que qualquer pessoa (m esm o que não tenha nascido com o um gêmeo) está envolvida no m esm o tipo de “program ação” , com base na genética, na m em ória racial etc. Israel era governado por leis estritas e até mesmo brutais que governavam a conduta dos filhos. M as devem os lem brar que a comunidade e a unidade da nação também estavam envolvidas, e que havia aquela toda-poderosa obsessão com a “lei” , a base m esm a da unidade nacional. Um filho rebelde, portanto, repre sentava uma ameaça a essa unidade, e essa ameaça precisava ser removida antes que tal filho sem easse a desarm onia entre outras pessoas. 21.18 Um filho contum az e rebelde. Um filho rebelde não ouve nem obedece. A autoridade paterna é com o nada para ele, e as palavras gentis de sua mãe caem em ouvidos surdos. Ele se m ostra rebelde, duro e teim oso. C oisa algum a é capaz de m udar-lhe o rum o. Tam bém inclina-se por cum prir desejos perver sos, e planeja com eter desordens. Tal jovem já nasceu com uma espécie de m ente crim inosa. As pessoas assim são diferentes m esm o quando ainda bem pequenas. Suas diferenças não são produzidas pelo m eio am biente, nem por maus exemplos ou por um treinam ento errado. Elas são sim plesm ente malfazejas, desde o com eço, continuam ente inclinadas para o mal. Nós, da Igreja, com freqüência nos tem os esquecido dessa possibilidade; e assim , quando um filho com eça a praticar o que é errado, costum am os dizer: “Oh, se ao m enos eu tivesse feito de m odo diferente isto ou aquilo!” . Mas em bora nessas observa ções haja o reflexo de algum a verdade, na m aior parte das vezes, a despeito do que fizem os ou poderíam os ter feito, o jovem ou a jovem sim plesm ente é m es mo ruim. A m ente crim inosa chega m esm o a encontrar satisfação se for apa nhada em flagrante. Isso provê a oportunidade de aplicar sua esperteza e astú cia, a fim de m itigar ou m esm o elim inar algum castigo sério. Para um jovem assim tendente para o mal, o crim e pode ser divertido e excitante, tornando-se uma m aneira interessante de viver. Um dos piores crim inosos de toda a história do crime, nos Estados Unidos da América, era filho de um piedoso ancião dos Irmãos de Plymouth. Ele m atava e mutilava as suas vítimas, e sua consciência parecia inteiram ente apagada. E, no entanto, fora criado em um lar evangélico muito ordeiro, e todas as sem anas freqüentava os cultos, várias vezes por sem ana. Tenho ficado boquiaberto ao observar, em meus próprios dias, quantos filhos de pastores evangélicos têm term inado seus dias na prisão, por causa de crim es sérios. 21.19 Pegarão nele seu pai e sua mãe. O jovem tornara-se culpado de extrema violação do quinto mandam ento: “Honra a teu pai e a tua m ãe” (Êxo. 20.12). E isso apesar de todas as advertências e tentativas de disciplina. De acordo com os ditames da legislação mosaica, agora só havia um curso de ação possível para os pais do jovem: execução oficial por apedrejamento. “No livro do Pacto, um filho que ferisse ou am aldiçoasse a seus pais era condenado a receber a pena de morte (ver Êxo. 21.15,17; Lev. 20.9). E, de acordo com a antiga lista de maldições, citada no capítulo 27 do Deuteronômio, um filho que am eaçasse pai ou mãe, de m aneira frívola, era maldito (Deu. 27.16). Na passagem à nossa frente, um filho com pletam ente em pedernido e inútil tinha de ser executado. Isso não era feito pelos próprios pais do jovem, mas pela comunidade, após uma decisão judicial tomada pelos anciãos da cidade. Dessa forma, a comunidade expurgava-se de uma chaga que era uma fonte de m aldade” (G. Ernest W right, in loc.). À sua porta. Onde eram efetuados os julgam entos form ais, de form a públi ca, para que houvesse um exem plo que fizesse outros filhos tem er. Cf. Deu. 22.15; Jos. 20.4; Jó 29.7. A lei era adm inistrada naquele lugar conspícuo da cidade. 21.20 Este nosso filho é rebelde e contum az. As primeiras testem unhas contra o jovem rebelde eram os seus próprios pais. Provavelmente havia outras testem u nhas, porquanto nenhum a execução poderia ocorrer sem que houvesse uma investigação completa. Cf. Deu. 19.15. Tudo tinha de ser confirm ado por, pelo menos, duas testem unhas. Investigações precisavam acom panhar qualquer caso que pudesse resultar em punição capital (19.18). Ver também Deu. 17.4 e 9. A passagem de Deu. 13.12-14 enfatiza as m esm as coisas. Não se permitia testem u nho por ter ouvido dizer, em qualquer dos tribunais de Israel. O trecho de Deu. 19.17 alude ao fato de que tudo era feito “perante o Senhor” . Yahweh é quem
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havia estabelecido a ordem a ser seguida pelos tribunais de Israel. Se um homem tivesse de atuar com o um ancião ou juiz, então tinha de agir com o representante do Senhor. A conduta do jovem m ostrava ser condenável quanto a vários aspectos. Ele era desobediente; ria-se das instruções dadas por seus pais; vivia entre festas e era viciado no alcoolism o; não trabalhava; e em tudo mostrava ser um sujeito indigno, uma desgraça para a sociedade. Cf. Pro. 23.20. A Mishna Sanhedrin, cap. 8, sec. 3, amplia os crim es de um filho assim, e m ostra que ele se deixara envolver em crimes públicos com o o furto, a invasão de residências etc.
21.21 O apedrejarão, até que morra. Uma vez que o julgamento desvendara a culpa do jovem, o passo seguinte consistia na execução capital por apedrejamento. Ver no Dicionário o artigo chamado Apedrejamento. O apedrejamento era feito por ‘Io dos os homens”, ou seja, por um grupo representativo bastante numeroso. Era uma coisa terrível, nunca mencionada com o algo que realmente aconteceu em Israel, pelo menos durante os tempos do Antigo Testamento. Assim sendo, presume-se que aquilo que é descrito neste texto não fosse um acontecimento corriqueiro. O Targum de Jonathan inform a-nos que um filho, ao enfrentar tão drástica punição, tinha a oportunidade de arrepender-se, recebendo assim uma segunda chance. Caso aceitasse o oferecimento, não seria executado, mas apenas rece beria algumas chibatadas. Mas m esm o assim som ente se seus pais falassem em seu favor, no mom ento mais crítico. Caso assim não fizessem os seus pais, a execução teria lugar. Rashi observou que é m elhor que um homem tenha a sua vida cortada do que continuar a viver e m ultiplicar mais ainda os seus crimes, pelo que a execução, em tais casos, seria um favor! Talvez haja algum a terrível verda de por trás de um parecer assim. O tem or espalhar-se-ia por todo o território de Israel, quando o povo ouvisse que houvera a execução capital de um filho rebelde, e isso agiria como preventivo e purificação.
21.22 Assim elim inarás o mal do meio de ti. A nota de sumário, que constitui este versículo, generaliza a questão. Mas tam bém havia outras razões pelas quais um homem podia ser executado em Israel. Um filho rebelde não era a única pessoa que m erecia ser eliminada dentre os vivos. Um crim inoso qualquer, uma vez morto (mediante apedrejamento, à espada, estrangulado, na fogueira — que eram métodos com uns de execução), era então pendurado em uma árvore. O enforcam ento não era um dos m étodos de execução em Israel. Ver no Dicionário os verbetes intitulados Enforcam ento e Crimes e Castigos. Alguns eruditos crêem que devem os pensar aqui em crucificação, mas não é isso que está aqui em vista. Pendurar o cadáver de uma pessoa em uma árvore servia para expor seu corpo à desgraça pública, que se supunha funcionar com o uma m edida preventiva, capaz de dim inuir a taxa de crim inalidade na terra. Enforcam ento autêntico só é m encio nado em toda a Bíblia no livro de Ester (5.14; 6.4 etc.). Mas há aqueles que pensam que o que está aqui em pauta não é bem o enforcam ento, e, sim, a empalação. Paulo, em Gálatas 3.13, alude a esta passagem, e refere-se à crucifi cação, mas a sua referência é bastante frouxa, não tendo por propósito servir de paralelo a nenhum modo de execução usado no Antigo Testam ento. Tipologia. A morte expiatória de Cristo é ensinada em Gálatas 3.13 e seu contexto, onde tam bém há um a alusão a esta passagem de Deuteronôm io. “C ris to, uma vez sob a m aldição divina, foi capaz de redim ir-nos da maldição da lei" (Jack S. Deere, in loc.). Ver no Dicionário o artigo cham ado Expiação. 21.23 Seu cadáver não perm anecerá no m adeiro durante a noite. O corpo de uma pessoa executada era pendurado em uma árvore, onde ficava exposto ao opróbrio. Mas não podia ficar ali durante a noite, até o dia seguinte. O corpo precisava ser sepultado no m esm o dia em que tivera lugar a execução, a fim de que a terra não viesse a ficar cerim onialm ente imunda. V er no Dicionário o verbe te intitulado Limpo e Imundo. Cf. Jos. 8.29; 10.26,27; I Sam. 31.10; II Sam. 4.12. “Ninguém peca sozinho. O que uma pessoa faz envolve outras pessoas do seu grupo, que participa da vergonha de suas más ações” (Henry H. Shires, in loc.). Ficar pendurado em uma árvore era reservado aos piores criminosos. A com uni dade inteira entrava em desgraça por causa de tais indivíduos. Estes não eram sepultados no sepulcro da família, mas em lugares especiais, providos pelo Sinédrio. Havia um lugar para aqueles que fossem apedrejados ou mortos na fogueira; e outro para aqueles que fossem m ortos à espada ou por estrangulam ento (Sanhedrin, cap. 6, sec. 5). Pelo m enos assim ditavam os costum es de uma época posterior. Os crim inosos eram pessoas am aldiçoadas p o r Deus. E isso sublinha a enormidade de seus pecados. Adam Clark, com entando (in loc.), expressou cho que diante da enormidade de todo e qualquer pecado.
C oisa a lgum a é d ita aqui sobre o d e stin o da a lm a e sobre seu ca stig o após a m orte b io ló gica . Essa d o u trin a só veio a ser d e se n vo lvid a m ais tarde, sobretudo no ju d a ísm o do p eríodo in te rm e d iá rio de q u a tro ce n tos anos, entre o A ntigo e o Novo T e sta m e n to ; e, m ais ainda, já d entro do c ris tia n is mo. V er no D icio n á rio o a rtig o in titu la d o Ju lg a m e n to de D eus dos H om ens P erdidos. A Terra Prometida fora concedida ao povo de Israel com o uma herança, ou seja, como parte integrante das provisões do Pacto Abraâm ico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18). Isso posto, o território de Israel era sagrado e não podia sofrer contam inação: em primeiro lugar, se um crim inoso que m erecesse a puni ção capital acabasse não sendo executado; e, em segundo lugar, se o seu corpo fosse deixado pendurado em uma árvore até a m anhã do dia seguinte. Qualquer crime era uma questão que envolvia toda a com unidade, não sendo m eramente uma questão individual.
C apítulo V inte e Dois Regras Gerais (22.1-30) As leis m iscelâneas continuam no capítulo à nossa frente. Estão em foco leis atinentes ao relacionam ento de uma pessoa com seu próximo. Mas tam bém há um apelo em relação à m isericórdia para com os anim ais (vss. 6 e 7). Em segui da, aparecem várias leis sobre o princípio da separação (vss. 9-12). Leis sobre a pureza e a propriedade sexual figuram nos vss. 13-30, e com isso se encerra este capítulo. Por conseguinte, encontram os um grupo de preceitos éticos, que abor dam grande variedade de assuntos, os quais estão vinculados uns aos outros mui frouxamente, sem nenhum a conexão evidente. Tem os aí leis que dizem respeito à decência e às atitudes corretas, quanto aos seres hum anos e quanto aos animais irracionais. Essas leis eram incomuns nas legislações do m undo antigo. A lei do am or ja z à base de considerações dessa ordem, e essa é a lei que sempre devem os aprender a observar, embora nunca a observem os com o realmente deveríamos. Ver no Dicionário o verbete intitulado Amor.
22.1 Restituí-los-ás sem falta. É recom endado aqui o respeito pela propriedade alheia. Os anim ais domesticados form avam uma im portante parcela das riquezas e do bem-estar de um homem. Esses anim ais proviam alim entos e material para confecção de vestuário. Os anim ais que se perdessem pertenciam ao “irmão" que os tivesse perdido. Não podiam ficar com quem os achasse. O “irmão” deveria ser informado sobre a localização dos anim ais desgarrados. Se o proprietário não fosse conhecido pelo homem que tivesse achado os animais, este deveria cuidar deles, até que seu dono, o “irm ão”, viesse procurá-los. É presum ível que, em tais casos, o homem que cuidasse dos anim ais receberia, no mínimo, algum a espécie de recompensa, que cobrisse as despesas que tivera. Essa lei concordava com a lei geral do “am or ao próximo" (ver Lev. 19.18). Ver tam bém Mat. 7.12. Os animais desgarrados, outrossim, mesmo que não fizessem parte do acervo do homem que estivesse cuidando deles, tinham de ser “protegidos” , e deveriam ser devolvidos ao legítimo proprietário. Esse tipo de atitude e de atos deve se r contrastado com o que costuma acontecer, por exemplo, em algum a estrada brasileira, quando um cam inhão car regado sofre acidente. As pessoas que vêem a ocorrência sentem -se livres para assaltar o caminhão e levar o que bem entenderem ! E assim o proprietário, além de perder o caminhão, tam bém perde a mercadoria. O versículo que ora com entam os ensina uma atitude básica, e não m eram en te um ato isolado. Um homem deve interessar-se pelo que contribui para o bemestar de seus sem elhantes; e então agir de uma form a que garanta isso. Não deve desviar os olhos para outro lado, deixando que os anim ais do próximo se extraviem e provoquem prejuízo ao proprietário. Cf, Êxo. 23.45, onde acham os algo similar. Mas o texto presente adiciona uma motivação interior de amor, como aquilo que leva um homem a agir de modo correto. O original hebraico parece dar a entender que o extravio foi causado pelo ato violento de algum animal. Nesse caso, quem achasse os anim ais alheios precisa va protegê-los de algum possível ataque. O term o aqui traduzido por “extraviado” pode ser traduzido por “afugentado” .
22.2 Se teu irmão não for teu vizinho. Se o anim al pertencesse a um homem desconhecido para quem o achasse perdido, então, por te r m isericórdia do anim al e em espírito de am or ao próxim o, deveria cuidar do anim al e fazer investigação para poder devolvê-lo ao legítim o proprietário. V er Isaías 58.7. Um “irm ão” era um concidadão de Israel. Esse tratam ento reflete um avanço na
DEUTERONÔMIO teologia de Israel. Nas páginas do Novo Testam ento, um irm ão é um ser hum a no qualquer, além de ser outro crente, pois todos foram criados por Deus, e, em Jesus Cristo, todos podem ser regenerados, quando então a fraternidade assu me um sentido espiritual. V er Levítico 1 9 .Í8 , que diz: “Am arás o teu próximo com o a ti m esm o” . Cf. M at. 7.12. Os Targuns exortavam um homem a cuidar bem de anim ais extraviados. Se seu proprietário não fosse localizado, nem pudesse achar seus animais, então estes se tornavam propriedade de quem os tivesse achado (Pagninus, Montanus). Se o animal costum ava fugir, então o am or requeria que fosse devolvido por cem vezes se necessário (M aim ônides, M ishna Sanhedrin, cap. 6, sec. 4). 22.3 Assim tam bém farás. A m esm a regra que se aplicava a um touro extraviado (versículo anterior) aplicava-se a qualquer outro animal domesticado ou a qual quer tipo de propriedade que alguém perdesse, incluindo vestes, dinheiro etc. Esta passagem ensina-nos que som os guardiães de nosso próximo. Ver no Dicio nário o artigo chamado Amor. Estes versículos ensinam que nos devem os sentir “envolvidos” nas necessidades alheias, mormente quando o próximo tiver sofrido algum tipo de prejuízo. Cf. Tiago 2.15,16 e I João 3.17, que ensinam a “envolvernos". Cf. o envolvim ento do bom sam aritano (Luc. 10.31,32), que ilustra este texto. “Uma gentileza calorosa e interessada pelo próxim o é o fruto da verdadeira religião, sendo algo básico ao caráter cristão. Felicidade e egoísm o não conse guem deitar-se juntos no mesmo leito. Somente aquele que perde a própria vida os encontra” (Henry H. Shires, in loc.). As muitas ram ificações da lei do amor aparecem no capítulo 13 de I Coríntios, e essa é a “ constituiçãd’ do aspecto da fé cristã. 22.4 Sem falta o ajudarás a levantá-lo. Outra m anifestação de am or fraternal consistia em ajudar um homem quando um seu animal sofresse qualquer tipo de acidente. “O texto requer uma ajuda ativa e franca, ao mesmo tem po que proíbe a inatividade. Portanto, para cum prir esse dever requer-se mais que a lei” (G. Ernest Wright, in loc.). Da mesma m aneira que um jum ento podia cair sob o peso de uma carga, e que um “irm ão” tinha de ajudar nessa situação, assim também pode acontecer a qualquer homem que caia sob qualquer carga, quando então precisa ser ajudado por um seu “irmão”. V er o trecho de Êxodo 23.4,5 quanto a uma situação similar, com a diferença de que ali é recom endado am or até mesmo a um inimigo. Esse texto coloca-nos dentro do contexto do Novo Testamento, pois lemos ali Cristo dizer: “Amai os vossos inimigos..." (Mat. 5.44). Jesus ensinou que devemos amar os nossos inimigos, e, no entanto, quase nem podemos tolerar n o ssos vizin h o s . Isso d e m o n stra a p e na s que som os in fa n te s q u a n to à espiritualidade, visto que o am or é a própria com provação do novo nascim ento e da espiritualidade (ver I João 4.7 ss.). Contra o Travestism o (22.5) 22.5 Quando eu era jovem , este versículo era muito discutido nas igrejas evangé licas. Os radicais (entre os quais me punha) desprezavam o uso de qualquer item do vestuário que sugerisse que um homem ou uma m ulher estavam vestindo algo próprio do sexo oposto. Jack S. Deere (in loc.) exibe o espírito de nossos senti mentos ao dizer: “A adoção de vestes próprias do sexo oposto era proibida por que obscurecia a distinção dos sexos, e assim violava um aspecto essencial da ordem criada da vida (Gên. 1.27)”. Talvez, nos dias do Antigo Testam ento, a prática do travestism o estivesse associada ao homossexualism o, conform e acon tece hoje em dia, em alguns poucos casos. Aqueles que se opunham a nós (quando eu era jovem), os radicais, ressaltavam que, em muitas ocasiões, uma mulher mostra-se mais m odesta em seus trajes se estiver usando calças com pri das do que quando está usando um vestido. Além disso, destacavam que calças femininas são talhadas para o corpo feminino, pelo que não são roupas m asculi nas. Porém, eu nunca fiquei im pressionado diante de tais argumentos. Atualm en te, a questão sim plesm ente morreu, e talvez meu antigo radicalismo fosse apenas uma manifestação de legalism o de minha parte. Nossos oponentes também salientavam que este versículo de Deuteronômio acha-se no Antigo Testam ento, e não estam os mais sob as leis m osaicas. Esse argumento para mim parecia ter bastante peso. M esm o assim, até hoje prefiro que as mulheres crentes usem vestidos; mas tenho de adm itir que um vestido é mais sexualmente apelativo do que calças compridas, pelo que, se uma mulher quiser parecer m enos atrativa, sexualm ente falando, que ela passe a usar calças compridas. Não será isso um ponto em favor do uso de calças com pridas por parte das mulheres? Além disso, considerem os que uma m ulher com seus longos cabelos soltos, que use um vestido longo e bem talhado, fica muito mais atrativa, sexualmente, e assim será mais cobiçada do que uma m ulher que use cabelos
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curtos e calças com pridas. Assim, se você quiser re d u zira concupiscência, reco mende que as mulheres cortem curto os cabelos e usem calças compridas. Mas é isso o que elas andam fazendo, afinal. O que posso afirm ar é que o fato de as mulheres usarem cabelos curtos e vestirem calças com pridas pode aliviar muitas tensões. John Gill (in loc.) ilustrou este texto m ostrando-nos com o os deuses e as deusas pagãos, bem como os povos gentílicos, estavam envolvidos em travestismo. Onkelos costum ava proibir, mediante o uso deste texto, que as m ulheres usas sem arm aduras. E outro tanto fazia Josefo (Antiq. 1.4, cap. 8, sec. 43). Adam Clark disse que um homem de nome Clódio (pertencente à alta sociedade roma na) vestia-se com o se fosse uma mulher, a fim de que pudesse m over-se mais livremente entre as mulheres, nos tem pos de festividades. Porém, quando acabou sendo desm ascarado, foi severam ente repreendido. Tratam ento Bondoso para com os Anim ais (22.6) 22.6 Algum ninho de ave. Os anim ais servem para consum o na alimentação humana. Mas a lei im punha certas restrições. É entristecedor pensar em uma ave a chocar seus ovos ou a proteger seus filhotes, para subitam ente serem arrebata dos dali e transform ados em alimento. Seria muito mais correto que um homem buscasse outro alimento. Quanto a mim não tenho dúvidas de que os versículos 6 e 7 deste capítulo exibem am or até m esm o pelos animais, exigindo que os respeitemos. M atar a fim de com er é uma contingência da condição humana; e m esm o que algumas pesso as julguem isso uma prática insensível, ela é quase universal. Talvez o hinduísm o esteja com a razão quanto a esse particular. O trecho de Jonas 4.11 quase certam ente mostra que Deus se interessa pela vida animal, e M ateus 10.29 é até enfático quanto a isso. A desum anidade do homem contra o homem tem sido e continua sendo um grande escândalo do ponto de vista espiritual; mas a cruelda de do homem contra os anim ais tam bém é escandalosa. A lguns in te rp re ta m os ve rs ícu lo s que estam os d is cu tin d o lig a n do -o s não ao se n tim e n to de co m p a ixão , e, sim , à n e ce ssid a d e de “ p ro te g e r o su p ri m ento a lim e n ta r” . Os a n im a is em d e s e n vo lvim e n to d e viam te r a p e rm issã o de cresce r e m ultip lic a r-se , p o is assim h a ve ria m aio r a b u nd â n cia de a lim e n tos. M as essa parece se r um a in te rp re ta çã o b a sta n te su p e rficia l de um ve rsícu lo b íblico. 22.7 Para que... prolongues os teus dias. Uma longa vida foi prom etida aos que obedecessem a esta minúscula seção. A longa vida é, de fato, prom etida aos que obedecessem à lei (ver Deu. 4.1; 5.33; 6.2). Longa vida é prom etida aos filhos obedientes e reverentes a seus pais (ver Êxo. 20.12; Efé. 6.2). Longa vida era prometida aos que não maltratassem as aves e, por via de conseqüência, os anim ais (este texto). Encontramos algo sim ilar em Focílides, Poema Nouthet., vs. 80: “De um ninho não tires todas as aves; poupa a vida da mãe delas; ela produzirá outra ninhada” . Vida longa tam bém foi prom etida aos que cultivassem a honestidade em seus negócios (Deu. 25.15). “A intenção dessa lei era ensinar uma atitude humanitária, com paixão e pie dade por outra pessoa, além de proibir a crueldade, a cobiça e outros vícios semelhantes, e também instruir quanto à doutrina da providência de Deus, o qual respeita as aves. E é possível que nosso Senhor tivesse em vista essa lei, em Luc. 12.6” (John Gill, in loc.). Construindo Casas Seguras (22.8) 22.8 Q uando edificares um a casa nova. Essa norm ativa só pode ser e n con trada aqui, em toda a B íblia. Parte do código referente às construções era im pedir quedas e ferim entos ou m esm o m ortes de pessoas que caíssem do telhado plano das casas. A s casas antigas, p e lo m enos antes dos períodos bizantino e árabe, na Palestina, eram co n stru íd a s com telhados planos, e as pessoas subiam sobre ele à tardinha, onde se punham a m editar, orar etc. Portanto, se não houvesse algo que im pedisse tal coisa, as quedas dali eram freqüentes. B astava a adição de um parapeito para im p e d ir isso. Tratava-se de uma parede baixa, em torno das beira d a s do telhado, que im pedia que as pessoas rolassem do telhado de uma casa abaixo. Jarchi cham ou essa co n s trução de cerca. Cf. este v e rs íc u lo com I Sam . 9 .2 5 ,2 6 e II Sam . 11.2. No N ovo T e s ta m ento. ve r M at. 10.27; 2 4 .1 7 e A to s 10.9. O e s p írito d e ste v e rs íc u lo ta m bém era a p lica d o a o u tro s p e rig o s, co m o a n e ce ss id a d e de ta p a r um poço a fim de que um a c ria n ça , ou m esm o um a d u lto , não c h e g a ss e a c a ir ali, p o r a cid e n te . (A ssim e sc re ve u M a im ô n id e s, em H ilc h o t R o tze a ch , ca p . 11, sec. 4.)
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Leis da Separação: Nada de Com binações Incom uns (22.9-11) 22.9 Não semearás a tua vinha. Era m ister m anter a pureza das espécies. As distinções na natureza precisavam ser reverentem ente observadas pelos hebreus. Cf. Lev. 19.19. É provável que Israel pensasse que a ordem criada por Deus requeria a preservação das espécies. Portanto, havia entre eles a m esm a atitude ecológica que anda tanto em voga em nossos dias. Toda espécie de mescla produzia a “degeneração”, conform e lem os neste versiculo. Quanto a maiores detalhes, ver meus com entários sobre Lev. 19.19. M etaforicam ente falando, este versículo ilustra a lei da separação moral, o que também com entei no texto de Lev. 19.19. Cf. o quinto versículo deste capitulo. 22.10 O cruzam ento de espécies produz híbridos m onstruosos ou estéreis. As dis tinções estabelecidas por Deus entre as espécies não devem ser violadas de modo nenhum e em nenhum grau, pois nem ao m enos um jum ento (um animal imundo) podia ser atrelado ao m esm o jugo com um boi (um animal limpo, que podia ser oferecido em sacrifício). Ver a aplicação moral disso em II Coríntios 6.14. “O limpo e o im undo não podiam arar juntos a terra santa de Yahweh" (Ellicott, in loc.). Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo cha mado Separação do Crente. É possível que razões p rá tica s estivessem envolvidas na proibição cons tante neste versículo, pois, com o o touro é anim al de m uito m aior força que o jum ento, poderia haver um a tração desigual, o que seria uma inconveniência (assim pensava Aben Ezra). Mas podem os estar certos de que a proibição era considerada tam bém uma questão m oral e espiritual, e não apenas uma ques tão prática. Plínio (H ist. N atural 1.1, cap. 5) diz-nos que tanto jum entos quanto bois eram usados para puxar o arado, m as nunca juntos. Os africanos usavam cavalos e jum entos, mas nunca bois (conform e disse Leão Africano, Descriptio Africae 1.2. par. 104). 22.11 Não te vestirás. Esta proibição tem paralelo em Lev. 19.19, cujas notas expositivas devem ser consultadas. Cf. Eze. 44.17,18. A lei proibia que se costurassem juntos dois tipos de tecido, tam bém que se usassem dois tipos diferentes de fio em um m esm o tecido. M as usar dois tipos diversos de roupa, ao m esm o tempo, era algo perm itido, contanto que não fossem costuradas uma peça à outra. Os sacerdotes usavam , ao m esm o tem po, peças de roupa feitas umas de linho e outras de lã, m as com o peças separadas, e não costuradas uma à outra.
22.12 Farás borlas. Quanto à lei das borlas ou fímbrias, ver Núm. 15.37-41, onde a questão é exam inada com detalhes. E, quanto a m aiores detalhes ainda, ver no Dicionário o artigo cham ado Borlas. “Até m esm o as vestes do povo de Deus precisavam ser distintas. Sem im portar se com essem , bebessem ou fizessem qualquer outra coisa, deviam fazer tudo para a glória de Deus. Essas leis tinham um lado sim bólico e até sanitário, visando tanto ao bem -estar fisico quanto ao treinamento espiritual do povo de Deus” (Ellicott, in loc.). Leis Atinentes à Conduta Sexual (22.13-30) O sexo é uma força poderosa, além de ser gerador de problemas. E isso tanto no passado quanto no presente. Esta seção apresenta seis leis que proíbem relações sexuais desnaturais ou im próprias. E todas essas regras são apresenta das com um se, embora possam os ter certeza de que todas as coisas que foram proibidas estavam acontecendo. Ver no D icionário o artigo detalhado intitulado Sexo. A lei incluia regras que encorajavam a pureza sexual pré-marital e protegiam uma esposa que fosse acusada falsam ente. Um marido inescrupuloso poderia criar um caso contra a sua esposa, sim plesm ente a fim de livrar-se dela, uma vez que ela caísse em desfavor, ou a fim de recuperar o preço original que ele tinha pago ao pai da jovem, como parte das negociações em torno do casamento. Para evitar toda confusão, era m ister guardar e apresentar evidências da virgindade da jovem. 22.13 Este versículo dá a entender que a seu marido, após algum tempo, veio a desvencilhar-se dela ou para recuperar palpáveis da virgindade dela tinham de
m ulher era virgem quando se casou; que odiá-la; que ele passou a difam á-la para o dinheiro que tinha pago por ela. Sinais ser guardados, a fim de que, em alguma
ocasião futura, acusações falsas pudessem ser rebatidas. Nesse caso, o homem seria severamente castigado em face de seus atos vergonhosos e suas acusa ções falsas. 22.14 E lhe atribuir atos vergonhosos. Este versiculo dá m ostras de ganância e amargura por parte do marido. O divórcio era perm itido, mas tinham de ser segui das certas regras. Ver no Dicionário o verbete cham ado Divórcio. Além disso, a poligamia (ver a respeito no Dicionário) era uma prática comum. Assim era prática comum um homem obter uma ou mais mulheres, sem ter de desfazer-se da primeira. Isso posto, só podem os supor que o homem descrito aqui fora dominado pelo rancor e quisesse prejudicar sua mulher, e talvez tam bém recuperar o dinhei ro que pagara por ela. Por isso m esm o fez acusações falsas contra ela, dizendo que, ao casar-se, descobriu que ela não era m ais virgem (o que, se fosse verda de, autom aticamente poderia facilitar-lhe o divórcio e possibilitar a devolução de todo dinheiro pago por ela). Tais acusações tinham de ser feitas diante do tribunal apropriado. Essas acusações não podiam ser divulgadas, mas um homem sem escrúpulos não haveria de querer obedecer a quaisquer regras. M aim õnides conta-nos com o tal homem tinha de investigar e obter provas sobre com o sua esposa havia perdido a virgindade antes do casamento, para então apresentar evidências ao tribunal (ver H ilchot Naarah Betulah, cap. 3, sec. 6). Fica entendido que a mulher, fosse ela inocente ou não, haveria de negar as acusações. O hom em não podia apresentar somente suas afirmações, mas precisava também m ostrar provas. Mas outro tanto teria de fazer a mulher. Alguém tinha de apresentar provas razoáveis do que estava dizendo. Se o homem perdesse sua causa, seria espancado e teria de pagar uma multa (vss. 18 e 19); e, se a m ulher fosse a perdedora, ela seria executada (vs. 21). E assim, um padrão duplo de justiça acom panhava o caso, do com eço ao fim. 22.15 Então o pai da moça e sua mãe. Os progenitores da m ulher precisavam intervir na questão, apresentando os sinais da virgindade dela ao casar-se, a saber, panos manchados de sangue, no mom ento em que seu him en fora rom pi do por ocasião do primeiro contato sexual. Podemos im aginar que a própria m ulher preservasse tais paninhos, e talvez ela m esm a os entregasse a seu pai a fim de que os guardasse em segurança, para o caso de seu marido, mais tarde, fazer acusações contra ela. Os panos tinham de ser apresentados publicamente no tribunal, e os anciãos decidiriam quanto à questão. M aim õnides adiantou que o Grande Sinédrio, com posto por vinte e três membros, tinha a obrigação de julgar o caso, visto que a situação envolvia uma possívei execução capital (H ilchot N aarah Betulah, cap. 3, sec. 3). Em alguns casos, a injustiça poderia ser o resultado. Em outros, a mulher culpada acabaria escapando, porquanto os meios de prova eram realm ente pre cários, e nenhum a m ulher culpada haveria de confessar seu delito. 22.16 O pai da moça dirá. Ele agiria com o advogado de defesa de sua filha. Ele afirm aria a inocência dela, apresentando todas as evidências que estivessem ao seu dispor, incluindo panos m anchados de sangue. E tam bém alegaria que o verdadeiro motivo das acusações do m arido seria ódio contra ela, e não ativida des sexuais pré-maritais por parte dela antes do casamento. A mãe da jovem não prestava testem unho, nem contra nem a favor, pois às m ulheres era vedado falarem p ublicam ente, diante de ju ize s. Cf. o trecho de I C oríntios 14.34, onde vem os que essa atitude passou para o Novo T e sta m ento. E se o pai da jovem tivesse m orrido ou estivesse incapacitado para defendê-la, então o tribunal nom eava algum m em bro m asculino da fam ília, que fosse parente próxim o, a fim de defendê-la. Os cânones ju d a ico s tam bém salientavam que a mãe de um a jovem não podia dar sua filha em casam ento, se o pai dela estivesse vivo. Isso era pre rro g a tiva do pai (M ishna Sotah, cap. 3, sec. 8). 22.17 O pai apresentaria a defesa de sua filha da m elhor m aneira possível, finali zando com a apresentação dos panos manchados de sangue. Naquele tempo não havia testes de DNA para provar que os panos continham o sangue da m ulher em foco. O pai dela com facilidade poderia preparar de antem ão tais panos. E os juizes tinham de aceitar ou rejeitar os argum entos dele, procurando aplicar a intuição e a sabedoria prática. O m odus operandi do caso, com o é óbvio, estava sujeito a fraude. Nenhum pai haveria de querer apresentar-se no tribunal sem um pano m anchado, independentem ente de sua natureza e origem. Tam bém podiam ser apresentadas testem unhas, como a escrava ou criada que teria visto
DEUTERONÔMIO os panos m anchados de sangue, pouco depois da consum ação do casamento. Amigos da noiva e do noivo também podiam prestar seu testem unho. Tais pesso as, por motivo de segurança, poderiam te r sido cham adas para ver os tais panos, pouco depois da consum ação do casamento, a fim de que, em alguma ocasião futura, pudessem ser convocadas com o testem unhas. “ Registros históricos de várias culturas do antigo Oriente Próximo e Médio referem-se a esse tipo de evidência, sendo dada a público” (Jack S. Deere, in loc.). Adam Clarke assevera que, em seus dias (século XVIII), tais costumes continuavam prevalecendo entre os povos árabes. A lei judaica posterigr parece ter exigido provas mais positivas de virgindade. M atronas exam inavam a mulher antes da consum ação do matrimônio, e então davam testem unho sobre a virgin dade da jovem. Elas seriam testem unhas valiosas; mas essas leis já pertenciam a um tempo posterior ao daquele a que pertence o presente texto. (Assim diz o Talmude, T. Bab. Cetubot, foi. 46.1.)
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sentido, o corpo humano era considerado com o algo sagrado. Homens e m ulhe res são santos por serem filhos de Deus, que é santo” (Henry H. Shires, in loc.). 22.22
Tom arão o hom em, e o açoitarão. Este versículo supõe que o tribunal tivesse dado parecer favorável à mulher. Os juizes tinham chegado à conclusão de que o homem havia trazido falsas testem unhas e, de fato, agira motivado pelo ódio, tal e qual o pai da jovem tinha afirm ado (ver o vs. 16). O homem era severamente espancado, mas não executado. Assim afirmaram Jarchi e o Talmude (T. Bab. Cetubot, foi. 5, 46.1). Em tem pos posteriores, o homem culpado recebia, com o castigo, quarenta chicotadas, m enos uma (Targuns de O nkelos e de Jonathan). E também precisava pagar uma m ulta (vs. 19).
Os vss. 13-30 deste capítulo apresentam seis leis referentes à conduta sexu al dos filhos de Israel. Neste versículo é m encionado o segundo desses pecados: o adultério simples. V er no Dicionário o artigo intitulado Adultério. Esse pecado era castigado m ediante execução. Ver Lev. 18.20; 20.10; João 8.3-11. O adultério é uma quebra do sétimo mandamento-, ver as notas em Êxodo 20.14, onde são expostas muitas idéias atinentes. Tal com o no versículo anterior a este, fica aqui salientado que o adultério constituía um pecado público. Logo, a execução tam bém era pública eliminava tal tipo de pecado do meio da comunidade. Na M esopotâmia, a execução era feita am arrando-se o casal culpado um ao outro e lançando ambos à água, para que m orressem afogados ( Código de Hamurabi, lei 129), embora não tenham restado registros históricos de tal tipo de execução. A falta de evidências, porém, não era um argum ento final. Em Israel, por sua vez, a form a de execução usual era o apedrejamento, embora os rabinos também tenham m encionado o estrangulam ento, o qual, contudo, pode ter sido praticado em algum a época posterior a Moisés. “No cristianismo, o ideal da castidade chegou a seu ponto culminante. A concupiscência torna-se um pecado tão grave quanto o próprio pecado externo (ver Mat. 5.27,28). O corpo do crente é o tem plo do Espírito Santo. O matrim ônio foi instituído por Deus, e chega m esm o a sim bolizar a união m ística entre Cristo e a Sua Igreja” (Henry H. Shires, in loc.).
22.19
22.23
A multa consistia em cem siclos de prata, e tinha de ser paga ao pai da mulher. Há notas com pletas sobre o valor do siclo (que variava de época para época), no artigo intitulado Dinheiro, seção II, e em Pesos e Medidas, IV.c, ambos verbetes do Dicionário. V er as notas adicionais em Êxo. 30.13 e Lev. 27.25. Um siclo era a quantia em dinheiro que um trabalhador comum podia esperar receber no espaço de um mês. Por conseguinte, a multa referida neste versículo, calcula da sobre essa base, era realm ente pesada, forçando o homem a ter mais cautela antes de fazer acusações falsas contra sua mulher. Depois disso, o hom em não podia divorciar-se da mulher, por toda a sua vida. Dessarte, ele recebia um tríplice castigo por causa de sua falsa acusação: 1. Ele era espancado, o que envolvia opróbrio público, tal com o tinha causado sofri mentos m orais à sua mulher. 2. Ele tinha de pagar uma multa. 3. Ele tinha de continuar convivendo com uma m ulher a quem odiava. O vs. 29 deste capítulo parece indicar que o preço usual pago por uma noiva era de cinqüenta siclos. Nesse caso, a m ulta valia o dobro desse preço.
E um homem a achar na cidade. Os vss. 13-30 deste capítulo apresentam seis leis acerca da conduta sexual. Tem os aqui a terceira dessas leis. Uma jovem, prom etida ou noiva de um homem, embora o casam ento não se tivesse ainda consum ado, era tratada em Israel com o m ulher casada, visto que já pertencia ao homem, de conform idade com a lei mosaica. Assim, se tal m ulher mantivesse contato sexual com outro homem, isso seria classificado com o adultério. O versí culo dá a entender que o caso não tinha sido de estupro, mas, antes, que a mulher havia consentido com o ato. Nesse caso, os versículos 23 e 24 deste capítulo são iguais ao versículo 22, e a m ulher e o homem eram apedrejados, tal como se viu no caso anterior. O estupro é descrito nos vss. 23-25 deste capítulo; mas essa já é uma situação totalm ente diferente.
22.18
22.20 Porém, se isto for verdade. Se as evidências indicassem que o homem estava dizendo a verdade, então as coisas ficariam muito perigosas para a m u lher. A defesa do pai da jovem teria falhado, e ele não dispunha de panos m an chados de sangue com o evidência. Sua defesa se reduzira a uma apologia verbal e m eramente circunstancial. Ele teria perdido a causa. O tribunal tinha-se conven cido da culpa da mulher. Em uma época posterior, o Sinédrio fazia suas próprias investigações (assim disse Maimônides, H ilchot Ishot, cap. 11, sec. 12), mas o texto presente não dá a entender isso, no tocante ao tempo descrito. E o caso seria determinado de pronto, e isso com base nos testem unhos e evidências que tinham sido expostos. 22.21 Então a levarão à porta. A justiça era feita imediatam ente. A m ulher “culpa da” era levada até a porta da casa de seu pai e era ali apedrejada até morrer, pelos representantes da cidade. Desse modo, ficava eliminado o mal “do meio de ti” . E as demais mulheres jovens aprenderiam que uma m ulher precisava seguir virgem para as suas núpcias, para que não lhes sobreviesse tão terrível castigo. Ver no Dicionário o artigo intitulado Apedrejamento. A morte por apedrejamento era a execução usual infligida em casos de adultério; em outras oportunidades, porém, era usado o estrangulam ento. E se a jovem envolvida fosse a filha de um sacerdote, então o castigo era morte na fogueira (ver Lev. 20.10; 21.9). Simples fornicação (pecados sexuais antes do casamento) não eram punidos por meio da execução. O adultério era considerado um crime contra a comunidade inteira; e por esse motivo é que os representantes da cidade serviam de executores. Ver no Dicionário o artigo cham ado Adultério. Cf. a natureza pública do pecado referido nos versículos 22 e 24 deste capítulo, e ver tam bém Deu. 13.5. “Os códigos legais dos hebreus esperavam mais da parte das mulheres do que da p a rte d o s h o m e n s , e as p e n a s im p o s ta s às m u lh e re s e ram correspondentemente mais severas. A m ulher era considerada uma propriedade sobre quem o pai e, em seguida, o marido, exerciam direito... Contudo, em certo
Obtenção de uma Esposa. Três m odos eram em pregados: 1. Pagando certa importância em dinheiro à mulher. 2. Assinando um docum ento diante de testem u nhas. 3. Fazendo sexo com a mulher, com o consentim ento dela. Essa terceira maneira era válida, embora não fosse muito aprovada em Israel (Mishna. Kiddushin, cap. 1, sec. 1). 22.24 Então trareis ambos à porta. Visto que tanto o homem quanto a mulher estiveram envolvidos no ato de adultério, e visto que o adultério era um crime público, seriam executados publicamente, por apedrejam ento. Casos legais eram resolvidos nos portões da cidade, onde tam bém eram efetuadas outras im portan tes negociações. As execuções ali feitas eram uma questão pública, e represen tantes da comunidade participavam do lançam ento de pedras. Desse modo, o mal era eliminado da comunidade, em Israel, o que também é dito quanto aos versículos 21 e 22. Se uma m ulher fosse assaltada sexualm ente, sem dúvida protestaria em altos brados, para atrair a atenção de outras pessoas. Na cidade (ver o versículo seguinte), seus gritos presum ivelm ente seriam ouvidos. Mas se o ataque ocorres se no campo (ver o versículo 27), então o provável é que ninguém a ouviria. Em tal caso, ela deveria ser considerada inocente, e o que tivesse sido com etido estava consumado. 22.25 Os vss. 13-30 deste capítulo apresentam seis leis concernentes à conduta sexual dos filhos de Israel. Os versículos 25 a 27 descrevem o caso de estupro de uma mulher que estava noiva, o que, sem dúvida, cobre o caso de uma mulher casada que foi estuprada, pois ambas as situações eram legalmente idênticas. Um campo era considerado um lugar onde, mais provavelmente, ocorreria um caso de estupro, pois, em uma cidade (vs. 23), outras pessoas poderiam ouvir os gritos de socorro e acudir a mulher. Mas, no campo, a mulher poderia gritar à vontade, que ninguém a ouviria, e o ato de violação acabaria sendo consumado. O homem que fizesse tal coisa deveria ser executado, presumivelmente por meio de apedrejamento, tal como foi ordenado nos outros casos em foco (vss. 21 e 24). “O estupro era considerado um crime tão sério quanto o assassinato, razão pela qual era punido com a morte” (Jack S. Deere, in loc.). Adam Clarke informa-nos que em seus dias (século XVIII), na Inglaterra, esse crime também era punido com a morte.
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22.26,27 A m ulher violentada não era considerada culpada, presum indo-se que ela tivesse feito tudo ao seu alcance para evitar o estuprador, e pelo m enos tivesse gritado por socorro. Ela era uma vítima, tal com o uma pessoa assassinada, não sendo culpada de crim e algum. Este versículo classifica o estupro juntam ente com o homicídio voluntário. O Targum de Jonathan inform a-nos que um homem podia divorciar-se de sua m ulher que tivesse sido estuprada, sem a necessidade de nenhum a indagação. O noivo ou marido dela tinha esse direito. “Privar uma m ulher de sua castidade é com o tirar a vida de um ser humano. Com base nessa passagem, M aim ônides conclui que as im purezas sexuais, os incestos e os adultérios são idênticos ao hom icídio” (John Gill, in loc.). Ver Maimônides (H ilchot Yesode Hattorah, cap. 5, sec. 10). 22.28 Os vss. 13-30 deste capítulo apresentam seis leis co n cerne n te s à co n d u ta sexual dos hebreus. T em os aqui a quinta dessas leis. Este ve rsículo e o seguinte descrevem o caso de estupro de um a virgem que não estivesse noiva de nenhum hom em . Em outras palavras, é m encionado aqui o caso de violação sexual de uma jovem solteira, que tam bém era virgem . Se ela não fosse virgem , podem os p re su m ir que nenhum a pena especial estivesse ligada ao estupro. Se isso não fo r verdade, então tem os de co n clu ir que o autor sagrado deixou em branco a m aioria dos casos de estupro, supondo-se que m uitas das jo ve ns so lte ira s e stupradas já não fossem virgens quando da ocorrência do ato. N aturalm ente, estou fa la n d o do ponto de vista dos tem pos m odernos. A m aioria das vítim a s de estupro, em nossos dias, já perdeu a virgindade faz algum tem po. Nos dias do A ntigo Testam ento, porém , e sp e ra va-se sem pre que um a jovem so lte ira tam bém fosse virgem . E assim , de fato, acontecia, na m aioria dos casos. Isso posto, o texto à nossa frente não projeta nenhum a luz quanto ao que os hebreus pensavam sobre o estupro de jovens solteiras não-virgens. Sem dúvida, casos assim envolveriam algum tipo de crime. Mas, se assim acontecia, eles não nos disseram o que pensavam a respeito. É possível que tais casos fossem tão raros em Israel que não atraíam nenhum a atenção da parte dos juizes. 22.29 O homem que se deitou com ela. Está em pauta uma jovem virgem, que também não era noiva. O homem que a possuísse teria de fazer três coisas: 1. Pagaria ao pai da jovem uma m ulta de cinqüenta siclos, que evidentem ente era o preço de com pra de uma esposa. 2. Casar-se-ia com a jovem, sem im portar se queria fazê-lo ou não. 3. Jam ais teria o direito de divorciar-se dela. A multa im posta era bem pesada, visto que os trabalhadores com uns ganhavam apenas um siclo por mês de trabalho. Portanto, a m ulta representava mais de quatro anos de trabalho. Ver o versículo 19 deste capítulo quanto a com entários e referências sobre o valor do siclo. Cf. Êxo. 22.16,17. Essa passagem adiciona circunstâncias possíveis, em que o pai da jovem não perm itisse que ela se casasse com o homem. Em tais casos, apenas a multa era imposta. Sedução? A lguns estudiosos pensam que está aqui em pauta um caso de sedução, e não exatam ente de estupro, pensando que ele não a possuíra à força e, sim, m ostrando-se sedutor, com prom essa de casam ento etc., ou seja, os métodos usualmente utilizados pelos homens para seduzirem as mulheres. Mas a simples leitura do texto dá a entender que houve violência. Contudo, o trecho paralelo de Êxo. 22.16,17 parece aludir a algum caso de sedução, e não de estupro. Por conseguinte, talvez am bos os casos fossem solucionados de uma só maneira. A multa de cinqüenta siclos vaiia quase o dobro do preço de um escravo (ver Êxo. 21.32). As leis assírias (Código A 55) indicavam que tais casos eram trata dos da mesma maneira, embora a multa valesse três vezes mais do que o custo da com pra de uma esposa. 22.30 Os vss. 13-30 deste capítulo apresentam seis leis a respeito da conduta sexual dos filhos de Israel. Tem os aqui a sexta e última dessas leis. O incesto com a própria mãe é proibido. A lguns eruditos crêem que tal incesto teria ocorrido quando a m ulher ainda era casada com o pai do homem. Outros pensam que o que aqui foi proibido é o casam ento com a própria madrasta, depois que o pai do homem já tivesse morrido. Aben Ezra interpretou este versículo estritamente, dizendo que ele proíbe qualquer homem de casar-se com uma m ulher que seu pai tivesse deflorado. Jarchi interpretou-o com o se o versículo falasse de uma tia que quisesse casar-se com outro irm ão (de seu m arido), se este já tivesse morrido, em consonância com a le i oo levirato (ver a respeito no Dicionário). Tal mulher não podia casar-se com o filho do homem que antes tivesse sido seu marido.
C om parar com Deuteronôm io 27.20. Essa passagem é um m andam ento dire tamente dirigido contra o incesto com a m adrasta. Ver tam bém Lev. 18.8 e 20.11, que aborda o m esm o caso. Os capítulos 18 e 20 de Levítico tratam exaustivam en te de form as variadas de incesto e prescrevem punições. Ver o gráfico que apre sentei na introdução ao capítulo 18 de Levítico, que alista os tipos condenados e as penas impostas aos ofensores. Este versículo não m enciona nenhum tipo de penalidade, mas a legislação m osaica era bem clara sobre a questão. O incesto era uma ofensa capital. É curioso que este texto se reporta a apenas um tipo de incesto. Por isso mesmo, alguns eruditos supõem que este versículo atue com o um m em orando breve de todas as leis afins, sem entrar em detalhes. Deuteronôm io é a repetição da lei. Mas é patente que fontes inform ativas diferentes foram usadas, mas não foram empregadas por outros livros do Pentateuco, sendo possível que o caso isolado, aqui mencionado, não fosse um caso representativo, mas apenas um fragmento de tal legislação, vinculado às outras cinco leis m encionadas nos vss. 13-30 deste capítulo. Nos dias de vigência da poligam ia, um homem podia casar-se com várias mulheres jovens. Quando m orresse, seus filhos poderiam interessar-se em casarse com elas. É provável que, sob a alegação de querer quebrar essa lei, Adonias tenha sido executado por ordem de Salomão, quando quis casar-se com a jovem Abisague, a última concubina de Davi (ver I Reis 2.13-25). Assim sendo, se a referência primária do presente versículo parece ser ao incesto com a própria madrasta, enquanto o pai do homem ainda estava vivo, a outra aplicação parece ter sido comum entre os intérpretes judeus.
C apítulo V inte e Três Os Excluídos da C ongregação (23.1-8) Esta s e fã o geral, iniciada em Deu. 21.1, cujas notas devem ser consultadas, tem prosseguimento aqui. Agora encontram os quatro leis acerca de com o alguém podia ou não ser m embro da congregação de Israel, a saber, na com unidade organizada, que se reunia oficialm ente com vários propósitos de adorar e cultuar. A certas pessoas era vedado o acesso a qualquer assem bléia dessa natureza. As leis do Antigo Testam ento eram estritas e não admitiam exceções. A fé cristã eliminou tais leis, atribuindo dignidade espiritual diretam ente ao indivíduo, sem dependência de defeitos físicos, erros com etidos pelos pais etc. Em Israel, porém, esse conceito 8e dignidade era uma questão com unal. Parentes indignos produzi am uma prole indigna. Uma deform ação física, capaz de assinalar um homem, tornava-o indigno de participar da adoração pública ou de atuar com o sacerdote. Pessoas de determinadas raças, que se tinham tornado conhecidas com o prejudi ciais ao povo de Israel, também ficavam excluídas. 23.1 Aquele a quem forem trilhados os testículos. Um “emasculado” não podia participar da adoração comunal. Alguns intérpretes pensam que o homem se automutilara, pois em Israel havia fortes sentimentos contra essa prática. Mutilações dessa ordem geralmente estavam ligadas à idolatria pagã, a qual por muitas vezes requeria que as pessoas se mutilassem a fim de se tornarem adoradores dignos de alguma divindade. A atitude dos israelitas era precisamente a oposta. O homem foi criado por Deus conforme ele é. Aquele que mutilasse propositadamente a criação de Deus pecava contra o seu Criador. E mesmo que um homem tivesse sofrido emasculação por mero acidente, ainda assim era penalizado com a mesma exclusão, por ser um homem não-natural, uma entidade contrária ao dom criativo de Deus. “Eunucos que serviam como cortesãos ou como oficiais dos templos eram comuns no mundo antigo, e as m onarquias de Israel e Judá introduziram-nos, imitando os povos vizinhos (ver II Reis 9.32; Jer. 29.2; 34.19; 38.7 e 41.16). Contu do, em Israel havia a consciência de que Deus não se agradava nem se sentia honrado com mutilações físicas de qualquer natureza. No entanto, foi um profeta de Israel, do século VI A. C., que disse que a misericórdia de Deus estender-se-ia até os eunucos que observassem o Seu pacto, de tal modo que receberiam um lugar e um nome, na família de Deus, com maior dignidade do que o nome de filhos de filhas (ver Isa. 56.4,5; cf. Atos 8.27,28)” (G. Ernest Wright, in loc.). 23.2 Nenhum bastardo. O term o hebraico correspondente é manzer, e é usado em toda a Bíblia som ente aqui e em Zac. 9.6. Esse term o tem causado debates entre os eruditos. Jack S. Deere (in loc.) traduziu-o com o “nascido de um casa mento proibido”. Talvez estivesse em foco um casam ento com um pagão. A prole produzida por uniões m istas não era aceitável com o participante dos cultos públi cos de Israel. Muitos intérpretes, sem embargo, pensam que estão em foco filhos ilegítimos, sem im portar se estivessem envolvidas ou não mães pagãs. Outros
DEUTERONÔMIO intérpretes supõem que estejam em pauta filhos de relações incestuosas, ou filhos de prostitutas cultuais. O trecho de Juizes 11.1-7 m ostra-nos que havia filhos ilegítimos em Israel, cujos pais eram ambos hebreus, a despeito da licença que se dava à poligamia e das leis estritas que se aplicavam à mulher. O judaísm o posterior não perm itia que um filho ilegítim o fosse circuncidado, pelo que também não faria parte do pacto abraâmico. E além disso, tal pessoa não se podia casar com um indivíduo que seguisse a religião judaica. A lei canônica da Igreja Católica Romana proíbe os filhos ilegítimos de rece berem ordens m enores sem autorização do bispo. E tam bém eles não podem ser admitidos às santas ordens, exceto por autorização do próprio papa. Na Igreja Anglicana, não podem ser adm itidos às santas ordens, exceto por autorização do soberano ou do arcebispo. As igrejas evangélicas, por sua vez, ignoram essa proibição do Antigo Testam ento, harm onizando-se muito mais com a graça de Deus e com o espírito do evangelho, embora isso se distancie das atitudes refleti das no Antigo Testam ento. Muitos dos mais notáveis m inistros do evangelho nasceram como filhos ilegítimos. A condição deles, na verdade, não exerce ne nhum efeito sobre sua eficiência e espiritualidade. Em Israel, porém, uma das razões desse conceito era a proteção da herança das famílias. O Problema no Brasil. A Folha de S. Paulo, em julho de 1993, informou que mais de trinta por cento de todos os nascimentos ocorridos em nosso país envolvem mães solteiras. Sendo esse o caso, se houvesse regras concernentes à dignidade de tais crianças, nem a sociedade nem a Igreja brasileiras poderiam funcionar muito bem. A Nova Constituição brasileira, outorgada em 1988, proíbe qualquer tipo de discrimina ção contra qualquer criança brasileira, sem importar a situação de seu nascimento, como filho ilegítimo, incestuoso etc. Diante da lei, são todos brasileiros e todos iguais. “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação" (artigo 227, parágrafo 6S da Nova Constituição de 1988). Essa provisão hum anitária projeta luz sobre aquela lamentável antiga lei judaica, que não som ente lançava no ostracism o o indivíduo, mas também os seus descendentes até a décim a geração.
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sem guerra contra os moabitas; mas tão-som ente que se olvidassem deles. C on tudo, Davi demonstrou boa vontade para com Hanum, o amonita, em bora só tivesse recebido má vontade, em troca de seus esforços (ver II Sam. 10.2). E se algum a guerra fosse iniciada entre os israelitas e os m oabitas ou amonitas, ne nhum tratado de paz deveria ser buscado. Cf. Deu. 20.10. 23.7 Não aborrecerás. O utros povos estrangeiros, contudo, não precisariam ser tratados com igual dureza e negligência. Nem os idum eus nem os egípcios deveriam ser desprezados. Israel já se tinha m isturado com esses povos de modo significativo, e seria praticam ente im possível separar os israelitas desses povos, de form a significativa. Q uanto a outros (descendentes desses povos, que vivessem em Israel), só não podiam entrar na adoração pública após a terceira geração. Os edom itas eram um povo irm ão dos israelitas, visto serem descendentes de Esaú, irm ão gêm eo de Jacó. Os egípcios, em bora tivessem sido senhores de seus escravos israelitas, pelo m enos não os tinham aniquila do, quando isso estava ao alcance deles. Portanto, algum a consideração d e ve ria ser dada aos egípcios. Q uanto à linhagem dos idum eus, ver Gên. 36.40-43. O trato de José com o Egito tinha sido positivo (ver Gên. 37-50). Assim sendo, havia ali algo de positivo no tocante aos filhos que nascessem de casam entos entre hebreus e egípcios, que chegassem a fazer parte da congregação de Israel. fíashi, ao com entar sobre esta passagem , opinou que os m oabitas eram os piores inimigos, por terem levado os israelitas ao pecado, am eaçando assim o bem-estar espiritual deles, ao passo que os outros povos apenas tinham ferido os corpos dos israelitas, em guerras e entreveros rápidos. No entanto, fazer a ques tão do bem-estar da alma entrar no quadro parece anacrônico em relação aos tempos de Moisés. Pode-se supor, neste texto, que os edom itas e egípcios que fossem aceitos se tivessem convertido ao yahwism o. Assim lemos no Targum de Jonathan. Natu ralmente, isso exprime uma verdade, visto que a questão em foco era quais estrangeiros teriam direito a acesso à adoração pública em Israel.
23.3-5 23.8 Nenhum am onita, nem m oabita. Certas raças estrangeiras não podiam participar da comunidade de Israel. Havia hostilidades tradicionais entre Israel e seus vizinhos, mas alguns povos se tinham tornado ofensores especiais, pelo que jam ais poderiam participar de cultos públicos, m esm o que se tivessem convertido ao yahwismo. Os dois povos aqui m encionados tinham procurado impedir os esforços iniciais de Israel para entrar e conquistar a Terra Prometida, que havia sido dada como herança a Abraão, de acordo com o Pacto Abraâm ico (ver as notas em Gên. 15.18). Nenhum a outra coisa é dita acerca da hostilidade dos amonitas contra Israel, quando o povo de Deus passava pela Transjordânia (ver a respeito no Dicionário), e alguns críticos pensam que essa nota acerca deles não procedia, realmente, dos dias de Moisés, mas, antes, refletia sentimentos provo cados por hostilidades posteriores. Mas acerca disso é im possível colher provas, pois a Bíblia não tece nenhum com entário sobre o assunto. Logo, parece melhor aceitar este texto conform e está escrito. Quanto às hostilidades entre Israel e os moabitas, na Transjordânia, ver os capítulos 21 e 22 do livro de Números. Cf. Deu. 2.9-25. Os moabitas tinham -se recusado a dar-lhes ao m enos pão e água. E, por meio de Balaque, os m oabitas contrataram Balaão para que viesse e am aldi çoasse a Israel (ver Núm. 22.2-30). Assim, essas eram ofensas acerca das quais Yahweh recom endou aos israelitas nunca se esquecerem , pois os moabitas ti nham agido diam etralm ente contra a vontade e o propósito divino. A décima geração era a m esm a coisa que para sempre, de um ponto de vista frouxo de falar. Mas alguns intérpretes pensam que para sem pre indica uma proibição absoluta, que nunca deixaria de vigorar. Essa lei continuava vigente nos dias de Neemias, muito mais do que dez gerações após a época do Deuteronômio. Ver Nee. 13.1. Yahweh tinha tirado o povo de Israel da servidão no Egito, um tema repetido por cerca de vinte vezes no livro de Deuteronômio. Ver notas expositivas sobre isso em Deu. 4.20. O que estava operando era o propósito divino, embora houvesse pessoas interessadas em bloqueá-lo. O mesmo poder que tinha tirado Israel do Egito agora excluía certas nações de futuros benefícios derivados da fé dos hebreus. “O tratam ento de Rute, entretanto, por parte de Boaz, juntam ente com outros israelitas da região de Belém, dem onstra o fato que essa lei não tivera nunca o propósito de excluir um moabita que viesse a dizer: ‘O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus’ (Rute 1.16). Parece que Isaías expôs uma interpretação sim ilar (ver Isa. 66.3,6-8)” (Jack S. Deere, in loc.). 23.6 Não lhe procurarás nem paz nem bem. Os israelitas não podiam buscar entrar em relação de aliança com os moabitas, na tentativa de fom entar a prospe ridade deles, como algum acordo com erciai, ou coisa sem elhante. Todavia, estes versículos não ordenavam aos filhos de Israel que abrissem hostilidades e fizes
Os filhos que lhes nascerem na terceira geração. Isso significa que m u lheres egípcias e idum éias haviam sido incorporadas à com unidade de Israel, e tinham descendentes que viviam em território hebreu. É possível que entre os israelitas também houvesse alguns homens egípcios e idumeus, que se tinham casado com m ulheres hebréias. Seus filhos eram cidadãos de segunda classe, não se duvide disso; mas após a terceira geração poderiam ser totalm ente absor vidos, e as distinções cairiam por terra. E então passariam a fazer parte natural da comunidade, atingindo a situação de cidadãos de prim eira classe. Hostilidades posteriores, que chegaram a ser bastante amargas, não im pediram que essa lei continuasse vigente. Forte amargura foi despertada mais tarde ainda, contra Edom, por causa de certas atrocidades dos idum eus. V er Sal. 137.7-9; Isa. 6; Jer. 49.7 22; Eze. 25.12-14 e o livro de Obadias. É provável que a terceira geração diga respeito ao tem po em que os des cendentes de uma união entre um hebreu e um estrangeiro chegassem à sua terceira geração, e não três gerações depois que essa lei foi declarada pela prim eira vez. Suplem ento a Regras sobre uma Guerra Santa (23.9-14) As leis aqui apresentadas, quanto à sua natureza, pertencem ao material que se acha no capítulo 20 de Deuteronôm io. Ver Deu. 20.1-20 acerca de com o os filhos de Israel deveriam desfechar uma guerra santa. “A pureza cerim onial era requerida porque o Senhor Deus andava no meio do acam pam ento dos israelitas” (O xford A nnotated Bible, com entando sobre este versículo). Assim com o os vss. 1-8 deste capítulo abordam a necessidade de m anter a pureza, no cam po religio so, também os vss. 9-14 tratam da pureza nos cam pos de batalha. 23.9 Te guardarás de toda cousa má. Está em pauta qualquer coisa capaz de contam inar moral ou cerim onialm ente um hom em . O Targum de Jonathan espe cificou adoração a algum a divindade estrangeira (idolatria), assalto sexual, der ram am ento de sangue inocente, hom icídio e toda uma lista de coisas que os soldados tradicionalm ente fazem quando saem para m atar o inim igo. Homens que se atiram afoitos, dispostos a m atar, não podem ser controlados com fa cili dade. A legislação m osaica, no entanto, procurou controlar a questão. Os vss. 10 ss. deste capítulo m ostram que a pureza cerim onial tam bém era um a ques tão im portante. Um soldado de Israel não deveria entrar em batalha se estives se cerim onialm ente imundo, e as casernas, m esm o quando não estivesse ha vendo algum a guerra, poderiam ficar cerim onialm ente im undas m ediante atos iníquos.
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DEUTERONÔMIO
23.10 Se houver entre vós alguém. Se algum soldado tivesse algum a emissão noturna de sêmen, ou estivesse doente de gonorréia, não deveria sair a combater, pois estava imundo. Essa lei corresponde à de Levítico 15.1-16, onde ofereci notas detalhadas. Este versículo alude especificam ente às emissões naturais de sêmen, embora não haja razões para excluirm os em issões patológicas. As leis que se aplicavam a todos os hom ens de Israel não deixavam de vigorar no exército acampado.
quais enumerarei conform e for avançando na exposição. A m aior parte dessas leis conta com paralelos em outras porções do Pentateuco; mas existem algumas poucas que são inéditas, com o também são apresentados alguns detalhes novos. Lembremo-nos de que o livro de Deuteronôm io consiste, essencialmente, em uma repetição da lei, conform e seu próprio nome indica. Mas tam bém há algum m ate rial novo, provavelm ente extraído de outras fontes inform ativas, que não foi em pregado ou não estava disponível quando foram escritos os demais livros do Pentateuco. 23.15,16
23.11 Posto o sol. Um soldado cerimonialmente imundo lavava-se e, terminado o dia (para os judeus, o dia não começava à meia-noite, como entre nós, mas às 18 horas), podia voltar ao acampamento, reassumindo sua vida normal como soldado. Precisava seguir as lei normais que diziam respeito a tais questões. Os militares não estavam sujeitos a nenhum conjunto distinto de leis. Por isso, tinham de tomar o conhecido banho cerimonial, com imersão de corpo inteiro. E então tinham de esperar pelo fim da tarde, quando, conforme observamos acima, começava um novo dia. E então estariam livres de sua impureza cerimonial. Ver as notas sobre o banho cerimonial em Lev. 14.8; 15.6; 17.15; Núm. 8.7; 19.7,19. Havia certa varieda de de usos no tocante a várias formas de im undícia cerimonial adquirida. A cerimô nia da lavagem incluía as vestes do indivíduo. Ver Lev. 15.16,17. Maimônides quei xou-se sobre a desordem moral e física, bem como sobre a imundícia reinante nos acampamentos militares (Moreh Nevochim, par. 3, cap. 41). 23.12 Haverá um lugar fora do acam pam ento. Este curioso e breve versículo contém um eufem ism o. O autor referia-se a um homem que quisesse “fazer suas necessidades” (eis outro eufem ism o). Os soldados não podiam usar o acam pa mento com o latrina, onde pudessem aliviar o ventre ou urinar. Tinham de sair do acam pam ento, até um lugar separado e designado para isso. E, quando se trata va de excrementos humanos, tinham de fazer com o fazem os gatos: precisavam enterrar suas fezes. 23.13 Dentre as tuas arm as terás um pau. Esse pau era usado com o se fosse uma pá, usada para fazer pequenos buracos no chão, onde eram postos os excrementos, que eram então cobertos com terra. Esse pau, de acordo com John Gill, ficava atado à espada do soldado, que ficava pendurada em uma espécie de cinta que lhe enrolava a cintura. Josefo, general judeu da época dos apóstolos, diz-nos que os essênios seguiam prática sem elhante e tinham uma pá especial com que cavavam no chão um buraco com cerca de trinta centím etros de profun didade. Todo m embro admitido à comunidade recebia uma pá com esse propósi to. (Ver Guerras dos Judeus 1.2, cap. 8, sec. 9.) M aim ônides ajuntou que essas provisões eram feitas para evitar “ ruindades, im undícias e im purezas” e para que os homens se distinguissem dos anim ais ferozes (Moreh. Nevochim, par. 3, cap. 41). Q u a lqu e r hom em que não se g u isse essas norm as era co n siderado cerim onialm ente imundo, e provavelm ente tinha de sujeitar-se à lavagem cerim o nial (ver o versículo 11 deste capítulo). 23.14 O Senhor teu Deus anda no m eio do teu acam pam ento. O motivo dessas regras (a com eçar pelo nono versículo) era preservar a decência comum e a higiene, para evitar os excessos que geralm ente são vistos entre os soldados, e preservar a pureza cerimonial. E a razão teológica era que Yahweh tam bém se fazia presente no acam pam ento dos soldados, da m esm a form a que se fazia presente em meio à congregação geral do povo de Israel. A presença do Senhor requeria o respeito devido. Se os soldados de Israel quisessem lograr sucesso em batalha, tinham de seguir as norm ativas de Yahweh, incluindo aquelas relativas à higiene e à conduta apropriada na guerra. A pureza de Deus era a razão que exigia que o acam pam ento dos soldados de Israel também fosse puro. Paulo apresentou um raciocínio similar, ao escrever o trecho de II Coríntios 6.16-7.1. A presença de Deus deve fazer uma grande diferença em nossas atitu des e em nossa conduta. É possível que ele tenha tom ado por empréstim o as palavras deste versículo em sua aplicação. M aim ônides aplicou esse texto especialm ente à questão dos pecados se xuais, tão com uns entre hom ens acam pados (M oreh Nevochim, par. 3, cap. 41). Mas o texto é mais amplo do que isso. Várias Leis (23.15 - 25.19) Começa neste ponto uma longa passagem que contém leis miscelâneas, mas sem nenhum tipo de conexão entre si. Vinte diferentes leis são desfiadas, as
Temos aqui a prim eira daquelas vinte leis que ocupam Deu. 23.15-25.19. Os escravos fugidos não deviam ser devolvidos a seus senhores. Estão aqui em foco escravos de poderes estrangeiros, e não escravos hebreus, os quais estavam sujeitos a um conjunto especial de regras. A ordem para que os israelitas não devolvessem um escravo fugido contrastava com a prática aceita no Oriente Próximo e Médio. Sem dúvida, essa lei estava fundam entada sobre razões hum a nitárias. Um escravo fugido mui provavelm ente estava fugindo da brutalidade e da crueldade. Mas em Israel um escravo desses podia encontrar refúgio e um trata m ento bondoso. Os fracos e os oprim idos precisavam ser bem tratados em Israel, conform e aprendem os no capítulo 15 de Deuteronôm io e em Êxodo 24.14,15. Isso poderia ser contrastado com o famoso Código de Hamurabi, que decretava a execução de qualquer indivíduo que oferecesse guarida a um escravo fugido. Estes versículos podem servir de evidência de consciência perturbada, na mente dos hebreus, acerca da escravatura. Algum a misericórdia foi injetada nessa instituição, entre os hebreus, embora eles nunca a tivessem abandonado de todo. Mas os próprios cristãos primitivos também não se desfizeram dessa instituição. V er no Dicionário o artigo Escravo, Escravidão. “ Para um crente devidam ente iluminado, natural mente, a escravatura é um pecado dos m ais negros” (Henry H. Shires, in loc.). Mas foram necessários muitos séculos para que se fizessem sentir os efeitos dessa iluminação. Os intérpretes judeus m ostraram -se unânim es ao indicarem aqui que esse escravo seria um estrangeiro (conform e dizem os Targuns em geral e M aimônides — Hilchot Abadim, cap. 8, sec. 11; Aben Ezra e Jarchi)._ A legislação sobre a escravatura aparece em Êxodo 21; Levítico 25 e Deuteronôm io 15. Hebreus eram vendidos a outros hebreus, com o escravos, sob certas circunstâncias. Ver Êxo. 21.16 e Deu. 24.7. Ver também Êxo. 21.7; Nee. 5.5; II Reis 4.4; Lev. 25.39,47; Deu. 15.12-17. 23.17,18 Tem os aqui a segunda das vinte leis apresentadas em Deu. 23.15-25.19. Essa seção apresenta uma série de regras desconexas entre si, mas que vieram a fazer parte do livro de Deuteronôm io, o livro da repetição da lei. Ver o primeiro parágrafo das notas sobre o versículo 15 deste capítulo. Leis contra a Prostituição e a Sodomia. Estes versículos, sem dúvida, tem um sentido geral, tornando ilegítim a especialm ente a cham ada prostituição sagrada, por meio da qual os cultos religiosos dos pagãos eram prom ovidos e sustentados financeiramente. É interessante que as palavras hebraicas aqui em pregadas, e que algumas traduções ou versões dizem prostituta e sodomita, a saber, qedheshah e qadhesh, derivavam -se da palavra hebraica que significa “ser santo” . Fica en tendido que essa santificação ou separação era para algum deus, do qual as pessoas agiam como servos. A prostituição cultual era uma prática comum das religiões do Oriente Próximo e Médio; mas era estritam ente proibida no tocante ao yahwism o. Nenhum israelita podia participar daquilo que era considerado uma abominação. A palavra “sodom ita”, usada no versículo 18, no original hebraico é keieb, “cão” , provavelm ente servia tanto a homens com o a mulheres, e sem dúvida a bissexuais em muitos casos. O tem plo de Jerusalém , onde toda a fé dos hebreus se centralizava, precisava estar livre de todas essas práticas abom iná veis. No Novo Testam ento, Filipenses 3.2 e Apocalipse 22.15 parecem referir-se aos prostitutos cultuais, ou a indivíduos sexualm ente depravados, pelo menos, mas nem todos os comentadores concordam com essa interpretação. São igualmente abom ináveis. Esse adjetivo era freqüentem ente aplicado às práticas idólatras, bem com o à prostituição moral. V er as notas sobre essa palavra em Deu. 13.14. Coisas detestáveis, ou abom inações, eram a idolatria, com ou sem o acom panham ento da prostituição sagrada; os anim ais defeituosos oferecidos em sacrifício; e a desonestidade. V er Deu. 7.25,26; 12.31; 13.14; 14.3; 17.1,4; 18.9,12; 20.18; 24.4; 27.15; 29.17 e 32.16. Estrabão informou que o tem plo dedicado a Vênus, em Corinto, contava com mais de mil homens e mulheres que eram prostitutos e prostitutas sagradas (Geogr. 1.8, par. 261). E condições sim ilares existiam em muitos outros lugares. V er II Reis 23.7. Cf. este versículo com I Reis 14.24; 15.12; II Reis 23.7; Am ós 2.7, que m ostram que houve israelitas que participaram ativam ente de tais abominações.
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DEUTERONÔMIO 23.19,20 Tem os aqui a terceira das vinte leis m iscelâneas desta seção (Deu. 23.15 25.19). V er as notas sobre a seção no versículo 15 deste capítulo. Esta lei, como aquelas dos vss. 15,16 e 17,18, distinguia o povo de Israel das nações pagãs, pelo que não havia um tratam ento igual. Dinheiro em prestado a um concidadão hebreu, que era irmão de fé no yahwism o, não podia ser emprestado a juros. Mas, em empréstim o a gentios, poderia haver a cobrança de juros. Devemos entender que a m aioria dos empréstim os, em Israel, servia ao propósito de aliviar algum tipo de necessidade, pelo que era uma obra de caridade fraternal. Não se deve cobrar juros de um ato de caridade. Mas os em préstim os feitos a um pagão seriam relacionados ao com ércio internacional e isso já era uma questão de negócios, e não de caridade. “Durante a idade Média, quando aos judeus, em alguns países, era negado o direito de possuírem terras, essa lei perm itia-lhes ingressar na atividade bancária” (G. Ernest Wright, in loc.). Em prestar dinheiro sem cobrar juros era um ato de amor, um ato provocado pela promessa de bênção feita por Yahweh. É como alguém disse: “Não se pode dar demais a Deus” . Ver no Dicionário o artigo cham ado Amor. Naturalmente, dar é m elhor do que emprestar, e o ato do empréstim o sem dúvida deve ser acom pa nhado pelo ato da d e vo lu ç ã o , de acordo com a lei da colheita segundo a sem ea dura. Ver no Dicionário o verbete intitulado Lei M oral da Colheita Segundo a Semeadura. _ Ver as passagens paralelas de Êxo. 22.25 e Lev. 25.35-37. Ver na Enciclopé dia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo cham ado Liberalidade e Generosidade, bem com o anotações nas passagens paralelas. Mais bem -aventurado é d a r que receber. (Atos 20.35) A coisa m ais importante em qualquer relacionam ento não é aquilo que dali reiteramos, m as o que podem os dar. (Eleanor Roosevelt) Deus é o grande Doador (João 3.16). De acordo com o Novo Pacto, um irmão é qualquer ser humano (Luc. 10.25 ss.). Ver Tiago 1.17 quanto à fonte originária de todas as coisas boas, a saber, o próprio Deus, o qual pode dar através de outras pessoas. 23.21 O s vss. 2 1-23 d este c a p ítu lo a p re se n ta m a q uarta das vinte leis m is ce lâ ne a s a p re se n ta d a s no tre ch o de Deu. 2 3 .15 -25 .1 9 . C re n te s piedosos, ou a queles que e stive sse m ca re n te s, n e ce ss ita d o s de re ce b e r algum a coisa da p arte de Deus, fa ria m vo to s para re ce b e re m o que qu e ria m . Esse ato de de vo çã o -e -n e ce ssid ad e p re cisa va ser re g u la m e nta d o . Os votos tin h a m de ser fe ito s com toda a se rie d a de , e vita n d o q u a lq u e r frivo lid a d e ou h e sitação. Eram tom a d o s d ia n te de Y a h w e h -E lo h im , o E terno T o d o -p o de ro so , da parte de Q uem nos chegam to d as as b ê n çã o s (ver T ia. 1.17). O po d er de Deus re q u e r dos hom ens que, um a ve z fe ito s votos, eles sejam cu m p rid o s, pois de o utro m odo e ntra a frivo lid a d e , que só se rve para d e b ilita r a fé re ligiosa. Deus não fez p ro m essa s frívo la s, nem d evem to m a r vo to s frívo lo s aqueles que O adoram . Ver o paralelo em Núm. 30.1-15, quanto a um prolongado estudo sobre a q uestão dos vo to s. V er ta m b é m o c a p ítu lo 27 de L e vítico , que a borda demoradam ente a questão. Os w /o s, de acordo com costum es de tem pos posteriores, eram cum pridos antes ou durante o tempo das três grandes festividades anuais, a saber, a Pás coa, o Pentecoste e os Tabernáculos (acerca das quais ver o Dicionário). Ver I Sam. 1.21 e Ecl. 5.4. Ver no Dicionário o artigo cham ado Voto. 23.22 A b s te n d o -te de fazer o v o to . Os votos eram recom endados com o parte da prática espiritual, mas não eram requeridos. Eram expressões voluntárias. Nin guém era obrigado a tom ar votos; mas se alguém fizesse um voto, tinha a obriga ção de cumpri-lo, e o mais prontam ente possível. “No alto de um penhasco, acim a do Mar, em M arselha, há uma igreja repleta de m odelos de em barcações e artigos sem elhantes. Esses objetos re presentam o pagam ento de prom essas feitas pelos m arinheiros, em tem pos de perigo, estando eles no M ar” (H enry H. Shires, in loc.). Todos nós, em um tem po ou outro, tem os feito prom essas a Deus: “Se fizeres isto para mim, eu farei isto ou aquilo”. N ão há nenhum m al nessa prática, m as devem os agir sem pre com honestidade. C onform e dizia a m inha mãe: ‘ A lgum as vezes pode m os barganhar com Deus, m as de outras vezes, não” . Em Israel, votos eram
feitos em conjunção com as ofertas voluntárias e através deles eram sustenta dos os cultos sagrados, juntam ente com outras provisões. Talvez um homem precisasse de cura; talvez precisasse de um a boa colheita; uma m ulher talvez quisesse um bom m arido com quem casar-se. O s votos eram feitos tendo em vista a obtenção de coisas dessa natureza. 23.23 O que p ro fe rira m o s te u s lá b io s, is s o g u a rd ará s. Um voto, uma vez profe rido, tornava-se absolutam ente obrigatório. V er Pro. 20.25; Ecl. 5.4,5. “Aben Ezra obseivou que todo voto é com o uma oferta voluntária, em bora nem toda oferta voluntária seja um voto. O Targum de Jonathan enumerou várias m aneiras pelas quais um homem podia pagar por uma bênção obtida através de um voto: ofertas pelo pecado; ofertas pela culpa; holocaustos; oblações de coisas santas; libações; presentes feitos para o santuário; e esm olas dadas aos pobres” (John Gill, in loc.). Dessas e, sem dúvida, de outras m aneiras também, um hom em podia pagar uma graça recebida em face de algum voto ou prom essa que tivesse feito. 23.24,25 Tem os aqui a quinta das vinte leis apresentadas na seção de Deuteronômio 23.15-25.19. Ver as notas de introdução a esta seção, em Deu. 23.15. Um homem que estivesse atravessando o vinhedo ou as plantações de ce reais de um vizinho poderia satisfazer seu apetite do momento, colhendo algumas poucas uvas ou algum as m ãos-cheias de cereal. No entanto, não poderia levar um vaso e colher, nem poderia levar consigo uma foice para fazer uma pequena colheita. Esse já seria um ato ilícito de colheita. M as o primeiro caso seria um ato bastante banal, que não prejudicaria a econom ia de seu vizinho. Nos dias de Jesus, os fariseus entraram em choque com o espírito dessa lei, quando transfor maram uma mera prova de trigo em uma colheita, ou seja, um trabalho proibido em dia de sábado. Ver Mat. 12.1-8. Essa lei não perm itia que um homem tirasse vantagem de um seu vizinho. Outras provisões, de natureza sim ilar ou de nature za caridosa, podiam ser feitas. Ver Deu. 24.19-22. Yahweh é quem tinha dado àquele vizinho suas uvas e seus cereais, pelo que era obrigado a com partilhar dos frutos da terra com outras pessoas. Mas outros só podiam com partilhar de sua produção agrícola de m aneira limitada, e isso a fim de evitar abusos da parte de indivíduos preguiçosos, que não se dispusessem a trabalhar sem eando e colhendo. Os Targuns dos judeus, em geral, interpretam essa lei com o a plicável ao tra b a lh a d o r que atuasse em um vinhedo ou em cam pos de cereais. Enquanto estivesse trabalhando, podia arra n ca r algo e com er com m oderação. M as a sim ples leitura da lei não subentende nenhum a e strita lim itação. Josefo tinha uma m elhor com preensão sobre tudo isso, in cluindo até viajantes que p o d eri am fica r com um pouco da produção p e rtencente a outrem [A ntiq. 1.4, cap. 8, sec. 21).
C apítulo V inte e Q uatro Este capítulo dá continuação à lista de vinte leis m iscelâneas que tem com e ço em Deu. 23.15 e term ina em Deu. 25.19. V er Deu. 23.15 quanto a uma breve introdução a essa seção. Os versículos primeiro a quarto deste capítulo abordam questões com o o divórcio e um novo casamento, constituindo a sexta das vinte leis que ocupam esta seção. 24.1 Se um ho m e m to m a r um a m ulh e r. No Dicionário foi examinado, de form a exaustiva, o assunto abordado neste artigo (ver Divórcio e Divórcio, Carta (Termo) de, quanto a com pletas inform ações). Acham os aqui “um antigo caso real que tratava de novo casam ento após o divórcio. Quem tom ava a iniciativa do divórcio era o homem, embora ele não pudesse agir sem seguir um processo legai, inclu indo a form ulação de uma carta de divórcio (ver Jer. 2.2,3), que dissesse o motivo” (Oxford Annotated Bible, com entando sobre este versículo). A prática de divórcio e novo casamento era com um no antigo Oriente Próximo e Médio, incluin do Israel. Jesus, porém, afirm ou que essa lei era uma concessão, por causa da dureza dos corações, que tinham perdido de vista o propósito original e a santida de do casamento. Quanto a isso ver Mat. 19.8 ss.. Jesus limitou as causas do divórcio ao adultério, mas as palavras usadas neste texto, “por ter ele achado cousa indecente nela”, foram interpretadas das mais diversas maneiras pelos intérpretes rabínicos. De fato, a natureza vaga dessa afirm ação permitia que um homem se divorciasse de sua esposa quase por qualquer motivo, até m esm o por “ter queim ado seus biscoitos da primeira refeição”, conform e disse um intérprete. Visto que o adultério requeria a pena de morte, a “cousa indecente” deste versículo não pode referir-se a isso. Ver Deu. 22.22, quanto à execução de uma mulher
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adúltera. E tam bém não pode estar em pauta o homem descobrir que a mulher tinha tido sexo pré-m arital, visto que isso tam bém requeria execução (Deu. 22.20,21). Portanto, algum a coisa m enos grave estava em pauta; e os homens tiravam proveito desse fato para que coisas até de som enos im portância se tor nassem razões legais para o divórcio. O divórcio era um costume milenar, e não podem os achar nenhum trecho do Antigo Testam ento que o tenha instituído. A passagem que ora comentamos sim plesm ente regulam entava um costum e já existente. E essa regulamentação era: um homem só podia divorciar-se se tivesse uma boa causa (em bora essa causa tivesse sido deixada indefinida). Era-lhe m ister apresentar seu caso diante de um oficial público; um docum ento legal tinha de acom panhar o processo, determinando as razões, as condições etc. Talvez essas form alidades envolves sem algum tem po e dinheiro, o que atuaria com o um fraco aviso contra divórcios precipitados. A m onogam ia era a ordem original desde a criação (Gên. 1 e 2). O divórcio é algo repugnante para Deus (Mal. 2.14,15). Os Targuns interpretam as palavras “cousa indecente” de várias maneiras: desonestidade; m aneiras sem polidez; algum tipo de im pureza cerim onial persis tente etc. A escola rabínica de Hilel interpretava isso de form a liberal, incluindo até a “queim a de algum alim ento”; com ida salgada demais; negligência quanto aos deveres domésticos. Akiba dizia que era suficiente que um homem achasse uma m ulher “mais bonita” para que ele pudesse divorciar-se de sua esposa. Se a m ulher deixasse de usar o véu em público; se se ocupasse de atos tolos em público; se tomasse um banho em lugar público, onde homens a pudessem obser var; se tivesse um odor corporal desagradável; se flertasse com outros homens; se tivesse mau hálito; se tivesse sinais cutâneos pelo corpo... Quase qualquer razão era suficiente para que o pedido de divórcio fosse atendido. Não há que duvidar, Israel era uma sociedade patriarcal.
M ulheres que se Divorciavam de Seus M aridos? Isso jam ais foi permitido na sociedade dos hebreus. Em tem pos posteriores, entretanto, uma mulher dispunha de recursos para forçar o marido a divorciar-se dela. E assim ela acabava obten do o mesmo resultado. Contam inação e Pecado. Se uma m ulher voltasse a seu primeiro marido, depois de ter sido esposa de um segundo homem, isso constituiria pecado, e de natureza tal que contam inava a terra inteira, pelo que devia ser evitado a todo custo. A terra era a herança que Yahweh tinha dado a Abraão e seus descenden tes, por meio do Pacto Abraâm ico (sobre o qual ver as notas em Gên. 15.18). A Terra Prometida era santa porque havia sido dada por Deus, o Santo, e não devia ser contam inada por meio de atos im prudentes e pecam inosos. A idéia é que esse pecado fem inino era algo comunal, pois ninguém peca sozinho. Abom inação. O autor sacro usou esse vocábulo forte para indicar tanto a idolatria quanto o adultério espiritual. V er as notas sobre essa palavra em Deu. 13.14 e 23.18, onde dam os uma lista de referências. 24.5 Achamos aqui a sétima das vinte leis m iscelâneas dadas em Deu. 23.15 a 25.19. O assunto desta lei são os novos casamentos, e a legislação fazia parte dos regulam entos acerca das guerras santas. Ver Deu. 10.1-20 quanto às leis gerais. Deuteronôm io 20.7 é o trecho paralelo, onde tam bém ofereço notas expositivas. A um homem devia ser dada a oportunidade de ter um herdeiro e de ter posteridade. Sua vida não deveria ser cortada no com eço de seu casamento. 24.6
24.2 Regras acerca do Divórcio. Essas regras perm itiam que a mulher, uma vez divorciada do primeiro marido, se casasse novam ente. O divórcio era a dissolução do casamento, com o se este nunca tivesse ocorrido. Havia apenas uma restrição: a mulher não podia casar-se de novo com o m esm o marido, se seu segundo casam ento tam bém fracassasse. Os ensinam entos de Jesus m ostram -se muito mais estritos. Para Ele, uma m ulher divorciada não poderia casar-se de novo, enquanto seu m arido continuasse vivo. Se ela viesse a casar-se de novo antes da morte do marido, estaria com etendo adultério. V er Mat. 5.31,32 e a exposição sobre esses versículos no Novo Testam ento Interpretado. Alguns intérpretes di zem que tem os aí um ideal que nunca foi realm ente posto em prática na socieda de humana. Meu artigo do Dicionário, intitulado Divórcio, entra em todos os as pectos dessa questão.
As mós ambas. Tem os aqui a oitava das vinte leis m iscelâneas dadas na seção de Deu. 23.15-25.19. Ver uma breve introdução a esta seção em Deu. 23.15. Essa lei foi baixada especialm ente a fim de proteger os pobres e não tem paralelo em todo o restante da Bíblia. A m ó ou m oinho era um im portante item na sobrevivência de uma pessoa, e não podia servir de garantia em nenhum acordo. Uma mó consistia de uma pedra inferior, fixa, e de uma pedra superior, móvel, as quais, em seu atrito, moíam o cereal, transform ando-o em farinha. A mó era um equipamento dom éstico indispensável, pois o pão diário dela dependia. Cf. os vss. 10-13 e Deu. 22.1-22 quanto a outras leis humanitárias. As dívidas não podiam ter com o garantia de pagam ento algo tão vital para a vida diária com o um moinho. V er no Dicionário o artigo intitulado Moinho. O am or deve prevalecer nas relações sociais, e o Pentateuco encerra muitas leis humanitárias. V er no Dicioná rio o verbete Amor.
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Ou se este último hom em ... vier a morrer. Uma grande falta de sorte no casamento, sem dúvida! Ela fora desprezada pelo marido, casara-se de novo, m as somente para ser desprezada de novo. E todo o processo se repetia, seguin do as m esm as regras aqui determinadas. Ou então a morte do segundo marido deixara a m ulher novam ente descasada. Nesse caso, ela poderia casar-se pela terceira vez, contanto que não fosse com o seu prim eiro marido. E as razões dessa proibição figuram no versículo seguinte. Todavia, poderia casar-se com um terceiro homem.
Neste versículo encontram os a nona das vinte leis miscelâneas da passagem de Deu. 23.15-25.19. Ver a breve introdução a esta seção em Deu. 23.15. O assunto aqui é o seqüestro de uma pessoa com o intuito de vendê-la como escravo. Os seqüestras eram um crim e bastante comum no antigo Oriente Próxi mo e Médio, o que é confirm ado pelas referências literárias antigas, com o os códigos legais da Mesopotâm ia e do im pério hitita. A lei de Moisés proibia que se tratasse as pessoas de form a cruel e tirânica (ver Deu. 21.14). Talvez o seqüestro tivesse por finalidade usar o seqüestrado com o escravo, ou vendê-lo com o tal. O fato é que, sem im portar qual o m otivo por trás de um seqüestro, os seqüestrado res eram punidos com a pena capital. Era necessário expurgar o mal em Israel, mediante a ameaça e o uso da punição capital. Ver Deu. 15.12-18 quanto a regulamentos concernentes à escravatura, envolvendo hebreus. E ver no D icioná rio o artigo intitulado Escravo, Escravidão. Ver a mesma lei no trecho de Êxodo 21.16. Se uma pessoa seqüestrada fosse encontrada sob o poder de um homem, este teria de ser executado. Portan to, a lei era muito severa quanto à questão dos seqüestras. V er Deu. 13.5 quanto à necessidade de elim inar ou expurgar o mal em Israel. Essa expressão ocorre por nove vezes no livro de Deuteronôm io. Morte por estrangulam ento era a m aneira usual de execução utilizada no caso de seqüestras (ver o Targum de Jonathan e M aim õnides, H ilchot Genibah, cap. 9, sec. 1).
24.4 Depois que foi contam inada. Este texto não dá a entender que a m ulher havia com etido adultério. A possibilidade do divórcio, segundo a legislação m osaica, dificilm ente pode ser entendida com o se perm itisse o adultério. M as o fato de ter-se casado com outro hom em tinha contam inado a mulher. Ela se havia tornado uma m ulher de segunda classe, que tinha passado de um homem para outro, m esm o que esse passar de m ão em m ão fosse perm itido por lei. O texto subentende certo desgosto com o sexo, especialm ente com o segundo caso de sexo. Cf. Deu. 23.10 e seus paralelos. O sém en m asculino tornava im undos tanto o homem quanto a m ulher, m esm o que os dois estivessem liga dos pelos laços do m atrim ónio. Um banho cerim onial (ver as notas a respeito em Lev. 14.8; 15.16; 17.15; Núm. 8.7; 19.7,19) tinha de ocorrer após cada ato sexual, em bora tal banho fosse deixado para o dia seguinte, quando era mais conveniente. V er Deu. 15.18. Fica assim patente que se um banho cerim onial tinha de ocorrer até m esm o no caso de um prim eiro e único m atrim ônio, quanto m ais quando um a m ulher ficava contam inada caso se casasse de novo, após ter-se divorciado. Se tais coisas eram perm itidas, a m ente hebréia via algo de sujo e contam inador na questão, m esm o que a m ulher nunca chegasse a adul terar. Cf. Jer. 3.1. Jesus fazia um segundo casam ento tornar-se adultério, caso o prim eiro m arido de uma m ulher ainda não tivesse m orrido. Logo Jesus levava a questão m ais além do que o fazia a antiga m entalidade dos hebreus. V er Mat. 5.31,32.
24.8,9 Tem os aqui a décim a dentre as vinte leis apresentadas na seção de Deu. 23.15-25.19. V er uma breve introdução a essa seção em Deu. 23.15. Havia uma elaborada legislação referente às doenças cutâneas, que as traduções e versões, erroneam ente, traduziram por lepra, seguindo o exem plo equivocado da Septuaginta. As leis concernentes à sara’at sem dúvida detectavam , aqui e ali, algum verdadeiro caso de lepra, pois os sintom as oferecidos descrevem uma grande variedade de enferm idades cutâneas. O fereci notas expositivas com pletas sobre a questão nos capítulos 13 e 14 de Levítico. V er principalm en
DEUTERONÔMIO te a introdução ao capítulo 13, onde alisto as possíveis enferm idades cobertas por aquela legislação. A legislação m osaica era inadequada tanto quanto à com preensão dos problem as m édicos quanto ã com preensão espiritual. M uitas pessoas foram assim isoladas por causa de doenças genericam ente cham adas de sara'at, e tinham de sair do acam pam ento de Israel (ver Lev. 13.46), em bora não apresentassem nenhum a am eaça a outras pessoas, pois tinham afecções não-infecciosas, e não a lepra. M as o avanço tanto da m edicina quanto da teologia tem ajudado a anular as inadequações da legislação m osaica, nos planos m aterial e espiritual. Este texto não repete a legislação, mas tão-som ente exorta o povo de Israel a obedecer a tudo quanto foi ordenado acerca das enferm idades em pauta. Então o vs. 9 é uma ameaça, pois assevera que todos quantos negligenciassem essa legislação term inariam sendo julgados com a própria sara'at, tal com o acontecera com Miriã, irmã de Moisés. Este versículo faz-nos lem brar da história registrada em Núm. 1 2.10-15.0 fato de que a própria irmã de Moisés foi castigada com essa afecção serviu de advertência de que ninguém estava isento da regra do isola mento. Um homem rico não poderia subornar oficiais e continuar habitando no acampamento, embora tivesse apanhado a sa ra ’at. 24.10 Os vss. 10-13 nos apresentam a décim a prim eira das vinte leis miscelâneas oferecidas na seção de Deu. 23.15-25.19, Ver uma breve introdução nas notas sobre Deu. 23.15. Esta décima prim eira lei diz respeito aos em préstim os garanti dos mediante algum penhor. O motivo desta lei era humanitário, evitando humilha ção e dano dos pobres. Já vim os que os empréstim os a juros não eram permitidos no caso de irmãos hebreus (ver Deu. 23.19,20). Mas podia haver algum a espécie de garantia, capaz de servir de penhor de que o empréstim o seria pago. Um penhor teria de ser algo de valor equivalente. A santidade do lar era assim preser vada. Nenhum homem, ao receber de volta o seu empréstimo, podia entrar na casa de seu devedor e arrebatar-lhe o empréstim o, em atitude violenta e arrogan te. Mas tinha de esperar que o devedor trouxesse o que quer que ele pudesse pagar. Dessa maneira, o devedor não era humilhado. O penhor usualmente con sistia em algum a peça de vestuário, instrum ento agrícola, jóia, utensílio de cozi nha etc. Os cânones judaicos dizem -nos que a questão inteira era governada pelo conhecimento e pela atuação das autoridades legais, com o o Sinédrio (Mishna Bava Metzia, cap. 9, sec. 13). 24.11 Ficarás do lado de fora. O credor que viesse buscar um penhor, visto que a dívida não havia sido paga, precisava manter-se a certa distância do devedor, sem perturbar a sua residência. O devedor é que traria para fora o item que serviria de penhor; e assim era preservada a sua dignidade, embora ele tivesse de ficar um pouco mais pobre ao entregar o penhor e, depois, ao pagar a sua dívida. Se um homem tivesse licença para entrar na casa de um seu devedor, acabaria escolhendo as m elhores coisas da casa, mormente se não tivesse havi do um acordo sobre qual seria, exatam ente, o penhor. 24.12,13 Em se pondo o sol. Se o penhor fosse algo necessário para o sono noturno, como uma capa (que atuava com o um cobertor), era m ister devolvê-lo antes de chegar a noite. Uma peça de vestuário, com o uma capa, agia com o um cobertor durante a noite, ou então com o roupa durante o dia. Ver Êxo. 22.26,27 quanto a essa legislação. A outra parte da questão (vss. 10 e 11) acha-se exclusivam ente aqui. A capa era necessária para m anter o corpo aquecido à noite. Era m ister devolvê-la antes da chegada da noite, para que pudesse ser utilizada pelo homem pobre. É difícil entender qual uso poderia ter para um homem uma capa que deveria ser devolvida à tardinha: tê-la durante o dia, mas ser obrigado a devolvêla a seu dono antes de anoitecer. Essa condição, por si mesma, seria um fator de desencorajam ento para alguém querer tal tipo de penhor da parte de um devedor. Por outro lado, quem aceitasse uma capa assim com o penhor, poderia exercer pressão para que o devedor pagasse a sua dívida o mais prontamente possível. E talvez por isso mesmo uma capa tam bém servisse de penhor. V er Jó 22.5. Essa situação legal exibe uma fagulha de am or para com o próximo. Pelo m enos o devedor não ficava privado daquilo que era essencial à sua própria subsistência. Agir com amor garantia a bênção de Yahweh. O am or é a base de toda a retidão. 24.14,15 Tem os aqui a décima segunda das vinte leis miscelâneas constantes na seção de Deu. 23.15-25.19. Ver uma breve introdução a essa seção nas notas sobre Deu. 23.15. Essa lei visava à proteção de um trabalhador diarista, fosse ele hebreu ou estrangeiro. Um trabalhador assim não podia ser oprim ido mediante salários injustos ou através de condições de trabalho difíceis demais. Era m ister que ele fosse pago dia-a-dia, situação essa que mostra que estamos tratando
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com pobres que eram diaristas. Os pobres fixam o seu coração no pouco que ganham, esperando ansiosamente pelo dia do pagam ento. Para os pobres de Israel, cada dia era um pequeno dia de pagamento; e em bora ele recebesse pouco a cada dia, sua vida e a de seus fam iliares dependiam desse pequeno pagamento. Por essa razão, não se podia deixar o sol pôr-se no horizonte sem pagar ao diarista o seu salário. Mas se um diarista não recebesse sua paga, clamaria ao Senhor para que Ele julgasse qualquer injustiça, e Yahweh sem dúvida cuidaria para que esse pecado do em pregador recebesse seu justo casti go, m ediante algum a praga, enferm idade, acidente etc. Cf. este texto com Lev. 19.13, que é um paralelo direto. Ver também Êxo. 2.23 e 3.9. O povo de Israel foi oprim ido no Egito. Os em pregadores israelitas não tinham perm issão de im itar os opressores egípcios. V er também Deu. 15.1-18 e 22.1-12, onde são protegidos os direitos dos fracos. Ver tam bém Tiago 5.4, que parece ter sido trecho escrito em nossos próprios dias, por tanta injustiça social. 24.16 Cada qual será m orto pelo seu pecado. Tem os aqui a décim a terceira das vinte leis apresentadas na seção de Deu. 23.15-25.19. Há uma pequena seção de introdução em Deu. 23.15. O Código de Ham urabi (lei 230) permitia a morte vicária de um filho por seu pai, ou de um pai por seu filho, em bora não tenha sido encontrada nenhuma alusão literária que mostre que essa lei tivesse sido alguma vez cumprida. Mas a legislação m osaica proibia qualquer prática semelhante. Em certo sentido espiritual, os pecados de um pai poderiam contam inar seus filhos, e o castigo divino poderia sobrevir por esse motivo. Ver Deu. 5.9, quanto a esse princípio, além de várias interpretações a respeito. O senso de responsabilidade era muito despertado em Israel, e a responsabilidade com unal sem pre ficava implícita na responsabilidade pessoal. Apesar disso, nenhum a punição capital, em Israel, podia ser transferida de uma pessoa para outra. Ver Deu. 21.1-9 e suas notas expositivas, quanto à responsabilidade comunal. Uma das aplicações da le i era tentar controlar as desavenças entre as tribos nômades, em face das quais toda uma família, ou m esm o um clã inteiro, poderiam ser aniquilados, por causa de uma infração de um de seus m embros. Houve casos assim em Israel (ver Jos. 7.24,25 e II Sam. 21.1-9). Em Israel, em algumas poucas ocasiões, o pecado de um homem resultou na morte de toda a sua família, e a ordem para tal execução foi baixada pelas autoridades. Esta lei tinha por finalidade controlar a m atança coletiva, por causa dos erros de um único homem. Ver II Reis 14.6, onde a clem ência de Am azias foi elogiada quando ele obedeceu ao princípio ideal desta lei. “Esta lei m odifica a antiga crença de que a culpa afetava todo um grupo social, especialm ente uma fam ília (ver Núm. 16.31-33; Jos. 7.24,25; I Sam. 21.1 9)” (O xford Annotated Bibie, com entando sobre o presente versículo). Outra aplicação era que o testemunho de um pai contra seu filho, ou de um filho contra seu pai, não era aceitável, em casos que envolvessem punição capital. Outras testemunhas idôneas tinham de ser encontradas (conforme diz o Targum de Jonathan). Nesse caso, o trecho de Deu. 21.18 ss. não apresenta nenhuma exceção. 24.17,18 Não perverterás o direito. Temos aqui a décima quarta das vinte leis miscelâ neas contidas na seção de Deu. 23.15-25.19. Essa lei requeria um tratamento equitativo e humanitário para os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. As famílias que não contassem com um membro masculino adulto facilmente eram oprimidas nos tribunais e na vida pública. Logo, a legislação procurava prevenir tal coisa. Outrossim, havia uma eterna tendência de fazer dos estrangeiros uma classe secundária de cidadãos. Estes versículos são paralelos ou similares a vários outros trechos do Pentateuco. Ver Deu. 10.18; 14.29; 16.11,14; Êxo. 22.21,22; 23.6-9; Lev. 19.33,34. A razão para o bom tratamento é a m esm a que aquela dada no vigésimo segundo versículo deste capítulo e em Deu. 15.15, a saber, que Israel também tinha sido estrangeiro no Egito. Lembremo-nos de que aquela experiência deveria ser uma inspiração para que os filhos de Israel tratassem bem aos outros que estivessem desprotegidos, sujeitos à opressão, por estarem muito longe de sua terra natal. Yahweh-Elohim tinha redimido Israel da opressão, pelo que os remidos deviam ter cuidado para não oprimirem outras pessoas, mas antes, estender a elas a proteção e a bênção com que haviam sido brindados pelo Eterno Todo-poderoso. Ver no Dicionário o artigo chamado Deus, Nomes Bíblicos de. “Em sua preocupação com indivíduos carentes, tanto viúvas quanto órfãos, esta passagem concorda plenam ente com um elevado espírito de humanidade, com sua ênfase sobre a justiça, que se acha em outros trechos deste capítulo” (Henry H. Shires, in loc.). Algumas vezes os anjos foram entretidos por homens com o se fossem es trangeiros (ver Heb. 13.2). Aqueles que assim ajudam os estrangeiros fazem o mesmo pelo Senhor (Mat. 25.35), porquanto Jesus está ligado à humanidade inteira. A solidariedade humana é uma form a de cum prim ento da lei do amor. Ver no Dicionário o artigo intitulado Amor. O am or tanto é o m aior de todos os m anda mentos como também é prova do novo nascim ento e da espiritualidade (I João 4.7 ss.). O am or é o cum prim ento da lei (Rom. 13.8 ss.).
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A lei concernente a não ficar alguém com uma capa alheia, com o penhor, até o dia seguinte, a fim de beneficiar os pobres (ver os versículos 12 e 13 deste capítulo), agora era estendida para incluir as viúvas. Todos os pobres em espírito, pobres quanto aos bens m ateriais e humildes em suas atitudes, compartilhavam do mesmo interesse da parte de Yahweh. O utras possessões, como os animais domesticados de alguém, tam bém não poderiam ser arrancadas dos pobres. Ver Jó 24.3.
Achamos aqui a décima quinta das vinte leis m iscelâneas que constituem a seção de Deu. 23.15-25.19. Ver uma introdução a essa seção em Deu. 23.15. O propósito dessa lei era impor certas restrições judiciais sobre as punições corpo rais. Se um homem tivesse de ser açoitado, não poderia ser sujeitado a um castigo que o levasse à beira da morte. Ficava m achucado, mas não a ponto de sua vida ser colocada em perigo. 25.1
24.19 Poderíam os encarar este e os três versículos seguintes com o uma lei d is tinta, ou então com o se estivessem outorgando detalhes da lei geral, assevera da nos versículos 17 e 18 deste capítulo. Q uanto a m im, penso que estam os diante de uma extensão da lei já afirm ada, visto que faz provisão quanto às necessidades das m esm as classes: os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. O direito de rebuscar incluía as classes m ais pobres. Cf. Lev. 19.9,10; 23.22. Esse direito era uma das m aneiras pelas quais o povo de Israel cuidava da pobreza abjeta, quando as pessoas nem ao m enos tinham o que com er. Assim sendo, Rute teve perm issão de rebuscar no cam po de Boaz (segundo capítulo do livro de Rute). Destarte, os pobres não se veriam reduzidos à contingência de esmolar, visto que aquilo pelo que poderiam im plorar já estava à espera deles nos cam pos. Essa lei, conform e expressa em Lev. 19.9,10, provia que se deixasse propositadam ente um pouco de grãos de cereal no cam po, não sendo isso feito por m ero acidente (conform e tam bém este texto subentende). A passagem de Lev. 23.22 repete esse ato propositado. Nesses trechos, ofereço notas expositivas com pletas sobre a questão. 24.20 Quando sacudires a tua oliveira. As azeitonas tam bém não deveriam ser colhidas da oliveira até o último fruto. Uma porção era deixada para ser aproveita da pelas classes pobres e pouco privilegiadas. São de novo m encionadas as m esm as três classes. Desse modo, os pobres podiam gozar de algum a variedade em sua dieta, devido a essas leis humanitárias. 24.21 Quando vindim ares a tua vinha. A uva tam bém estava sujeita ao ato de rebuscar. Novamente, as mesm as três classes são m encionadas com o tendo o direito de tirar proveito dessa lei. A colheita das azeitonas e das uvas ocorria mais ou m enos ao m esm o tempo, ou seja, um pouco depois da colheita do trigo, ou no fim de nosso mês de junho ou no com eço de nosso mês de julho. “Essas leis foram baixadas a fim de beneficiar os pobres, com o propósito de m ostrar para com eles misericórdia e gentileza, e para que tam bém pudessem participar de todos os frutos da terra” (John Gill, in loc.). Tipologia. A provisão espiritual e material que tem os em Cristo é ampla e variegada. “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra” (II Cor. 9.8). Oh, Senhor, concede-nos tal graça! Pois conheceis a graça de nosso S enhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se íez pobre p o r a m or de vós, para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos. (II Coríntios 8.9) 24.22 Lem brar-te-ás. Um dos m otivos para os israelitas viverem a lei do am or era que Yahweh se tinha m ostrado gracioso para com eles, quando estavam sendo oprim idos no Egito. A generosidade Dele servia de exem plo a ser seguido. Este versículo repete o versículo 18 deste capítulo, que já havia afirm ado a razão de serem bem tratadas aquelas três classes de pessoas: os estrangeiros, as viúvas e os órfãos. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo intitulado Liberalidade e Generosidade. Ver tam bém Deu. 15.15 quanto à mesma declara ção.
C apítu lo V in te e C inco
Em havendo contenda entre alguns. Tem os aqui qualquer questão de disputa que não pudesse ser resolvida sobre um a base privada, que tinha de ser levada a juízo pelos tribunais apropriados: o Sinédrio local, e então, se o caso fosse difícil dem ais para um tribunal local, o Grande Sinédrio, em Jerusalém . Ver Deu. 17.8 quanto a essa informação. Os tribunais locais com punham -se de vinte e três membros; e o tribunal central, de setenta e um m em bros. As aldeias peque nas podiam ter um tribunal de até um m ínim o de três juizes, e um número menor do que isso não era permitido. Esses tribunais tinham a palavra final em qualquer caso que decidissem. Eles decidiam sobre quem tinha e quem não tinha a razão; e também executavam as sentenças que tivessem sido determinadas. Mas o que decidissem precisava ser regulado pelo bom senso. Ninguém podia ser morto m ediante um castigo de açoites. 25.2 Se o culpado merecer açoites. O indivíduo que fosse declarado culpado de algum a ofensa que não fosse punida mediante a execução era castigado pela pena secundária dos açoites. Esse homem era, pois, humilhado. Tinha de deitarse defronte do juiz que ditara a sentença e era açoitado no local, na m esm a hora. A justiça era aplicada sem tardança. Maimônides (Hilchot Sanhedrin, cap. 19, sec. 1) referiu-se a duzentos e sete tipos de ofensas em face das quais um homem merecia ser açoitado, embora não recebesse a punição capital. Todas essas ofensas envolviam algum a form a de infração da lei, incluindo muitas que não são referidas diretam ente, mas apenas por analogia. Muitos antigos tribunais já adm inistravam açoites, um a vez detido o réu; e as referências literárias m ostram que esses açoites por m uitas vezes resultavam na morte do acusado. De acordo com a lei de Moisés, entretanto, essa era uma questão que recebia um colorido humanitário. Ver Jer. 20.2; 37.14; Mar. 14.65; Atos 16.22,23. A lei dos hebreus requeria que primeiro houvesse um julgamento, e então um número circunscrito de açoites (ver o versículo seguinte). 25.3 Quarenta açoites lhe fará dar, não mais. A lim itação de um castigo judicial de trinta e nove chibatadas vinha de tempos antigos e fazia parte da legislação de vários povos antigos. Adam Clark menciona que essa prática veio da China. Eram utilizados látegos e varas de bam bu. V er no Dicionário o artigo cham ado Açoite quanto a inform ações gerais que incluem a m aneira com o os golpes eram aplica dos. Naquele artigo, dou certo número de referências literárias sobre a questão. O direito romano não perm itia que um cidadão rom ano sofresse a desgraça dos açoites em público (ver Atos 22.25), mas não isentava não-romanos e escravos (ver Atos 22.24). O Código de Hamurabi (lei 202) permitia até sessenta chibatadas. Leis assírias posteriores perm itiam entre quarenta e cinqüenta chibatadas. Este versículo fala que, entre os israelitas, o núm ero era lim itado a quarenta. Mais tarde ainda, esse número foi reduzido para trinta e nove (ver II Cor. 11.24). Desse modo, evitava-se uma excessiva crueldade nesse castigo de açoites. Sabe-se que, mais tarde, o castigo de açoites era infligido nas sinagogas. E enquanto era aplicado, lia-se o trecho de Deuteronôm io (28.38 e 59), além de algumas outras passagens. Teu irmão não fique aviltado. Em outras palavras, um homem açoitado não podia sofrer hum ilhação absoluta. E o Targum de Jonathan interpreta isso com o: “a fim de que ele corra o perigo de perder a vida, e teu irm ão seja envilecido”. Destarte, a pessoa vil poderia ser aquele que ordenara o espanca mento, ou aquele que o tivesse adm inistrado; pois o hom em castigado quase morrera, o que constituía um castigo que ia além do perm itido pela lei. Outra interpretação é que o homem espancado tornar-se-ia vil porque, tendo m orrido, seu corpo se decom poria. Nesse caso, a alusão quase certa é ao hom em que fora espancado. Ninguém deveria ser tratado com o se fora um anim al. O ho mem castigado era um “irm ão” que tinha caído em erro, e não deveria ser excessivam ente punido. 25.4
Este capítulo dá prosseguim ento à listagem das vinte leis m iscelâneas que constituem a seção de Deu. 23.15-25.19. Há uma breve introdução a essa seção nas notas sobre Deu. 23.15.
Não atarás a boca ao boi, quando debulha. Tem os aqui a décima sexta das vinte leis que aparecem na seção de Deu. 23.15-25.19. V er uma breve intro dução a essa seção em Deu. 23.15.
DEUTERONÔMIO A le i requeria respeito e interesse hum anitário pelos anim ais. Um boi que estivesse pisando o grão deveria ter perm issão de comê-lo, pelo que era proibido atar-lhe a boca. Desse modo, a lei m osaica continha bondade para com os ani mais. Já que um animal ajudava o homem a obter seu cereal, então também merecia ficar com parte do alimento. Paulo utilizou-se desse versículo em I Coríntios 9.9, para ensinar que o ministro do evangelho que trabalhasse em um labor espiritual deveria receber justa paga, porque m erecia ser sustentado. E Paulo ajuntou que Deus não dissera isso som ente para beneficio dos animais, mas também para nosso aprendizado. E os intérpretes têm-se debatido com essa declaração paulina, pois o Antigo Testam ento deixa claro que essa lei reflete, claramente, o interesse de Deus pelos anim ais. V er a m esm a coisa em Jonas 4.11. No que toca à declaração de Paulo, ver a passagem de I Coríntios 9.9, no Novo Testamento Interpretado. M aim ônides lista várias m aneiras pelas quais os povos gentílicos impediam que os bois e outros anim ais com essem enquanto trabalhavam : pondo um espi nho na boca do animal; usando focinheiras; espalhando coberturas sobre o cereal (H ilchot Shecirut, cap. 13, sec. 3). V er I Tim óteo 5.17,18 quanto a outro uso neotestamentário desta passagem . Ver Deu. 22.6,7 e Pro. 12.10, trechos que também ensinam que devem os tratar os anim ais com brandura. 25.5 Este e os cinco versículos seguintes apresentam a décim a sétima das vinte leis que aparecem na seção de Deu. 23.15-25.19. Ver uma breve introdução a essa seção em Deu. 23.15. Trata-se de uma repetição do cham ado casamento levirato. Ver no Dicionário o artigo detalhado sobre essa questão, cham ado M atri mônio Levirato. Se se casar com duas irmãs (estando ambas vivas) era uma form a de incesto, proibida pela lei (ver Lev. 18.18), contudo, uma mulher deveria casar-se com um segundo irmão, se seu m arido (um dos irmãos) tivesse morrido antes de haver gerado filhos. O propósito do casamento, no antigo povo de Israel, não era cum prir fantasias românticas, mas prom over a família e uma linhagem de herança, pois a fam ília era a unidade social basilar. Era muito importante que a linhagem herdeira tivesse continuação (ver o sexto versículo deste capitulo), para que o nome de um homem não fosse obliterado. Meu artigo sobre o assunto é detalhado, pelo que não ofereço aqui um estudo completo. Não se casará com outro estranho. A viúva, nesse caso, não podia casar-se com um homem fora da família de seu falecido marido. “Estranho” pode significar “estrangeiro”, mas não é o que está em pauta aqui. A mulher nem ao menos podia casar-se com um homem da mesma tribo de seu falecido marido, mas tinha de confinar-se à família a que pertencia o marido morto. Essa lei, naturalmente, forçava a poligamia (ver a respeito no Dicionário), pois um irmão do morto provavelmente já tinha sua própria mulher, ou mesmo mais de uma. Casar-se com uma cunhada divorciada ou enviuvada era proibido. Ver o gráfico existente nas notas de introdu ção ao capítulo 18 de Levítico, quanto a um estudo detalhado sobre o pecado de incesto; e ver também o verbete sobre esse assunto no Dicionário. O casamento levirato, por conseguinte, formava uma exceção ao espírito das leis sobre o incesto. A obrigação de cunhado. Essa era uma obrigação dos laços do casamento, tanto a fim de prover um herdeiro que desse continuação ao nome da família como para preservar a herança da fam ília sob a form a de terras, que vinha continuando desde que a Terra Prometida fora lotada (ver os capítulos 21 a 23 de Josué). Se um homem m orresse sem deixar descendentes, então um seu irmão tinha de assum ir essa obrigação. O novo casamento, porém, não poderia ocorrer enquanto não se escoassem três meses após a morte do irmão falecido (ver Yebamot, cap. 4, sec. 10). 25.6 Será sucessor do nom e do seu irmão falecido. Parece que este versículo indica que o filho prim ogênito do casam ento levirato teria o m esm o nome de seu tio falecido, ao m esm o tem po em que seria considerado legalm ente filho do falecido, levando avante a sua linhagem e herança. Dessa m aneira, as prom es sas divinas, dentro do Pacto Abraâm ico, tornavam -se reais para o falecido. Sua linhagem continuaria e sua herança perm aneceria dentro de sua linhagem . Ver as notas sobre o Pacto A braâm ico em Gên. 15.18. V er tam bém Gên. 15.18-21; 17.19; 22.17; 28.13,14 e 35.12. Um hom em falecido participava da vida de Israel através de seu filho legal, em bora, biologicam ente falando, fosse seu sobrinho. Tipologia. A lguns intérpretes vêem aqui um indício do fato de que Jesus, que m orreu biologicam ente sem deixar descendentes, ainda assim obteve m ui tos irm ãos e filhos, em um sentido espiritual. Portanto, Ele não foi deixado sem a Sua própria fam ília. E esses Seus fam iliares tornaram -se herdeiros de tudo quanto a m issão rem idora de Cristo proveu para eles. Ver no D icionário o artigo intitulado H erança. V er tam bém o últim o parágrafo quanto às im plicações tipológicas.
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“Visto que, de acordo com a m aneira antiga de pensar, o nome de um homem era o portador de sua pessoa, então um pai vivia em seu filho (Gên. 48.15,16)” (O xford Annotated Bible, com entando sobre este versículo). “Sublinhando tudo isso, há uma verdade perfeitam ente real. Tal com o seu progenitor, o judaísm o, o cristianism o originou-se com o a religião de uma com uni dade... a vida cristã genuína não pode ocorrer no isolam ento... antes, o grupo, em com unhão com Deus, é fundam ental” (Henry R. Shires, in loc.). 25.7 Se o homem não quiser tom ar sua cunhada. Se um homem não quisesse cum prir seu papel, dentro das regras do casam ento levirato, isso resultaria para ele em uma profunda humilhação, conform e vem os neste e nos três versículos seguintes. Mas havia a com preensão tácita de que, se o homem sim plesm ente não tolerasse ficar com sua cunhada viúva, então seria m elhor não forçá-lo a fazê-lo. Mas um processo legal era necessário para que houvesse tal dispensa de obrigação. Pois não se tratava de um ato individual e unilateral. Onã (ver Gên. 38.9), com o é óbvio, não recebeu tal oportunidade de dispensa. Podemos, pois, presumir, que a legislação se desenvolveu com a passagem do tem po. Mais e mais homens recusavam casar-se com suas cunhadas viúvas; e assim, finalm en te, foi adicionado um dispositivo legal que cuidasse de tais casos. Posteriormente, tornou-se usual que um homem não assum isse a sua responsabilidade; e assim a lei do levirato gradualm ente caiu em desuso. A mulher ofendida é que tinha de apresentar a questão diante de um tribunal. O único recurso que lhe restava era hum ilhar publicamente o seu cunhado, na esperança de que essa hum ilhação o seguisse sob a form a de má reputação. Nenhuma multa era baixada. O mero ato de humilhação desobrigava o homem. Tal como acontecera com Tam ar (ver o capítulo 38 de Gênesis), a m ulher é que precisava tom ar a iniciativa. Mas tam bém é provável que muitas m ulheres prefe rissem manter-se na reserva, quando viam ás atitudes hostis de seus cunhados. 25.8 Os anciãos da sua cidade devem cham á-lo. Fica entendido que a mulher tinha apresentado queixa, em vista do que o tribunal cham ara o homem rebelde. A tarefa dos juizes consistia em tentar convencê-lo a cum prir sua obrigação. Todavia, ele tinha o direito legal de continuar a recusar-se. Uma humilhação pública valia a pena, se ele realm ente quisesse desvencilhar-se “daquela m ulher” ! Maimônides inform a-nos que, em alguns casos, o tribunal reconhecia a sabedoria m ostrada pelo homem, e até aconselhava-o a continuar em sua recusa, como quando havia algum a enfermidade envolvida, ou então quando o homem fosse idoso e a m ulher fosse jovem, ou exatam ente o contrário (ver Yebum Vachalitzah, cap. 4, sec. 1). Na m aior parte das vezes, entretanto, o tribunal procurava prom o ver o casamento levirato. 25.9 Temos A qui o A to H um ilhador P ropriam ente Dito. Consistia em descalçar o homem de uma de suas sandálias e cuspir-lhe no rosto, ao m esm o tem po em que se proferia uma m aldição, que passaria a ser uma espécie de opróbrio pelo resto da vida dele. Leão de M odens (Mish. Yebamot, cap. 4, sec. 6) inform a-nos que a sandália tirada era do pé direito do homem. Esse ato era, aparentem ente, um ato sim bólico que reduzia o homem a ser um cidadão de segunda classe, pois os escravos andavam descalços. Ver o trecho de Rute 4.7,8, quanto à cerim ônia da sandália, ainda que, no caso de Rute, não estivesse em foco uma situação de casam ento levirato, e sim, o caso de um goel, ou seja, um parente rem idor da propriedade da mulher. Alguns estudiosos pensam que a sandália retirada servia de sinal de poder, pois o calçado ajudava um homem a andar e trabalhar sem ferir os pés. Remover a sandália, portanto, sim bolizaria o ato de debilitar o homem, embora a outra interpretação pareça melhor. E lhe cuspirá no rosto. Esse sím bolo é inequívoco. A cunhada rejeitada estava desprezando e humilhando publicamente o homem que se negara a cum prir sua obrigação, e proferia uma m aldição que acom panharia o homem por toda a vida dele. “... como se fosse um sinal de opróbrio e desgraça” (John Gill, in loc.). O tem or diante de tais coisas, presum ivelm ente, levaria o homem a cum prir sua obrigação social, pois do contrário ele se tornava um homem estigmatizado. A força motivadora, por conseguinte, era a pressão social. 25.10 A casa do descalçado. É de presum ir que a comunidade inteira lembrar-seia de que ele era o homem cuja sandália fora retirada, e esse estigma haveria de acom panhá-lo pelo resto de sua vida. Porém, é apenas razoável pensarm os que, pelo m enos entre os homens, o homem rebelde acabasse ganhando prestígio, por ter tido a coragem de rejeitar “aquela mulher” . Em tempos posteriores, as palavras
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de maldição eram proferidas por três vezes, para efeito de ênfase. O homem era lançado em opróbrio público, mas ficava desobrigado do casam ento levirato, e isso poderia parecer a ele com pensador. Ainda mais tarde, ao homem se dava um docum ento que lhe perm itia casar-se com quem bem quisesse, visto que estava desobrigado do casamento levirato, pois, de outro modo, o que fizera poderia atuar como um im pedim ento. Um sum o sacerdote estava isento dessa lei, afinal (ver Lev. 21,14), tal com o os reis de Israel (ver Mish. Sanhedrin, cap, 2, sec. 2), pelo que aquele homem se tinha aliado a boa com panhia.
também de uma época para outra. Era, ao que tudo indica, uma medida de origem egípcia. Valia dez ômeres (ver Êxo. 16.36), ou seja, mais ou m enos o equivalente a dez quilogramas. V er no Dicionário o artigo cham ado Pesos e Medidas, em sua seção V il. Há alguns estudiosos que lhe atribuem um valor de até dezenove quilogramas. Essa m edida é mencionada por cerca de trinta e seis vezes no Antigo Testamento. Um negociante desonesto, que dispusesse de dois tam anhos de efa, engana va tanto os que dele com prassem quanto os que para ele vendessem. Com o efa maior, ele comprava. E com o efa menor, vendia.
25.11,12 25.15 Quando brigarem dois hom ens. Estes dois versículos nos fornecem a décim a oitava das vinte leis que figuram na seção de Deu. 23.15-25.19. Ver uma introdução a essa seção em Deu. 22.15. A lei m osaica tam bém procurava regulam entar as brigas. C onform e alguém já disse: “Os hom ens brigam por aquilo que é certo e tam bém para se divertirem ” . Sem pre haverá brigas. A legislação m osaica procurava regulam entar certos tipos de brigas. Cf. Êxo. 21.22, onde acham os algo sim ilar. A s notas dali se aplicam tam bém aqui. No texto de Êxodo, quem acabou ferida foi um a m ulher grávida, e talvez até o seu feto. Mas aqui, uma m ulher, procurando defender o seu m arido, m achucaria os órgãos sexuais de outro hom em . Atualm ente, as m ulheres estão aprendendo a defender-se de ataques m asculinos, por m eio de chutes nos testículos, d eixan do-o com pletam ente sem ação. Em uma briga simples (não no caso de uma tentativa de estupro), uma mulher israelita não podia defender seu marido desse modo. Se ela assim o fizesse, perde ria a mão. Temos aqui o único caso de punição por meio de mutilação, em toda a lei mosaica, ainda que, no Oriente Próximo e Médio, essa fosse uma pena comum. De acordo com a lei dos assírios, um homem que ousasse beijar uma mulher na rua (não sendo ela sua esposa), teria seus lábios decepados com uma espada. Aquela antiga lei que diz “olho por olho, dente por dente" (Deu. 19.21) reflete uma época mais antiga, quando as mutilações eram um castigo freqüente. Israel, porém, logo abandonou esse tipo de filosofia judicial. Ver Êxo. 21.24,25 quanto a uma expressão mais elaborada da lei da retaliação, ou lex talionis. Ver no Dicionário o verbete com esse nome. É significativo que essa lei fosse aplicada no caso de uma mulher que estivesse defendendo seu marido, e então ela e seu feto fossem feridos. A proibição que consta nestes versículos talvez tenha algo que ver com o respeito pela fonte da vida, representada pelos órgãos genitais. Porém, também é muito prová vel que estivesse envolvido o medo por parte dos homens de serem atacados nessa área mais vulnerável do corpo; e, para agravar ainda mais a situação, é que tal ataque seria desfechado por uma mulher. Não é muito provável que o autor sagrado estivesse preocupado com a modéstia da mulher, conforme alguns intérpretes têm opinado. Não a olharás com piedade. Era realmente excruciante agarrar a mulher e decepar-lhe a mão; mas a lei assim o exigia; nenhum sentimento de piedade pode ria impedir a mutilação. Essas leis nos parecem incompreensíveis. Cf. Deu. 13.8; 19.13,21 quanto a declarações similares. Em tempos posteriores, porém, era cobra da alguma multa, pois as mutilações haviam sido totalmente descontinuadas. 25.13 Não terás pesos diversos. Encontramos neste e nos três versículos seguin te a décima nona das vinte leis m iscelâneas que figuram na seção de Deu. 23.15 25.19. V er uma introdução a essa seção em Dev. 23.15. Nas transações com erci ais era preciso que houvesse pesos e m edidas justos. V er na Enciclopédia de Bíblia, Filosofia e Teologia o verbete intitulado Honestidade. Um homem desones to seria privado de suas riquezas por parte de Yahweh. Ele só obteria vantagens pecuniárias, a fim de perdê-las mais tarde. O décimo quinto versículo deste capí tulo promete vida longa ao homem honesto. Uma honestidade a toda prova era recom endada no tocante a todas as negociações e comércio, tanto quanto em todos os processos judiciais (Deu. 16.18-20). O paralelo direto deste trecho acha-se em Lev. 19.35,36. As notas expositivas oferecidas ali aplicam -se também aqui. Um grande e um pequeno. Um negociante tinha uma bolsa onde havia pesos (geralmente feitos de pedra ou de metal), que eram usados nas transações. Porém, alguns com erciantes mostravam -se desonestos porque tinham pesos bem calibrados, e outros nem tanto, para que assim pudessem enganar quem com eles negociassem. Um negociante desonesto vendia usando o peso menor, e com prava usando o peso maior. Talvez estejam em foco transações em que esses pesos é que determ inavam o valor dos produtos. Ver também Pro. 11.1; 16.11; 20.10,23; Amós 8.5; Miq. 6.11; Osé. 12.7, quanto à menção a “balanças” . Ver no Dicionário o artigo intitulado Balanças. 25.14 Efa. O efa era, essencialmente, uma m edida usada para o caso de cereais. O valor de capacidade do efa difere na opinião dos intérpretes, e provavelm ente
Para que se prolonguem os teus dias na terra. Em contraste com um homem desonesto, um homem honesto usava corretos pesos (vs. 13) e medidas (vs. 14). E viveria mais tem po do que um homem desonesto. Alguma enfermidade arrebataria anos de vida do homem desonesto, m ostrando-lhe assim que, nesta vida, há coisas mais im portantes do que o dinheiro. Uma longa vida física era uma prom essa padrão a todos quantos, em Israel, observassem os mandam entos da lei. Ver as notas sobre isso em Deu. 4.1; 5.33 e 6.2. Não há, nessa promessa, nenhum indício de vida eterna, conform e explicam, detalhadam ente, as notas expositivas sobre essas referências. Havia algum as prom essas específicas de longa vida física para os que obedecessem a certos mandam entos específicos, como honrar pai e mãe (Deu. 5.16) e conferir um tratam ento m isericordioso para com as aves (Deu. 22.6,7). A prom essa deste versículo era recom pensa aos que se mostrassem honestos em seus negócios. 25.16 É abom inação ao Senhor. Aos olhos de Deus, a desonestidade nos negóci os é uma “abominação”. Uma vigorosa palavra hebraica acha-se por trás dessa tradução, e com freqüência era usada para indicar a idolatria, equivalente ao adultério espiritual. Ver as notas sobre esse vocábulo em Deu. 13.14 e 23.18. Foi o próprio Yahweh-Elohim, o Eterno e Todo-poderoso, quem ordenara que houves se honestidade em todas as transações com erciais. V er no Dicionário o artigo Deus, Nomes Bíblicos de. Yahweh é justo. E aqueles que seguissem o yahwism o precisavam ser justos. Uma balança enganosa era uma abom inação aos olhos de Yahweh. Ver Am ós 8.4-8. A injustiça tende a perpetuar a pobreza, pelo que os mais beneficiados por pesos e medidas justos eram os pobres. 25.17 Lembra-te do que te fez Am aleque. Tem os aqui (Deu 25.17-19) a vigésima e última das vinte leis miscelâneas que constituem a seção de Deu. 23.15 a 25.19. Ver uma breve introdução a essa seção nas notas sobre Deu. 23.15. Essa lei consistia em uma maldição absoluta contra os amalequitas, requerendo que Israel exterminasse a raça inteira dos filhos de Amaleque. Alguns intérpretes, com o Henry B. Shires (in loc.), salientam com o leis e ódios dessa natureza, voltados contra povos estrangeiros, são absolutam ente contraditórios à fé cristã. Jesus ensinou-nos a am ar nossos inimigos e tratar bem aqueles que nos tiverem ofendido (ver Mat. 5.44). Apesar disso, outros intérpretes supõem que essa maldição fizesse parte necessária da história de Israel, e acham motivos para defender a questão. Essa maldição só veio a surtir efeito muito mais tarde, em sua íntegra. Mais de quatrocentos anos depois, Davi derrotou os am alequitas (ver II Sam. 1.1); mais trezentos anos se passaram até Ezequias te r cum prido finalm ente a tarefa (ver I Crô. 4.41-43). Ver no Dicionário no artigo cham ado Amalequitas. Quando saías do Egito. Som ente duas batalhas específicas contra os amalequitas ficaram registradas no Pentateuco (ver Êxo. 17.8-16; Núm. 14.39-45). Mas o trecho que estamos com entando dá a entender outros choques armados, além daqueles incidentes que foram historiados. Os filhos de Am aleque atacaram os filhos de Israel sem terem sido provocados, quando Israel estava exausto e enfermiço. Outras batalhas foram registradas, em I Sam. 14.48; 15; 27.8,9; 28.18; 30.1-20; II Sam. 8.12; I Crô. 4.43. Os amalequitas, assim sendo, foram subm eti dos ao método do holocausto de uma guerra santa (ver Deu. 20.16-18), em vez do tratam ento mais brando que podia ser adm inistrado aos adversários em tem pos de guerra (ver Deu. 20.10-15). 25.18 Atacou na retaguarda todos os desfalecidos. O crime dos amalequitas foi especialmente cntei porque eles atacaram sem terem sido provocados, e tiraram vantagem daqueles que compunham a retaguarda do acampamento de Israel em movimento, massacrando os enfermos, desfalecidos e cansados, que iam ficando para trás. Tendo, pois, massacrado, os amalequitas deveriam ser massacrados igual mente. Ver no Dicionário o artigo intitulado Lei Moral da Colheita Segundo a Semeadu ra. Em vez de socorrerem os exaustos israelitas, eles apelaram para o massacre.
DEUTERONÔMIO Eles não temiam a Deus, sendo esse o motivo pelo qual fizeram o que fizeram. Tem or de Deus era uma daquelas qualidades espirituais básicas que a lei requeria do povo de Israel. V er Deu. 10.12. 25.19 Apagarás a memória de Amaleque. A despeito de todas as oposições e matan ças, finalmente a Terra Prometida seria possuída. Isso concordava com a promessa do Pacto Abraâmico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18). Depois que tivesse ocorrido a conquista da Terra Prometida (ver Jos. 21-23), então Israel descansaria de suas guerras. Porém, uma vez que eles pudessem descansar e tivessem juntado as forças necessárias para a tarefa, deveriam iniciar uma guerra sem tréguas e sem misericórdia contra os amalequitas, exterminando-os totalmente. Vimos no versículo 17 que Israel foi exortado a “lembrar-se” da crueldade dos amalequitas. E, no presente versículo, os israelitas recebem ordem para revidar contra os amalequitas conforme eles tinham feito. Visto que os amalequitas não tinham mostrado misericórdia, agora não receberiam misericórdia. O rei Ezequias foi quem terminou por levar a bom termo essa maldição contra Amaleque (I Crô. 4.41-43). Ellicott (in toc.) salientou que essa m aldição ocorreu através de vários estági os: por Josué (Êxo. 7.14); por Baraque e Gideão (Juí. 5.14; 6.3; 7.12); por Saul e Samuel (I Sam. 15); por Davi (I Sam. 27.8,9; 30.17); pelos sim eonitas (I Crô. 4.42,43); por Ester, que exterm inou os agagitas da casa de Hamã. O Targum de Jonathan projeta essa m aldição até os próprios tem pos messiânicos, ao d iz e r:"... mesmo nos dias do rei Messias, isso não será esquecido”.
C apítu lo V in te e Seis Conclusão (26.1-19) Este capítulo conclui as m uitas leis que o autor sacro tinha com eçado a apresentar no capítulo 12 deste livro. E depois vem uma nova seção, que com eça no capítulo 27. Duas cerim ônias (acom panhadas por confissões) são aqui apre sentadas: 1. aquela da apresentação das prim ícias (26.1-11), e 2. aquela a ser recitada no santuário central ao terceiro ano, o “ano dos dízim os” (26.13-15). A primeira confessa os atos de salvação e graça, que tiraram Israel da servidão no Egito. E a segunda p roduz uma solene afirm ação de obediência às leis atinentes aos dízimos, incluindo uma oração, de pedido pelas bênçãos abundantes de Deus. Os versículos 16-19 concluem este capítulo com exortações acerca da obediência que deveria caracterizar um povo especial para Deus. Os dois ritos descritos neste capítulo tinham o propósito de celebrar a transi ção pela qual Israel passou, de um povo nômade para uma comunidade agrícola fixa à terra, o que se tornou possível na Terra Prometida, m ediante as grandes bênçãos de Yahweh. 26.1 Ao entrares na terra. A época certa da prática dos dois ritos (ver a introdu ção a este capítulo) é projetada para aquele tem po em que Israel já tivesse com pletado a conquista da Terra Prometida, loteando-a entre as suas tribos (Jos. 21-23). A herança que fazia parte do Pacto A braâm ico (ver Gên. 15.18) tornar-seia uma realidade, e Israel celebraria a sua transição da vida nômade para uma comunidade agrícola fixa à terra. Nessa nova comunidade, pois, os ritos e as leis do yahwism o seriam prom ovidos, e daí resultariam muitas bênçãos divinas. 26.2 Tom arás das prim ícias. V er no Dicionário o verbete Primícias. O santuário central seria o lugar das oferendas e dos ritos religiosos. O santuário de Jerusa lém substituiria todos os demais, e assim o yahw ism o seria unificado. Ver Deu. 12.5, quanto a essa questão. “ Essa oblação das primícias diferia do molho de primeiros frutos, da colheita da cevada, durante o período da Páscoa, e tam bém diferia dos dois pães de trigo, movidos diante do Senhor durante a época do Pentecoste; e, igualmente, dos bolos das primícias da massa. Ver Lev. 23.10,17; Núm. 15.20,21. Essa oblação era apenas de uma espécie; mas aquelas eram de várias espécies... os sete tipos aqui cham ados de ‘fruto do solo’, m encionados em Deu. 8.8. E tudo isso nos ensina que com pete a nós honrar a Deus por meio das primícias de nossa produ ção, e devem os m ostrar-nos agradecidos por tudo quanto possuím os” (John Gill, in loc.). 26.3,4 Hoje declaro ao Senhor teu Deus. Esse rito com emorava a vitória. O povo de Israel, finalmente, tinha entrado na Terra Prometida e ganho a herança que
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fora prom etida a Abraão. Os sacerdotes oficiantes (alguns falam aqui no sumo sacerdote) do santuário central receberiam a oferenda das primícias, uma oferta de ação de graças. O sacerdote proferiria palavras de bênção e agradecim ento, e então poria o cesto de primícias perante o Senhor, diante do altar. Mas, antes de depositá-lo ali, o sacerdote m overia o cesto, com a ajuda do ofertante, as mãos do sacerdote por baixo das mãos deste último, am bos realizando o m ovimento. Esse movim ento era feito na direção dos quatro cantos da terra, em reconhecimento do domínio universal de Yahweh e de Suas bênçãos sobre a terra inteira. O cesto era posto sobre o altar de bronze, o altar dos sacrifícios, porque, na verdade, o rito era uma espécie de sacrifício. Ver as notas de introdução ao trecho de Êxodo 21.1, quanto a um gráfico que ilustra a planta baixa do tabernáculo, e que veio a ser incorporada ao esquema do tem plo de Jerusalém. 26.5 Então testificarás perante o S enhor teu Deus. A história inicial de Israel era relembrada nessa declaração. Jacó é aqui referido com o “arameu, prestes a perecer” . Quando ele desceu ao Egito, era apenas um nômade e estrangeiro, em terra pertencente a outros. Jacó e seus fam iliares passaram precariamente como estrangeiros. No entanto, tão grande fora a bênção dada por Yahweh que, ali no Egito, e sob circunstâncias tão adversas, foi-se form ando uma grande nação. Começando com setenta pessoas, saíram do Egito cerca de quatro m ilhões, visto que havia nada m enos de seiscentos mil homens, de vinte anos para cima, que podiam atuar como soldados (ver Núm. 1.46). Um A ntigo Credo. Os vss. 5 e 10 deste capítulo contêm um antigo credo de Israel, recitado a fim de que o povo se lem brasse de seu humilde passado, e de como Yahweh os havia abençoado tanto, tornando-os uma nação numerosa e poderosa. Os dois principais eventos que deviam ser lem brados eram o êxodo do Egito e a conquista da terra de Canaã, eventos-chaves do triunfo dos israelitas. As primícias eram oferecidas em com em oração a tudo quanto havia acontecido. A recitação do credo fazia parte do segundo aspecto do ritual, celebrando o poder e a fidelidade de Yahweh. Podemos relembrar a história de Abraão, que era natural de Ur, da Caldéia, e jomadeou até Harã, uma cidade dos arameus, na alta Mesopotâmia (ver Gên. 11.28 32). Abraão entrou na terra de Canaã, mas Jacó, em tempo de fome, partiu dali para o Egito. No Egito, Jacó viveu somente por mais dezessete anos, mas o pequeno rema nescente de setenta pessoas logo se multiplicou, tomando-se uma grande multidão. E o Senhor, no deserto, organizou-os para que se tomassem uma nação. “A confissão, aqui, juntam ente com aquela de Deu. 6.20-25, com põem um pequeno credo histórico” (G. Ernest Wright, in lo c ). 26.6 Os egípcios nos maltrataram e afligiram. Os egípcios apertaram os filhos de Israel, transformando a vida deles em uma grande miséria, pois chegou o dia em que os Faraós não mais se lembravam de José e de seus notáveis serviços em favor do Egito. Assim, os filhos de Israel foram reduzidos à escravidão, no Egito, e o quadro parecia tornar-se totalmente destituído de esperança. Parecia que, em vez de possuírem o território que tinha sido prometido a Abraão, eles continuariam para sempre no Egito, como escravos, até serem absorvidos por aquela nação camita. Mas os planos de Yahweh eram o contrário de tudo isso, e o negro capítulo da servidão foi revertido da maneira mais espetacular. Ver Êxo. 1.9-22; 2.25; 3.9 e 6.5,6, que são fontes dessa confissão sobre a qual estamos comentando. 26.7 Clamamos ao Senhor. Sentindo-se im potentes para se libertarem, os des cendentes de Jacó clamaram a Yahweh-Elohim , o Eterno Todo-poderoso. Ver no Dicionário o verbete cham ado Deus, N om es Bíblicos de. Ver Êxo. 2.23 quanto ao incidente histórico do clam or a Yahweh. Ver Êxo. 2.25 e 3.7,8 quanto ao modo como Yahweh atendeu a esse clamor. 26.8 E nos tirou do E gito com poderosa m ão. Este ve rsícu lo recapitula o poder de Yahw eh, exercido no livram ento dos filh o s de Israel. Cf. Deu. 4.34 e 9.26 acerca do “braço este n d id o ” , ou seja, os atos de poderosa intervenção divina, em fa vo r do povo de Israel; e cf. Deu. 4.34; 6.22; 7.19 e 29.3 quanto aos m uitos sinais, m ilagres e m aravilhas que o S enhor realizou em prol de Israel. O fato de que Deus tirou o povo de Israel da servidão no Egito, m os trando-lhe Seu poder e graça, é um tem a freqüente no livro de D euteronôm io, onde reaparece p or ce rca de vinte ve ze s. Q uanto a isso, ve r as notas e xpositivas sobre Deu. 4.20. V er tam bém as notas sobre Núm. 23.22, que dizem respeito a esse m esm o tem a. Era por to d as essas coisas que agora Israel agradecia ao Senhor, por ocasião da o blação das prim ícias. V er no D icionário o verbete intitulado P ragas do Egito, bem com o um gráfico que as
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ilustra, nas notas sobre Êxo. 7.14. Essas pragas figuram entre os sinais e m ilagres m encionados neste ve rsícu lo. 26.9 E nos trouxe a este lugar. Yahweh tirara os israelitas do Egito e então os introduzira na Terra Prometida. Esta era uma terra de abundância, que manava “leite e m el” . Quanto a notas com pletas sobre essa expressão, ver Êxo. 3.8 e Núm. 13.27. Yahweh “fez reverter a história de Israel”, m ostrando-lhes coisas grandes e poderosas “que não sabiam " (ver Jer. 33.3). “O verdadeiro teste da religião é, de fato, sua capacidade de satisfazer necessidades individuais” (Henry S. Shires, in loc.).
que lhes cabia nos dízimos. M aim õnides asseverava que esses dízim os eram dados na época da Páscoa (Mishn. M aaser Sheni, cap. 5, sc. 6), isto é, no primeiro, no quarto e no sétimo ano da Páscoa — o ano sabático. “A cada ano era pago um dízim o aos levitas; e, além disso, um segundo dízim o, que era levado a Jerusalém , e era ali consum ido; e, a cada três anos, os dízim os eram com idos em casa, cada qual em sua própria cidade, em com panhia dos levitas, dos pobres e dos estrangeiros. Esses dízim os eram cham a dos de dízim os dos pobres. Era considerado que não se com pletava enquanto não chegasse a Páscoa do ano seguinte, conform e disseram os escritores judeus (Mish. M aaser Sheni, cap. 5, sec. 6; M aim õnides e Bartenora” (John Gill, in loc.). No ano terceiro. Isto é, no terceiro ano dos sete anos depois do ano sabático.
26.10 Eis que agora trago as prim ícias. Em face de tudo quanto Yahweh tinha feito, os adoradores israelitas punham sobre o altar (vs. 4), m ediante o oficio dos sacerdotes, as primícias de sua colheita. Essas primícias tornavam -se parte do sustento dos sacerdotes, uma vez que a porção pertencente a Yahweh fosse oferecida na cerim ónia. Ver os versículos 3 e 4 deste capítulo, quanto a esse ritual. Agradecem os a Deus porque até mesmo os rios de ventanias mais difíceis term inam desaguando seguram ente no Mar. O destino determ inado por Deus incorpora todos os seres humanos. Q uanto a Israel, Deus levou-os ao triunfo. Ver no Dicionário o artigo cham ado Gratidão. A gratidão é um sinal das alm as nobres. (Esopo) A terra nada produz de p io r do que um hom em ingrato. (Ausônio) 26.11 Alegrar-te-ás por todo o bem. Às ações de graças era adicionado o regozi jo. Ver Deu. 12.7 quanto a notas detalhadas sobre a alegria. O regozijo fazia parte integrante desses ritos. Cf. Deu. 12.7,12,18; 14.26; 16.11,14,15. Israel era um povo caracterizado pelos cânticos e pela dança, e isso dentro do próprio recinto do templo de Jerusalém. O regozijo era universal, visto que Israel se alegrava, juntam ente com todos os estrangeiros que porventura estivessem residindo entre eles. Os levitas, que viviam dos dízimos e das ofertas do povo, eram beneficiados diretam ente pelas oferendas das primícias, pelo que tinham razões especiais para se regozijarem. Ver Deu. 12.11,12 e 16.10,11 quanto às refeições com unais e ao regozijo de todos os m em bros da com unidade. “Os levitas não tinham herança sob a form a de terras, mas também se rego zijavam. Os estrangeiros não tinham pátria, m as sentiam que os israelitas eram como amigos e pais" (Adam Clarke, in loc.). A felicidade é, ao m esm o tempo, a melhor, a m ais nobre e a m ais agradável das coisas. (Aristóteles) A suprem a felicidade na vida é a convicção de que somos amados. (Víctor Hugo) Confissão pelo Uso do Dízimo do Terceiro Ano (26.12-15) O trecho paralelo desses dízim os é Deu. 14.28,29, onde também oferecemos uma exposição. Nestes quatro versículos encontram os a liturgia a ser seguida no ano dos dízimos. "Os adoradores testificavam que tinham separado uma porção sagrada (os dízimos), na cidade onde residiam, de acordo com a ordenança de Deu. 14.28,29“ (O xford Annotated Bible, com entando sobre o versículo 12 deste capítulo). Essa pode ter sido uma oferenda feita uma vez só, após os primeiros três anos da presença de Israel na Terra Prometida, conform e supõe Jack S. Deere (in loc.).
Dentro das tuas cidades. Ou seja, cada qual na cidade onde residia, e não no santuário central. 26.13 Tirei o que é consagrado de minha casa. Os dízim os dos pobres eram apresentados juntam ente com esse breve discurso, parte de uma liturgia que estava atrelada à questão. O m andam ento tinha sido dado para ser lem brado e obedecido, e a declaração a ser feita m encionava cuidadosam ente esses fatos. As palavras “perante o Senhor” significam, usualm ente, “no tabernáculo” ou “no tem plo” de Jerusalém, onde ficava o altar do Senhor. Aqui, entretanto, ao que parece a expressão indica “em honra a Yahweh, sob as Suas vistas” . A porção sagrada eram os dízim os dedicados a Yahweh e ao Seu culto. Um israelita decla rava form alm ente a sua obediência, e que havia cum prido suas obrigações acerca dos dízimos dos pobres. Essa declaração consistia em três elem entos: 1. Uma afirm ação positiva de obediência (vs. 13). 2. Uma declaração negativa de coisas que o indivíduo não tinha feito(vs. 14). 3. Uma oração solicitando bênçãos (vs. 15). Alguns eruditos supõem que as palavras “perante o Senhor" sejam uma alusão ao santuário central, em Jerusalém , em consonância com o uso das mes mas em Deu. 14.23; 15.20 e 16.11,16. Nesse caso, o rito aqui mencionado vinha depois que o homem tivesse testificado sua obediência ao dar o dízimo dos pobres, mas não acom panhava a outorga de dízim os em sua própria cidade. 26.14 Dos dízim os não comi... nada tirei... nem deles dei. Tem os aqui a declara ção negativa. O homem havia dado, voluntária e entusiasm adam ente, para os pobres. E também havia evitado certas coisas prejudiciais. O consum o dos produ tos que faziam parte dos dízim os não ocorria em período de lamentação, pois isso os teria tornado imundos. Nenhum contato com os m ortos acom panhava a ques tão. Ver Núm. 19.11-16 e Osé. 9.4. Nem parcela algum a desses dízim os era uma oferta feita em favor dos mortos, ou seja, para ser usada em cerim ônia fúnebre, nem posta no túm ulo de alguém, atos esses associados a antigos costum es fúnebres. Antes, o dízimo dos pobres tinha obedecido a todos os mandam entos de Yahweh, tendo uma única finalidade: a de beneficiar os pobres. O ferendas aos Espíritos dos M ortos? A lguns intérpretes supõem que, na antiga nação de Israel, tal com o em países pagãos, fossem feitas oferendas aos espíritos dos mortos. Naturalmente, esse costum e prossegue até hoje entre povos primitivos. A m aioria dos intérpretes, entretanto, afirm a que tal costum e nunca existiu em Israel. As oferendas aos mortos faziam parte da idolatria pagã. O que um homem israelita estava realmente afirm ando é que ele não havia m isturado nenhum a de suas oferendas com outras finalidades, ou seja, seus dízim os eram puros, cerim onialm ente limpos. Cf. I Cor. 10.27,28, onde se faz alusão ao oferecimento de carne aos ídolos. 26.15
26.12
Olha desde a tua santa habitação. “Cria-se que o palácio de Deus ficava no céu e que Ele podia olhar para baixo (cf. I Reis 8.30; II Crô. 30.27; Jer. 25.30; Zac. 2.13 e Sal. 68.4)” (G. Ernest W right, in loc.). Esse tipo de linguagem aparece desde bem cedo no Pentateuco. V er Gên. 11.4,5, onde ofereci notas expositivas sobre esse ponto. Ver no Dicionário o verbete cham ado Céu. “Deus é tão transcendental que habita no céu; mas, ao mesmo tempo, achase tão perto de Seu povo que ouve suas orações, feitas sobre a Terra” (Jack S. Deere, in loc.).
Então os darás ao levita. Os dízim os tinham propósitos humanitários, visto que os produtos eram usados para aliviar as necessidades de grupos pouco privilegiados, com o os órfãos, os estrangeiros e as viúvas. Naturalmente, os levi tas, que não tinham recebido herança sob a form a de terras, ficavam com a parte
E abençoa o teu povo, a Israel. Tem os aqui a bênção, que era a terceira porção da afirmação. Ver os três elem entos nas notas sobre o versículo 13 deste capítulo. Tal com o o homem abençoava os pobres por meio de seus dízimos, assim também pedia que Yahweh se mostrasse gracioso para com todo o povo
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DEUTERONÔMIO de Israel, conferindo bênçãos abundantes por toda a Terra Prometida, que eles tinham conquistado. Isso havia sido prom etido a Abraão e aos patriarcas, dentro do Pacto Abraâm ico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18). A Terra Prometida era rica e fértil, produzia leite e mel. V er sobre essa expressão em Êxo. 3.8 e Núm. 13.27.
Tipologia. Tal como sucedeu a Israel, porém ainda mais claramente, a Igreja é o povo escolhido e separado de Deus, pois ela incorpora rem idos provenientes de todas as nações, form ando uma universal com unidade de redim idos. Ver Gál. 3.28,29 e Efé. 2.11 ss.. 26.19
Exortações Finais (26.16-19) A gora o a u to r sagrado com pleta a sua apresentação das muitas leis in icia das no capítulo 12 do D euteronôm io. Estes quatro versículos, entretanto, ser vem de conclusão apropriada da exposição inteira, que aparece em Deu. 4.44 26.19 e constitui o segundo discurso de M oisés. V er as notas em Deu. 4.44 quanto a uma introdução a esta seção. V er tam bém as notas introdutórias a Deu. 5.1, onde re a lm e n te tem co m e ço o se g u n d o d iscu rso . O livro de Deuteronôm io consiste, essencialm ente, em três discursos de M oisés, que re petem a lei m osaica. O terceiro desses discursos inicia-se em Deu 29.1. É entre o segundo e o terceiro discurso, há uma espécie de sum ário das profecias sobre a história de Israel. As exortações finais repetem as responsabilidades dos israelitas, im postas pela legislação m osaica. Israel deveria consagrar-se, sem reservas, ao cum prim ento de toda essa legislação. Israel havia aceitado e confirm ado suas responsabilidades e obrigações diante do pacto, e Yahweh, por Sua vez, tinha-se com prom etido a exaltar o povo de Israel acim a de todas as nações da terra. 26.16 Hoje. Devemos pensar aqui no dia original em que Moisés discursou, como também em cada dia subseqüente em que foi determinada a cerimônia dos dízimos dos pobres (vss. 12-15); ou, então, em qualquer dia em que foram proferidos os mandam entos da lei. Mas há estudiosos que preferem pensar no “dia final”, em que todos os mandam entos já tinham sido postos sob form a escrita. Sem embar go, Jarchi observou sabiam ente que todo dia é um bom dia para proferir, ouvir e observar a lei. E Rashi ajuntou a isso: “Todos os dias esses mandam entos serão considerados novos perante os teus olhos, com o se naquele m esm o dia os tives ses recebido”. Estes estatutos e juízos. Uma m aneira com pacta de falar sobre toda a legislação mosaica. Ver os com entários sobre Deu. 6.1 quanto à tripla designação da lei, cujas notas cobrem as idéias constantes deste versículo e onde também se fala em estatutos e juízos. De todo o teu coração e de toda a tua alma. Assim deveria ser o modus operandi da obediência. Ver essa enfática afirmação que é dada e anotada em Deu. 6.5, e onde “e de toda a tua força” são palavras acrescentadas ao que lemos aqui. 26.17 Declarar. Ou seja, “prometer*. Os israelitas puseram -se sob juram ento acer ca da guarda da lei. Declararam solenem ente a sua intenção quanto à observân cia da lei. E, no entanto, o quanto ficaram aquém de sua promessa! Os israelitas haviam aceitado form alm ente o Pacto Mosaico, com todos os seus intermináveis preceitos, m ostrando-se entusiasm ados quanto a toda essa questão. Porém, a debilidade humana deturpou a questão inteira, e Israel, finalmente, foi para o cativeiro, por causa de sua desobediência. Ver no Dicionário o artigo chamado Cativeiro (Cativeiros).
Sobre todas as nações. V er Deu. 4.5 ss. e 28.1. “Através da desobediência e da rebeldia, geração após geração, Israel tem perdido o seu direito a ser a nação exaltada acima de todas as nações. Mas Isaías deixou escrito que a rebel dia de Israel não prosseguirá para sempre, porquanto Deus haverá de levantar uma última geração de israelitas fiéis, na era futura da bênção (ver Isaías 60-62). Essa era é com umente cham ada pelo nome de m ilênio” (Jack S. Deere, in loc.). Ver no Dicionário o verbete cham ado Milênio. A obediência ressaltada neste versículo, com o é óbvio, envolve mais do que algum dever legal. Antes, repousa sobre o alicerce de um relacionam ento pessoal da com unidade e do indivíduo com Yahweh. Trata-se do m esm o tipo de atitude espiritual que floresce tão nitidam ente nas páginas do Novo Testam ento. Cf. Deu. 7.6,7. O senso de dever faria parte do caráter das pessoas, e não seria apenas obediência habitual. Essa obediência haveria de tom ar os israelitas superiores aos outros povos aos quais faltaria essa obediência, mas tam bém os tornaria m ais santos do que outros povos, aos quais não tivessem sido conferidas as m esm as oportunidades. Por conseguinte, Israel haveria de tornar-se um instrumento para a propagação da espiritualidade.
C a p ítu lo V in te e S e te O livro de Deuteronôm io com põe-se essencialm ente de três discursos de Moisés, e o livro atua com o uma repetição da lei, embora esses discursos adicio nem algum as novas leis e alguns detalhes intercalados entre o segundo e o terceiro discurso. O terceiro discurso com eça em Deu. 29.1 e term ina em 3 0 .2 0 .0 capítulo interrompe a narrativa e fala de M oisés na terceira pessoa do singular. Os críticos, por isso mesmo, pensam que essa porção do livro foi introduzida por um escriba posterior, de form a um tanto canhestra. V er no Dicionário o artigo cham a do J.E.D.P.(S.), quanto à teoria das fontes inform ativas múltiplas do Pentateuco. Tem os aqui uma cerimônia de renovação do pacto, que ocorreu em Siquém. Essa cidade ficava ao pé do Monte Ebal, cerca de cinqüenta e seis quilômetros ao norte de Jerusalém . Foi ali que o Senhor apareceu pela primeira vez a Abraão, onde também o patriarca erigiu seu primeiro altar em honra a Yahweh (ver Gên. 12.6,7). Os samaritanos, até o dia de hoje, reputam o local com o um lugar sagrado. Josué também edificou ali um altar, aum entando assim a im portância do lugar. V er Jos. 8.30 ss.. Posteriormente, Jerusalém veio a tornar-se o santuário central da nação, e todos os dem ais santuários caíram em desuso relativo. Essa cerimônia comemorou a fidelidade de Deus, por haver trazido Israel até a Terra Prometida, e a escrita da lei mosaica, naquele lugar, simbolizou a missão da nação de Israel na terra de Canaã, onde a Palavra de Yahweh deveria dominar. Sumário de Profecias sobre a História de Israel e a Segunda Vinda de Cristo (2 7 .1 -2 8 .6 8 ) As Pedras da Lei no Monte Ebal (27.1-10) 27.1
Os seus estatutos, e os seus m andam entos, e os seus juízos. Outra tripla designação da lei, fazendo referência a cada mandamento, a cada aplicação por analogia e a cada ordenança ou rito que poderiam estar vinculados à lei e ao seu conteúdo. Os filhos de Israel deviam obedecer a todas essas coisas com o m áximo de empenho, porque elas exprimiam a voz de Yahweh, ou seja, a Sua vontade revelada. O an d ar ou conduta dos hebreus devia ser conform e os m anda mentos do Senhor. Ver as notas em Deu. 10.12 quanto à necessidade que Israel tinha de temer, andar, amar, se rvir e guardar (os m andam entos). A tríplice desig nação da lei aparece em Deu. 6.1, em bora com uma ordem de apresentação diferente. Ver as notas sobre aquele versículo.
As ordens para que a lei fosse o bedecida são inúm eras no livro de Deuteronômio. Aqui, uma vez mais, o escritor sacro nos lembra de algo. Moisés e os anciãos frisaram essa necessidade, pois em breve, sob uma nova liderança, Israel haveria de conquistar o território. O pacto mosaico, pois, precisava ser renovado. Ver o artigo cham ado Pacto Mosaico, nas notas de introdução ao capítulo 19 de Êxodo. Cf. este versículo com Deu. 5.1, que é praticamente idênti co e também atua como declaração inicial de uma nova seção do livro. Este versículo, mui provavelm ente, visa a introduzir os capítulos 27 e 28.
26.18
Os anciãos. Eles eram setenta, e eram_tidos com o os principais líderes da nação de Israel. Ver Êxo. 24.1. Ver também Êxo. 3.16; 4.29; 12.21; 17.5; 18.12 e 19.7.
Hoje. O dia em que foi feita aquela solene e form al prom essa. Naquele m esm o dia, Yahweh declarou que o povo de Israel era uma nação especial e separada de todas as dem ais nações. A lei tinha feito a nação de Israel; essa era a sua grande característica distinta. V er Deu. 4.5 ss., quanto a uma declara ção m ais longa sobre o caráter distinto de Israel. Eles form avam um povo dotado de sabedoria, com preensão e justiça; e tudo porque a lei m osaica lhes tinha sido dada. Israel era agora o “ povo próprio" de Deus (ver Deu. 7.6; 14.2; Sal. 135.4; Mal. 3.17).
27.2 O povo de Israel estava na fronteira da terra de Canaã, preparado para invadi-la. A Transjordânia (ver a respeito no Dicionário) já tinha sido conquistada (ver Núm. 32.29 ss.; Deu. 3.12 ss.). Bastar-lhes-ia agora atravessar o rio Jordão para se encontrarem no lado ocidental. Uma vez que assim o fizessem , deveriam colocar grandes pedras, caiá-las, e escrever sobre elas a lei, provavelm ente os
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Dez Mandam entos (ver a respeito no Dicionário). Isso serviria de com promisso de que, quando entrassem na terra que lhes fora dada por herança, através de Abraão e do Pacto Abraâm ico (ver Gên. 15.18), eles tivessem cum prido toda a lei. Ver Deu. 26.17 quanto à tripla designação da lei, com notas adicionais em Deu. 6.1. “Um altar cerimonial seria posto em algum lugar central, no Monte Ebal, para celebrar a conquista. Inscrições lapidares ou paredes rochosas eram comuns. Há inscrições dessa natureza sobre rochas diante do Mar, na boca do rio Dogue, na Síria. E, mesmo que a escrita fosse feita sobre a caiadura, ainda assim o m onu mento de Ebal proferia um lembrete constante da ordem que fora dada” (Henry S. Shires, in loc.). A arqueologia e a literatura antiga testificam que escrever sobre rochas caiadas era uma prática com um no Egito. 27.3 Todas as palavras desta lei. Provavelm ente os Dez M andam entos, a es sência da lei. Ver o capítulo 20 de Êxodo, bem com o o artigo cham ado Dez M andamentos, no Dicionário. A prosperidade e a qualidade de vida de Israel na Terra Prometida dependeriam da obediência à lei m osaica. O território era próspe ro, uma terra que manava “ leite e m el” (ver as notas a respeito em Êxo. 3.8 e Núm. 13.27). Mas o povo de Israel não prosperaria nem m esm o naquela terra fértil, a m enos que se distinguisse na obediência à lei. Ver Deu. 26.18,19 quanto a esse caráter distinto que os filhos de Israel deveriam ter. “O direito de Israel à T erra Prom etida dependia de m anterem a lei de Yahweh com o a lei de sua terra. Q uanto ao cum prim ento desse preceito, ver Jos. 8.32-35... a lei foi estabelecida sobre o M onte Ebal logo em seguida à captura de Ai, sem que se esperasse pelo térm ino da conquista” (Ellicott, in loc.). Bênçãos e Maldições. Ver os vss. 15 ss., quanto a uma longa lista. Alguns estudiosos, como Josefo (Antiq. 1.4 c.8, sec. 44), supõem que essas bênçãos e m aldições tenham sido escritas sobre pedras caiadas. Mas nesse caso, foram necessárias muitas rochas e m uita caiadura! Yahweh-Elohim (o Eterno Todo-Poderoso) tinha feito a promessa, portanto pelo lado de Deus, ela estava garantida. Mas havia condições que os israelitas teriam de cumprir. Ver no Dicionário o verbete intitulado Deus, Nomes Bíblicos de. Cf. Êxo. 3.18.
ra elas seriam transferidas para o lado ocidental do rio Jordão; e isso, por assim dizer, daria início à adoração a Yahweh naquele território. Yahweh-Elohim (o Eterno Todo-Poderoso) ficaria satisfeito diante daqueles ritos de iniciação e forta leceria o povo de Israel para a invasão. As ofertas pacificas, que tam bém eram conhecidas com o ofertas de comunhão, proviam uma refeição para os participan tes, onde Yahweh era o convidado de honra. Essa refeição com unal era de ação de graças e de alegria, devido à provisão feita pela intervenção divina em favor de Israel. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! Ver o gráfico que ilustra o sistema de sacrifícios de Israel, antes da exposição sobre Lev. 1.1. Ver Lev. 7.37, quanto a uma lista dos vários tipos de ofertas e sacrifícios, bem com o as referências sobre eles, no Pentateuco. Tipologia. Cristo, em Sua m orte expiatória, incorporou em um único sacrifí cio todos os sím bolos e significados do sistem a de sacrifícios do A ntigo Testa mento. A epístola aos Hebreus, no Novo Testam ento, é uma extensa explicação sobre isso. V er Heb. 10.12 ss., bem com o o artigo cham ado Expiação, no Dicionário. 27.8 Escreverás mui distintam ente. Parte da cerim ônia consistia na inscrição da lei sobre pedras caiadas, conform e já vim os nos vss. 2 e 4 deste capítulo. As inscrições seriam feitas sobre pedras caiadas, mas não sobre as pedras form ado ras do altar. A Mishnah (Sotah cap. 7, sec. 5) diz que as pedras inscritas seriam as mesm as do altar, mas esse com entário sem dúvida labora em erro. Isso teria poluído a sim plicidade do altar. As lendas judaicas dizem que as pedras foram inscritas em setenta idiomas diferentes! E é essa a sua interpretação das palavras “mui distintamente” . Isso faria a questão toda ser uma espécie de Pentecoste do A ntigo Testam ento, mas tais adornos são fantasiosos. O certo é que essa cerim ô nia frisou o papel suprem o da lei, dentro da história de Israel, uma vez que os filhos de Israel viessem a possuir a Terra Prometida. Sem isso, eles nada seriam. 27.9 Guarda silêncio e ouve, ó Israel! Aquele era um tem po para Israel apren der. Moisés e seus ajudantes sacerdotais tiraram proveito da oportunidade das instruções sobre o levantam ento do altar a fim de ensinar ao povo o sentido e a im portância da obediência à lei.
27.4 Quando houveres passado o Jordão. Ou seja, vindos da Transjordãnia, eles atravessariam para o lado ocidental. Foi ali, a cerca de cinqüenta e seis quilômetros de Jerusalém , no Monte Ebal, que as pedras deveriam ser levanta das, caiadas e inscritas, conform e já vim os no segundo versículo deste capítulo. Ver no Dicionário o artigo cham ado M onte Ebal. O Pentateuco Samaritano, po rém, diz Gerizim em lugar de Ebal. Gerizim era outro pico m ontanhoso que ficava nas proximidades. Mas alguns estudiosos pensam que os judeus trocaram o texto para dizer Ebal, visto que Gerizim veio a tornar-se o lugar onde os sam aritanos costum avam adorar. Mas a verdade é que a corrupção do texto pode ter ocorrido justam ente do modo contrário. Ver no Dicionário o artigo Gerizim. Este Monte era fértil e bem regado, ao passo que o Ebal era estéril. O Ebal ficava perto de Siquém. Mas a verdade é que entre os dois m ontes havia um espaço de apenas oito quilômetros, enquanto a cidade de Siquém ficava entre os dois. Ver a introdu ção a este capítulo. Os sam aritanos, séculos mais tarde, edificaram o seu templo em Gerizim, e eles podem te r alterado o texto neste ponto, para emprestar maior prestígio ao seu santuário. 27.5 Ali edificarás um altar. Mas as pedras que o formariam não seriam aquelas que foram caiadas e inscritas. Ver Jos. 8.30, quanto ao cumprimento dessas ordens. Essas pedras deviam ser deixadas ao natural. Não se podia trabalhar com elas com instrumento de ferro. Não se podia escrever sobre elas, nem alterá-las em sentido secundário. Talvez isso visasse a evitar quaisquer conexões com a idolatria. Ao que parece, os arqueólogos encontraram exatamente esse altar. Ver no Dicionário o verbete A ltar de Josué, bem como o artigo geral chamado Altar. Foi em S iquém , à base do M onte Ebal, que Deus apareceu a A braão. A ssim sendo, aquele já era um local sagrado. V er Gên. 12.6,7. A braão tinha edificado ali um altar. V er Êxo. 20.25, quanto ao altar ao natural. Os in stru m entos poluiriam a sim plicidade, e Yahw eh am a a sim plicidade. O altar d e ve ria ser apenas um a pilha de pedras, sem nenhum adorno com o chifres, esca das etc. 27.6,7 De pedras toscas. Israel já contava com uma longa história de holocaustos e de ofertas pacíficas. Essas tradições estavam firm em ente estabelecidas. E ago
Hoje. Naquele dia, de uma m aneira toda especial, os filhos de Israel torna ram-se o povo de Deus. Em breve eles entrariam na posse da Terra Prometida e cum pririam a prom essa da herança que tinha sido feita a Abraão. A cerim ônia daria início à possessão da terra, dedicando-a a Yahweh, por parte de Seu povo especial. Ver no Dicionário os artigos intitulados Sacerdotes e Levitas e também Levitas. Os participantes da cerim ônia do pacto tornar-se-iam , dali por diante, a Na ção de Israel, dentro de sua Terra Prometida. Ver Deu. 4.5 ss., quanto a uma declaração enfática acerca do caráter ím par de Israel com o nação, e cf. Deu. 26.18,19. Ver Deu. 27.1, onde os que falaram foram M oisés e os anciãos. Essas palavras foram proferidas nas planícies de Moabe, antes do com eço da invasão, e tiveram de ser repetidas no Monte Ebal, o que fez parte da cerim ônia da renova ção do pacto. V er o primeiro versículo deste capítulo. 27.10 Senhor teu Deus. No hebraico, Yahweh-Elohim (o Eterno Todo-Poderoso), por interm édio de Moisés fez a Sua vontade tornar-se conhecida m ediante a Sua voz, vontade essa então transm itida à casta sacerdotal e concretizada por meio da lei escrita. A revelação envolve responsabilidade, porque é dada aos homens com o um dádiva, que precisa ser acolhida com ações de graças orais e sob a form a de vida diária. A Cerim ônia Litúrgica (27.11-26) A cerim ônia que teve lugar em Siquém foi um evento com unal de grande importância. Seis das tribos deveriam postar-se sobre o Monte Ebal, e seis sobre o Monte Gerizim, estando os dois m ontes separados por cerca de oito quilômetros um do outro. Os levitas deveriam ficar entre eles, lendo as porções apropriadas da lei, que passaria agora a servir de constituição da nova nação que estava tom an do posse de seu território pátrio. Um grupo de levitas foi escolhido para fazer a leitura, mas todos estariam presentes a fim de prestar testem unho da importância da ocasião. A cerim ônia envolveu bênçãos e maldições, tudo alicerçado nas exigências da lei. O trecho de Deu. 11.29 e 30 parece dar a entender que as bênçãos seriam lidas no M onte Gerizim, e que as m aldições seriam lidas no Monte Ebal. Não sabem os dizer exatam ente com o isso teve cum prim ento, em bo ra a essência do evento seja simples. O Monte Gerizim era um local fértil e bem regado, pelo que era o ponto mais apropriado para a leitura das bênçãos. Em
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contraste, o Monte Ebal era estéril, pelo que era o ponto m ais apropriado para a leitura das maldições. Os dois m ontes sim bolizavam a necessidade de ser feita uma escolha, e a lei inform ava com o os israelitas deveriam fazê-la, o que deveri am valorizar e o que deveriam rejeitar.
sobre a conduta sexual); no vs. 26 (um m andam ento geral quanto à obediência à lei, através de uma maldição contra aqueles que não obedecessem ).
27.11,12
M aldito o homem que fizer imagem de escultura. A prim eira m aldição estava estribada no segundo mandam ento. Ver Êxo. 20.3,4 e Deu. 5.8-10. Ver no Dicionário os artigos intitulados D ez M andam entos e Idolatria. A quebra de alguns dos dez mandam entos redundava em execução judicial, o que se via no caso do segundo mandam ento. Tam bém ficava entendido que aquele que quebrasse es ses mandam entos sofreria reversões, enfermidades, pragas, perdas financeiras, e não teria uma vida longa. Era dessa form a que atuavam as m aldições lançadas por Yahweh. “Aquele que os quebrasse ficava sob m aldição, e também sujeito à ira e à indignação de seu C riador e Juiz” (Adam Clark, in loc.). “Os levitas que presidiam liam uma maldição, e a congregação, em resposta, dizia ‘Amém’, reconhecendo assim a desaprovação divina expressa em cada uma das doze maldições (correspondentes às doze tribos), pois o povo estava aceitando sole nemente, sobre si mesmo, as responsabilidades do pacto (ver Jer. 11.3). As doze maldições eram leis muito antigas, as quais, com a exceção das duas últimas, têm algum paralelo em outros códigos do Pentateuco” (Oxford Annotated Bible, in loc.).
Moisés deu ordem. A ordem fora dada por Yahweh a Moisés. E ele, na qualidade de mediador do pacto, transmitiu a mensagem ao povo de Israel. Sobre como Yahweh falava com Moisés, ver as notas sobre Lev. 1.1 e 4.1. Ver as fórmulas de introdução, bem com o as fórmulas mediante as quais as mensagens divinas eram transmitidas, em Lev. 17.2. Neste caso, Moisés dirigiu-se ao povo diretamente. Sobre o monte Gerizim. As seis tribos que deveriam ficar sobre o Monte Gerizim, ou então, à sua base, descendiam das duas esposas de Jacó, Lia e Raquel. As bênçãos deveriam ser pronunciadas de onde essas tribos se posicionassem. Talvez o autor tenha exaltado os descendentes das duas esposas de Jacó, mediante o fato de que as bênçãos foram proferidas onde seus descendentes se postaram. Quando alguém se colocava de costas para o Mar Grande (o Mediterrâneo), o Monte Gerizim ficava à sua direita, ao passo que o Monte Ebal ficava à sua esquerda (de acordo com Josefo, Antiq. 1.4, cap. 8, sec. 44), sendo essa outra circunstância que sugere que as bênçãos tenham sido proferidas no Monte Gerizim. As esposas de Jacó, Lia e Raquel, eram mulheres livres, mas as concubinas de Jacó (vs. 13) tinham sido escravas. Portanto, temos aqui três fatores que sugerem que foi apropriado o Monte Gerizim ter sido o ponto de onde se proferiram as bênçãos: 1. esposas estavam envolvidas, mediante os seus descendentes; 2. o Monte Gerizim ficava ao lado direito; e 3. estavam envolvidos descendentes das mulheres livres. Tipologia. As bênçãos espirituais são proporcionadas àqueles que são liber tados em Cristo (ver João 8.36). 27.13 Sobre o monte Ebal. Das seis tribos que ficaram sobre esse outro Monte, quatro delas descendiam das duas concubinas de Jacó, Bila e Zilpa, que tinham sido criadas de Lia e Raquel. Além dessas quatro tribos, havia as tribos de Rúben e de Zebulom. Rúben se tinha desgraçado mediante seu ato de violência sexual e incesto, razão pela qual perdera o direito à prim ogenitura (ver Gên. 29.3,4 e 32.22). Quanto aos descendentes de Zebulom , filho mais novo de Lia, a única razão que podemos ver no fato de sua tribo ter ficado no Monte Ebal é que ele era o filho mais novo. Seja com o for, o Monte Ebal era um lugar estéril, coberto de rochas e cactos. Por isso mesm o, foi apropriado que ali se proferissem as m aldi ções. Conforme já destacam os, os dois m ontes eram símbolos de escolha, ao passo que os levitas selecionados para isso ficaram entre os dois montes, para fazer as declarações respectivas. Contudo os dem ais levitas ficaram perto do Monte Gerizim (ver Deu. 27.12). As m aldições aparecem no restante deste capítulo 27. Mas as bênçãos figu ram no capítulo 28. As duas coisas nos dizem que aquilo que a lei produz na vida dos seres humanos depende de com o os seus preceitos foram recebidos, com obediência ou com desobediência. 27.14 Os levitas testificarão. Um grupo seleto de levitas, provavelm ente todos sacerdotes, foi escolhido para fazer os pronunciam entos. Os dem ais levr.as ficaram sobre o M onte G erizim ou à sua base. Não som os inform ados sobre com o cerca de quatro m ilhões de pessoas conseguiram ouvir aqueles que fa la vam. De algum a m aneira, as palavras foram transm itidas de m ais perto para mais longe. O restante deste capítulo 27 alista doze m aldições. E o trecho de Deu. 28.3 6 contém seis bênçãos, ao passo que Deu. 28.16-19 contém seis maldições, perfazendo o total de doze, mas onde coisas diferentes nos são transmitidas. Alguns estudiosos supõem que o capítulo 28 de Deuteronôm io reflita a cerimônia mais antiga, e as inform ações dadas neste capítulo 27 (as m aldições) fossem um adorno posterior, dando m aior ênfase ao lado negativo da questão. A Natureza das Maldições. Oito das doze m aldições referem-se a violações dos Dez Mandamentos. No vs. 15 (segundo mandam ento); no vs. 16 (quinto mandamento); vs. 17 (oitavo m andam ento); vss. 20,22,23 (sétimo mandamento); vss. 24 e 25 (sexto mandam ento). Cf. Deu. 5.8-10, 16, 19 e 17. Não há nenhum tema comum nessas maldições, mas tão-som ente são frisadas algumas das prin cipais violações da legislação m osaica. Assim, as m aldições dos oito versículos (15-17,20,22-25) repousam diretam ente na lei. As outras quatro maldições deri vam-se do espírito da lei, conform e se vé no vs. 18 (acerca de tratar os cegos com respeito — am ar ao próximo com o a si m esmo); no vs. 19 (tratamento bondoso para com os pouco privilegiados — o m esm o conceito com outra aplica ção); no vs. 21 (perversões sexuais com o a bestialidade — uma extensão da lei
27.15
E a puser em lugar oculto. O culpado, a fim de evitar de ser detectado com o adorador de um ídolo, escondia a imagem em algum santuário particular, não em sua casa, onde fatalm ente acabaria sendo visto, e certam ente não perto do tabernáculo ou do templo! Era um homem de lealdade dividida. Publicamente, ele adorava a Yahweh; mas secretamente tinha algum outro objeto de sua aten ção, o que descreve bem a astúcia humana! 27.16 Maldito aquele que desprezar a seu pai ou sua mãe. A segunda m aldição repetia os requisitos do quinto mandam ento. V er Êxo. 20.12 e Deu. 5.16 quanto a notas com pletas a respeito. Aquele que não honrasse os seus progenitores per deria a vida longa que estava atrelada, com o promessa, aos que obedecessem a esse mandam ento; e também sofreria algum a praga, enfermidade, reversão finan ceira e desaprovação por parte da com unidade. Ver Pro. 30.17. A execução era requerida por parte dos violadores, em casos sérios (ver Lev. 20.9). O povo, em harmonia oom a sabedoria e a necessidade desse mandam ento, e também com a maldição im posta aos desobedientes, diria “A m ém ”. Esse term o hebraico signifi cava algo como “assim seja", “por certo” , “em verdade” etc. Essa resposta signifi ca que eles estavam assumindo as responsabilidades do P acto M osaico (ver os com entários nas notas de introdução ao capítulo 19 de Êxodo). 27.17 Maldito aquele que mudar os marcos do seu próximo. A terceira maldição estava baseada, por analogia, no oitavo mandamento, que proíbe o furto. Ver Êxo. 20.15 e Deu. 5.19. Ver um paralelo direto em Deu. 19.14, onde há notas detalhadas. A divisão da terra de Canaã tinha conferido a cada família determinada porção de terras. Era questão séria alguém alterar, de modo fraudulento, a localização de um marco, pois isso violava o espírito da herança que vinha desde Abraão, a todos os seus descendentes. Ver sobre o Pacto Abraâmico, em Gên. 15.18. Disse Jarchi, in loc., que, através da alteração de marcos, um homem estava “furtando propriedade". O povo, reconhecendo a sabedoria e a necessidade dessa maldição, bem como a malignidade do ato, respondia com o necessário “amém” . 27.18 M aldito aquele que fazer o cego errar o cam inho. A quarta m aldição não tem nenhum paralelo direto nos Dez Mandamentos, mas por analogia repousa sobre um tratam ento justo e respeitoso para com o próximo, refletindo os m anda mentos nono e décimo (ver Êxo. 20.16 e 17). Mas há um paralelo direto com Lev. 19.14, onde há notas detalhadas a respeito. Rashi fornece-nos uma aplicação metafórica desses m andam entos: “Aquele que está no escuro acerca de qualquer questão, quando alguém o ludibria com algum m au conselho”. Mas a literal é a interpretação primária. Muitas pessoas zom bam dos cegos e dos surdos. Diz o Targum de Jonathan: “ Fazer um viajante desviar-se do cam inho, pois ele é como um cego". Isso dá outra aplicação à lei. O segundo maior mandam ento, conforme ensinou Jesus (ver Mat. 19.19), consiste em am ar o próximo com o a nós mesmos; e o espírito da lei incorpora a questão neste versículo. 27.19 Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro. A quinta maldição não tem nenhum paralelo direto nos Dez M andam entos, mas repousa sobre a analogia com um tratam ento justo e respeitoso do próximo, ou seja, os m anda mentos nono e décimo (ver Êxo. 20.16 e 17). Tal com o a quarta maldição, tam
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DEUTERONÔMIO
bém está em butida no segundo maior m andam ento de Jesus, em Mateus 19.19. Ver esse versículo anotado no Novo Testamento Interpretado. Muito se ensina em Deuteronômio acerca de um justo tratam ento das classes mais pobres e menos privilegiadas, com o os estrangeiros, os órfãos e as viúvas, referidos neste versí culo. Cf. Deu. 10.18; 19.21 e 24.17, onde há notas expositivas detalhadas a esse respeito. Deveria haver provisões em favor dos pobres; e atos fraudulentos no tocante a eles eram proibidos. É fácil oprim ir os fracos. A lei visava a fortalecer as pessoas necessitadas, procurando protegê-las dos opressores. Uma bênção es pecial de Yahweh foi prom etida aos que ajudassem os pobres; e a maldição divina garantia que a pobreza alcançaria os opressores. 27.20 Maldito aquele que se deitar com a madrasta. A sexta m aldição também não conta com paralelo direto nos Dez M andam entos, mas depende, por analo gia, do sétimo mandamento, contra o adultério. V er Êxo. 20.14. Ver no Dicionário os artigos cham ados A dultério e Incesto. E acerca das várias form as de incesto e seus castigos, ver a introdução ao capítulo 18 do livro de Levítico. A maior parte dos crimes de incesto recebia algum a form a de punição por execução pública. No Brasil atual, cerca de trinta por cento dos crim es de natureza sexual são perpetra dos por um m embro de uma fam ília contra outro da mesma família, onde as crianças usualmente são as vítimas. Diferentes interpretações do crim e aqui envolvido têm sido oferecidas. É provável que atos sexuais com m adrastas sejam aqui especificamente proibidos, sem im portar se o pai do culpado já tivesse m orrido ou não. Casar-se com a própria m adrasta era proibido. Tam bém está em pauta o sexo ilícito com uma concubina do próprio pai, com o se deu com Rúben (ver Gên. 35.22). Ademais, a concubina de um homem não podia tornar-se esposa de um filho daquele homem, quer este ainda estivesse vivo, quer já tivesse morrido. Ver o paralelo direto em Deu. 22.30, onde são dadas idéias adicionais. Cf. Lev. 18.8 e 20.11. Salomão mandou executar seu m eio-irmão, Adonias, por ter este pedido com o esposa uma ex-concubina de Davi (ver I Reis 2.13-15). 27.21 Maldito aquele que se ajuntar com animal. A sétima maldição volta-se contra a bestialidade (ver Êxo. 22.19; Lev. 18.23 e 20.15,16). Não há nenhuma ligação direta com um dos Dez Mandamentos, mas reflete as proibições constantes em qualquer código hígido de conduta sexual, conforme se vê no sétimo mandamento. Ver no Dicionário o artigo detalhado intitulado Bestialidade. Esse crime é surpreen dentemente comum nas áreas rurais. Embora usualmente praticado em secreto, Yahweh, que o proibiu, haveria de punir abertamente o culpado. Trata-se de um ato “chocante e abominável para a natureza humana” (John Gill, in loc).
acidente, enfermidade ou morte prem atura. O Targum de Jonathan confere a este versículo uma interpretação metafórica, pois fala de m atar com a língua, mediante bisbilhotice ou calúnia. M inhas notas sobre Êxo. 20.13 incluem e ilustram essa questão. Por analogia, também podem os incluir aqui as acusações falsas (cober tas pelo oitavo mandamento). 27.25 Maldito aquele que aceitar suborno para matar pessoa inocente. A déci ma prim eira m aldição reitera a proibição do sexto m andam ento contra o homicí dio. Ver Êxo. 20.13 e Deu. 5.17. Neste caso, o hom icida seria um assassino profissional, o qual deveria ser considerado tão culpado quanto o mandante do crime. No entanto, o trecho não diz especificam ente que o m andante do crime também deveria ser executado; mas isso, com o é óbvio, fica entendido. Incluído no caso seria um ju iz que recebesse dinheiro de alguém para condenar a uma pessoa inocente, de tal modo que esta viesse a ser executada, mediante uma acusação falsa. E o povo de Israel respondeu com um “am ém ” , mostrando estar contia Iã o detestável crim e” (John Gill, in loc.). 27.26 Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei. A décima segunda maldição. Essa maldição repete todas as proibições que figuram nos Dez Mandamen tos, pois é a somatória de todas as coisas que estavam amaldiçoadas por Yahweh. A lei inteira deveria ser obedecida, e o indivíduo que negligenciasse ao menos um dos mandamentos da lei ficava sob a maldição divina. O culpado sofria alguma enfermida de, praga, reversão econômica ou teria a sua vida cortada prematuramente. Paulo citou este versículo em Gálatas 3.10, tentando provar que era impossível uma obedi ência total à lei, encarecendo assim a necessidade do sistema da graça divina para a salvação. O povo disse “amém” diante da proposição de obediência total e, no entanto, nunca conseguiu realizar essa obediência plena. A provisão divina, pois, precisou ir além das boas intenções e dos atos humanos. A décima segunda maldição ilustra o fato de que Deus requer uma reação de todo coração à lei, por parte daqueles que estão a ela sujeitos. Essa sujeição à lei é que fazia de Israel uma nação distinta. Mas a vida eterna é dada através de outro caminho (ver Rom. 3.24,25; Efé. 2.8-10). Ver no Dicionário o artigo intitulado Expiação. “Cristo nos resgatou da m aldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em m a deiro” (Gálatas 3.13).
C apítulo V in te e O ito
27.22
As Bênçãos Proferidas no Monte Gerizim (28.1-14)
Maldito aquele que se deitar com sua irmã. A oitava m aldição tam bém não tem paralelo direto com nenhum dos Dez M andam entos, mas toda perversão sexual repousa, por analogia, sobre o sétim o m andam ento, que sem dúvida proi bia todo tipo de im oralidade sexual. A lei m osaica proibia o incesto de um homem com sua irmã, sem im portar se ela fosse irmã dele som ente por parte do pai, por parte da mãe, ou por parte de ambos. Ver o paralelo direto em Lev. 18.9, bem com o o gráfico que ilustra várias form as de incesto, nas notas introdutórias àquele capítulo. E o povo de Israel disse “am ém ” , mostrando que “detestava tal im undí cia” (John Gill, in loc.).
A seção de D euteronôm io 27.11-26 arm a o palco para o material apresenta do no capítulo 28 deste livro. As doze tribos tinham sido separadas em dois grupos de seis tribos cada: seis ficaram no sopé do Monte Ebal, e seis ficaram no sopé do Monte Gerizim. Um grupo escolhido de levitas ficou a meia distância entre os dois montes para ler as m aldições e as bênçãos relacionadas à desobe diência ou à obediência à lei. O trecho de Deu. 27.15 fornece-nos uma lista de doze maldições. Mas agora, no capítulo 28, figuram seis bênçãos, seguidas por seis m aldições adicionais (vss. 16-19). Alguns eruditos supõem que este capítulo 28 reflita a cerim ônia m ais antiga que confirmava o relacionam ento do pacto entre o povo de Israel e Yahweh, ao passo que o capítulo 27 teria sido um adorno posteriorm ente adicionado. Todavia, o estilo religioso e literário do Oriente Próximo e Médio enfatiza mais as maldições e os aspectos negativos do que as bênçãos e os aspectos positivos. Jack S. Deere, in loc., sugeriu que a ênfase m aior sobre os aspectos negativos tinha por finalidade “prever o fracasso eventual de Israel sob o pacto m osaico” . Ver nas notas de introdução ao capítulo 19 de Êxodo sobre o Pacto Mosaico (do qual os capítulos 27 e 28 de Deuteronôm io fazem parte). Esses term os do Deuteronôm io, bênçãos e m aldições, referem-se à aprova ção ou desaprovação divina quanto à conduta do povo de Israel no tocante à obediência exigida por Yahweh. “ Desobedecer ao Senhor Deus era trair a própria vida, conform e Israel a com preendia. Em conseqüência, a opção dá-se entre a vida e a morte, pois a bênção im porta em vida, ao passo que a m aldição, em morte" (G. Ernest Wright, in loc.). O livro de Deuteronôm io tem por intuito apresen tar a Palavra revelada por Yahweh, que m ostra o que realmente im porta na vida — e essa im portância reside nas palavras bênção e maldição.
27.23 Maldito aquele que se deitar com sua sogra. A nona m aldição. Essa também não tem nenhum paralelo direto nos Dez M andam entos; mas, sendo uma perversão sexual, repousa, por analogia no sétim o mandam ento, que proibia qual quer tipo de im oralidade. O sexo ilícito com a própria sogra também é proibido em Lev. 20.14, onde há notas detalhadas sobre a questão. E o povo respondeu com um “amém ” , pois “abom inava tal tipo de incesto" (John Gill, in loc.). Esse tipo de incesto era punido na fogueira, e não através de apedrejamento, que era o método usual de punição em casos sem elhantes. No gráfico que ofere ço na introdução ao capítulo 18 de Levítico, apresentei os m étodos de execução e outros tipos de castigo aplicados aos que com etessem qualquer form a de pecado incestuoso. 27.24 Maldito aquele que feria ao seu próxim o em oculto. A décima maldição repete a proibição do sexto mandam ento, contra o homicídio (Ver Êxo. 20.13 e Deu. 5.17). Tem os aqui o caso de alguém que m atava seu próximo “em oculto” . Se o culpado viesse a ser descoberto, seria executado. Em caso contrário, a ira de Yahweh garantiria que a m aldição teria cum prim ento. O culpado sofreria algum
28.1 Este capítulo 28 de Deuteronôm io form a a conclusão do segundo discurso de Moisés. Moisés convocou o povo de Israel para uma obediência resoluta a tudo quanto lhes fora revelado por Yahweh. O fato de que Israel possuía a lei mosaica
DEUTERONÔMIO e obedecia a ela tornava-o uma nação distinta, conform e já pudem os ver. E o trecho de Deuteronôm io 26.19, além de outros, com prova isso. Ver Deu. 27.1 quanto a uma cham ada sim ilar à obediência. A passagem de Deu. 5.1 introduz uma repetição dos Dez Mandam entos, e serve de outro versículo paralelo. Ver Deu. 10.12 quanto à cham ada para as seguintes particularidades: 1. O tem or ao Senhor; 2. a necessidade de andar em Seu cam inho; 3. o am or ao Senhor; 4. o serviço que deve ser prestado ao Senhor; e 5. a observância dos mandam entos do Senhor. Deus te exaltará sobre todas as nações. Literalmente, o verbo “exaltar" significa aqui “torna-te-á a altíssim a dentre as nações” . Como é claro, essa pro messa utiliza-se de um dos nomes de Deus — “Deus Altíssim o” — conform e também se vê em Deu. 26.19. Cf. Apocalipse 3.12, sobre com o o nome divino será inscrito sobre os vencedores. 28.2 Todas estas bênçãos. Os versículos que se seguem alistam seis bênçãos específicas, que seriam dadas aos obedientes à lei. Então seguem-se seis m aldi ções (vss. 16 ss.). Cf. as doze m aldições que ocorrem em Deu. 27.15 ss.. A legislação m osaica era a base de todas as bênçãos e m aldições prom etidas a Israel, o centro mesmo da vida da nação, a sua norm ativa única. “O âm ago desta seção é a citação de uma antiga série de seis bênçãos, nos vss. 3-6 deste capítulo. O restante é uma homilia deuteronôm íca com base nes sas bênçãos (cf. Deu. 7.12-24; 11.13-25)” (G. Ernest W right, in loc.). A providência de Deus dirige todas as coisas. Ver sobre esse titulo no Dicionário. A lista apresenta bênçãos temporais, tão-somente. No Pentateuco ainda não aparece nenhum conceito claro de vida eterna, que só começa a surgir nos Salmos e nos Profetas. A lei oferecia um tipo de vida que é comentado em Deu. 1.1; 5.33 e 6.2. As bênçãos decorrentes da obediência “alcançariam ” o povo de Israel. No hebraico, literalmente, tem os aí “vos sobrevirão” . O trecho de Zacarias 1.6 tam bém envolve o verbo “alcançar” , referindo-se às dem andas da lei mosaica, que estavam sendo negligenciadas pelos filhos de Israel. 28.3 Bendito serás. A prim eira e a segunda bênção falavam em prosperidade e bem-estar, que os obedientes à lei podiam esperar receber, sem im portar se vivessem em algum a cidade ou nos cam pos. Em outras palavras, a bênção divi na, sob a form a de prosperidade, alcançaria o homem obediente, sem importar se ele fosse citadino ou cam pesino. O com erciante que vivesse em uma cidade, ou o agricultor que vivesse no campo, am bos haveriam de prosperar — haveria tanto um com ércio próspero quanto cam pos férteis; haveria vida isenta de enferm ida des, de pragas e de cataclism os naturais. Os anim ais domesticados multiplicarse-iam, saudáveis. A seca não destruiria as plantações. Os inimigos não atacari am a nação, infundindo terror e causando prejuízos. Seria conforme disse Sócrates: “Nenhum mal pode alcançar um homem bom ”. As seis bênçãos cobrem todos os aspectos da vida de uma pessoa, quanto à esfera física. “O valor religioso permanente deste capítulo jaz em sua doutrina das conseqü ências derivadas, mui naturalmente dos atos m orais corretos ou errados. As conse qüências que são aqui esboçadas são de natureza quase exclusivamente material, o que é insuficiente do ponto de vista do cristianismo. Pois as bênçãos mais precio sas são aquelas de caráter espiritual. Por sem elhante modo, as conseqüências espirituais são mais significativas do que as materiais” (Henry H. Shires, in loc.). 28.4 Bendito o fruto. A terceira bênção refere-se a diversos tipos de fruto, indi cando a “reprodução” tanto humana com o animal, com o tam bém a “produção” agrícola. Poderes reprodutivos, a origem da continuação da vida, portanto, seriam outorgados aos obedientes. A obediência à lei produz vida longa (ver Deu. 4.1; 5.33; 6.2), mas tam bém a m ultiplicação da vida. Ver o Salmo 144.12-14 quanto a versículos bem parecidos com este. Ver tam bém que os filhos são uma herança do Senhor (Sal. 127.3-5). No tocante a filhos, o lema dos hebreus era “quanto mais forem, mais alegres ficarem os”. Por isso mesmo, a esterilidade era conside rada resultante de uma m aldição de Deus, usualm ente tida com o um castigo por motivo de pecados secretos. 28.5 Bendito o teu cesto. Essa quarta bênção garantia a abundância de víveres. “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra" (II Cor. 9.8). Comentou John Gill (in loc.): "... qualquer cesto em que pusessem suas provisões de boca, para uso presente, nunca ficaria vazio... e o que restasse.seria guardado em depósitos, celeiros e arm azéns, para uso futuro, ou em lugares próprios para guardar as sementes".
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Cesto. Cestos eram usados na colheita das azeitonas e outras frutas. Am assadeira. No hebraico tem os a palavra mishereth, que indica um vaso onde a massa era batida, o que explica a tradução portuguesa. Algumas tradu ções, contudo, dizem aqui “arm azém ”, o que envolve um erro de tradução. O versículo falava sobre a prosperidade que haveria em cada lar hebreu, e não na nação com o um todo, em bora isso tam bém fosse verdade. A “cesta” e a “amassadeira” , combinadas, falavam de uma extraordinária prosperidade. Um povo de Israel obediente jam ais sofreria escassez de alimentos. 28.6 Bendito serás. Essa quinta bênção refere-se a atividades efetuadas “dentro" e “fora” de casa. Em outras palavras, ao chegar em casa, os hebreus encontrari am uma família feliz, que tinha passado o dia livre de acidentes, ou de atos de homens ím pios e desvairados, ou de qualquer acontecimento funesto. E ao “sair” de casa, a fim de ocupar-se nos afazeres da agricultura, do comércio, ou por ter de fazer algum a viagem , um hebreu obediente sentir-se-ia abençoado. Todas as atividades efetuadas fora de casa seriam prósperas. Os intérpretes judeus de tempos posteriores interpretaram isso com o a “saída” de um homem desta vida terrena. E isso, por sua vez, seria a m aior aproxim ação que teríamos, no Pentateuco, de uma prom essa de existência venturosa no pós-túmulo. Assim sendo, o ato de “entrar” pode indicar a entrada na vida. Nesse caso, o ato de “sair” poderia indicar a morte, conform e opinavam os intérpretes posteriores entre os judeus. Portanto, ficaria entendido que, desde o nascim ento até o faleci mento, os hebreus obedientes levariam uma existência feliz e próspera na Terra Prometida. “Assim, vossa partida deste mundo será com o a vossa entrada no mesmo: sem pecado", com entou Rashi. E Adam Clark (in loc.), partindo desse comentário, esclareceu que os judeus, via de regra, não acreditavam em um pecado original. Realmente, foi Paulo quem introduziu essa doutrina na Bíblia, embora ele tivesse usado circunstâncias veterotestam entárias, em ensino sobre “os dois A dões”, no quinto capítulo de sua epístola aos Romanos. “A felicidade humana deriva-se da obediência aos m andam entos do Senhor” (Jack S. Deere, in loc.). 28.7 O Senhor fará que. Tendo proferido as seis bênçãos específicas (e antes de dar início a outras seis m aldições, além daquelas de Deu. 27.15 ss.), o autor sacro apresenta uma espécie de homilia baseada nessas seis bênçãos. E as seis m aldições adicionais com eçam no versículo 16 deste capítulo. Até Deu. 28.15, portanto, tem os uma expansão das seis bênçãos adicionadas neste capítulo. Derrotados na tua presença os inim igos. Os adversários de Israel, sem pre ansiosos por assediar e prejudicar, seriam derrotados em todos os seus maus desígnios e precisariam fugir por “sete cam inhos” , ou seja, de modo absoluto. Isso posto, além de ser abençoado, o povo de Israel seria protegido em suas “entra das” e “saídas" (a sexta e última bênção do sexto versículo deste capítulo). “A fim de que as admiráveis e m ultifacetadas bênçãos divinas fossem senti das, bem com o intelectualm ente com preendidas, o autor juntou sentença a sen tença, cada qual com sua própria alusão específica” (G. Ernest W right, in loc.). São aqui destacadas três áreas da aplicação das bênçãos de Deus. Primeira área: O sétimo versículo refere-se à bênção que Israel teria entre as nações. Segunda área: Essa dizia respeito aos empreendim entos agrícolas (vss. 8 , 11,12a; cf. o vs. 4). Terceira área: Dizia respeito à reputação de Israel (vs. 10; cf. 2.25; 11.25 e 26.19). Quanto à fuga dos inimigos de Israel, ver passagens com o Juí. 7.21,22 e II Reis 7.7. Os adversários de Israel viriam contra os israelitas form ando um bloco, m as seriam dispersos em todas as direções. Esse fator faria aum entar a reputa ção de Israel com o o invencível povo de Yahweh. 28.8 O Senhor determ inará. Aqui o autor sagrado reforçou certos aspectos das bênçãos que já haviam sido proferidas. Os celeiros do povo de Israel viveriam cheios (cf. o vs. 5, que aponta para a quarta bênção). Toda obra dos israelitas obedientes prosperaria. Tem os aqui uma declaração geral, que cobre todas as bênçãos proferidas até este ponto. Aqueles que “entrassem ” prosperariam e acha riam segurança (quinta bênção; vs. 6). E aqueles que “saíssem ” achariam prospe ridade (sexta bênção; vs. 6). De m odo geral, os israelitas seriam abençoados na Terra Prometida, que Deus lhes havia dado com o herança, em consonância com o Pacto Abraâm ico (ver Gên. 15.18). Israel perm aneceria no seu território, se fosse obediente ao Senhor. Cf. Pro. 3.9,10. Aqueles que honrassem o Senhor com os seus “bens” (sob a form a de dízim os e ofertas), teriam seus celeiros sem pre cheios, e suas adegas só faltariam rebentar de tanto vinho.
0 POVO DOS PACTOS CASTIGADO Comparações entre Amós, Levítico, Deuteronômio e I Reis Castigos
Levítico
Amós
Fome Seca Doenças de plantas Gafanhoto Pragas
4.6 4.7-8 4.9 4.9 4.10
Derrota militar
4.10
Devastação
4.11
26.26,29 26.19 26.20 —
26.16,25 26.17,25,33, 36-39 26.31-35
IReis
Deuteronômio 28.17,48 28.22-24,28 28.18,22,30,3 W 0 28.38,42 28.21-22,27, 35,59-61 28.25-26, 49-52 29.23-28
8.37 8.35 8.37 8.37 8.37 8.33 —
Pacto. Entre outras formas de linguagem antropomórfica nas Escrituras, encontramos o termo pacto. A palavra é usada para designar a maneira de Deus tratar com o homem e entrar em aliança com ele. Os pactos trouxeram as promessas de Deus para um povo obediente às Suas condições morais. Evitar idolatria era sempre a primeira exigência, mas muitas infrações morais quebravam os pactos. O povo dos pactos era, idealmente, um povo distinto dos demais.
OS PACTOS E AS PROMESSAS UMA GRANDE NAÇÃO DENTRO DE SUA PRÓPRIA TERRA (Pacto Abraâmico) Naquele mesmo dia fez o Senhor aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates. Gênesis 15.18
A LEI FOI DADA COMO O GUIA DA VIDA AOS OBEDIENTES (Pacto Mosaico) Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu i/os ensino, para os cumprirdes, para que vivais... Deuteronômio 4.1
CONQUISTA DA TERRA DA PALESTINA, O LAR DO POVO (Pacto Palestino) Se atentamente ouvires a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que hoje te ordeno, o Senhor teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra. Deuteronômio 28.1
A PERPETUIDADE DA FAMÍLIA E DO REINO DE DAVI, CUMPRIDA EM GRAU MAIOR EM CRISTO, O FILHO DE DAVI (Pacto Davídico) Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.
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DEUTERONÔMIO Uma vida longa na terra era uma das bênçãos prom etidas pela lei. Por isso mesmo lemos em Deuteronôm io 5.33: "... para que vivais, bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuirá (Ver tam bém Deu. 4.1 e 6.2.) É claro que isso também prom ete a perm anência de Israel na Terra Prometida, e não som ente vida longa para os israelitas, com o indivíduos. “Tudo, nos cam pos espiritual e temporal, viria através dos mandam entos im ediatos de Deus” (Adam Clark, in loc.). Oh, Senhor, concede-nos tal graça! 28.9 O S enhor te constituirá para si em povo santo. Se o povo de Israel se m ostrasse obediente, seria abençoado entre as dem ais nações. A ntes de tudo, por ser protegido dos m aus desígnios de outros povos (vs. 7). Em segundo lugar, seriam separados com o o povo especial de Yahw eh (este versículo). Eles seriam uma nação santa, contrastando assim com as nações idólatras ao redor. V er notas com pletas sobre isso em Deu. 26.19, onde tam bém são dadas outras referências que contêm declarações sim ilares, com notas expositivas m ais de talhadas. Yahweh haveria de conservar os israelitas em uma posição privilegiada entre os povos. Alguns estudiosos têm interpretado isso metaforicam ente, com o se estivesse em pauta a questão da ressurreição dentre os mortos. É possível, mas não com o sentido literal da passagem . Por outro lado, os israelitas desobedientes perderiam todas essas bênçãos e acabariam indo para o cativeiro, sendo expul sos da Terra Prometida, conform e havia acontecido aos habitantes cananeus originais. Ver no Dicionário o artigo intitulado Cativeiro (Cativeiros). E andares nos seus cam inhos. Ver acerca disso em Deu. 10.12 e suas notas, onde também há menção ao temor, ao amor, ao serviço e à proteção divina, como fatores que entram na obediência prestada por Israel ao Senhor. 28.10 E todos os povos da terra verão. O autor sagrado continuava falando sobre a exaltação e a reputação de Israel entre as nações do mundo, a primeira das três esferas das bênçãos que atingiriam os hebreus. V er as notas no oitavo versículo deste capítulo quanto a essas esferas ou áreas. V er o versículo nono quanto à idéia geral e à referência a outros trechos que emitem idéias semelhantes, com notas expositivas detalhadas. Terão medo de ti. As nações hostis, observando como Deus estava abenço ando a Seu povo, temeriam e suspenderiam sua belicosidade contra Israel, e Israel encontraria paz. Quanto a esse aspecto da prom essa divina, cf. Deu. 11.25 e Jer. 33.9. 28.11 O Senhor te dará abundância de bens. Este versículo reitera essencial mente as prom essas da terceira bênção, ou seja, ricos poderes reprodutores por parte dos seres humanos e dos anim ais. Ver as notas no quarto versículo deste capítulo. A repetição das bênçãos é aqui prefaciada por uma prom essa de grande prosperidade material no com ércio e na agricultura, o que havia sido coberto pela prim eira e segunda das bênçãos, e foi anotado no terceiro versículo deste capítu lo. Cf. Jer. 33.9.
De acordo com a teologia judaica posterior, as chaves da prosperidade de Israel consistiam em três aspectos: 1. As chuvas; 2. os nascim entos; e 3. a ressurreição dentre os mortos. Emprestarás a m uitas gentes. A prosperidade do povo de Israel seria tão grande que Israel comerciaria com outras nações, emprestando-lhes dinheiro e bens materiais, em vez de pedir-lhes emprestado. As nações desobedientes são sujeitas a p e d ir emprestado. Israel gozaria de colheitas abundantes, para assim poder vender cereal a outras nações, ou então para trocar seu cereal com outros produtos necessários, mas sem pre a partir de uma posição de superioridade. Ver Ezequiel 27.17. Entre os israelitas, as riquezas m ateriais fluíam tão abundante mente com o as águas correm no rio Amazonas. A s riquezas enchiam o território de Israel até suas fronteiras, e eles as trocavam por outras m ercadorias vindas de grandes distâncias. A obediência era a chave de tudo. Quando andam os com o Senhor, À luz de Sua Palavra, Quanta glória que Ele derrama sobre nós. Quando cum prim os a Sua vontade, Ele habita conosco, E com todos de que confiam e obedecem. (J. H. Sam m ise) 28.13 O S enhor te porá por cabeça. Este versículo repete a m ensagem de Deut. 4.5 ss.; 26.19 e 28.1. M as agora é em pregada a m etáfora que envolve um anim al. Um anim al tem cabeça, corpo e cauda, partes essas que servem para indicar im portância e prioridade relativa. Israel estava destinado a tornar-se a cabeça das nações. M as visto que, por sua desobediência, Israel foi expulso da Terra Prometida, essa posição de prioridade foi transferida para o período do m ilênio (ver a respeito no D icionário). Entrem entes, a partir dos cativeiros (ver a respeito no Dicionário), Israel passou a ser a cauda das nações, o que explica a dispersão e as perseguições a que o antigo povo de Deus tem sido sujeitado. "... a cabeça significa hegem onia; a cauda representa povos que ficam em sujeição; ou, então, a cabeça são aqueles que são honrados e em alta estim a, e a cauda são aqueles que vivem hum ildes e aviltados. V er Isa. 14.14,15” (John Gill, in loc.). 28.14 Não te desviarás. O cumprimento dessas profecias divinas a Israel dependia de eles não se desviarem do reto caminho que o Senhor lhes determinara, nem para a direita nem para a esquerda. Os filhos de Israel tinham de manter uma obediência estrita à lei, o tema mais enfatizado neste livro de Deuteronômio. A pior forma de desvio reaparece aqui, a saber, a idolatria. Ver sobre esse assunto no Dicionário. O conceito de que “a obediência gera a obediência, e o desvio gera todo tipo de pecados", é um tema comum no Pentateuco, àlém de ser um bom princípio moral, comprovado pela experiência humana. Ver Apo. 22.11, que repousa exata mente sobre esse conceito: aquele que é imundo continuará aumentando em sua imundícia; e aquele que é justo continuará aumentando em sua retidão.
28.12
Maldições que Serão Lançadas na Terra — Seis Maldições Adicionais (28.15-68)
O Senhor te abrirá o seu bom tesouro. Tem os aqui uma expressão poéti ca, definida em seguida como chuvas suficientes, a fonte de toda form a de vida, e terras férteis para o plantio. As estações do ano trariam as chuvas esperadas, e a sem eadura e a colheita seguir-se-iam em um curso ininterrupto. Além disso, o tesouro de Yahweh também incluiria bênçãos gerais em todas as atividades da vida, cobertas pela quinta e pela sexta bênção, referidas no sexto versículo deste capítulo. Yahweh brande as chaves dos tesouros. O banco celestial dispõe de recur sos ilimitados, e ao homem bom é prom etida uma partilha nesses recursos. Assim como Yahweh é infinitam ente rico, também ao homem obediente é conferida grande abundância de bênçãos. Alguém já sum ariou que a evidência da espiritualidade, no Antigo Testam ento, é a “prosperidade m aterial” , ao passo que, no Novo Testam ento, é a “adversidade” . Tem os aí um parecer verdadeiro; mas devemos lembrar-nos de que a Igreja nem sem pre agonizou na adversidade, simplesmente por ser espiritual. O trecho de II Coríntios 9.8 sem dúvida concorda com o conceito aqui emitido pelo A ntigo Testam ento. É muito melhor prosperar m aterialmente do que viver na pobreza. Quando estamos avançando pelo cam i nho do Senhor, tudo quanto precisam os fazer, para não sofrer necessidades, é pedir. O Senhor anela por dar-nos todas as coisas boas. Cf. este versículo com Jó 38.22; Sal. 37.5 e Mal. 3.10. V er no Dicionário dois artigos: Chuva e Chuvas A nteriores e Posteriores.
Condições que Trariam Castigo contra Israel. Ver Deuteronôm io 27.15 ss. quanto às doze m aldições que atrairiam o castigo contra os israelitas que desobe decessem à lei. E agora o autor sagrado nos apresenta mais seis maldições. Alguns estudiosos supõem que o docum ento original tivesse apenas seis bênçãos e seis maldições, no capítulo 28, e que o capítulo anterior, com suas doze m aldi ções, teria sido algum suplem ento posterior, colocado antes do texto original. A introdução a este capítulo aborda esse e outros problem as. Seja com o for, os dois vocábulos, bênçãos e maldições, falam acerca da aprovação ou desaprovação de Deus, dependendo tudo da obediência ou desobediência de Israel. As bênçãos e m aldições sintetizam o que pode acontecer a um homem, uma vez que ele se sujeite à lei. Literalmente, porém, está em foco a nação de Israel, que se com pro m etera com Deus no pacto mosaico. Seja como for, as seis bênçãos e as seis m aldições deste capítulo refletem elem entos do antigo pacto de Siquém. O Monte Gerizim (onde tinham sido profe ridas as bênçãos) sim boliza a escolha da obediência, ao passo que o M onte Ebal (onde tinham sido proferidas as maldições) sim boliza a escolha da desobediência. Ver Deu. 27.11-26. “As quatro maldições dos vss. 6-19 são o contrário exato das quatro bênçãos citadas nos vss. 3-6 (em bora a segunda e a terceira sejam revertidas, ao mesmo tem po em que as palavras ‘as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas’, no quarto versículo, não sejam incluídas no vs. 18)” (Jack S. Deere, in loc.).
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DEUTERONÔMIO
28.15 Se não deres ouvidos à voz do S enhor teu Deus. As m aldições foram introduzidas com o a antítese das bênçãos, pois a idéia de “não obedecer” con trasta com a idéia de “obedecer” . Cada uma das seis m aldições isso posto, é o contrário de cada uma das seis bênçãos. Platão, em seu diálogo intitulado Górgias, apresentou um assustador mas veraz princípio espiritual; A pior coisa que pode acontecer a um homem é que ele chegue a cometer um erro, mas não venha a sofrer nenhum castigo por isso. É assim que se corrompe a alma de um homem, o que o toma permanentemente corrupto. Foi por isso que Platão também disse: “Um homem fica pior se não for castigado, do que se o for” . Temos aí outro excelente discernimento: a punição deve ser consentânea com o erro cometido, servindo de medida de expiação, e não meramente de retribuição, com o que concorda plenamente o trecho de I Pedro 4.6. E isso inclui até mesmo o caso daquele castigo que segue os homens até o próprio hades.
28.16 Maldito serás. A primeira maldição é o oposto preciso da primeira bênção. O mal recairia sobre um habitante de cidade (vs. 3) que se mostrasse desobediente para com a lei, tal como a bênção recairia sobre um habitante de cidade que se mostrasse obediente. Neste mesmo versículo temos a segunda maldição, que sobreviria ao habitante dos interiores do país, nos mesmos termos que se vê no caso da primeira maldição. As notas sobre o terceiro versículo também têm aplicação aqui. “ Daqui até o fim do versículo 19, as m aldições são enfileiradas em uma forma contrária às bênçãos referidas nos vss. 3-6; se observarm os o significado daque las bênçãos, facilm ente captarem os o sentido das m aldições, pois as bênçãos fazem contraste direto com as m aldições” (John Gill, in loc.). Devemos notar que as bênçãos prom etem a vida pós-túm ulo, em alguma existência futura em um lugar celestial; m as as m aldições não ameaçam com nenhum tipo de juízo eterno e consciente. Essas doutrinas com eçaram a desen volver-se, dentro das tradições judaicas, a partir dos Salm os e dos Profetas. Então, ainda dentro dos dias da vigência do antigo pacto, essas doutrinas tiveram seu m aior desenvolvimento dentro dos livros pseudepígrafos. Há um artigo sobre esses livros na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Ver os com entários a respeito em Gên. 1.26,27 e Deu. 4.1.
Além disso, devem os pensar que a lei era o m inistério da “condenação” (ver II Cor. 3.9), pelo que foi apenas natural que nas bênçãos e m aldições tivesse sido mais elaborado o fator negativo do que o positivo. Não obstante, cada ju ízo aqui proferido tinha por finalidade fazer Israel desvi ar-se da desobediência e da destruição, pelo que esses juízos eram potencial mente benéficos em sua natureza. Esses juízos divinos são em número de onze, aos quais acom panharem os até o fim deste capitulo 28. O Fracasso em Tudo (28.20) 28.20 1. Prim eiro Juízo. As más ações sem dúvida resultam em desastre seguro, o que é descrito mui enfaticam ente neste versículo. Tudo quanto Israel tentasse fazer seria reduzido a nada, além do que haveria ataques de inimigos, escassez de alimentos, fracasso nas colheitas e desastres naturais. A m aldade seria eles terem abandonado a Yahweh, e, por conseqüência, Ele também os abandonaria a todos os tipos de males. As predições deste versículo cum priram -se sobretudo nos cativeiros, quando o povo de Israel foi reduzido a praticam ente nada, e os raros sobreviventes foram levados para o exílio. Ver no Dicionário o artigo cham a do Cativeiro (Cativeiros). Cf. este texto com I Sam. 5.9 e 14.20. Cf. II Reis 22.11 ss. quanto a possíveis efeitos que a leitura de passagens bíblicas com o essas tiveram sobre o rei Josías. “Deficiência, ansiedade e fracasso em todos os empreendim entos” (Ellicott, in loc.). “Juízos contínuos assinalam o desprazer divino” (Adam Clark, in lo c ). John Gill, in loc., referiu-se às “correções da providência”, captando assim, corretam ente, o espírito dessa passagem. A Pestilência (28.21-22) 28.21-22
28.18
2. Segundo Juízo. O autor sagrado multiplicou generalidades de enfermidades nos homens, nos animais e nas plantas; mas também mostrou que essas coisas seriam tão violentas que acabariam removendo o povo de Israel da Terra Prometi da, de forma absoluta. Através desses meios, Yahweh interviria pessoalmente na vida de um povo pecaminoso e idólatra. Algumas enfermidades tornar-se-iam crôni cas e incuráveis. Outras produziriam mortes repentinas. Os animais e a vegetação também sofreriam as suas próprias pragas, tornando insuportável a vida para o povo de Israel. Não são mencionadas as enfermidades exatas, mas os sintomas cobrem uma larga gama de males físicos. As plantas ressecar-se-iam e apanhariam o míldio ou a ferrugem. Haveria um calor insuportável, resultante da seca. Ver o trecho de Ezequiel 14.19-21 quanto às quatro pragas que atingiram Jerusalém. Quanto a enfermidades consumidoras, que dilapidam o corpo físico, e quanto às febres, cf. Lev. 26.16. Ver Amós 4.9, quanto ao “crestamento” e à “ferrugem”. A passagem de I Reis 8.37 fomece uma lista parcialmente paralela destes versículos.
Maldito o fruto. A quarta m aldição é a antítese da quarta bênção (vs. 4). Um israelita obediente veria uma prole abundante, bem com o a multiplicação de seus rebanhos e uma produção agrícola abundante. Mas um israelita desobediente experimentaria precisam ente o contrário. Ver as notas sobre o quarto versículo deste capítulo. “Nenhuma divindade abstrata pode incendiar um coração. Para tanto faz-se mis ter um Deus vivo e que realmente reaja diante das ações humanas. ‘Não se vendem dois pardais por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados” (Mat. 10.29,30) (Henry S. Shires, in loc.). Este texto ensina-nos acerca das bênçãos e das maldições divinas, porquanto elas estão vitalmente envolvidas na existência hu mana. Ver no Dicionário o verbete intitulado Teísmo, que o nosso texto ilustra.
Secura. Várias traduções dizem aqui “espada” . Para m uitos com entadores, isso parece uma incongruência, pois a espada não pertence à categoria dos desastres naturais. No hebraico, a palavra aqui usada é chereb, que pode significar vários instrum entos cortantes, com o a espada, o m achado, a faca ou outro qualquer. A R evised S tandard Version diz aqui “seca” . Parece que nossa versão portuguesa acom panhou essa opinião. A New International Version se gue pelo m esm o cam inho. Mas não sabem os dizer a razão da escolha dessa tradução. A sequidão (falta de umidade no ar, que é m uito prejudicial à saúde, e, no Brasil, afeta, por exemplo, cidades com o Brasília, em certos períodos do ano), em Israel, podia ser causada pela seca ou pela ação do vento oriental (ver as notas expositivas a respeito, em Gên. 41.6).
28.19
A Seca (28.23-24)
Maldito serás. As m aldições de números cinco e seis são a antítese da quinta e da sexta bênção (vs. 6), cujas anotações devem ser consultadas.
28.23-24
28.17 Maldito o teu cesto e a tua amassadeira. Temos aí a terceira maldição. Da mesma maneira que um israelita obediente teria abundância de víveres em sua casa, um israelita desobediente sofreria escassez de provisões de boca. Assim posto, esta terceira maldição é a antítese da quarta bênção. A teologia dos hebreus não imagina va coisa alguma como fora ou além das exigências da lei, nem que pudesse acontecer alguma coisa a um homem que não estivesse diretamente relacionada à lei.
Os Juízos de Yahweh (28.20-68) Esses ju ízo s têm uma natureza homilética, sendo expansões didáticas das m aldições. Adm ira-nos que o autor sagrado tenha concedido muito m aior espaço, nos capítulos 27 e 28, às m aldições do que às bênçãos. Todavia, esse modo de apresentação estava de acordo com docum entos sim ilares provenientes do antigo Oriente Próximo e Médio. Psicologicamente falando, qualquer mestre moral mostrar-se-á muito m ais preocupado com as coisas ruins que podem acontecer do que com as boas. Isso porque a natureza pervertida dos seres humanos empurraos, de form a consistente, na direção errada. Som ente a graça e o poder de Deus podem fazer um homem andar na direção contrária de suas tendências naturais.
3. Terceiro Juízo. A Terra Prometida era muito fértil, a ponto de ter sido apelidada de terra que “mana leite e m el” (ver as notas a respeito, em Êxo. 3.8 e Núm. 13.27). Mas os juízos divinos, ao alterarem as condições clim áticas, poderi am transform ar toda aquela região em um deserto poeirento. Ver no Dicionário o artigo detalhado cham ado Seca. O arsenal de Yahweh incluía desastres naturais. Em lugar das fertilizantes nuvens de chuvas, o firm am ento tornar-se-ia duro como o bronze, ao passo que a terra tornar-se-ia ressecada e sólida com o o ferro. Tudo quanto porventura chegasse a brotar morreria por falta de água, e a produção agrícola cessaria de todo. Daí resultaria, de form a inevitável, a fom e. Ver no Dicionário o artigo intitulado Fome. Isso aconteceria porque Israel teria entrado em um estado de esterilidade espiritual; e a Terra Prom etida teria acom panhado essa condição. V er no Dicionário o artigo cham ado Deserto. O solo seria pulveri
DEUTERONÔMIO zado sob a form a de poeira fina, pelo ar superaquecido, e a poeira, em lugar da chuva, cairia do firmam ento.
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Perturbação do espírito. Algumas versões dizem aqui “espanto”. A Revised Standard Version diz “confusão mental”, em consonância com o tema do versículo. Os juízos divinos deixariam os castigados impossibilitados de pensar correta e logicamente.
A Derrota Militar (28.25-26) 28.25-26 4. Q uarto Juízo. C ontra um d e so bediente povo de Israel levantar-se-iam Yahw eh, a natureza e até m esm o outras nações. O a n iquilam ento ficaria, dessa form a, garantido. Essas de va sta çõe s ocorreram essencialm ente nos dois cativeiros, no assírio e no b abilónico. V er no D icio n á rio o artigo C ativeiro (C ativeiros). Israel sairia à guerra unido, m as acabaria fu g in d o por sete d ire ções diferentes, ou seja, totalm ente derrotado. O te rce iro cativeiro (que em certo sentido prossegue até hoje) foi o rom ano. O im perador A driano (132 D. C.) esvaziou a Te rra P rom etida de seus habitantes judeus, e som ente em nossos próprios d ia s (m aio de 1948) um rem anescente com eçou a voltar, organizando-se no que é hoje o Estado de Israel, ocupando de novo a terra pátria que havia sido prom etida a A braão e seus descendentes. Isso posto, os terrores aqui am eaçados têm tid o cum prim ento da m aneira m ais cabal e e s pantosa. N ão obstante, a id e n tid a d e dos ju d e u s tem sido preservada ao longo de dezenove séculos, pelo que agora eles estão novam ente e xistindo com o nação independente. M as quem restaurará d e fin itiva m e nte a sorte de Israel, transform ando-o na “cabeça” das nações, será o S enhor Jesus. P erguntaram Lhe os S eus apóstolos: “ Senhor, será este o tem po em que restaures o reino a Israel?” (A tos 1.6). O sétimo versículo deste capítulo fala sobre com o os inimigos de Israel seriam dispersos em sete direções, se ousassem atacá-los. Mas, se os filhos de Israel se mostrassem desobedientes, eles é que seriam postos em fuga vergonho sa. Assim, a obediência traria as condições retratadas no sétimo versículo, e a desobediência, as condições refletidas nos versículos 25 e 26. E a derrota de Israel seria tão definitiva que ninguém restaria vivo para sepultar os mortos, que se tornariam então pasto dos anim ais ferozes. De acordo com a mentalidade do povo hebreu, essa era uma das piores desgraças que poderiam acontecer a um ser humano. Mas outros povos com partilhavam desse sentimento. Os gregos criam que a alma do homem não pode descansar se o seu cadáver jaz insepulto. Os inimigos de Israel, por sua vez, não se dariam ao trabalho de sepultar os corpos dos filhos de Israel.
Apalparás ao m eio-dia. C onform e faz um a pessoa cega, se não tiver ajuda de outrem . Assim , às apalpadelas, qualquer tarefa lhes pareceria extre m am ente problem ática. E nada conseguiriam levar a bom term o. E em lugar de serem ajudados, outros apenas se aproveitariam da condição deles para oprim ilos. Adam C larke, de seu ponto de vista histórico (século XIX), referiu-se ao modo com o os israelitas, por quase mil e oitocentos anos, vinham apalpando seu cam inho, ao m esm o tem po em que eram m altratados, porquanto “ainda não haviam percebido o resplendor da luz que tinham recebido, que os cercava, pois haviam rejeitado o seu próprio M essias, o que era a causa de todas as suas calam idades” . É com essa idéia que term ina este versículo, “serás oprim ido e roubado todos os teus dias; e ninguém haverá que te salve”. Rejeitar o Senhor Jesus traz conseqüências quase inacreditáveis! Incríveis Aflições (28.30-35) 28.30-35 6. Sexto Juízo. “As aflições aqui descritas resultariam da derrota na guerra. As isenções m ilitares, m encionadas em Deu. 20.5-7, seriam revertidas, uma vez que o Senhor retirasse a Sua proteção. Os filhos e o gado perder-se-iam para sem pre (vss. 31 e 32). Exércitos estrangeiros colheriam os benefícios do árduo trabalho dos agricultores (vs. 33). Perdas tão devastadoras produziriam a insani dade (vs. 34), sem falar em dolorosas “úlceras m alignas” (vs. 35; cf. o vs. 27)” (Jack S. Deere, in loc.). Desposar-te-ás... edificarás... plantarás. As condições favoráveis, prom eti das em Deu. 20.5-7, seriam anuladas, uma após outra, no caso dos desobedien tes a Yahweh. Ver as notas expositivas daqueles versículos. Um soldado israelita, que antes estaria dispensado do serviço militar, a fim de iniciar sua vida de homem casado, de construir sua casa e de plantar sua vinha, agora teria de seguir para o cam po de batalha, e ali seria m orto. E outro homem ficaria com sua m ulher e com os seus bens m ateriais. E isso poria fim a todos os sonhos do israelita desobediente.
Enferm idades e Perseguição (28.27-29) 28.27-29 5. Quinto Juízo. As pragas do Egito, que tinham devastado aquele país, alcançariam um desobediente povo de Israel. Ver no Dicionário o artigo chamado Pragas do Egito, com o tam bém um gráfico ilustrativo, com algum as notas adicio nais, em Êxo. 7.14. Úlceras. Ver Êxo. 9.9 e suas notas expositivas quanto a esse tipo de praga. Tumores. Na verdade hem orróidas (ver I Sam. 5.9, onde se usou o mesmo term o hebraico, ophel). Sarna. A Revised Standard Version diz aqui “escorbuto”, uma afecção cutânea causada pela deficiência em vitam ina C. Mas considerando a época em que esse trecho foi escrito, devem os pensar em algum a afecção cutânea geral, e não som ente nessa deficiência vitamínica. Prurido. Isso causava coceiras e grande desconforto. O autor sagrado, con tudo, não estava procurando frisar enferm idades específicas. Cf. Lev. 21.20 e 22.22. Enfermidades dessa natureza tornavam as pessoas imundas, incapacita das para a adoração em público. De que não possas curar-te. Remédios caseiros de nada adiantariam, m es mo que em outras ocasiões tivessem produzido efeito. Yahweh seria a origem dessas enfermidades impostas por castigo, pelo que se apegariam de forma perm anente a um povo desobediente. Loucura. Ver no Dicionário o artigo geral intitulado Enferm idades na Bíblia, que inclui os desequilíbrios mentais. Até hoje não se sabe muito sobre essas condições; e os antigos ignoravam totalm ente as suas causas. Mentalmente debi litados, os israelitas ficariam incapacitados de efetuar qualquer tarefa que exigisse cooperação mútua. Cegueira. Tanto literal quanto figurada. Afecções oculares destruiriam a vi são de muitos israelitas. E os dem ais ficariam espiritualm ente cegos. Alguns estudiosos preferem pensar que essa cegueira afetaria a mente, concordando com o item seguinte.
Boi... jum ento... ovelhas. Os anim ais dom ésticos dos israelitas desobedi entes seriam roubados diante dos seus olhos. Isso parece indicar pilhagens e saques, um dos resultados da guerra, para quem sai perdedor. D essa sorte, os israelitas desobedientes seriam sujeitados a m uitas atrocidades, e isso dentro de sua própria Terra Prom etida, que eles teriam m ostrado ser incapazes de defender. Teus filhos e tuas filhas. A prole dos israelitas desobedientes não seria considerada m elhor do que m eros anim ais domésticos. Muitos desses filhos seri am mortos; outros seriam levados com o escravos. E assim fam ílias seriam disper sadas para sempre, sob as mais agonizantes circunstâncias. E os pais desses filhos seriam consum idos de tristeza e saudades, sabendo que seus filhos esta vam sendo sujeitados aos m ais cruéis abusos, por parte de estrangeiros sem misericórdia. John Gill (in loc.) registrou um incidente ocorrido em fins do século XV e com eços do século XVI que atingiu os judeus e ilustra o nosso texto: “Por meio de um edito da coroa portuguesa, os filhos dos judeus foram transportados para ilhas desabitadas. E quando, por ordem do rei, eles embarcaram nas naus que haveri am de transportá-los, o historiador judeu disse que houve, por parte das mulheres judias, grandes lam entações por seus filhos; mas ninguém teve com paixão deles, nem foram eles consolados, e ninguém os ajudou” (com referência ao Shebet Judah, Hist. Jud., sec. 5, pág. 332). Tua mão nada poderá fazer. Uma das piores coisas seria o senso de impotência diante de tantas desgraças. Sem Yahweh, os israelitas teriam de reconhecer que eles nada eram. O fruto da tua terra. Os exércitos invasores apossar-se-iam de toda a produ ção agrícola, que tanto trabalho havia dado aos israelitas, e estes perderiam tudo. Os invasores ficariam bem providos de alimentos, ao passo que os próprios agricultores e o povo israelita em geral passariam fome. Dessarte, os israelitas desobedientes sofreriam toda sorte de opressão e desgraça. Cf. as profecias em Jerem ias 5.17. Ver também o versículo 29 deste capítulo quanto a predições similares. E te enlouquecerás. Desgraças tão generalizadas deixariam os israelitas desobedientes em estado de torpor m ental, ao contem plarem tantas devastações. “... chocantes acontecim entos ... calam idades espantosas, opressões e persegui
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ções” (John Gill, in loc.), o qual relatou, em conexão com este versículo, outro incidente m oderno de perseguições contra os judeus, que teve lugar na Alem a nha, nestes term os: “Na Alem anha, na ira e desvario deles, os judeus incendia ram uma cidade, e eles m esm os pereceram dentro dela. Naquele m esm o país, ao serem convocados por um edito para mudarem de religião, eles concordaram em reunir-se em certo edifício, onde se m ataram m utuam ente. Os pais primeiramente m ataram seus filhos; então os m aridos m ataram suas m ulheres; e então passa ram a m atar-se uns aos outros. Finalmente, restou um único homem, o qual se suicidou” (Shebet Judah, Hist. Jud., sec. 234-236, partes 214-217). O Senhor te ferirá com úlceras. As ulcerações afetariam o corpo inteiro de suas vítimas, com o um sinal especial da ira do próprio Yahweh contra os israelitas desobedientes. Não haveria com o obter cura para tais úlceras, e os corpos sofre riam sem nenhum a m itigação. Cf. o versículo 27 deste capítulo. Ver Eze. 7.17 e 21.7, onde lemos: “Todas as m ãos se afrouxam , todo espírito se angustia e todos os joelhos se desfarão em água”. Exílio (28.36-37) 28.36-37 7. Sétim o Juízo. Visto que Israel recusar-se-ia a servir ao Deus vivo e verdadeiro, o próprio Israel seria levado à força para terras estrangeiras, onde serviria a deuses estrangeiros que são ídolos sem vida. Ver no Dicionário os artigos intitulados Cativeiro (Cativeiros)\ Cativeiro A ssírio e Cativeiro Babilónico. Esses três artigos ilustram graficam ente o cum prim ento das profecias constantes nestes dois versículos. O pior e m ais longo de todos os exílios tem sido o cham a do exílio romano, que com eçou em 132 D. C., nos tem pos do im perador Adriano. O povo de Israel foi expulso da Terra Prometida, proibido de ali voltar, e ficou “fora” até o nosso próprio século XX, quando então (em 1948) teve início uma restauração preliminar, que continua em processo. De fato, o restaurador de Israel será o Senhor Jesus, quando Ele voltar ao mundo (ver Atos 1.6). Em lugar de ser uma nação distinguida, distinta e exaltada, conform e a vontade de Deus determ inou para eles (ver Deu. 26.19 e outras referências, dadas nas notas sobre aquele versículo), Israel passaria a ser um sinônim o de reversão, de tragédia, de devastação, de fracasso, de “cauda” (ver o vs. 37 deste capítulo). Israel “tornar-se-ia a nação m ais repulsiva da te rra ” (Jack S. Deere, in loc.). Israel seria ridiculizado e zom bado por seus inimigos, tornando-se o centro de interm ináveis piadas de mau gosto. Essa descrição é a antítese do décimo versículo. Cf. Jer. 24.9, um paralelo direto com o versículo 37. Felizmente para Israel, as Escrituras profetizam apenas três grandes cativei ros, antes do retorno do Senhor Jesus. E o último desses evidentem ente está chegando ao fim. Isso nos perm ite prever que o Senhor Jesus não demora muito a voltar, e Ele reverterá totalm ente, por Sua m isericórdia e graça, a sorte de Israel (ver Deu. 30.3; Sal. 14.7; Jer. 30.18; Eze. 16.53; Joel 3.1; Sof. 2.7 etc.). Frustração Geral (28.38-44) 28.38-44 8. Oitavo Juízo. Para com eçar, haveria falha agrícola e ruína econômica. Um trabalho árduo produziria pouquíssim o resultado perm anente. Toda esperança de boa colheita term inaria em amargo desapontam ento. Pragas destruiriam os resul tados alm ejados. As vinhas não produziriam ou seriam saqueadas. E não haveria filhos que pudessem ajudar seus pais em meio a toda a perda sofrida, porquanto eles teriam sido levados para o estrangeiro (vs. 32). Muita Semente, Pouca Colheita. Ou as sem entes não nasceriam, ou as plan tações seriam devoradas pelos gafanhotos. V er no Dicionário o verbete intitulado Praga de Gafanhotos. Cf. Ageu 1.9 e Joel 1.4 quanto a am eaças similares. Temos aí uma antítese às prom essas do versículo 11, dirigidas aos israelitas obedientes. P ragas A tin g iria m os Vinhedos. A s p a rre ira s seriam plantadas e cu id a das, m as som ente para que ve rm e s as de stru ísse m . P línio, o antigo n a tura lis ta, falou sobre vários tipos de verm es que seriam fa ta is às vinhas e às p ró p ri as uvas (H ist. N a t u r a h M , cap. 28). Israel, d e so bediente a Yahw eh, contaria com m uitos verm es, m as com p oucas uvas. D esse m odo, os verm es ob e de ceriam ao soberano Yahw eh, ao passo que os isra e lita s ser-Lhe-iam d e sobe dientes. A zeite E xtrem am ente Escasso. Haveria oliveiras espalhadas por todo o território de Israel, mas a produção de azeitonas e de azeite seria tão pequena que não haveria o suficiente nem m esm o para o uso nas cerim ónias de unção. Cf. Deu. 8.8. A oliveira era uma das riquezas da T erra Prom etida, tal com o o leite e o mel (ver as notas em Êxo. 3.8 e Núm. 13.27). M as a desobediência poria fim a tudo. A safra da azeitona abortaria estando ainda o fruto verde, nas
árvores; e o que assim não se perdesse, ficaria estragado pelo vento e pela seca, além de ser reduzido a nada pelas enferm idades, com o a ferrugem . Cf. Am ós 4.9 e Hab. 3.17. Cativeiro para os Filhos. Essa terrível ameaça é aqui repetida. Ver o versícu lo 32 deste capítulo. Talvez a experiência mais agonizante que um pai ou mãe podem experim entar seja a de ser separado à força de seus filhos, mediante seqüestras, tragédia ou morte. Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos pais ingleses enviaram seus filhos para o território dos Estados Unidos da América, para que estivessem livres dos horrores da guerra. Mas até m esm o essa form a de separação, quando os pais britânicos sabiam que seus filhos estariam em segu rança, foi muito dolorosa para eles. Ver o versículo 37 e suas notas expositivas, quanto ao juízo do exílio, e onde aparecem referências a artigos que descrevem os vários cativeiros que Israel tem sofrido. Nova Am eaça de Cativeiro para os Filhos. O versículo 42 repete a ameaça do vs. 38, cujas notas devem ser consultadas. Toda a vegetação do país sofreria devastação, im possibilitando a continuação de qualquer tipo de vida. Cf. Êxo. 10.15. Israel sofreria a m esm a triste sorte que tinha atingido antes o Egito. Ver também Joel 2.5. Estrangeiros Exaltados, Naturais do País, Humilhados. Embora o destino determinado por Deus para Israel era que a nação fosse exaltada, a desobediên cia reverteria a situação. Nessa reversão, estrangeiros bárbaros e idólatras obteri am a hegemonia, anulando as prom essas (ver Deu. 26.19) feitas ao povo escolhi do. No Egito, Yahweh havia protegido os filhos de Israel das dez pragas (ver no Dicionário o verbete intitulado Pragas do Egito). Não obstante, se fosse desobedi ente, Israel sofreria a mesma ira que os egípcios tinham sofrido, uma irônica reversão. Tu mais e mais descerás. No dizer de John Gill (in loc.): “Sob a form a de grande sujeição, com o vassalo e escravo; ver Sal. 106.41,42. E isso tornou-se mais patente ainda quando os romanos reduziram à servidão a nação de Israel, tendo mandado muitos judeus para trabalharem nas m inas do Egito” . Dependência Econômica. O vss. 44 é a antítese dos vss. 12 e 13 deste capítulo, que falam sobre os benefícios outorgados aos obedientes. As notas expositivas dadas ali aplicam -se aqui. Por outra parte, os estrangeiros e os saqueadores seriam os beneficiados e exaltados, ao passo que um desobediente povo de Israel seria reduzido a “cauda”. M aldições Coletivas de Juízo Geral (28.45-48) (28.45-48) 9. Nono Juízo. Encontramos aqui um sum ário de m aldições anteriores, for mando a nona seção desta passagem . Mas além da reiteração das maldições anteriores, também são providas razões para elas. Todas estas m aldições virão sobre ti. A alusão é às doze m aldições do capítulo 27, como também às seis maldições do capítulo 28, as quais são explicadas com maiores detalhes nos oito ju ízo s antecedentes. O autor sagrado parte aqui da certeza de que as coisas preditas por certo haveriam de ter lugar. Os críticos supõem que esta passagem seja de origem tardia, refletindo mais a história do que a profecia. O autor descontinua o “se” . Israel, em bora estivesse prestes a atravessar o rio e tom ar posse da Terra Prometida, estava destinada a fracassar, ir para o cativeiro e sofrer inúm eras catástrofes. Razão. Desobediência. A convocação à obediência, que aparece e se repete em Deu. 5.1; 6.1; 8.1; 10.12,13; 11.1; 12.1; 27.1 e 28.1, não seria atendida. Escolhas erradas seriam feitas (ver Deu. 27.12,13); Israel ficaria sujeito às m aldi ções do Monte Ebal, em lugar das bênçãos do Monte Gerizim — porquanto esses dois montes sim bolizavam as duas escolhas possíveis. Ver a tripla designação da lei, em Deu. 6.1. Duas dessas designações — “m andam entos” e “estatutos” são reiteradas no versículo 45. Tua descendência para sem pre. Os m andam entos e os estatutos, que deveriam ser agentes de vida (ver Deu. 4.1; 5.33 e 6.2 e suas respectivas notas expositivas) tornar-se-iam sinais de m aldição e de morte, bem com o das devasta ções que perseguiriam os filhos de Israel por todas as suas gerações. As m aldi ções provenientes da desobediência tam bém serviriam de sinais e maravilhas, embora com resultados negativos, e não positivos, conform e usualm ente são os sinais e os prodígios m iraculosos. As maldições deixariam atônitas as sucessivas gerações de israelitas, e isso por motivo de consternação. Estão aqui em foco, acima de tudo, os cativeiros. Ver no Dicionário o artigo intitulado Cativeiro (Cativeiros). Finalmente, seria vista uma “coisa nova”, ou seja, a restauração de Israel. Ver Isa. 45.17,18 e Rom. 11.25,26. Essa coisa
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DEUTERONÔMIO
JULGAMENTOS DIVINOS QUE ISRAEL-JUDÁ DEVE SOFRER PARALELOS ENTRE LAMENTAÇÕES E DEUTERONÔMIO (ISRAEL) Essência dos Julgamentos
Lamentações
Deuteronômio
Judá (Israel) espalhado entre as nações não encontrará paz nem segurança.
1.3
28.65
Judá (Israel) será o escravo de forças estrangeiras e a cauda das nações.
1.5
28.44
Seus filhos e filhas serão cativos em nações pagãs.
1.5
28.32
Em fraqueza fugirão ante o perseguidor e serão absolutamente derrotados. As defesas falharão e os soldados fugirão em sete direções em total confusão.
1.6
28.25
Os jovens serão levados e feitos escravos. Os pais os perderão para sempre.
1.18
28.41
0 povo de Judá (Israel) será objeto de canções zombadoras, escárnio e desprezo.
2.15
28.37
Mães, no seu desespero, comerão os próprios filhos para não morrer de fome.
2.20
28.53
Jovens e velhos morrerão juntos na poeira das ruas. 0 inimigo não respeitará idade nem sexo.
2.21
28.50
Mães, com as próprias mãos, cozinharão seus filhos. As mais gentis esconderão seus filhos para comê-los depois do ataque do inimigo. As esposas não mais respeitarão seus maridos, mas se tornarão animais selvagens.
4.10
28.56-57
A herança de Israel dada no Pacto Abraâmico, passará às mãos dos estrangeiros selvagens. 0 judeu construirá uma casa, mas nunca morará nela. As propriedades ficarão à disposição dos invasores e seus filhos.
5.2
28.30
Perseguidos, os judeus não encontrarão paz no exílio. A espada os seguirá até lá e continuará a matança. 0 pecado cobrará um alto preço dos desobedientes.
5.5
28.65
Os sofrimentos no exílio serão variados e severos. A fome fará a pele dos cativos queimar como se estivesse sujeita a um forno.
5.10
28.48
Mulheres casadas e virgens serão estupradas nas ruas de Sião. Uma mulher prometida a um judeu nunca se tornará esposa dele, mas cairá vítima de um soldado impiedoso.
5.11
28.30
Os velhos não serão respeitados e não receberão misericórdia. Cairão vítimas das mesmas brutalidades.
5.12
28.50
0 monte Sião tornará uma pilha de entulho e animais selvagens farão dele seu lugar de assombração. Os muitos e radicais pecados de Judá (Israel) exigirão múltiplos e radicais castigos, servindo de agentes de restauração para o remanescente que sobreviver.
5.18
28.26
0 pecado, especialmente o da idolatria, cobrará um alto preço em sofrimento.
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DEUTERONÔMIO
nova resultaria, pelo menos em parte, dos terríveis juízos divinos, juízos esses que não seriam meramente retributivos, porquanto também teriam um aspecto remediai. Ingratidão no Serviço ao Senhor. O versículo 47 mostra que a desobediência anularia o serviço prestado por Israel ao Senhor. Eles serviriam, mas de má vontade e sem alegria. A abundância, que eles poderiam ter recebido, ficaria assim perdida. Israel, em lugar disso, seria sujeitado a potências estrangeiras e seria dispersado, fugindo em sete direções diferentes (vs. 25). S eiviço Forçado a Estrangeiros. Os israelitas haveriam de recusar-se a servir a Yahweh de bom grado, e, em conseqüência, seriam forçados a servir a estran geiros. Os seus dominadores haveriam de furtar-lhes as coisas mais básicas da vida, de tal modo que, em nudez, haveriam de padecer fome e sede. Um jugo de ferro seria posto em torno de seus pescoços, de tal modo que, como animais irracionais, eles seriam m altratados e reduzidos à escravidão. O resultado disso tudo é que a nação de Israel seria destruída. Estão em pauta os cativeiros e os seus rigores. Cf. Jer. 28.14 quanto ao ju g o de ferro. Os jugos ou cangas eram feitos de madeira. Aqueles feitos de ferro seriam mais pesados e mais opressivos ainda. Ninguém fazia cangas de ferro para os seus anim ais; mas Israel seria reduzido a uma posição inferior à dos anim ais irracionais, quando a Assíria e a Babilônia dominassem o antigo povo de Deus. Mas o ju g o rom ano foi o mais severo e prolongado de todos, de tal modo que, som ente em nosso século XX (maio de 1948), form ou-se novam ente a nação de Israel com o um estado devida mente organizado. O im perador romano, Adriano (em 132 D. C.), esvaziou a Terra Prometida de judeus, de onde foram dispersos entre todas as nações da terra, para sofrerem, geração após geração, um cativeiro que já se prolonga por mais de dezenove séculos. Alguém poderia indagar: “Mas a form ação do m oderno Estado de Israel, em 1948, não fez term inar o terceiro e mais longo e terrível dos cativeiros de Israel?’’. Não. O que ocorreu em 1948 é que apenas uma porcentagem do povo judeu espalhado pelo m undo com eçou a voltar ao seu antigo território pátrio. As profeci as bíblicas dão conta de que Israel ainda terá de enfrentar a pior de todas as opressões, aquela da “tribulação de Jacó” (ver Jer. 30.7 e seus paralelos), quando então, no dizer do profeta Zacarias, Deus ajuntará “todas as nações para a peleja contra Jerusalém ; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as m ulheres forçadas; metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será expulso da cidade” (Zac. 14.2). E então, o m esm o profeta diz que o Senhor virá em socorro de Seu povo: “ Naquele dia estarão os seus pés sobre o Monte das Oliveiras...” (Zac. 14.4). E o Senhor, presente de novo na terra, agirá com o o Restaurador. E dai por diante, nunca m ais Israel sofrerá m aldição. Antes, tendo-se convertido, passará a obedecer ao Senhor. E então, para Israel, haverá som ente bênçãos, por toda a eternidade! “E assim todo o Israel será salvo, com o está escrito: Virá de Sião o Liberta dor, ele apartará de Jacó as im piedades” (Rom. 11.26). Cidades Cercadas por Exércitos Inim igos (28.49-55)
Cuja língua não entenderás. Algum idioma estrangeiro, com o o idioma fala do na Assíria e na Babilônia, mas por certo não o latim (conforme alguns têm sugerido). Este trecho bíblico não está falando sobre a incapacidade dos judeus de aprenderem algum outro idioma, além do hebraico, conform e alguns intérpre tes, tolamente, têm sugerido. O que está em pauta é que, de súbito, chegaria um povo estrangeiro que ocuparia a Terra Prom etida e destruiria suas cidades, e a comunicação verbal entre vencedores e vencidos seria dificultada pela barreira do idioma. A situação inteira, pois, seria totalm ente estranha para Israel. M anassés Ben Israel (1604-1657), judeu m arrano nascido em Portugal, mas que viveu na Inglaterra, interpretava este versículo com o se estivesse falando sobre Roma (De Termino Vitae, 1.3, sec. 3, par. 129), mas ele falou olhando para trás, e não do ponto de vista de uma predição feita nos dias de Moisés. O Talm ude fez sugestões similares, e essa idéia acabou tornando-se parte dos escritos judaicos desde então. Ataque de uma Nação Feroz. Essa feroz nação atacante (provavelm ente a Babilônia) não teria dó de ninguém dentre os israelitas, nem de adultos, nem de crianças, nem de anciãos. E os que escapassem com vida seriam levados para o cativeiro, onde seriam forçados a aceitar a idolatria. Cf. II Crô. 27.17, que diz algo parecido. Ver tam bém Lam. 5.12, quanto aos terríveis sofrim entos impostos aos príncipes e anciãos do povo de Israel. C om entando sobre o versículo 50, alguns judeus de nomeada também pensavam que a nação em pauta seria Roma (ver Josefo, De Bello Jud., 1. 3. cap. 7). Destruição de Todos os Recursos Materiais de Israel. Tudo quanto fosse vital para a existência de Israel seria consumido pelos exércitos de ocupação da nação invasora. Como é óbvio, isso é típico dos exércitos invasores, que têm de sobreviver dos recursos do território invadido, sem nenhuma preocupação com as necessida des presentes e futuras da nação conquistada. Os anim ais domesticados e a agri cultura eram o âmago do sustento de Israel. Mas tanto uma quanto a outra coisa seriam destruídas. E o resultado disso seria a destruição da própria nação de Israel. Cerco de Todas as Cidades de Israel. No vs. 52 lem os que Israel seria assediado em todas as suas cidades. As m uralhas protetoras das cidades seriam derrubadas, e as cidades fortes seriam niveladas. Israel perderia tudo aquilo em que confiava. Os hebreus perderiam o próprio território que lhes tinha sido dado como herança, por força do Pacto Abraâm ico (ver as notas em Gên. 15.18). Israel deixaria de existir com o nação organizada. “Os judeus contavam com várias cidades bem m uradas e fortificadas, além da própria Jerusalém ; e nelas eles punham a sua confiança. Mas todas essas cidades sucumbiram ” (John Gill, in loc.). Cf. este versículo com II Reis 17.5 (em foco a nação do norte, Israel), e tam bém com II Reis 25.10 (em foco a nação do sul, Judá). Ver Jer. 34.7, quanto ao cerco e à destruição de cidades muradas, por parte das tropas de Nabucodonosor.
Canibalismo. No vs. 53 encontram os o cúm ulo dos absurdos que aconteceri am a Israel. Os pais, destituídos de todas as provisões de boca e de toda espe (28.49-55) rança, devorariam os seus próprios filhinhos, um crim e inominável de mentes ensandecidas. Cf. Lev. 26.27-29 e Jer. 19.9. 10. Décimo Juízo. Talvez pareça, a qualquer pessoa sensata, que nada de “ Essa maldição teve cum prim ento literal quando os assírios cercaram a cida mais horroroso poderia acontecer ao povo de Israel, com o maldição divina. No de de Samaria (ver II Reis 6.24-29), e tam bém quando os babilônios assediaram a entanto, o autor sacro, ao revelar o décimo e o décim o primeiro juízo divino, que cidade de Jerusalém (ver Lam. 2.20 e 4.10). Esse foi um dos mais horrendos ele com eça a descrever no versículo 49, ultrapassou a todas as predições anteri exem plos da profundidade de perversão a que os hom ens podem ser levados ores, quanto ao seu horror. Essas duas m aldições finais poderiam ser sumariadas quando desobedecem a Deus” (Jack S. Deere, in loc.). Josefo ajunta a isso que a por meio de duas palavras: cerco e exílio. Israel haveria de chegar ao fim! Que mesma coisa aconteceu quando Jerusalém foi cercada e tom ada pelos romanos poderia ser pior? Som ente uma notável intervenção divina, qual seja o do segun (D e B ello Jud., 1.6. cap. 3, sec. 4). E Shebet Judah, Hist. Jud., par. 326, informado advento de Cristo, será capaz de m odificar esse quadro, conform e vim os nos nos que, em outra ocasião de profunda angústia, os judeus chegaram a vender poucos parágrafos anteriorm ente. Mas tudo isso faz parte de nossa antecipação, seus filhos em troca de pão. pois a revelação feita por Moisés, por enquanto, ainda é de entrar no cativeiro babilónico, algo distante no futuro, do ângulo do autor sagrado. Perversões da Natureza Humana. Isso se tornaria um fenôm eno tão intensifi cado que, quando a sobrevivência estivesse em perigo, um homem, normalmente O Senhor levantará contra ti uma nação. A m aioria dos eruditos concorda dotado de terno coração acabaria fazendo o mal contra seu próprio irmão, contra que a nação aqui referida é a antiga Babilônia da época de Nabucodonosor. sua esposa, e nem m esm o de seus filhos teria piedade. Um homem nem ao Outros opinam que a referência é aqui um tanto frouxa, de tal modo que, embora menos daria um pedaço de pão para seu irmão ou para sua esposa, mas, antes, a frase tenha sido posta no singular, “uma nação” , estaria em pauta tanto a devoraria sozinho o que restasse de com ida. E, então, com o coração resolvido a Assíria quanto a Babilônia. praticar qualquer erro, devoraria seus próprios filhinhos. Os críticos, por sua vez, supõem que toda essa seção tenha sido escrita Josefo forneceu-nos uma citação que se ajusta bem à situação aqui retratada:"... com o história, e não com o profecia, pois refletirão o que aconteceu durante o em toda casa onde houvesse qualquer coisa que pudesse servir de alimento, havia cerco de Jerusalém e outras cidades de Judá por parte das tropas babilónicas, um conflito; e os mais caros amigos brigavam um contra o outro, arrancando uns dos com o conseqüente cativeiro do reino do sul, Judá (ano de 597 A. C.). A Assíria, a outros as menores partículas de alimentos” (De Bello Jud., 1 . 6 . cap. 3, sec. 3). Babilônia ou m esm o ambas (a A ssíria ficava ao norte e a Babilônia ao sul; e Essa horrenda descrição prolonga-se pelos versículos 54 a 57. ambas form am atualm ente o Iraque) eram com paradas a uma águia destruidora. No vs. 55 é previsto com o um indivíduo ensandecido pela miséria haveria de Em Hab. 1.6 e 8 a Babilônia também é assim sim bolizada. Sendo uma ave de com er seu próprio filhinho, negando qualquer pedaço do corpinho a outra pessoa rapina, a águia desce súbita e ferozm ente sobre sua presa, sem misericórdia. O da família. sím bolo do império rom ano tam bém era a águia, em bora esse quarto e último Josefo comentou que, por ocasião do cerco de Jerusalém pelos romanos, os im pério da profecia bíblica não esteja em pauta aqui. Ver no Dicionário os artigos judeus comeram cães, gatos, animais de qualquer espécie e até o estrume de intitulados Cativeiro Assírio; C ativeiro Babilónico e Cativeiro (Cativeiros). animais, incluindo objetos feitos de couro, como cintos e escudos (De Bello Jud.,
DEUTERONÔMIO 1.6, cap. 3, sec. 3). Isso pode parecer um exagero para alguns, mas na tamília deste tradutor houve um caso parecido. Soldados do exército brasileiro, durante a guerra do Paraguai, cercados pelo inimigo, tiveram de cozinhar demoradamente objetos de couro, incluindo as botas dos soldados, para comê-los, a fim de não morrerem de fome. Uma tia minha, Ana Bentes Valverde contou-me que um irmão da mãe dela foi um dos soldados brasileiros que tiveram de com er as próprias botas, no Paraguai. Os paraguaios, em fuga, deixavam para trás uma condição de “terra arrasada” , “Chocante e desnaturai” (John Gill, in loc.). “ Eles com eriam alguns de seus próprios filhos, recusando-se a com partilhar da carne dos filhos m ortos com ou tros filhos, que ainda sobrevivessem ” (Ellicott, in loc.). O vs. 55 alude a um homem tão enlouquecido pela fome e pelo terror que chegaria a praticar indizíveis atos de barbárie. Os versículos 56 e 57, por sua vez, mostram como certas mães, geralm ente tão solícitas quanto às necessidades de seus filhos, transform ar-se-iam em nada m enos que feras predadoras. Uma m u lher, naturalmente gentil, sem pre tão tem erosa que qualquer coisa de ruim acon tecesse com seus filhos, a ponto de não deixar no chão algum alimento a ser ingerido por seus filhos, acabaria sendo a grande inimiga de seus próprios fam ili ares, com o a devoradora de sua prole. Josefo contou a história de uma mulher judia cham ada Maria, que tomou um seu filhinho, ao qual ainda dava de mamar, para matá-lo e cozinhá-lo, tudo secretamente, o que foi um dos crim es horrorosos daqueles dias arrepiantes. Ela comeu parte das carnes do bebê e guardou o resto para uma futura refeição. Aos soldados rom anos, que entraram na casa dela e exigiram comida, ela deu uma parte que ainda restava da criança, já cozida. E os calejados soldados romanos, que tinham acabado de vir das ruas, onde tinham matado pessoas e violentado mulheres, ficaram horrorizados com o que viram (De Bello Jud., 1.6, cap. 3, sec. 4). Extinção de Israel por meio do Exílio e da Fom e (28.56-68)
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O versículo 60 deve ser contrastado com o trecho de Êxo. 15.26, que fala de livram ento e doença, através da obediência aos m andam entos da lei. V er também Deu. 7.15 e 28.27. Incluídas Doenças Não M encionadas na Bíblia. Até m esm o enfermidades nunca m encionadas na legislação m osaica apareceriam em cena entre os filhos de Israel, enferm idades incuráveis que os dizim ariam . Q uanto às enfermidades descritas na Bíblia, ver no Dicionário o verbete cham ado Enferm idades da Bíblia. “Q ualquer tipo de mazela e doença que se pudesse nom ear ou im aginar, poderse-ia esperar que surgisse entre os filhos de Israel, por m otivo da desobediência deles” (John Gill, in loc.). Dim inuição do Núm ero dos Israelitas. A prom essa de bênção que Deus fizera aos filhos de Israel era a de_ que eles se m ultiplicariam com o as estrelas do céu. Ver Gên. 15.5; 22.17,35; Êxo. 25.26. Essa era uma das provisões do Pacto Abraâm ico (ver as notas em Gên. 15.18). A desobediência, entretanto, haveria de anular tal promessa, de sorte que os filhos de Israel tornar-se-iam poucos em número. E até m esm o esses viveriam adoentados, sem pre sob o tem or constante de seus inimigos. Restavam bem poucos hebreus quando N abucodonosor trans portou um restante para a Babilônia. E m esm o esses eram pertencentes às clas ses mais humildes, com o cultivadores de uva ou agricultores (ver Jer. 39.10 e 52.16). O cativeiro romano, por sua vez, foi precedido por uma m atança em massa, de tal m odo que chegou a faltar m adeira no país, para o fabrico de cruzes, nas quais milhares e m ilhares de israelitas foram crucificados. E os que foram dispersos pelos países estrangeiros eram com parativam ente poucos em número. Josefo (D e Bello Jud., 1.6. cap. 9, sec. 3) diz que um milhão e cem mil judeus pereceram no cerco de Jerusalém . Outros noventa e sete mil tornaram -se prisio neiros de guerra. Um total de um milhão, duzentos e quarenta mil, quatrocentos e noventa judeus foram m ortos por toda a Palestina.
11. Décimo Prim eiro Juízo. Todas as bênçãos antes prom etidas a Israel Reversão na Atitude de Deus para com Israel. No vs. 63 aprendem os que seriam anuladas e transm utadas em m aldições. Israel havia escapado das pragas antes Yahweh se alegrava por cum prir as prom essas do Pacto Abraâm ico, inclu e enfermidades do Egito (ver Deu. 7.15; 28.27,35; Êxo. 15.26), mas sofreria coi indo o fator da notável multiplicação do número dos filhos de Israel. Mas, quando eles caíssem na desobediência, o Senhor teria com o prazer destruí-los. Yahweh sas sim ilares no exílio, com seus resultados inevitáveis. “O desastre foi aqui interpretado com o se tivesse havido um retorno à servi se alegrara quando tirara o Seu povo do Egito, levando-os ao deserto e então dão no Egito, porém mais patético do que aquele” (O xford Annotated Bible, co conferindo-lhes a Terra Prometida. Mas tudo isso acabaria azedando, por motivo da desobediência deles. A tragédia da tristeza culm inaria nos cativeiros: o prim ei mentando sobre o vs. 68 deste capítulo). ro, por meio dos assírios; o segundo, por m eio dos babilônios; mas o cativeiro romano, o terceiro, foi o mais terrível, o qual até hoje se arrasta. Os hebreus foram Se não tiveres cuidado de guardar todas as palavras desta lei. O autor “arrancados” da Terra Prometida com o se faz com uma planta que enfermou; e sagrado dá prosseguimento à horrenda descrição dos desastres que sobreviriam foram expulsos de sua própria terra. Ver o vs. 49 deste capitulo quanto a referên aos israelitas desobedientes, que não dessem ouvidos aos m uitos avisos que cias, no Dicionário, aos vários artigos que ali existem e que explicam os cativeiros deles requeriam a obediência. V er nas notas sobre os vss. 45 e 48 uma lista de de Israel. referências a respeito, após o título Razão. O tem or do S enhoré o princípio da sabedoria (ver Pro.1.7). Quanto aos apelos de Yahweh para que o povo de Israel O temesse, ver Deu. 4.10; 5.29; 6.2,13,14; Dispersão p o r Todo o Mundo. Anteriorm ente, as palavras-chaves tinham sido: tirar (do Egito); guiar (pelo deserto); introduzir (na Terra Prometida). Mas na deso 8.6; 10.12,20; 13.4,11; 14.23; 17.19 e 31.12,13. O nome divino, neste ponto, é bediência, as palavras-chaves seriam: rejeitar (com o povo a ser abençoado); Yahweh-Elohim, o Eterno-Todo-poderoso. Ver no Dicionário o artigo chamado Deus, arrancar (da Terra Prometida); dispersar (pelo m undo inteiro). Essas seriam as Nomes Bíblicos de. O texto não alude somente a uma “confiança reverente” , confor tem íveis conseqüências dos cativeiros: Israel deixaria de existir com o nação orga me diz uma interpretação cristianizada, e, sim, a um verdadeiro temor daquele nizada. E com o resultado espiritual os israelitas seriam vencidos pelas crenças grande e destrutivo poder que prometeu dar fim a todos os desobedientes. Cf. Deu. 10.12, onde ofereci notas expositivas adicionais sobre a questão. próprias da idolatria, em todos os lugares por onde fossem espalhados, o que significa que perderiam tanto o seu território pátrio quanto o seu próprio Deus. Visto que os filhos de Israel tivessem trocado o Deus vivo por meras imagens Pragas e Doenças Terríveis. As enferm idades e as pestilências multiplicarfeitas por dedos humanos, de madeira, de metal ou de pedra, recusando-se a se-iam de maneira assustadora, até se tornarem “terríveis” , ou, conforme diz a servir a Yahweh, por isso m esm o tornar-se-iam escravizados a crenças absurdas Revised Standard Version, “aflições extraordinárias". Comentou a respeito John e insensatas. Gill (in loc.): “... visíveis, notáveis, aterrorizantes, espantosas". Outrossim, essa situação tornar-se-ia um fenôm eno grave e “duradouro” . Ellicott observou o fato Em seus dias (século XVIII), com entou Adam Clark (in loc.): “Quão literal de que esses sofrim entos, entre os judeus, continuavam até a sua própria época mente tudo isso se tem cumprido! O povo judeu tem sido disperso por todos os (século XIX); e mesmo agora, no século XX, não há sinal de que esses sofrim en países do m undo” . E assim continuará sendo, até que o relógio das profecias tos estejam dim inuindo de intensidade. Basta que nos lem brem os dos seis m i bíblicas comece a tiquetaquear novam ente, e a restauração de Israel se torne uma realidade palpável. Ver Rom. 11.26. lhões de judeus europeus que pereceram às mãos de Hitler, e dos muitos outros milhões que têm sido perseguidos nos países com unistas. E as profecias bíblicas Sem Descanso em Todos os Lugares. Israel descansou na Terra Prometida, ameaçam com coisas ainda piores, com o as angústias da época da ainda futura Grande Tribulação, até que, finalm ente, Israel venha a converter-se e a ser res que lhes fora dada por Deus, por cerca de setecentos anos, onde viveram em taurado (ver Rom. 11.26). relativa paz, embora tivesse havido tribulações, guerras e disputas, tanto internas quanto externas. Mas a invasão e o cativeiro assírio reduziram a nação do norte, Israel, a nada. E a invasão e o cativeiro babilónico, m enos de duzentos anos mais Metaforicamente, um Retorno ao Egito. O vs. 60 m ostra que os castigos devidos à desobediência levariam os filhos de Israel a cair em condições como tarde, reduziram a nada a nação do sul, Judá. Realmente, foram medonhas as aquelas do período da servidão no Egito. O p o d er de Yahweh tinha protegido os conseqüências da desobediência. E os poucos que restaram ficaram de coração hebreus das pragas do Egito (sobre as quais ver, com esse título, no Dicionário). trêmulo, vivendo sempre no temor de que fossem atingidos por outro golpe da mão Mas Israel, tendo-se removido do poder protetor de Yahweh, acabaria caindo em castigadora de Deus. “ Eles não tinham onde repousar; não tinham residência fixa; passaram a viver obrigados a mudar-se de lugar para lugar, ao sabor de editos pragas que fariam com que, espiritualm ente falando, voltassem ao antigo Egito. Israel, quando estava no Egito, tinha tem ido as pragas, embora não tivessem cruéis de monarcas estrangeiros; perseguidos por taxas pesadas e im postos exorbitantes” (John Gill, in loc.). “Viviam em meio à ansiedade, ao desespero e em razão para temor. Mas agora, sob o décimo prim eiro juízo divino, aquilo que tanto temiam lhes sobreviria. Ver Jó 3.25. Visto não terem tem or a Yahweh (ver o vs. suspense constante, temendo por sua própria vida (Deu. 28.65,66)” (Jack S. Deere, in loc.). Os olhos dos israelitas viam somente tribulação por toda parte, sujeitados a 58), os israelitas seriam forçados a tem er as pragas e as adversidades mandadas por Yahweh. um temor constante, que provocava neles uma deplorável depressão mental.
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Olhos mortiços e desm aio de alm a. “Sem pre esperando uma salvação que não chega” (Rashi). “Por quantos séculos os judeus têm orado para que chegue a festa ‘no próximo ano, em Jerusalém !'. Contudo, essa expectativa vai sendo adia da de cada vez” (Ellicott, in loc.). Sem embargo, em nossos próprios dias, nesta segunda metade do século XX, a esperança do povo judeu com eçou a ter cum pri mento, pelo m enos em parte. Pois algum as festividades judaicas têm ocorrido em Jerusalém! Ameaça Constante à Vida Física. Se houvesse uma constante na existência dos israelitas desobedientes, essa constância seria a insegurança quanto à conti nuação da vida. O inimigo que os estivesse dom inando no cativeiro perm itiria que eles continuassem vivos? Judeus estariam perecendo por todos os lados. Alguma alma conseguiria sobreviver? A vida praticam ente não prosseguia, e mesmo essa existência precária estaria sem pre sob a am eaça de extinção. Os dias e as noites os judeus passariam em um estado de quase pânico.
sos aqui tem início como uma espécie de suplemento dos capítulos quinto a vigésimo oitavo do livro. Por trás dos materiais dos capítulos finais do livro, certamente há uma cerimônia de pacto, onde as palavras dão mostras de que contêm expressões litúrgicas, como se essas palavras tivessem sido usadas, ou, pelo menos, como se fossem a base da liturgia usada em cerimônias. As exortações expõem os requisitos divinos que fazem parte do Pacto Palestino. O trecho de Deuteronômio 31.9-13 revela-nos que os ritos eram assim solenizados a cada sétimo ano, por ocasião da peregrinação do outono ao santuário central da nação, ou seja, em Jerusalém. O primeiro parágrafo recapitula os poderosos feitos de Yahweh, ao dirigir "O povo de Israel desde o Monte Horebe até as m argens do rio Jordão. Esse é o pano de fundo do pacto" (Henry H. Shires, in loc.). Os capítulos que se seguem não acrescentam novas provisões ao pacto firm ado em Horebe, mas tão-som ente recapitulam a questão e a m atéria histórica que nos tinham sido dadas até o capítulo 29. O Pacto Palestino
Uma Ansiedade Excruciante. Este seria um fator debilitante na vida dos israelitas desobedientes. O único bem que teriam ao am anhecer o dia seria o de talvez conseguirem chegar até o com eço da noite. E o único bem que teriam ao anoitecer seria o de talvez conseguirem chegar até o com eço do dia. Há uma canção popular que diz, em um a de suas linhas: “Oh, Senhor, ajuda-m e durante a noite". Um sentim ento parecido com o que teriam os hebreus desobe dientes. “... por m uitas vezes contem plando cenas tem íveis... cruéis torturas... e assim seus corações tem iam e trem iam , pois talvez fossem os próxim os a ser atingidos pelo sofrim ento” (John Gill, in loc.). “Ontem à noite anelávam os por esta nova manhã; m as hoje a tribulação está pior do que ontem ; e cada hora adiciona algum novo horror à m aldição” (E llicott, in loc.). Esse autor disse-nos isso referindo-se às palavras do Talm ude que descrevem os padecim entos dos judeus. R etorno L ite ra l ao Egito. No ú ltim o ve rsícu lo deste ca p itulo (vs. 68), ve m os que, m ediante um a irônica revira vo lta do destino, os israelitas acabariam voltando em navios ao Egito, revertendo assim o êxodo. Q uando essa m aldi ção teve cum prim ento, aqueles que tinham ve n cid o os filh o s de Israel ve n d e ram alguns deles com o e scravos, aos egípcios. C ontudo, alguns intérpretes vêem aqui um retorno volu ntá rio e m etafórico ao Egito, com o se eles tivessem preferido vo lta r ao E gito do que so fre r todo o im pacto do dom ínio dos assírios e babilônios. Os registros h istó rico s, to d avia , m ostram que os rom anos de fato venderam israelitas ao Egito, tendo-os transportado em navios para aquele lugar. M anassés Ben Israel (D e Term ino Vitae, 1.3, sec. 3, pars. 131 e 132) descreveu a questão, um a absurda galhofa do destino. N ão dispom os de registros históricos de ju d e u s sendo ve n d id o s para o E gito pelos babilônios; m as há abundância de evid ên cia s de que os rom anos assim o fizeram . H egesipo (D e E xcidio Urb. H ieros., 1.5, cap. 47, par. 645) deixou escrito que havia nos m ercados de e scra vo s m uitos ju d e u s esperando ser vendidos e transportados para o Egito; m as que poucos estavam interessados em com prálos. Os rom anos não queriam te r e scra vo s ju d e u s, visto que os tinham em tão baixa conta. P reços a b surdam ente baixos eram o btidos pelos escravos ju deus. Lem brem o-nos de que o p róprio S en h o r Jesus foi vendido por m eras trinta peças de prata (M at. 26.15). Yahweh libertara os filhos de Israel da servidão egípcia, um tema repetido por cerca de vinte vezes no livro de Deuteronômio. Ver quanto a isso as notas em Deu. 4.20. No entanto, o Senhor Deus foi forçado a enviar os judeus de volta ao Egito, mediante as perseguições movidas pelos adversários e vencedores dos judeus, embora houvesse uma promessa de que eles nunca mais veriam o caminho de volta ao Egito. Mas é que a desobediência desencadeada pela incredulidade rever tera todas as promessas divinas de bênção, exatamente para a situação contrária. Todavia, conform e dito anteriorm ente, os com pradores interessados em es cravos judeus seriam raros. Isso significa que até a própria escravidão no Egito seria negada a boa parte dos israelitas desobedientes, pois sem dúvida eles estavam destinados a algo ainda pior. “Os próprios romanos pensavam ser um opróbrio um deles ter um escravo judeu, tão desprezíveis tinham-se tornado os judeus, aos olhos de toda a humanidade. Quando Jerusalém foi tomada por Tito, muitos dos cativos, aqueles com mais de dezessete anos de idade, foram enviados para o Egito como escravos. Assim disse Josefo (Antiq. xii. caps.1 e 2; Guerras dos Judeus, vi. c. 9, c. 2)” (Adam Clark, in loc).
C apítu lo V inte e Nove Terceiro Discurso de Moisés: O Pacto Palestino (29.1 — 30.20)
Esse é o sexto dos pactos. Há um total de oito pactos, a saber: 1. Edênico (Gên. 1.28); 2. Adâm ico (Gên. 3.15); 3. Noaico (Gên. 9.1); 4. Abraâm ico (Gên. 15.18); 5. M osaico (Êxodo 19.1 ss.); 6. P alestino (Deu. 29.1 ss.); 7. D avídico (II Sam. 7.16); 8. Novo (Heb. 8.8). Provisões do Pacto Palestino: 1. As condições sob as quais o povo de Israel deveria adentrar, possuir e reter a Terra Prometida são aqui estipuladas. O Pacto Abraâm ico incluía um a provi são para Israel ter um território pátrio (ver Gên. 15.18). E o Pacto Palestino confirmou e condicionou essa provisão. 2. A dispersão seria o castigo dos desobedientes (Deu. 28.63-68). 3. No futuro, Israel haveria de arrepender-se (Deu. 30.2). 4. A volta de Yahweh, a fim de abençoar a Seu povo, reverteria todas as condi ções adversas (Deu. 30.3; Am ós 9.9-14; A tos 15.14-17). 5. Os israelitas seriam restaurados à Terra Prometida (Deu. 30.5; Isa. 11.11,12; Jer. 23.3-8; Eze. 37.21-25). 6. Haveria a conversão nacional de Israel (Deu. 30.6; Rom. 11.26,27). 7. Os opressores de Israel seriam julgados (Deu. 30.7; Isa. 14.1,2; Joel 3.1-8; Mat. 25.31-46). 8. A nação de Israel desfrutaria de prosperidade sem precedentes (Deu. 30.9; Amós 9.11-14). 29.1 São estas as palavras da aliança. No original hebraico, este versículo cons titui a conclusão do capítulo 28 de Deuteronôm io, ao passo que várias versões o utilizam com o introdução do terceiro discurso de Moisés. V er as notas de introdu ção a este capítulo, quanto aos três discursos de M oisés e com o foram usados. Se o seu propósito realmente era o servir de final do capítulo 28, então serve de excelente conclusão da seção de Deu. 5-28, ou seja, o segundo discurso de Moisés. Seja com o for, estam os tratando aqui de explicações e esclarecim entos do Pacto Palestino, dado anteriorm ente. O autor sagrado leva-nos de volta ao Monte Horebe (Sinai) e nos faz lem brar a lei que foi baixada ali. V er sobre o Pacto Mosaico, na introdução ao capítulo 19 de Êxodo. O trecho de Deu. 29.2-30.20 faz a recapitulação das provisões do Pacto, sem adicionar m ateriais novos, embora certos m ateriais sejam mais detalhados. Ver o capítulo 26 de Levítico, quanto ao pano de fundo histórico do Pacto. Ver tam bém os capítulos prim eiro a terceiro de Deuteronômio, onde isso é repetido. A reiteração do Pacto, neste ponto, ensina-nos que, apesar das m aldições que figuram nos capítulos 27 e 28 de Deuteronôm io, nada poderá im pedir, final mente, o avanço dos pactos firm ados por Deus, os quais, a longo termo, são irrevogáveis. 29.2 Chamou Moisés a todo o Israel, e disse-lhes. Todos os pactos dos hebreus estavam alicerçados sobre acontecimentos históricos. Assim sendo, os versículos segundo a nono deste capítulo relembram-nos como Yahweh tinha livrado o povo de Israel, e cuidado dele, estabelecendo-o como uma nação em pacto com Ele. “Tal como em outros discursos, o pacto está alicerçado sobre um recital dos poderosos atos do Senhor (cf. Êxo. 19.3-6; Jos. 24.1.-13)” (O xford Annotated Bible, com entan do sobre este versículo). O trecho dos capítulos primeiro a terceiro de Deuteronômio apresenta uma extensa revisão da história passada de Israel, com o propósito de mostrar como Yahweh havia conduzido o Seu povo até o lugar onde agora estavam, e como o faria entrar na Terra Prometida. Cf. Deu. 8.1-5, que é passagem bastante parecida com revisão constante nestes versículos (2-9).
Introdução (29.1-29) O livro de Deuteronômio é, essencialmente, o registro escrito de três discursos de Moisés, que repetiam os pontos essenciais da lei mosaica. E o terceiro desses discur
Tendes visto tudo. Testem unhas oculares estavam ouvindo o discurso, pelo que poderiam acom panhar com facilidade a mensagem proferida por Moisés. Eles tinham visto tudo quanto Deus havia feito em favor de Israel, até aquele ponto
AS BÊNÇÃOS E PRAGAS DE YAHWEH Bênçãos • • • • • • • • • • • • •
Prosperidade no comércio (Deu. 28.3) Alimento diário (Deu. 28.4) Ausência de fome na terra (Deu. 28.5) Vitórias militares supernaturais (Deu. 38.7) Colheitas de grande riqueza (Deu. 28.8) Sucesso em todas as atividades (Deu. 28.8) Israel estabelecido como povo sagrado de Yahweh (Deu. 28.9) Israel, maravilha perante as nações (Deu. 28.10) Prosperidade na agricultura e domesticação de animais (Deu. 28.11) Chuva abundante em uma terra sedenta (Deu. 28.12) Nunca há necessidade de tomar emprestado (Deu. 28.12) Poder de dar ou emprestar a outros (Deu. 28.12) Lider das nações (Deu. 28.13)
Pragas • • • • • • • • • • •
Destruição de todo tipo (Deu. 28.20) Doenças (Deu. 28.21-22) Secas (Deu. 28.23-24) Derrotas em batalhas (Deu. 28.26) Doenças físicas e mentais (Deu. 28.27-29) Opressão e roubo (Deu. 28.30-35) Exílio (Deu. 28.36-37) Perda das colheitas e fome (Deu. 28.38-42) Aquelas causadas pela desobediência (Deu. 28.45-48) Cidades dominadas, destruídas (Deu. 28.49-52) Destruição de toda a nação (Deu. 28.58-68)
Conspícua no Pentateuco é a ausência de qualquer ameaça de julgamento eterno, ou de julgamento além do túmulo. Também ausente está qualquer promessa de vida eterna para aqueles que praticam o bem. Essas doutrinas começaram a aparecer na teologia hebraica na época dos Salmos e dos Profetas. Elas foram desenvolvidas ainda mais nos livros pseudepígrafos e apócrifos. Até a época do Novo Testamento, essas doutrinas se tornaram parte padrão da teologia hebraíco-crístã.
Abençoados são aqueles a quem Deus dá justiça (Rom. 4.6-9). Abençoados são aqueles que morrem no Senhor (Apo. 14.13). Abençoados são aqueles que acreditam (Gál. 3.9). Abençoados são aqueles que participam na primeira ressurreição (Apo. 20.6).
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dentro da história; e, assim sendo, deveriam estar preparados para cum prir todas as exigências feitas pelo Senhor. 29.3 As grandes provas. A alusão é aos sofrim entos do povo de Israel no Egito, quando ali viviam como escravos. Tam bém houve aquelas intervenções divinas sob a form a das pragas do Egito (ver a respeito no Dicionário, e também em Êxo. 7.14, onde ofereço um gráfico ilustrativo). Cf. Êxo. 18.3-6 e Jos. 24.2-13. Os capítulos primeiro a terceiro de Deuteronôm io oferecem um relato com pleto das provações passadas e das glórias conferidas por Yahweh ao povo de Israel. 29.4 O Senhor não vos deu coração. Cf. Deu. 6.5. O coração é aqui percebido como o órgão da com preensão e da vontade. Israel não tinha olhos espirituais adequados para perceber o significado de tudo quanto Yahweh estava fazendo. Visto que a teologia dos hebreus era fraca quanto a causas secundárias, eles viam essa falta de entendimento e de discernim ento espiritual com o causada por alguma debilidade na provisão divina, embora, em outras ocasiões, seja enfatizada a responsabilidade humana. Ver no Dicionário os artigos cham ados Predestinação e Livre-arbítrio. Escreveu Calvino, aqui: “Os hom ens mostrar-se-ão sem pre cegos, mesmo sob a luz mais brilhante, enquanto não forem ilum inados por Deus”. E isso também exprime uma visão parcial da questão. O segundo capítulo de Romanos fala sobre a iluminação dada pela natureza, a qual é suficiente para que o homem possa entender os requisitos básicos da m oral e da espiritualidade que Deus requer. Assim sendo, Adam Clark (in loc.) m ostra o outro lado da moeda, ou seja, o lado da responsabilidade humana: “ Não que Deus não tenha dado a eles todos os meios do conhecimento ou não os tivesse ajudado com Sua graça e com o Seu Espírito, fatores necessários; mas é que eles não fizeram um uso lie i das vantagens que haviam recebido". Cf. Deu. 5.29: “Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem , e guardassem em todo o tem po todos os meus mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sem pre!” . Henry S. Shires (in loc.) oferece-nos observações instrutivas: “À luz do cristi anismo, não podemos supor que Deus reteve, deliberadam ente a compreensão espiritual... Parte da dificuldade, para os prim eiros autores bíblicos, jazia no fato de que eles pensavam que só Deus era a origem de toda ação, mas não pensa vam nem no diabo nem em outra criatura qualquer com o agentes secundários. Logo, eles atribuíam a Deus tanto o bem quanto o mal. Escritores sacros posteri ores, a despeito de uma teodicéia mais aprim orada, conservaram as frases con sagradas pelo uso” . “A desobediência e rebeldia dela [a nação de Israel] originava-se de uma atitude mental que não podia entender plenamente as implicações da obra salvatícia de Deus” (Jack S. Deere, in loc.). Cf. o uso feito por Paulo dessa passagem, em Romanos 11.8. V er também Pro. 20.12. Todas as coisas procedem de Deus (ver Tia. 1.17), mas ao homem é dada uma graça geral, que também vem de Deus, a capacidade de com preender as realidades espirituais. Em outras palavras, a ilu minação já está presente, pois faz parte da provisão divina para todos os homens. Mas falha diante da perversidade dos seres humanos. 29.5 Quarenta anos vos conduzi pelo deserto. As provisões especiais, durante os quarenta anos de perambulação pelo deserto, incluíram até milagres. Assim, o elemento miraculoso acompanhou Israel do começo ao fim. Isso deveria tê-los inspirado à obediên cia e à coragem espiritual. Cf. Deu. 8.4, um paralelo direto deste versículo. Deus provê aquilo que para o homem é difícil ou mesmo impossível de obter. O resto Ele deixa para nós desenvolvermos, usando nossas capacidades e habilidades, embora essas também nos tenham sido conferidas pela graça geral de Deus. Nas andanças pelo deserto, roupas e sapatos não podiam ser obtidos por meio do comércio. Por isso, a objetos dessa natureza foi conferido pelo Senhor um grande poder de permanência.
Os dois reis que tinham feito oposição a Israel não declararam guerra ao mesmo tempo, ainda que, sem as passagens paralelas, este versículo possa dar a im pressão de que assim tenha sido. Ambos foram m ortos e seus exércitos foram aniquilados. E essas tinham sido apenas vitórias prelim inares, que concederam a Israel a coragem de prosseguir. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! Ver Núm. 21.23-25, que narra a história dessas vitórias. 29.8 Tom am os-lhes a terra. Os rubenitas, os gaditas e a m eia tribo de M anassés tinham preferido ficar com as terras a leste do rio Jordão, a Transjordânia (ver a respeito no Dicionário). Sua petição lhes fora concedida, mas sob a condição de que ajudassem na invasão da parte ocidental do território. O trecho de Deu. 3.1 17 conta-nos a história inteira. O capítulo 22 de Josué conta-nos que aquelas duas tribos e meia cum priram a prom essa que fizeram, e, em recom pensa, fica ram com os territórios que tinham pertencido aos reis m encionados no versículo sétimo deste capítulo, ou seja, a Transjordânia inteira. 29.9 Guardai, pois, as palavras desta aliança. O Pacto Palestino é com entado na introdução a este capítulo. V er sobre o Pacto de Moisés, na introdução ao capítulo 19 do livro de Êxodo. Quando o povo de Israel foi introduzido na Terra Prometida, tendo recebido inúm eras vitórias, obrigou-se a guardar toda a lei, que era a base do pacto. Foram a lei e a obediência à lei que tornaram Israel um povo distinto (ver Deu. 26.19 e referências). Para que prospereis. Estão em pauta uma vida pessoal longa e boa, com muitas bênçãos temporais, desfrutando da Terra Prometida com o seu território pátrio. Ver Deu. 4.1; 5.33 e 6.2, quanto aos poderes doadores da vida, pertinentes à lei. Cf. II Cor. 9.8. Recebemos a prosperidade a fim de que possam os abundar em toda boa obra, e não apenas para nosso aprazim ento pessoal. Cf. Jos. 1.8 e Sal. 1.3. V er também Isa. 52.13. 29.10 Hoje. Isso é dito por quatro vezes (aqui e n o í vss. 1 2 ,1 3 e 15). Aquele era um dia importante, que sim plesm ente não deveria ser esquecido. Todos perante o Senhor vosso Deus. A inauguração do pacto (vs. 12) trouxera Yahweh até a presença de Israel, de tal modo que eles tam bém estavam perante o Senhor. Naquele lugar privilegiado e solene, deveriam fazer o seu voto de obediência. Phillips Brooks declarou que a obediência é a disciplina por meio da qual cresce a fé, sendo tam bém o órgão da com preensão espiritual. “Visto que um pacto im plica em duas partes interessadas, por isso mesmo Deus aparece com o quem estava presente, ao mesmo tem po em que os israelitas, com todos os seus familiares, idosos e jovens, estavam diante Dele” (Adam Clark, in loc.). “ Vss. 10-15. Uma solene declaração do propósito da assembléia, para ser entendida não som ente com o uma reconstituição tradicional do que sucedeu em Moabe, mas com o uma declaração a ser usada em toda a assem bléia subse qüente do pacto. A nação inteira, com seus líderes, m ulheres, crianças, passantes e estrangeiros estavam reunidos naquela assembléia, a fim de entrarem em rela ção com o pacto que Deus tinha estabelecido com eles, com o Seu povo, de acordo com a Sua prom essa” (G. Ernest W right, in loc.). Aben Ezra interpretou essas palavras, “todos perante o Senhor” , com o se quisessem dizer perante a arca do Senhor, onde Yahweh se manifestava. Vossos anciãos. Os setenta, m as tam bém os representantes de todas as tribos, os principais chefes, os líderes civis, os oficiais. Ver sobre os anciãos em Êxo. 24.1,9 e Núm. 11.16. Ver Êxo. 5.6 e Núm. 11.16, quanto aos oficiais.
29.6
29.11
Pão não com estes... não bebestes... Se não tinham pão comum para co mer, receberam o m iraculoso m aná (ver no Dicionário a respeito). Ver também Deu. 8 .3 .0 maná, pois, foi outro item produzido pela intervenção divina. Os filhos de Israel também não tiveram vinho nem bebidas alcoólicas, mas receberam uma bebida miraculosa, a água saída da rocha, com a qual Moisés falara e na qual até batera. Ver Êxo. 17.6; Núm. 20.8,10,11 e Deu. 8.15. Cf. o uso neotestamentário, onde Jesus Cristo é a Rocha (ver I Cor. 10.4).
Todo o povo de Israe! havia sido convocado para a solenidade, desde os velhos até as crianças, e pessoas de todas as ocupações sociais. Nem mesmo as mulheres e as crianças foram dispensadas. Foi assim também que disse Pedro: “Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão longe, isto é, para todos quantos o Senhor nosso Deus cham ar" (Atos 2.39). Ver também Gên. 17.7,12,13 quanto à m esm a ênfase quanto a toda a com unida de, incluindo os escravos (vs. 12).
29.7
Desde o vosso rachador de lenha até ao vosso tirador de água. Ou seja, pessoas que exerciam ocupações humildes, com o ilustração da universalidade do pacto. Ninguém foi deixado de fora, com o tam bém ninguém estava isento da obrigação de obedecer à lei m osaica. Os anciãos e os rachadores de lenha estavam em pé de igualdade diante dos olhos de Yahweh.
Quando viestes a este lugar. Ou seja, as planícies de Moabe, de onde Israel lançou a sua invasão da região a ocidente do rio Jordão. Cf. Deu. 3.1-17, onde a história é contada com detalhes. Ver também Núm. 21.13,20 e Deu. 2.26.
DEUTERONÔMIO 29.12 Para que entres na aliança do S enhor teu Deus. Cf. Deu. 26.16-19. O Pacto Palestino e o pacto feito com M oisés eram extensões lógicas e naturais do Pacto Abraâm ico (ver as notas a respeito, em Gên. 15.18). Todos os seis pactos (ver as notas na introdução a este capítulo) fazem parte da evolução espiritual do R acionam ento entre Deus e os homens. A entrada na aliança, conform e Jarchi e Aben Ezra interpretavam aqui, talvez te n h í ocorrido mediante a passagem entre as m etades de um anima! sacrificado (ver Jer. 34.18). Ver tam bém Gên. 15.17,18. No seu juramento. Um juram ento foi proferido, como promessa e confirmação de obrigação de obediência à lei, sobre a qual repousava todo pacto que envolvesse os judeus, até que o Senhor Jesus Cristo veio prover um caminho melhor. Yahweh-Elohim era a outra parte interessada do pacto, ou seja, o Eterno Todo-Poderoso. Ver no Dicionário o verbete intitulado Deus, Nom es Bíblicos de. O Pacto Palestino era diferente do pacto de Moisés (ver Êxo. 19), embora tenha sido uma conseqüência natural e dependente dele. Esse pacto governava o modo como Israel viveria na Terra Prometida e também as promessas vinculadas à obediên cia, assim como as maldições vinculadas à desobediência (capítulos 27 e 28). V er as notas de introdução ao capítulo 27, quanto aos oito pactos, bem como detalhes sobre o Pacto Palestino, o sexto dentre os oito pactos. Elem entos da Cerimônia: 1. As duas partes interessadas juntaram -se com o propósito de firm ar o pacto. 2. Eles concordaram no tocante às condições de uma amizade perm anente e de cooperação e respeito mútuos. 3. Eles declararam seus solenes propósitos e deveres. 4. Foi efetuado um sacrifício para solenizar a ocasião. 5. O animal foi sacrificado e separado em pedaços. Duas bandas foram prepara das, a separação sendo feita ao longo da espinha dorsal. Foi deixado um espaço entre as partes para perm itir a passagem das duas partes interessa das do pacto. 6. As partes contratantes passaram entre as bandas, o que dava a entender que ambas aceitavam as condições do pacto. 7. Ambas fizeram um juram ento de confirm ação. V er Jer. 34.18,19; Gên. 15.18; Êxo. 19.45 e Lev. 26. 29.13 Com o jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó. Todos os pactos de Israel têm sua origem em Abraão, o progenitor da raça, e todos esses pactos estavam relacionados ao Pacto Abraâm ico, com o continuação natural. Ver as notas sobre esse pacto em Gên. 15.18. Os patriarcas Isaque e Jacó foram os continuadores do Pacto Abraâmico. Ver Jer. 32.38 e Deu. 26.17,18; 28.9. Quanto ao envolvimento de Isaque e Jacó, ver Deu. 1.8; 6.10; 9.5,27; 30.20 e 34.4. 29.14 Não é somente convosco. Ou seja, com aquela geração presente. A nação inteira, incluindo todas as gerações, estava envolvida, algo que já havia sido dito, de certa maneira, nos versículos 10 e 11 deste capítulo. Moisés era o mediador entre Yahweh e o povo de Israel; mas seu ofício e seus privilégios só existiam para que ele fosse o agente por meio do qual as bênçãos de Deus seriam dadas a Israel. A missão de Moisés visava ao benefício da comunidade, e não meramente seu pró prio beneficio. Alguns eruditos crêem que Deus estava falando diretamente com Moisés, mas Aben Ezra pensa que estava em pauta toda a nação de Israel. O pacto envolvia todas as gerações de Israel, e não m eramente aquela dos dias de Moisés. 29.15 Tam bém com aquele que não está aqui hoje conosco. O pacto não foi firm ado som ente com Moisés, nem som ente com aquela geração de israelitas; pois era um pacto universal e com todas as gerações dos filhos de Israel. "... também com gerações que ainda não tinham nascido” (Rashi). “Portanto, a obedi ência daquela geração presente exerceu grande efeito sobre os que ainda não tinham nascido” (Jack S. Deere, in lo c .)."... todas as gerações futuras” (Jarchi). Ademais, para todos aqueles que não se fizeram presentes à cerimônia, que tiveram de ficar em sua tenda por causa de enfermidade ou outra razão qualquer” (assim pensava John Gill, in loc.). A Desobediência Seria Punida (29.16-29) 29.16 Sabeis como habitam os na terra do Egito. A mente do autor sacro retroce deu para revisar a história sobre a qual ele estava faiando desde o vs. 2. O povo
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de Israel foi conduzido através de todas aquelas nações que poderiam tê-los contam inado com a idolatria e com form as variegadas de paganismo, ficando assim anulado o caráter distinto de Israel. Isso tornaria im possível para eles tornar-se o povo em relação de pacto com Yahweh. Mas a providência de Deus (ver a respeito no Dicionário) salvara-os de tudo isso. Ver Deu. 26.19 e suas notas expositivas, quanto ao caráter distinto do povo de Israel. Assim, pois, os vss. 16 a 26 deste capítulo falam sobre o castigo por motivo de desobediência, o único fator que tinha o poder de anular o pacto. Israel tinha estado no Egito por cerca de duzentos anos, tem po mais do que suficiente para pôr fim ao povo de Israel por meio da absorção e da sujeição permanente. Mas a providência divina não perm itira tal acontecim ento. O propósi to de Deus continuara a operar mesmo no Egito. Os israelitas tinham passado por m eio de povos com o os idum eus, os amonitas, os m oabitas e os midianitas; e esse contato poderia ter sido para eles o fim, mediante massacre ou má influência. Mas a providência de Deus não permitiu que isso acontecesse. Cf. este e o versículo seguinte com Eze. 20.7,8,18. 29.17 As suas abom inações e os seus ídolos. No hebraico, o term o “abom ina ções” é muito vigoroso, expressando desgosto diante da idolatria pagã. Ver as notas expositivas sobre Deu. 13.14 e 2 3 .1 8 .0 Egito e as nações com quem Israel travou contato, antes de entrar na Terra Prometida, apresentavam uma ameaça de contam inação que poderia anular o pacto. V er no Dicionário o artigo chamado Idolatria. Ver I Reis 11.5,7. "Abom inações porque assim parecem as práticas pagãs aos olhos de Deus, e assim deveriam ser diante dos olhos dos homens. O term o usado aqui no hebraico, para indicar íd o lo s ’ significa lixo, pelo que podería mos traduzi-lo por deuses-de-lixo, com o era o caso do besouro adorado pelos egípcios” (John Gill, in loc.). O autor sagrado enumerou os vários tipos de m ateriais dos quais os ídolos eram fabricados, com um tom de desgosto. A tais coisas o conceito de divindade poderia ser reduzido? Cf. Êxo. 20.4. V er tam bém Deu. 5 .8 .0 trecho de Deu. 4.28 menciona os m ateriais brutos, a pedra e a madeira, com os quais os ídolos costum avam ser confeccionados. 29.18 Cujo coração hoje se desvie do S enhor nosso Deus. O pacto tinha sido estabelecido com a comunidade inteira de Israel (vss. 10 e 11); e, por semelhante modo, a idolatria tinha de ser evitada por essa m esm a com unidade. Ver no Dicio nário o verbete intitulado D ez Mandam entos, quanto a com entários sobre cada um dos m andam entos, incluindo o segundo, que proíbe a idolatria. A idolatria, neste versículo, é cham ada de “raiz que produz erva venenosa e am arga” . Parece que está em pauta o absinto, cuja polpa era conhecida por seu gosto extrem a mente amargo, associado a algum veneno. V er Amós 5.7; 6.12; Jer. 9.15 e 23.15. “Foi-lhes recom endado que fossem extrem am ente vigilantes contra esse pecado, quando entrassem na terra de Canaã, onde haveriam de enfrentar novas tenta ções à idolatria” (Jack S. Deere, in loc.). Ver no Dicionário o artigo chamado Absinto, que fornece detalhes com pletos sobre as plantas assim chamadas, e quais os seus significados sim bólicos. Cf. Heb. 12.15, que parece fazer alusão ao presente versículo. 29.19 Ninguém que. O indivíduo am aldiçoado por Yahweh, por não haver dado atenção às Suas advertências, que, no entanto, se julgasse bendito, em seu íntimo, assegurando a si mesmo que, apesar de sua rebeldia, seria capaz de viver em paz, não se deixasse enganar. Tal indivíduo estaria pensando que as m aldi ções proferidas nos capítulos 27 e 28 não teriam efeito contra ele, em bora fosse m anifestamente desobediente às condições do pacto. O andar de tal homem não seguiria pelos cam inhos de Yahweh (ver Deu. 10.12), mas de acordo com a teimosia de seu próprio coração. Ele ter-se-ia tornado um “deus” para si mesmo, e estaria dominado por idéias de auto-suficiência. Sua arrogância, pois, haveria de conduzi-lo à m iséria. Este versículo utiliza-se de uma m etáfora do seco e do molhado, a fim de exprimir o resultado de suas ações. Aqueles que fossem molhados seriam os homens bons e férteis, que procurariam fazer o melhor, seriam arrebatados juntam ente com os que fossem secos, ou seja, os m aus e inférteis. Uma destruição com unal seguir-se-ia a atitudes e atos idólatras. As m aldições que figuram nos capítulos 27 e 28 de Deuteronôm io sobreviriam à nação inteira. “A comunidade tinha a responsabilidade de desarraigar a infecção venenosa da idolatria, a fim de que as pessoas m olhadas (férteis e hígidas) não fossem varridas juntam ente com as secas (cap. 13)” (O xford Annotated Bible, com entando sobre o versículo 18). A versão inglesa King Jam es diz aqui com o a nossa versão portuguesa, “para acrescentar à sede a bebedice”, que é um a m etáfora do alcoólatra, que vai bebendo mais e mais, até estar totalm ente em briagado. Seguindo os Targuns de O nkelos e de Jonathan, essa é uma m etáfora de “adicionar pecado a peca
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DEUTERONÔMIO
do” . O resultado de acrescentar pecado a pecado seria a concretização das maldições. 29.20 O Senhor não lhe quererá perdoar. De Deus não se zomba, conform e ficou sugerido nos dois versículos anteriores. Os desobedientes seriam feridos em Sua ira e zelo. Suas arm as seriam as m aldições que constam nos capítulos 27 e 2 8 .0 resultado disso é que o nome de um hom em seria assim apagado. Em outras palavras, deixaria de existir. Não há aqui nenhum ensino sobre um livro da vida que tenha em m ira a vida eterna, um a doutrina que surgiu primeiramente nos Salmos, nos Profetas e nos livros pseudepígrafos, e term inou sendo consagrada no Novo Testam ento. Ver sobre Gên. 1.26 e 27 quanto a esse fato. Isso deve ser contrastado com a prom essa de vida feita aos que guardassem a lei (ver Deu. 4.1; 5.33; 6.2, onde fica claro qual era o tipo de vida ali prometido; cf. Salmo 69.28 e Apo. 3.5 onde coisas sem elhantes foram ditas). Quanto a Yahweh com o um Deus zeloso, ver Êxo. 4.14. O a u to r sa g ra d o lançou m ão de um a linguagem antropom órfica por falta absoluta de m elhor m aneira de falar. Ver no Dicionário o artigo chamado Antropom orfismo. Fumegará a ira. Uma ira incandescente, capaz de produzir fumaça, tal como o Monte Sinai emitiu fogo e fumaça, por ocasião da outorga da lei mosaica. Ver Êxo. 19.18. 29.21
(Gên. 19). Este texto e a passagem de Oséias 11.8 usam essas duas cidades, aqui mencionadas, com o uma advertência para que Israel não caísse no pecado. Adm á foi m encionada com o uma das cinco cidades atacadas pelos quatro reis vindos do oriente (ver Gên. 14.1-17). Seu rei cham ava-se Sinabe. Parece que ela ficava situada no vale de Sidim, ou talvez no vale a leste do rio Jordão, no território que veio a pertencer à tribo de Benjamim. V er no D icionário o verbete cham ado Zeboim. 29.24 Todas as nações dirão. Os versículos 24 até 28 m ostram -nos o que os povos diriam acerca da devastada Terra Prometida, um a vez que as maldições divinas (constantes nos capítulos 27 e 28 de Deuteronôm io) a tivessem reduzido a nada. Antes ela era a terra que manava lei e mel (ver as notas a esse respeito em Êxo. 3.8 e Núm. 13.27); mas depois das m aldições seria com o as cidades desoladas da campina, quando a ira de Deus as destruiu (vs. 23). Qual foi a causa do furor de tam anha ira? Literalm ente falando, fora a ira divina, a mesma ira que tinha extinto as cidades de Sodom a e Gom orra. Cf. Jer. 5.19. “Qual a razão que levaria Deus a uma ira tão feroz que a aniquilara de modo tão com pleto?” (John Gill, in loc.). 29.25
O Senhor o separará. O ju ízo divino encontraria o indivíduo culpado e o distinguiria dos outros, fazendo recair sobre ele as m aldições dos capítulos 27 e 28. Ninguém peca sozinho, e ninguém peca sem receber a devida retribuição. Ver no Dicionário o verbete cham ado Lei M oral da Colheita Segundo a Semeadura. A paz de que o indivíduo julgar-se-ia possuidor (vs. 19) term inaria em terror. O pecado de um indivíduo, uma vez que se expanda, propague e produza o seu veneno, pode levar ao desastre a uma população inteira. Considerem os o caso de Adolf Hitlerl Os m alfeitores serão freados em sua loucura por meio da ira divina. Ver no Dicionário o artigo cham ado Ira de Deus. Cf. Jer. 15.4. O rei Manassés levou à ruína todo o reino de Judá. Ver tam bém I Reis 14.15,16 quanto aos pecados de Jeroboão, os quais afligiram toda a sua nação. Aquele homem “pecou e fez Israel pecar” .
Porque desprezaram a aliança. Os pactos M osaico e Palestino (ver as introduções a Êxodo 19 e a Deuteronôm io 29) teriam sido violados por um rebelde povo de Israel. Eles haviam tido tudo em suas mãos, m as jogaram fora todas as suas bênçãos. Os pactos firm ados com o povo de Israel, todos eles derivados do Pacto Abraâm ico (ver as notas em Gên. 15.18), que haviam chegado até eles por intermédio dos patriarcas, tinham sido desprezados. Yahweh tinha livrado os fi lhos de Israel da servidão, no Egito (ver as notas a respeito, em Deu. 4.20), e tinha feito deles uma nação distinguida (Deu. 26.19); m as nenhum privilégio rece bido conseguira dar-lhes um coração agradecido. Cf. Deu. 11.1-25; 26.32; 28.1 68. E assim, aconteceria que a terra, da qual m anavam leite e mel, tornar-se-ia uma terra abrasada com enxofre e sal. Os israelitas teriam recebido grande cornucópia de privilégio e vantagens. Mas teriam desprezado todas essas bên çãos ao se voltarem para ídolos inúteis, feitos de madeira, pedra e m etal (vs. 17). Ver também Jer. 2.11.
29.22
29.26
Então dirá a geração v in d o u ra . A qu ilo que um indivíduo rebelde fo rça s se a a contecer (vs. 21) fica ria cla ro para a geração seguinte, que se adm iraria do caso. Ficaria claro até m esm o para os e stra n g e iros que visitassem o lugar onde tivesse caído o ju ízo divino. Esses ve ria m as devastações produzidas através das m aldições co nstantes nos ca p ítu lo s 27 e 28. Os versículos 23 a 28 deste capítulo m ostram o que a geração seguinte haveria de dizer, ao ver as cenas de devastação pro d u zida s pelas m aldições divinas. Está em foco, acim a de tudo, a este ira resultante da passagem dos cativeiros. V er no D icio nário o artigo in titulado C ativeiro (C ativeiros). A s ca lam idades seriam tão se veras que se assem elhariam à quelas que destruíram S odom a e G om orra (vs. 23). Cf. Deu. 28.22,27,35.
Deuses que não conheceram . A idolatria de Israel seria agravada por quanto estariam im itando os pagãos, dotados de mui pequena luz. Os filhos de Israel, pois, teriam cerrado os próprios olhos para luz e enevoado a própria mente. D eixando-se contam inar pela influência pagã, eles estariam im itando m odelos inferiores, desprezando assim a revelação que lhes havia sido dada pelo Senhor, acerca do m onoteísm o (ver no D icionário o verbete cham ado M onoteísm o). Aos povos pagãos haviam sido “designados” os deuses falsos, representa dos palpavelmente por meio de ídolos, com o se essa fosse a herança deles. Em troca de coisas assim vãs, produtos da im aginação distorcida dos homens, Israel teria desistido de sua herança, sob a form a da Terra Prometida e de um correto relacionam ento com Deus, por meio da legislação mosaica. Cf. I Reis 11.33; 12.29; II Reis 16.4 e 21.3.
29.23 Terra abrasada com enxofre e sal. A Terra Prometida, por causa da deso bediência dos israelitas, seria amaldiçoada. “Tem os aqui um quadro da profunda simpatia da própria Terra com os propósitos de Deus. Q uando um homem expele Deus de sua vida, padece toda a criação em redor. O outro lado do quadro foi retratado pelas palavras proféticas